quarta-feira, 29 de julho de 2015

A Mulher da Trouxa (Lenda de Iaçu/2)


https://toquepoetico.files.wordpress.com/2014/08/mulher-com-uma-trouxa.png
 ( imagem da Web, apenas ilustrativa)
Esse causo é mais um que virou uma lenda na minha doce Iaçu. Não tenho muito a falar sobre ele, porque  o que já falaram dessa tal Mulher da Trouxa não é nada animador ir atrás para pescar alguma novidade.  Vamos  ao que se propagou…
Há muito tempo, na cidade,  morava uma jovem que tinha uma relação conturbada com a mãe.  E mãe precisa ser tratada com todo respeito, amor e carinho. Mas, o problema dessa jovem  era  descarregar toda a frustração  em quem estava mais próximo.  Até que um dia, ela perde a mãe. E fica sem ter alguém para despejar a  sua lamentação, fúria…xingava e xingava.
E numa noite de tempestade, o vento ao bater a porta, ela se irritou com o barulho e passa a falar os vários impropérios de costume.  Como se desafiasse as forças do mal. Com isso, ao se aproximar para fechar a porta, encontra-se  com uma mulher desfigurada com uma trouxa na cabeça, dizendo que tinha vindo para atendê-la,  já que ela vivia a convidá-la…

Ela gritou desesperada. Ao  ser socorrida pelos vizinhos em total descontrole,  alegou estar sendo perseguida por uma mulher com uma trouxa na cabeça.  Como ninguém  conseguia  perceber a presença da criatura do além, apenas ela, o que a deixava mais nervosa e desequilibrada. Em todos os lugares que ela ia, sentia que a tal criatura a acompanhava a certa distância…  Agora pergunto, e aí?
Até aí  o causo que já vem de outros carnavais, praticamente é o mesmo.  O que diferencia é  justamente a direção tomada a partir dessa suposta aparição. Conforme os blá, blá, blá…  a jovem ficou louca e se jogou da Ponte Severino  Vieira. E desde então, em noites de tempestade ela aparece naquele local, com uma trouxa na cabeça, imitando a responsável pela sua loucura e morte.



ponte severino vieira 1904
Ponte Severino Vieira/ Iaçu - Ba

Outros dizem que após a tal aparição  da original Mulher da Trouxa, a jovem que gostava de falar palavrões se regenerou.  Tornou-se uma pessoa mais consciente e temente a Deus,  como tinha sido a única a ver a assombração, recebeu esse apelido: Mulher da Trouxa.  Ela era bem magrinha, as pessoas faziam brincadeira em relação as canelas finas com uma trouxa desproporcional na cabeça, isso às escondidas quando “ ela” passava para ir à igreja. Essa é a outra versão.
E já houve uma terceira versão… dizem  se tratar de uma lavadeira magra  que lavava roupa no rio Paraguaçu, próximo a Ponte Severino Vieira, e de repente choveu forte,  por um descuido  ela morreu afogada e o corpo nunca foi encontrado. E  vez ou outra “ela” aparece no local, com a sua trouxa…
Quem é/ foi  realmente a MULHER DA TROUXA? Não sei e nem me interessa saber… Não sou   caçador de fantasmas.

Bem, caro leitor,  o ponto comum de um causo como esse é justamente a Ponte Severino Vieira, pois as histórias desencontradas…  lá é o local de encontro, o predileto da MULHER DA TROUXA em dias de temporais.  Lavadeira? Moça desbocada?  Louca? Sei lá… como disse o saudoso Ariano Suassuna, “não sei, só sei que foi assim.”
                      
                               E. Amorim                

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