segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Amantes (poesia)


Que destino cruel
Amantes,
Separados (por um dia) no papel
Corpos unidos,
Em espaços sufocantes...
Traídos pela paixão
Casual,
Amarga feito fel.


Que esperam os amantes?
Noites frias,
Camas quentes com outros corpos,
 Numa eterna solidão
Como um fogo que arde
E as chamas consomem
Tragados são.
Infelizes sem
Dia...
Amantes.

E. Amorim


* imagem ilustrativa, não localizei a autoria da tela "Amantes" . inspiradora.

Sua paixão (poesia)


Confesse,
Sou sua paixão,
Sou  sombra, calor,
Que te acolhe, recolhe
Nas labutas diárias.
A fonte de água cristalina
Quando a sede é de carinho,
Amor... mulher... atenção.
Não negue,
Sou sua paixão.

Virei seu vício incerto
Procura-me sem se entregar,
Querendo água neste deserto.
Um coração palpitante
Espera de ti
Em apenas um instante
Confessar-me secretamente
sua paixão.

 E. Amorim/2016

                          8 de março, Dia Internacional da Mulher.

* imagem da web, apenas ilustrativa para homenagear a mulher.







segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Árvore do amor (crônica)


Definitivamente ser um bom professor nos tempos atuais é ser mais que um semeador de sonhos. É preciso ser uma árvore bela, frutífera, que consiga proporcionar sombras para aqueles alunos cansados, entediados com o sistema educacional e ao mesmo tempo possam apreciar os frutos. E quem sabe assim levantar do lugar de conforto e também espalhar os novos frutos a partir daquele olhar.
É fácil ser essa árvore? Não, não é nada fácil. Principalmente diante dos desmatamentos, das queimadas e ausências de políticas públicas para que essas árvores sejam preservadas. Cortam-se árvores aleatoriamente, restam apenas aquele pedacinho do tronco morto e quase inútil, próximo a raiz, muito usado para decoração.
Mas o bom professor não é uma árvore qualquer.  É uma árvore do amor. Essa que ninguém consegue cortá-la por inteiro. Sempre deixa brotos, sombras, folhas, frutos que se espalham... sementes da sua breve existência terrena. Todos nós, árvores frutíferas da educação, estamos na terra de passagem, temos o nosso prazo de validade indiscutível e natural.  Nascemos, crescemos, reproduzimos e morremos, aliás, fisicamente, saímos de cena. Assim, aconteceu com o Paulo Freire. Ah, também com Anísio Teixeira entre outros que os nomes fogem da memória, mas pelos serviços prestados à educação nunca serão esquecidos.
Essa crônica surgiu de um elogio recebido de uma professora de literatura da UNEB, Campus XIII... Como aquele elogio fez bem ao meu ego. Não que eu queira ser reconhecida por ninguém, faço o meu trabalho sem pensar em aplausos ou vaias.  Planto árvores, sim! Árvore do amor.  Faço o que gosto, não que nasci para fazer... Mas me propus a fazer com qualidade.
Se eu fosse engessar-me por causa das queimadas e dos desmatamentos, não estaria onde estou hoje: Em paz comigo mesma, pois Deus é paz, conforto, sabedoria. Realmente, recebo uma boa quantidade de estudantes de Letras como observadores das minhas práticas pedagógicas. E nunca havia me atentado o quanto as minhas boas práticas estavam indo tão longe. Faço o que acho ético. Se sou paga para prestar um serviço, não faço desserviço. Se recebo para ensinar, assumo o compromisso de aprender com os meus alunos diariamente, em todas as etapas de construção do conhecimento, desde o falar, ouvir, sentir, chorar, sorrir, cair, levantar...aprendo e ensino e vice-versa.
Por fim, se tenho condições de plantar uma árvore, escolho a árvore do amor. Porque o amor é paciente. “Mesmo que eu falasse as línguas dos deuses e dos anjos, se não tivesse amor eu nada seria...” E isso é bíblico. Por amor a nós, Jesus Cristo foi crucificado e por amor a Ele, o Seu nome é exaltado por aqueles que creem e desfrutam da paz por Ele semeada.

Colegas professores, bom início de semana, um ano letivo de paz!



