terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mulher no espelho ( resumo)


O livro MULHER NO ESPELHO é da autora baiana da cidade de Salvador, HELENA PARENTE CUNHA. Lançado em 1985 o livro chama a atenção pela forma que foi conduzido todo o seu enredo.  Sendo que é protagonizado por uma MULHER NO ESPELHO que trava uma grande batalha  com o seu duplo refletido, pois uma não reconhece e nem valida as ações da outra, bem como a mulher que a escreve, no caso a autora. Pois a Mulher no Espelho fala o quanto ela queria falar e a autora resistiu criá-la, dar-lhe voz. E quando isso acontece, ela perde o controle sobre o personagem.
Mulher no Espelho achava que tinha uma vida tranquila, pois abdicou de todos os seus sonhos por conta da instituição familiar. Onde o esposo trabalhava no espaço público e ela ficava confortavelmente o esperando em casa, se preparando para essa chegada. Pois precisava agradá-lo.  Até que ela para diante do espelho... E o seu mundo tão bem construído veio abaixo. E o livro inicia “E vou começar a minha história. Agora na superposição dos meus rostos, em convergências de datas. Aqui, no cruzamento do meu corpo com o espaço de minhas imagens. Tenho que dizer-me a mim mesma...” p. 3
O seu duplo começa a mostrar as coisas que ela abriu mão. Como ela estava cada vez mais invisível diante dos seus familiares, naturalizando cada violência sofrida seja pelo marido ou pelos filhos desajustados socialmente, ela buscava uma justificativa.  E passa a mostrar que todos os sacrifícios dela foram em vão. Pois nenhum deles (esposo e filhos) a respeitavam .  E começa a mostrar como ela foi ingênua em acreditar que a anulação era necessária para um casamento feliz. O duplo cobra uma reação de Mulher no Espelho, pois o esposo a traía até com a empregada, dentro do próprio “sagrado lar”, os filhos estavam no caminho da perdição,  usuários de drogas, inda  para prisão.  Ela não passava de uma grande farsa.
Mulher no Espelho se desespera com a conversa  com o seu duplo, vez ou outra acusava a autora por colocá-la naquela situação,  mas  não tinha jeito, tinha momento que ela tentava jogar o resultado  dos seus fracassos  para a autora, mas o seu duplo à sua frente, obrigava ela assumir as suas culpas e os seus ódios.  Enquanto ela permanecia em frente ao espelho, a “outra” não dava trégua.  Fala das repressões sofridas, a sexualidade anulada, dos medos de fracassar como mãe, esposa como algo infundado, pois ela já havia afundado e nem ela sabia. Veio descobrir-se  diante de espelho. 
Cada vez mais Mulher no Espelho percebe que a  mulher que estava do outro lado era livre, solta, fazia o que tinha vontade,  dona do próprio corpo. Era ela às avessas, pois acorrentada à instituição família foi se deixando apagar para manter as aparências, até que surgiu aquela paradinha diante do espelho.  Como ela  encontrava-se apática,  sem  disposição para a mudança,  tenta  justificar-se  a atitude atual aos problemas do passado. Os ratos que roíam os pés, o irmão que  dividiu o quarto e dividiu a atenção dos pais e a mulher que demorou muito resistindo aquela  escrita que a obrigava aquele  mergulho  no fundo da alma.


Do outro lado do espelho, a outra obrigava-lhe a refletir e assumir as próprias falhas. Uma delas foi a vontade de afogar o próprio irmão na cisterna  por ter se tornando o centro das atenções da família e ela ter perdido o colo dos pais.  Quando o duplo fala sobre isso, Mulher no Espelho se revolta, e acusa: “ a mulher que me escreve deturpa os fatos... A mente da mulher que me escreve é lodosa e suja... Eu nunca desejei matar ninguém...” p. 47.
Em sua luta da personagem consigo mesma, faz Mulher no Espelho retomar a uma noite fatídica em que alguém desesperadamente bate à sua porta. Ela reconhece a voz exaltada do filho mais novo. Entediada, resolve não abrir, pois poderia estar drogado. Deixa-o do lado de fora, fora do seu mundo. No dia seguinte percebe que um jovem de família tradicional morre para defender a reputação da mãe. E o remorso toma conta da Mulher no Espelho e finalmente ocorre a junção entre ela e a mulher que a escreve.  Unem-se pela dor da perda.  Em suas palavras:
“Acabou. Percorremos nosso caminho até o último passo. Agora estamos paradas, uma olhando para outra, os pés roídos de ratos. Os espelhos se multiplicam as imagens até o infinito. Mas nosso remorso nos une... Ela sou eu.  Eu sou ela. Somos apenas uma...” p. 132.
Realmente, os espelhos se multiplicaram, com ajuda de um raio, os pedaços foram ao chão, dando-lhe a chance de pegar um pedacinho para encontrar-se consigo mesma naquela imagem ou se perder no mundo das memórias.



                                                        E. Amorim

















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