segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Vai um cafezinho, aí? (crônica)


         Trânsito na capital baiana nada animador. Chuva torrencial castiga o velho telhado. Ao longe da televisão LG,  sai algumas marchinhas  das antigas. Redundante, marchinhas  antigas, não seria  melhor só “marchinhas”?  Olhe a metralhadora!
         Desculpe-me caro leitor, mas preciso primeiro engolir um café para depois engolir esse estilo musical que aparece no solo baiano. Não tenho nada contra  nem  a favor dos gostos ecléticos de cada um, mas botar um pé na rua e ser tragada por esses sons, é dureza! De repente, lembro que não tomo café há trinta anos. Nada que causa dependência. Aliás, único vício que alimento é essa literatura, até o dia que me cansar... Deleto,  da mesma forma que sou apagada em  sua mente. Mas nem se preocupe,  antes de apagar encontrarei uma editora legal que aposte numa literatura simples como essa.  
         Mas, voltando ao estilo musical. Viajo para a capital, sem querer assumir o volante, fico a ouvir a variedade musical do motorista,  primeiro foi a vez do “Lepo Lepo”, aprendi todas as coreografias mesmo sem cantar, dançava. Quem não dançava?!  Porque na escola, rua, praia... Era ligar a televisão, rádio  via o “Lepo Lepo”!  A minha vontade era escrever para Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethania para  colocarem  o bloco na rua nem que seja para juntos cantarem “ Sozinho”.
*


            O problema que a Bahia é uma produtora musical ambulante, não deveria ser uma editora? Preciso aprender a cantar! Ou preciso aprender a escrever?
            Esse ano o destaque musical  veio lá da região do cacau, não me pergunte o nome, só sei que tem uma tal de metralhadora pelo meio e vamos disparando tiro... para delírio dos foliões que dançam como se tivesse carregando a arma da vingadora.  E tá..ta´..tá...tá...tá...tá... tá...tá...tá...tá...tá...
            Reconheço que para as bandas de lá, a briga pela terra atravessou século, já narrava o Jorge Amado. Mas nessa onda de tudo é permitido no carnaval,  sei não... Enquanto não aparecer uma pessoa que se vingue de verdade e use como arma os livros, a literatura...  vamos espalhando o “tá...tá...tá...” em nome da cultura baiana.

           Carnaval, resta-nos  ficar em casa lendo os contos de Amorim. Vai  que o “Lobo Mau” doidinho para segurar o “Tcham” volte em cena dos outros carnavais  e a metralhadora pós-moderna não funcione. Vai um cafezinho, aí? Temos que engolir, com leite mas sem açúcar, quem sabe assim espantaremos aquela "Muriçoca" do ano passado, chega daquele refrão picante!

                                                                                               E. Amorim

            * Heitor dos Prazeres, Carnaval nos arcos.(apenas ilustrativa)

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