                                       E. Amorim/ fev.2016

domingo, 21 de fevereiro de 2016

A Mulher do Outro Vizinho (conto)

(Lust, Marisa Jamaica)
Acordo com aquela angústia danada. Tenho certeza de que ela está a poucos metros da minha cama, mas ao mesmo tempo tão distante. Nem o nome dela completo descobri, sei apenas que é Amora, uma deliciosa amora, mas a conheço como ninguém, sei o que lhe agrada e tenho certeza que se ela olhasse para mim, uma, apenas uma vez poderia também lhe fazer feliz.
Resisto ir para o meu posto  de observação, não quero chuveiro frio. Quero aquela deusa em minha cama também. Vejo-a quando acorda toda sensual se espreguiça… A minha tempertatura sobe ao imaginar percorrendo aquele corpo, tocando-a e fazendo-a suspirar. Implorar por mais toque, mais prazer… Oh, Amora! Amora, você será minha!
sensualidad - Zea Yovani                                                          (Sensualidad -tela de Zea Yovani)
A bandida parece que sabe que estou a lhe observar, faz pose no espelho, dança, pula, requebra para lá, tem momento que olha em minha direção como se me visse, impossível. Não tem como saber que  atrás daquela vidraça escura da minha varanda tem alguém a lhe observar. Como pode uma mulher ser tão bonita e tão provocante? Na noite anterior sonhei com ela, na verdade nem precisava dormir, ela já vive em meus sonhos. Estávamos tão entregues, eletrizados e dominados pela paixão, como nos amamos como dois náufragos… Acordei! Irritado, claro.
pose no estudio -                                                       (Pose no estúdio –  tela de Antônio Guimaraes)
Tenho que vê-la mais uma vez, corro para a minha varanda que é de frente ao quarto dela, e como ela sente calor como eu, adora dormir nua.  E vejo-a rolar pela cama. Cada movimento me leva a loucura. Acho que já está acordando. E para esconder a nudez ela pega um lencinho branco que a deixa mais sensual. Quase não vejo o seu rosto, ela joga sempre a vasta cabeleira, mas que importa, o corpo é fenomenal. Que felizardo conhece aquele corpo? Com quem ela se deita?  Sempre solitária, mas satisfeita.
nu - silvana oliveira (Nu – tela de Silvana Oliveira)
Nunca me esqueci quando a vi pela primeira vez, enlouqueci e me apaixonei. Quem não se apaixonaria se visse uma musa coberta com pétalas tomando sol na varanda? Desde aquele dia, quatro meses atrás… não consigo ir ao trabalho sem dá uma espiadinha na varanda, desde quando ela se mudou para o prédio vizinho ao meu. Não faço outra coisa quando estou em casa a não ser obervá-la. E cada vez mais fico tonto diante de tanta beleza. Ah, minha pequena, quando você será realmente minha?
musa com pétalas - carlos lameiro
                                               (Musa com pétalas – Carlos Lameiro)
Imagine o meu susto perceber o seu ventre mais  volumoso! Como pode me trair? Não quero conhecer quem a roubou de mim. Sabia o tempo inteiro que você  não era minha, tê-la todas as manhãs era como uma brisa suave que invadia o meu ser. Agora grávida, mãe, mulher de um vizinho qualquer… Um vizinho que não sou eu, que pena! Você deixou de ser minha! Não aceito a traição, deixarei agora você em paz! Até durar a gravidez…
inspiração artistica - Nuno Duque (Inspiração artística – tela de Nuno Duque)
No prédio ao lado, Amora vai para o quarto de hóspede e de lá ela observa a sua vizinha saciando a sede, e fica a admirar aquela bela mulher,  e com inveja diante de tanta beleza, suspira:
_ Ela é tão linda! Aposto que o marido não tem olhos para mais ninguém.
A bela saciando a sede - carlos  pinto( A bela saciando a sede – de Carlos Pinto)

Túnel do tempo ( mensagem)






*

É um grande desafio que você irá fazer. Pense em sua vida como um túnel do tempo. Entre e olhe cada canto, novidades envelhecidas, algumas pedrinhas você poderá encontrar, mas atente para as árvores, conseguiu visualizar algumas plantadas por você?
Mais importante que plantar árvores é preservá-las, com certeza há muitas árvores no caminho por onde você tem passado.
Árvores são metáforas para ações consistentes, saudáveis a você e o entorno, ações dignas de elogios, validação. Sinta o quanto você contribuiu para o bem da humanidade. Você não lesou ninguém, não se deixou corromper. Você plantou árvores, sim!
Nesse mundo que a prática do mal torna-se quase comum, entrar nesse túnel particular e não enxergar a escuridão, o mal cheiro, é uma alegria e tanto, não é?  Porque túnel escuro não protege, pelo contrário, aterroriza. E se entrou, você precisa sair, deixá-lo para trás, pelo retrovisor você notará apenas um pedacinho dele separado de você.  E isso é ótimo, pois não terá como confundir. Você é você e o túnel sem luz não é você. Porque  você precisará buscar a luz se esta não for encontrada lá dentro. E o bom é que sempre há uma nova forma de encontrá-la, quantas vezes a luz está dentro de você e não fora, enquanto você perde tempo procurando em local distinto, esquece de acendê-la a que está em você. Há tempo para ser feliz.
O tempo é infalível, mas o amanhecer é sempre uma surpresa agradável.  Trilhando no seu mundo, você perceberá que o mundo é tão lindo e não vale a pena andar por ruas íngremes, estreitas, tortuosas. Seu túnel está escuro? Saia dele imediatamente, e venha assistir a festa da natureza para você.  O céu é lindo, sabia? Mas está tão distante... Saindo do túnel escuro a sua paz será tamanha que você poderá tocar na pontinha do céu.
  
                             Elisabeth Amorim/2016


                              * foto de Scott ( disponível na web)

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Eu em você

*

Entrei em sua vida devagarinho,
Sem perceber a indiferença desapareceu,
Sentiu falta dos meus carinhos,
Seja em prosa ou em versos
Tornou-se  réu confesso,
Jura?
Quis matar-me em seu pensamento,
Tarde demais!
Passei a fazer parte do seu universo.
E brindemos o nosso momento.


                                          Elisabeth Amorim/2016


* imagem da web

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mulher no espelho ( resumo)


O livro MULHER NO ESPELHO é da autora baiana da cidade de Salvador, HELENA PARENTE CUNHA. Lançado em 1985 o livro chama a atenção pela forma que foi conduzido todo o seu enredo.  Sendo que é protagonizado por uma MULHER NO ESPELHO que trava uma grande batalha  com o seu duplo refletido, pois uma não reconhece e nem valida as ações da outra, bem como a mulher que a escreve, no caso a autora. Pois a Mulher no Espelho fala o quanto ela queria falar e a autora resistiu criá-la, dar-lhe voz. E quando isso acontece, ela perde o controle sobre o personagem.
Mulher no Espelho achava que tinha uma vida tranquila, pois abdicou de todos os seus sonhos por conta da instituição familiar. Onde o esposo trabalhava no espaço público e ela ficava confortavelmente o esperando em casa, se preparando para essa chegada. Pois precisava agradá-lo.  Até que ela para diante do espelho... E o seu mundo tão bem construído veio abaixo. E o livro inicia “E vou começar a minha história. Agora na superposição dos meus rostos, em convergências de datas. Aqui, no cruzamento do meu corpo com o espaço de minhas imagens. Tenho que dizer-me a mim mesma...” p. 3
O seu duplo começa a mostrar as coisas que ela abriu mão. Como ela estava cada vez mais invisível diante dos seus familiares, naturalizando cada violência sofrida seja pelo marido ou pelos filhos desajustados socialmente, ela buscava uma justificativa.  E passa a mostrar que todos os sacrifícios dela foram em vão. Pois nenhum deles (esposo e filhos) a respeitavam .  E começa a mostrar como ela foi ingênua em acreditar que a anulação era necessária para um casamento feliz. O duplo cobra uma reação de Mulher no Espelho, pois o esposo a traía até com a empregada, dentro do próprio “sagrado lar”, os filhos estavam no caminho da perdição,  usuários de drogas, inda  para prisão.  Ela não passava de uma grande farsa.
Mulher no Espelho se desespera com a conversa  com o seu duplo, vez ou outra acusava a autora por colocá-la naquela situação,  mas  não tinha jeito, tinha momento que ela tentava jogar o resultado  dos seus fracassos  para a autora, mas o seu duplo à sua frente, obrigava ela assumir as suas culpas e os seus ódios.  Enquanto ela permanecia em frente ao espelho, a “outra” não dava trégua.  Fala das repressões sofridas, a sexualidade anulada, dos medos de fracassar como mãe, esposa como algo infundado, pois ela já havia afundado e nem ela sabia. Veio descobrir-se  diante de espelho. 
Cada vez mais Mulher no Espelho percebe que a  mulher que estava do outro lado era livre, solta, fazia o que tinha vontade,  dona do próprio corpo. Era ela às avessas, pois acorrentada à instituição família foi se deixando apagar para manter as aparências, até que surgiu aquela paradinha diante do espelho.  Como ela  encontrava-se apática,  sem  disposição para a mudança,  tenta  justificar-se  a atitude atual aos problemas do passado. Os ratos que roíam os pés, o irmão que  dividiu o quarto e dividiu a atenção dos pais e a mulher que demorou muito resistindo aquela  escrita que a obrigava aquele  mergulho  no fundo da alma.


Do outro lado do espelho, a outra obrigava-lhe a refletir e assumir as próprias falhas. Uma delas foi a vontade de afogar o próprio irmão na cisterna  por ter se tornando o centro das atenções da família e ela ter perdido o colo dos pais.  Quando o duplo fala sobre isso, Mulher no Espelho se revolta, e acusa: “ a mulher que me escreve deturpa os fatos... A mente da mulher que me escreve é lodosa e suja... Eu nunca desejei matar ninguém...” p. 47.
Em sua luta da personagem consigo mesma, faz Mulher no Espelho retomar a uma noite fatídica em que alguém desesperadamente bate à sua porta. Ela reconhece a voz exaltada do filho mais novo. Entediada, resolve não abrir, pois poderia estar drogado. Deixa-o do lado de fora, fora do seu mundo. No dia seguinte percebe que um jovem de família tradicional morre para defender a reputação da mãe. E o remorso toma conta da Mulher no Espelho e finalmente ocorre a junção entre ela e a mulher que a escreve.  Unem-se pela dor da perda.  Em suas palavras:
“Acabou. Percorremos nosso caminho até o último passo. Agora estamos paradas, uma olhando para outra, os pés roídos de ratos. Os espelhos se multiplicam as imagens até o infinito. Mas nosso remorso nos une... Ela sou eu.  Eu sou ela. Somos apenas uma...” p. 132.
Realmente, os espelhos se multiplicaram, com ajuda de um raio, os pedaços foram ao chão, dando-lhe a chance de pegar um pedacinho para encontrar-se consigo mesma naquela imagem ou se perder no mundo das memórias.



                                                        E. Amorim

















segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Vai um cafezinho, aí? (crônica)


         Trânsito na capital baiana nada animador. Chuva torrencial castiga o velho telhado. Ao longe da televisão LG,  sai algumas marchinhas  das antigas. Redundante, marchinhas  antigas, não seria  melhor só “marchinhas”?  Olhe a metralhadora!
         Desculpe-me caro leitor, mas preciso primeiro engolir um café para depois engolir esse estilo musical que aparece no solo baiano. Não tenho nada contra  nem  a favor dos gostos ecléticos de cada um, mas botar um pé na rua e ser tragada por esses sons, é dureza! De repente, lembro que não tomo café há trinta anos. Nada que causa dependência. Aliás, único vício que alimento é essa literatura, até o dia que me cansar... Deleto,  da mesma forma que sou apagada em  sua mente. Mas nem se preocupe,  antes de apagar encontrarei uma editora legal que aposte numa literatura simples como essa.  
         Mas, voltando ao estilo musical. Viajo para a capital, sem querer assumir o volante, fico a ouvir a variedade musical do motorista,  primeiro foi a vez do “Lepo Lepo”, aprendi todas as coreografias mesmo sem cantar, dançava. Quem não dançava?!  Porque na escola, rua, praia... Era ligar a televisão, rádio  via o “Lepo Lepo”!  A minha vontade era escrever para Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethania para  colocarem  o bloco na rua nem que seja para juntos cantarem “ Sozinho”.
*


            O problema que a Bahia é uma produtora musical ambulante, não deveria ser uma editora? Preciso aprender a cantar! Ou preciso aprender a escrever?
            Esse ano o destaque musical  veio lá da região do cacau, não me pergunte o nome, só sei que tem uma tal de metralhadora pelo meio e vamos disparando tiro... para delírio dos foliões que dançam como se tivesse carregando a arma da vingadora.  E tá..ta´..tá...tá...tá...tá... tá...tá...tá...tá...tá...
            Reconheço que para as bandas de lá, a briga pela terra atravessou século, já narrava o Jorge Amado. Mas nessa onda de tudo é permitido no carnaval,  sei não... Enquanto não aparecer uma pessoa que se vingue de verdade e use como arma os livros, a literatura...  vamos espalhando o “tá...tá...tá...” em nome da cultura baiana.

           Carnaval, resta-nos  ficar em casa lendo os contos de Amorim. Vai  que o “Lobo Mau” doidinho para segurar o “Tcham” volte em cena dos outros carnavais  e a metralhadora pós-moderna não funcione. Vai um cafezinho, aí? Temos que engolir, com leite mas sem açúcar, quem sabe assim espantaremos aquela "Muriçoca" do ano passado, chega daquele refrão picante!

                                                                                               E. Amorim

            * Heitor dos Prazeres, Carnaval nos arcos.(apenas ilustrativa)

Conversa Cristã

*

Conheci Deus, um Deus do impossível!
Sei também que tu conheces tão bem...
Sempre fui  meio  rebelde, meio fiel
Mas ao conhecê-lo em sua plenitude
Com a imensa bondade...
Fez perceber-me  que realmente Ele é Deus!
Ele é Pai!
Só Deus para mostrar tamanha força,
Poder, Sabedoria e proporcionar a Paz.
Um Deus capaz de acalmar tempestades,
Mostrar que apesar do tempo fechado, há um Sol,
Brilhando sobre nós.
 Tornando-nos  seres iluminados num mundo de trevas,
Até quem não acredita na existência de Deus, não o deixa de fora ...
Vive com Ele noite e dia, tentando provar a sua inexistência...
Como podem provar ” o que não existe” não existe?
A tentativa de provar já é a resposta... Ele existe!
Há quem  defenda  a presença de vários deuses,
Todos interagindo para a ordem do universo,
Respeitamos as opiniões, outras religiões,
Mesmo anunciando os vários deuses, o nosso Deus absoluto está lá na defesa...
E sabes quando mais sentimos a sua presença?
É quando achamos que estamos sozinhos, desamparados, rejeitados
Deus nos acolhe. Deus nos abraça.
Deus nos carrega no colo como se fôssemos bebês...
Confesso, sinto-me assim, querendo a proteção divina.
O abraço de Deus vem através de mensageiros enviados por Ele,
É um toque, é uma mensagem, é uma palavra de carinho...
É uma leitura na Bíblia, tudo poderá ser o nosso referencial da sua presença.
Deus usa pessoas para intercederem por nós...
A bênção se for nossa... não haverá extravio.
A intervenção desse Pai zeloso e misericordioso
Não falha e nem falhará.
Encha-nos com a tua graça, Senhor!
Livre-nos dos olhares invejosos,
Desvie as setas lançadas, fazendo cair por terra toda ação que não te agrade,
Porque só tu és Deus,
Um Deus capaz de modificar a nossa história,
Um Deus do impossível.


                       Elisabeth Amorim/2016


* Achei essa imagem tão linda na web... que eis o desmonte!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Par Perfeito


Fomos feitos um para o outro...
Se você voar,
Estarei contigo nas alturas.
Se você cair,
No chão te esperarei para ampará-lo,
Se você cantar,
Em seu ninho dançarei.


Fomos feitos um para o outro...
Quando você chorar,
Com meus beijos  as lágrimas secarão.
Quando  sentir-se dividido
 Em meus braços  viverá inteiro,
Quando  sentir medo,
Serei a sua força.


Fomos feitos um para o outro.
Se ou quando atingidos formos...
Curaremos  as  cicatrizes.

E alçaremos voo.

Elisabeth Amorim

Fantasia de carnaval ( conto)

                                                                                                        Elisabeth Amorim
*

 A vida é via de mão dupla, apesar de muitos gostarem de trafegar na contramão. A batida é inevitável e as consequências...  Você saberá após essa leitura. A história de um casal de lavradores que tinha um sonho: comprar uma fantasia de carnaval e cair na folia.  Como? Trabalhando duro naquela terra infecunda, mas entusiasmado com a propaganda da festa popular.
Ricardo e Teresa queriam sentir o carnaval na pele, na alma.  E só servia o carnaval de rua, na pipoca, pulando, empurrando, caindo e levantando... E assim fizeram.  Juntaram as economias, reservaram a vaga em um hotel na Avenida Sete,  local privilegiado, próximo ao Campo Grande, Praça Castro Alves,  palco de toda a folia carnavalesca baiana. Lá estavam Ricardo e Teresa.
Quem visse aquele casal não conseguiria identificar como duas pessoas sofridas, labutando com a terra infértil, enfrentando a falta de dinheiro para lidar com as pragas na plantação.  Mas, era o sonho que precisava ser realizado.  Vivenciar o carnaval baiano. Sentir integrante dessa festa tão conhecida  pelos outros, mas os dois não conheciam. Estavam felizes naquele furdunço.
Eles saiam a tarde só voltavam ao amanhecer. Cansados de pular, gritar, extravasar a  alegria de finalmente fazer parte daquela festa mais animada do planeta.  No Campo Grande, Ricardo e Teresa viram vários artistas desfilarem em cima dos trios, com direito aquele aceno tradicional: Ivete Sangalo, Claudia Leite, Saulo, Daniela Mercury, Bell Marques, Psirico... Muita gente bonita.
Ricardo e Teresa estavam também fazendo parte daquela grande festa. Cinco dias de festa! Chega a quarta-feira, cinzas de um carnaval que se foi, mas no coração de Ricardo e Teresa  continuava bem presente.  Eles teriam que voltar para a roça que ficara para trás.  Para aquela vidinha igual, sem nunca faltar o alimento, porém rezando para que São Pedro liberasse algumas gotinhas de chuva...
Retornaram tristes. Tudo do mesmo jeito. No quintal as galinhas, porcos, cabras disputavam o mesmo espaço em busca de alimento, cada vez mais raro por conta da seca. Mais adiante um porco já no ponto de abate precocemente, caso contrário seria mais uma cabeça  perdida. Olhava para o céu, parecia que São Pedro não iria enviar chuva por tão cedo.  Eles começam a pensar como  na cidade grande tudo é tão colorido. Tudo vira festa, carnaval. 
 - O que estamos fazendo aqui?
Desfazem da rocinha e dos animais que restaram daquela seca miserável e vão morar na capital. Não quis ouvir conselhos contrários a  decisão tomada.  Não ficariam mais ali, a capital era o melhor lugar para se viver, lá tinha festa, fantasia...Como o dinheiro não durou muito, as festas não eram tão coloridas como antes.  Fazem um barraco debaixo de um viaduto e ali passa a ser a nova moradia. Agarrados às fantasias, vez ou outra  vêem  artistas passando no alto do  trio elétrico , acenando ao acaso,  eles comemoram quando são notados:
_ Você viu, Ricardo?  Aquela estrela deu um sinal para mim... Ela gostou da minha fantasia!
_ Para você?! Ela me notou... Ela falou comigo. Vamos acompanhar aquele trio?
 Com fantasias invisíveis desparecem no meio da multidão, no trajeto catam algumas latinhas... precisavam  garantir o alimento.

                              

* Jesús Villar, Carnaval  (imagem apenas ilustrativa)

Ps: texto ficcional, nenhuma relação com o catador de latinhas assassinado ontem...

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Serpentinas no asfalto (conto)

Elisabeth Amorim

Depois de uma noite de carnaval de muito samba no pé e amassos, retornei para casa cansado. Namorei bastante. Mulheres bonitas e feias no carnaval se misturam e viram rainhas, todas, sem distinção. Rainhas das baterias, rainhas das ruas enfeitadas, rainhas dos lares. Enquanto eu,  sem nenhuma coroa, não  passava de um namorador, pegador de abelhas rainhas.
Naquele carnaval não foi diferente.  O que tocava eu dançava, sempre acompanhado de uma latinha de cerveja e uma mulher bonita, minha abelhinha, doce como o favo de mel.   Rodopiávamos por algum tempo, curtíamos o nosso momento. Éramos jovens, queríamos diversão  antes da velhice chegar e me jogasse num canto qualquer... Quanta fantasia!
O carnaval passou. Eu era o mais conversador do grupo, tinha sempre mais histórias carnavalescas para contar. Até que a situação se voltou contra mim.  Os primeiros sintomas... Não é possível! Não pode ser verdade! Procurei um médico e o diagnóstico foi o esperado.  Esperado?! Sim, para quem se aventura nas relações sexuais sem as devidas precauções...
Meu mundo veio a baixo! A minha preocupação maior era o que seria do carnaval sem mim? Logo eu,  o primeiro a chegar  na praça e o último a sair?  Teria agora que desfazer das minhas fantasias do carnaval e ainda viver na dependência dos  coquetéis .  Não! Não irei deixar um vírus qualquer me derrubar! E o pior que nem sabia de quem mesmo eu fui contaminado, pelo menos para prevenir meus amigos. Perdi todo o controle do meu corpo, o vírus me derrubou, sim. Jogando-me no chão como aquele amontoado de serpentinas que ficam no meio do salão.
Hoje, da minha janela volto a olhar o movimento que acontece lá embaixo.  Meu coração dá alguns pulos tímidos. Mas o meu corpo  não  consegue pular, sambar, rodopiar.  Estou fraco. Mas ainda estou vivo!  E como vítima da folia, sinto que preciso fazer algo antes que o  meu coração se canse de vez....Pule, grite, dance, mas namore com responsabilidade. Se você acha que precisa dessa grande festa para ser feliz, aproveite todos os dias. Já pensei igual a você.
Não entendia que  tudo isso era algo passageiro. Por mais que me divertia na rua ao chegar em casa meu coração não estava alegre, faltava algo. Talvez, encontrar-me na folia. Precisou dessa tragédia para saber que o carnaval é uma festa linda, se formos para ela desarmados, se nós dançarmos em paz.  Sem dor nem violência.  Depende de cada um. 
Vejo que  as horas  passam mais rápido, aceleradas, também meu coração acelera no mesmo ritmo dos tambores, baterias e guitarras... final de festa para mim! Antes , porém, faço um pedido, apenas um: jogue  serpentinas no asfalto, mas não abra mão da sua proteção. Pois a picadinha  de uma abelha ou de um zangão poderá ser fatal.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Arte na areia (crônica)


          Quem valoriza a arte de alguém? Um anônimo qualquer  inicia o dia fazendo arte. Arte na areia!  Onde  as ondas do mar  ao cair da tarde lava todo o vestígio, sem deixar nem a placa que o artista colocou... Sua história muitas vezes é como a sua arte, feita num amontoado de areia. E você volta, olha e nada encontra pois já foi apagada pelas águas. Que tal solidificar essa arte?  E quem sabe assim ao entardecer alguém ao ler esse texto lembrará  de mais uma arte que não será destruída com a força das ondas... mas desmontada para o mundo.
          Estava tranquilamente  curtindo férias na capital baiana,  bem próximo ao Farol da Barra uma imagem me chama a atenção.  Eu de cima, no calçadão, olho  para a praia e começo fazer a leitura daquela imagem que estava  lá.   O que significava aquele pano branco estendido na areia e  ao lado  dele  uns dizeres em dois idiomas, em nosso bom português e em inglês?  O que aquele homem estava fazendo com a nossa praia?
             A frase era simples, mas impactante, pelo menos para mim.  Ela me fez refletir  sobre  o espaço do artista anônimo  e escrever esse texto, assim  como ele, me via na mesma praia: “ A sobrevivência desse trabalho depende da colaboração das pessoas que valorizam a arte.” De que maneira as pessoas valorizam a arte, o trabalho de alguém? É tão fácil apagar, agir como as ondas que limpam as praias das artes humanas.
          Realmente, percebi que havia um homem cavando a areia e juntando-a em um canto do grande buraco já feito.  Apuro o olhar noto que o pano não estava tão branco, havia algumas moedinhas jogadas lá do alto,  pessoas que passavam e sensibilizadas contribuíam daquela forma. Não quis procurar uma moeda para jogar, achei naquele momento muito violenta aquela contribuição. E comecei a pensar em alguns instantes qual seria o valor de uma arte.  Uma moeda?!
           Em questão de minutos, veio  a história de muitos artistas baianos que precisam dessas moedinhas. Artistas das areias, artistas dos cordéis , artistas dos trânsitos com os malabarismo entre um abrir e fechar dos sinais. E confesso, deu-me uma vontade de descer para conversar com aquele artista e colaborar muito mais que uma moeda, mas o grupo por me conhecer, antecipou a  resposta de uma pergunta não manifestada,  falando  que na volta pararíamos para ver o resultado da arte na areia. Eu caminhava, mas aquela imagem me acompanhou.  O que seria esculpido naquela areia?  Horas naquele sol, areia quente, idas e vindas ao mar com dois galões de água... Será que faria um trio elétrico na areia?! Uma moeda...
          No final da tarde ao retornarmos, olho atenta a procura do artista da areia. Nada!  Não havia nem sinal.  Frustrada  por não ter feito o que havia pensado e adiado o diálogo, vi quantos de nós adiamos  o  abraço, um ato de solidariedade,  uma  contribuição...uma moeda.
         Uma moeda,  talvez poderá ser pouco para você ou para mim, mas para muitos  nesse país do carnaval, cada moedinha doada  serve para o pão de cada dia.  É essa moedinha que faz com que artistas sobrevivam da própria arte.  Não cheguei a esse estágio, pois  pago caro para publicar um livro, sem apoio  é difícil.  Pela televisão vejo o carnaval da Bahia, imagens do Farol da Barra, atenta sinto que a maré está subindo... nenhuma moeda!

                                                                                            Elisabeth Amorim/ 2016

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Práticas que educam... (crônica)

             
           Desejar um ano letivo de paz é sonho acalentado em nosso ser.  É mais que um sonho , uma obrigação nossa como educador(a), gestor(a), aluno(a), zelador(a), coordenador(a)... enfim todos e todas que fazem parte da comunidade escolar promovam a paz em si e espalhem nos ambientes escolares.  Sem se esquecer  da família, claro,   como responsável direta pela educação dos seus filhos,  contribua com o crescimento da escola, trazendo-nos a paz.
             Uma vez que a escola formaliza e amplia o que o estudante traz como base  na educação recebida no seio  familiar,  nós,  como escola,  não podemos fugir desse compromisso.  Um pacto feito com a educação a partir do momento que assumimos e assinamos o  contrato é promover a educação de qualidade.  Por que digo isso?  O tema da Jornada Pedagógica da Rede Estadual 2016 é: “Práticas que educam: responsabilidade de todos, compromisso da escola”.
              Definitivamente, muitas práticas promovem a educação.  E uma das mais  consistentes que venho insistindo  desde o primeiro momento que entrei  em sala de aula é a prática da leitura. Se não abraçarmos os projetos de leituras, a educação caminhará em círculos sem que as nossas práticas fiquem  visíveis.  E sendo responsável  direta  pelo incentivo a  várias práticas de leituras, projetos que ganharam âmbito nacional, como o “desmonte literário” que propago em diferentes blogs, site,  a “literatura em rede”, também é uma outra prática de leitura,  “ pintando literatura”  - como forma de atrair o leitor a partir da imagem,  sem falar numa dissertação de mestrado, que traz o título “ DESMONTAGEM DA LITERATURA EM EDUCAÇÃO BÁSICA: modos de criar, modos de combater e anular dispositivos de poder” ,  produto cientificamente comprovado  que essas práticas de leitura dão resultado, fico feliz por ter um tema como esse.

Não consigo falar de educação de qualidade sem esse investimento na leitura.  Sem  PRA-TI-CAR!  Práticas educadoras precisam sair da teoria.  E quando digo que fico feliz, porque  na escola em que atuo as práticas de leituras são bem eficientes. Nós trabalhamos muito para que  essas leituras aconteçam.  Apesar das dificuldades, a nossa escola tem leitores! E insistimos na formação contínua deles. Leitura é prazer, hábito, encantamento para uns, mas para outros a leitura é mera formalidade.  E fazemos dessa “ação formal” em práticas informais prazerosas  e educadoras.  A nossa escola, Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de Freitas,  tem revistas literárias, coletâneas, livros, vários blogs de professores... todos com o mesmo propósito:  divulgar PRÁTICAS QUE EDUCAM.  
           Enfim, estamos trabalhando de forma incansável  na formação de leitores, esse trabalho  de sedução à  leitura  acontece  len...ta...men...te,  mas se  conseguimos chegar até o MEC com as nossas práticas inovadoras de leituras, um dia chegaremos  até você.
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                                      Elisabeth Amorim
                                         Professora de Literatura Brasileira e escritora


Sou amor

Elisabeth Amorim

Quando o mundo parece feio,
As coisas entram em desequilíbrio
E os projetos tendem a fracassar...
Sou amor!
Equilíbrio, tranquilidade, perseverança.
Penso no sentido da vida
Na ordem dos planetas
E na desordem da terra
Provocada pelos atos de desamor...


Vejo o mundo a nossos pés
Sujos ou limpos?
Dedos que apontam as  falhas
Mãos que guiam, orientam, tocam
e mãos que empurram os sonhos para baixo.
Abismos concretos.
Mãos, pés, braços...
sem toques,   pegadas, abraços
Braços que abraçam...
Derrubando ou levantando?
Só o amor.


Prefiro o amor a guerra.
Pés com pegadas na areia
E no coração a marca, o toque
De um amor que liberta,
Do caminho sem direção.
Amor capaz de salvar
Monstrinhos adormecidos na terra,
Com apenas uma chance ao coração.
Amor.




( Bahia/jan. 2016)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Sei que é você!


Sei que é você!
Que me acolhe com carinho
Fingindo não se importar
Com a porta que se fechou
Quando o vento bateu
E por dentro se trancou.

Sei que é você
Que almoça lagosta com caviar
Na esperança de me encontrar
Para dividirmos o pão,
Salada,  farofa ou feijão?
Com suco ou guaraná...

Sei que é você!
Que no céu aprendeu a rezar
Para que meu tempo  também se esgotar
E noite vire dia
Tristeza transforme em alegria
Dor em prazer.

Ah, sei...  sei que é você!
Um coração apaixonado,
Que está sempre ao meu lado
Fazendo o dia acontecer
Vivendo cada minuto,
Com todo seu ser.




                                                             Elisabeth Amorim/2016

*imagem da web.

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim