sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Vamos abraçar 2017 como as crianças se abraçam? ( mensagem)


          Amigo leitor,

         Chegamos  ao final de mais um ano que rapidamente envelheceu, esgotou-se  o prazo de validade  e precisa ser trocado por outro ano novinho: 2017!  É isso mesmo! O novo está agora batendo à porta, querendo entrar  e ficar conosco por apenas 12 meses... E aí, o que devemos fazer para recebê-lo?
           Não adianta simpatia, mandinga, superstições para que ele venha tranquilo.  Ele virá em paz ou guerra? Com risos ou lágrimas? Com dinheiro no bolso ou carteira vazia?  Invadindo todos os espaços, com grande estardalhaço ou em silêncio, forçando-nos  trocar  a meia dúzia final por um sete.  Todo ano novo é sempre igual, a mudança não é no ano, mas nas pessoas que  fazem o ano acontecer. Sem mudarmos as  práticas diárias como esperarmos um ano novo diferente? Se não abraçamos,  como queremos um ano novo  mais solidário? Se não compartilhamos as coisas positivas,  como queremos um ano novo transformado?  Se não trabalhamos para ser bênção na vida alguém, como desejamos um ano novo abençoado?  Toda semeadura há  tempo para colheita. O ano novo é fruto do ano velho... Que possamos saboreá-lo da forma mais prazerosa possível.
          O ANO NOVO CHEGOU! Podemos abraçá-lo com a mesma simplicidade de uma criança quando se encontra com uma amiguinha na praça. A amiguinha é qualquer criança disposta a retribuir o abraço, compartilhar brinquedos, andar de mãos dadas.  E naquele abraço transmite a alegria de tocar o outro como algo precioso. Igualzinho o ano novo, ele também é precioso.   Um abraço capaz de transmitir tantas energias positivas: paz, alegria, carinho, respeito, prazer, harmonia, solidariedade...FELICIDADE.
           E assim, num singelo abraço as crianças nos ensinam como devemos esperar o ano de 2017. Não sabemos como virá, mas podemos fazer a nossa parte da melhor forma possível. Que nós desfacemos das nossas armas carregadas de intolerância e ressentimentos para abrirmos os braços para a PAZ, assim como as crianças se abraçam em paz, podemos sim,  imitá-las. Porque a PAZ  de 2017 está em nossas mãos e em cada coração.
            Amigos, a ALEGRIA de estarmos vivos por mais um ano é imensa, principalmente por  compartilhar  esta mensagem com  vocês  que nos acolheram com CARINHO, RESPEITO e  PRAZER  durante todo o ano que se finda.  Porque sabemos que juntos, eu  daqui, vocês dos diferentes locais do mundo podemos fazer mais que desejar um FELIZ 2017.  Nós faremos com que ele permaneça feliz todos os dias.  Sabe como?
           Que 2017 possa se orgulhar de poder contar com a nossa ética.  Que 2017 sinta  prazer da  nossa amizade e companhia.  Que 2017, apesar de ser um ano novo,  envelhecerá com dignidade, respeito e solidariedade.  Enfim,  2017 venha disposto a receber o nosso abraço simples, mas sincero, feliz, esperançoso,  cheio  de amor  e de um toque poético como a lição de vida deixada  no abraço das crianças.   

                     
                    
                                                                  (Elisabeth  Amorim)

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Gooool! ( crônica)

                                                     
          
          Talvez, vivemos numa sociedade tão cheia de etiquetas, marcas e  rótulos que muitos  não conseguem distinguir ou lidar com situações simples, nem com pessoas sem embalagens. A correria do dia-a-dia acaba embrutecendo alguns  e até invisibilizando  outros de tal forma que os que resistem  a não ser uma “coisa” para o outro, tornam-se estranhos.
          Será que é estranho cumprimentar o porteiro ou zelador? Entrar num elevador e  agradecer a pessoa que “segurou” a porta para facilitar a sua entrada? Ceder o local para alguém idoso? São situações comuns que exigem   o mínimo de educação.  Estranho é ignorar o cumprimento, estranho é julgar o outro pelo próprio espelho quebrado, estranho é condicionar a comissão de vendas a um prévio julgamento do cliente.
               Já fui ignorada  diversas vezes  em lojas, mesmo com  dinheiro na carteira.  Fui discriminada ao solicitar ajuda  para pegar uma bolsa num local muito alto e ouvir de vendedor: “Aquela?!  Mas aquela bolsa é muito cara?”  ou  “ Essa saia é muito chique...”  E eu por pirraça a deixei sem a comissão... E saio da loja suavemente, com um sorriso nos lábios e compro na loja vizinha, ou busco um outro vendedor na mesma loja, quando o produto é muito do meu interesse. Como gosto de coletar material para os meus textos a partir das observações cotidianas,  tirei o dia para investigar o preço do novo Gol, carro econômico da Volkswagen*.  Gente! Por que não usei meus saltos? Por que não usei meu modelito  verde?  Por que não me produzir primeiro antes de entrar em algumas concessionárias?
             Quando o  vendedor enxerga o  cliente pelas roupas,  o lucro está condicionado na avaliação equivocada que faz de cada um.  E ali, à primeira vista, o vendedor abraça-o ou rejeita-o precocemente, tirando-lhe toda e qualquer chance de diálogo, para não “perder o tempo”.   Senti  na pele esse drama.   A minha simplicidade espantou  o vendedor, talvez, acostumado a servir madame.  Mas não sou madame  em  horário de folga...  as festinhas de aniversários dos meus animais de estimação já passaram,  nem  meu colunista social particular está de plantão para divulgar minhas saídas de casa...  Final de ano, resta-me  um monte de provas para correção... sem saltos, por favor!
                  O vendedor  insinuou que eu estava na seção errada, mas deveria ir para os seminovos ou usados,  sorri pois veio esse texto na memória. Completo... início, meio e final.  É um filme que já conheço. Ele me provocou, estava apenas querendo conhecer  as mudanças ocorridas no automóvel,  não fui  buscar  essa crônica. O vendedor me deu esse texto,  pena que nunca ganhei nada escrevendo, senão poderia até voltar lá  e dividir com ele se lucro tivesse,  pois a bola  bateu na trave, talvez, por causa  do julgamento precipitado. Mas eu, modéstia parte aprendi  driblar os preconceitos e captar a discriminação nas entrelinhas de qualquer discurso, dito e até o não dito quando salta aos olhos.  
          Habilidosa,  recolho as bolas que batem na trave,  e para contrariar  aquele jogador adversário saio de campo de cabeça erguida, com aquele grito engasgado na garganta, vendedor esnobe é...
          -  Gooool! 
           - Ei, CONTRA! CONTRA! Gol contra... 


                                                 Elisabeth Amorim 


* aceito comissão pela propaganda ( risos)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O Natal passou... (crônica)


Depois o Natal vem mesmo o quê?  Não é brincadeira!  Após o mês de agosto  os olhares se voltam para o Natal. Compras do Natal, visitas que chegarão no Natal, presentes de Natal, árvore de Natal... Sim, passou. E agora?
Natal deveria ser todos os dias, sabia? Será que a humanidade conseguiria manter as aparências de “boas festas” noite e dia?  Não tenho absolutamente nada contra o Natal, data linda para cristãos,  nascimento do Menino Jesus.  O Menino cresceu doando  amor e pagou com a própria vida, pregado numa cruz.  O meu olhar crítico é para a artificialidade que o comércio se apropriou de uma festa cristã e injetou muito capital, e engoliu a sociedade com as falsas ilusões do brilho natalino.  Hoje há uma concorrência velada no facebook para ceia mais bonita.  A mesa mais ornamentada e quem consegue mais curtidas para “sua ceia”. Quanto espírito natalino!
Isso sem falar na quantidade de mensagens lindas e prontas que são encaminhadas de forma aleatória, que muitos não se dão  o trabalho de fazer uma leitura antes de enviá-las, e para minha surpresa recebi “ ... é muito gratificante tê-la no nosso grupo de capoeira... que esse 2014...”  Espere, um pouco, errar o ano,  depois de muitas bebidas,  justifica-se, mas grupo de capoeira, eu? Quem disse que todo baiano tem saber capoeira?
Ah,  restam alguns dias para circulação das mensagens trocadas de feliz ano novo.  Como Feliz Ano Novo?  O que você está fazendo para que o próximo ano seja realmente feliz? Onde guarda a solidariedade?  As diferenças são respeitadas durante o ano?  Eu sou considerada estranha quando  me posiciono assim,  mas meu querido leitor, acompanhe o meu raciocínio.  O que é a felicidade? Vou lhe ajudar... ser feliz é estar bem consigo mesmo e com o próximo.  É ver projetos sendo realizados. É desfrutar de uma sensação de bem estar, dever cumprido, gozo...  A minha questão é bem simples, É possível sentir prazer sem doar  nada para alguém? Ei, não pense que estou pensando em dinheiro,  não!  Estou falando em solidariedade, fraternidade, comunhão,  em uma só palavra é ter PAZ.


Então costumo desejar para meus amigos um ano de paz. Porque em paz a humanidade descansa,  em paz os homens se abraçam , em tempos de paz não existe guerra.  E isso não acontece numa virada de ano, a paz é conquista. Só através da paz conseguimos notar o nosso irmãozinho na sarjeta, pois o coração fica mais sensível.  Em nome da  paz   perdoamos a quem nos ofendeu, e caminhamos o ano inteiro lado a lado.  Porque desejar um feliz natal, um feliz ano novo é muito pouco, pouquíssimo. Sabe por quê?  Natal é apenas um dia e o ano novo só dura um mês... Fevereiro, meu amigo,  é carnaval, e sabe o que acontece?  Não tem abraço, não  tem presentes, até  Papai Noel foge, porém  mesmo com IPTU, prestações  natalinas vencidas,  desemprego assolando no país ...  corremos atrás do trio elétrico.
                                                     Elisabeth Amorim


domingo, 25 de dezembro de 2016

sábado, 24 de dezembro de 2016

É Natal... lembraste de mim? ( mensagem)

       
Confesso, esta data do ano me traz algumas lembranças que me deixa um pouco triste com essa humanidade.   Porque não nasci para ser mais um, não quis passar indiferente, vim para fazer a diferença.  E isso em todas as épocas nunca foi bem aceito.  As pessoas sempre veem um motivo oculto por trás das minhas ações e me atacam tentando anular a minha trajetória.  Por quê?
       Nunca quis revolucionar o mundo, mas mexer com cada um que chegasse até a mim.  E onde está o meu erro? O mundo é modificado pelas pessoas,  pessoas sim, mudam o mundo,  e isso ocorre nas ações coletivas e não individuais. Pois se não propagarmos o bem,  o mal  ganha mais força e  como todos sabem, o mal é ampla eficazmente  mais propagado.
Há muito tempo nasci no Natal, festa para os cristãos. Só que hoje, onde e quando mesmo nasci? Meu povo, eu preciso nascer  ou até mesmo renascer no coração de cada um, eu preciso me fazer presente numa festa que acho que é para mim, ou não é mais? Para quem você tem cantado o “Parabéns à você” no dia do Natal?
Cada vez mais as pessoas estão me trocando pelo Papai Noel,  pelos presentes,  pelas ceias natalinas... até os amigos secretos, isso mesmo aquelas pessoas  que na verdade nunca foram amigas, mas apenas colegas de profissão, conhecidas, são mais importantes  que Eu.  Sabe qual é  a preocupação  atual das crianças e adultos:  “ o que o Papai Noel irá me dar neste natal?”  Papai Noel poderá lhe dar um caminhão de presentes que encherá a sua casa.  Mas, EU  posso dar a alegria que encherá o vazio do seu coração. Encontrando-me  passo a guiar os seus passos e conduzirei onde há luz.
Ao meu lado  você não mais se preocupará com o que fazer para a festa natalina, porque o aniversariante  precisa ser mais importante que a festa.  EU sou a festa! EU sou o caminho! EU sou a luz!  EU sou a verdade! E só eu posso lhe proporcionar bem mais de um natal feliz, mas uma vida feliz.  Porque a festa é minha, mas estão se esquecendo  de me convidar para sentar à mesa e participar do banquete de Natal.

                        É NATAL, estou aqui...

                                                                Jesus Cristo.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Quem você cativou em 2016?

                                                          

Sim, boa pergunta. Final de ano batendo à porta e hora de arrumar a bagagem, pesada, não? Quantas pedras você recolheu do caminho e quantas pedras você jogou no caminho de outros? No entanto, que tal pensar apenas nas coisas que nos enobrecem e esvaziar-nos  dos pesos extras e desagradáveis?  Agora não é o momento para pensar no mal que te fizeram, mas no que você fez de bom para alegrar o outro. Pense na sua vida, no seu caminhar, na sua atitude como humano ou desumano.
Há pessoas que passam o ano inteiro ruminando agravos, ofensas, injustiças... e sabe o que acontece? Entra o ano novo bem pesado, carregando  ressentimentos. Já estamos pensando  na virada do ano! Se você não abraça, consequentemente também não é abraçado. Não ama, perde também a chance de ser amado. Não reflete as ações passadas,  por isso  não se transforma.
Quem você cativou em 2016?  Já parou para pensar sobre esse desafio? Desafio, sim! Sabe por quê? Porque refletir as próprias ações é um grande e corajoso desafio. E é justamente isso que propomos. E é preciso de uma dose extra de coragem para pensar “ fui ofendida porque eu ofendi primeiro”.  “Não me abraçaram porque eu cruzei meus braços”,  “Não fui feliz porque não semeei o amor.”   E sabe o que acontece quando não amamos?
Sem amor, não existe solidariedade.
Sem amor, não existe respeito.
Sem amor,   faltam carinho, fraternidade e dignidade.
Ah, sem amor não existem amizade, cumplicidade, parceria.
Amar não é modismo, é opção de vida.
Tudo que fazemos a base precisa ser o amor.  Quem não ama, tudo naturaliza, banaliza as relações, decepções, violências... E como cativar se não conseguimos amar  ninguém? Cativar é perdoar quem nos ofendeu e doar amor.  Cativar é sentir a dor do outro e doar solidariedade.  Cativar é respeitar ao próximo e a si mesmo, dividir alegrias e tristezas com os nossos amigos. Só tem amigos quem aprende o real sentido do verbo cativar.
                                                 

Assim, é muito bom chegar ao final do ano e dizer obrigada a vocês que fizeram parte da minha história, obrigada por ter me cativado. E posso dizer que pela nossa parceria de respeito, cumplicidade, carinho, atenção... somos sim, amigos. Amigo quer ver o sucesso do outro, amigo torce para que o outro cresça, sabe por quê? Porque o crescimento de um amigo é comemorado coletivamente, ninguém desaparece.  E se estamos aqui, porque crescemos lado a lado.
Sabe o que te desejo, meu amigo? Um ano novo  de conquistas, um ano de paz, amor, fraternidade, respeito, solidariedade, dignidade, carinho, parceria, alegria... Enfim, um ano abençoado por Deus. Ele nos transforma e nos cativa com a sua infinita bondade e misericórdia. E quando Deus está presente nas nossas ações, cativamos as pessoas que estão em nosso entorno.  E o brilho natalino vai além das luzes falsas e artificiais, pois a luz estará presente dentro de cada um.
                                       
                                 Elisabeth Amorim


* imagens da nossa capital Brasília. 



sábado, 17 de dezembro de 2016

Elisabeth Amorim é reconhecida como escritora em evento acadêmico da UNEB!

                              



Parece um sonho, mas não é. Finalmente a nossa querida professora e escritora baiana Elisabeth Amorim é reconhecida como ESCRITORA!  Sabemos o quanto é difícil ser escritor em nosso país, pois as políticas públicas para o livro passam bem longe, mas a garra e a determinação dessa mulher merecem os nossos aplausos. Veja fragmentos da notícia que traz como título "Professora Iaçuense participa do IX Colóquio Modos de Produção e Circulação Cultural"  e encontra-se disponível e bem compartilhada no blog " toque poético: semeando a literatura das margens":

"No último dia 15 aconteceu o IX Colóquio Modos de Produção e Circulação Cultural, grande evento da UNEB, Campus II, Alagoinhas – Bahia, promovido pelo Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural, mais especificamente pela linha 1 : Literatura, produção cultural e modos de vida. Esse Colóquio foi coordenado pela professora Doutora em Literatura, Jailma Pedreira Moreira e organizado por mestrandos do Pós-Crítica, matriculados na disciplina Literatura, cultura e modos de produção, turma 2016.2.
O evento que ocorre regularmente tem como meta prioritária “dar visibilidade a produções culturais minoritárias ou das bordas que compõem a tessitura cultural microrregional.” Da mesma forma também busca “estabelecer uma atividade de mediação, promovendo encontros e debates entre artistas, produtores culturais, comunidade acadêmica e interessados,” conforme aponta o folder do colóquio.
.20161215_142320120161215_1423151                        (professores doutores Roberto Seidel e Jailma Moreira)
Assim, o Auditório Carolina Maria de Jesus serviu de cenário para troca de experiências enriquecedoras entre professores doutores, mestres e mestrandos . Cada convidado  teve a chance de apresentar a sua pesquisa, interagir com o público presente, socializar as estratégias utilizadas para promover a leitura e circulação dos textos\ livros, enfim, os modos de produção adotados, sejam como professor-pesquisador ou professor-autor. E para falar sobre os modos de produção da educação básica, o colóquio contou com a participação da professora e escritora iaçuense Elisabeth Amorim.
20161215_1622521                                                     (Kelly, Elisabeth e Jailma)
O evento marca o encerramento da disciplina “Literatura, Cultura e Modos de produção” ministrada pela professora Dra. Jailma Moreira, coordenadora  do evento. Além da professora  Jailma, a mesa foi composta pelos pesquisadores: Professor Dr. Roberto Seidel e as Mestras Elisabeth Amorim(Crítica Cultural/UNEB), Kelly Cristina Oliveira Silva(Letras/UFS), Vanise Albuquerque(Crítica Cultural/UNEB) e David Soares (Titular  da Câmara de Comunicação do Conselho Cultura de Alagoinhas).
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O professor Roberto Seidel  apresentou  o livro  de sua autoria,  “Econocriativa” que aborda sobre as editoras baianas, no qual são apresentadas as dificuldades de publicação, os entraves para conseguir financiamento da secretaria de cultura entre outros como a difícil circulação do livro, fazendo com que as poucas editoras da Bahia trabalhem sob demanda.
Em seguida a professora e escritora Elisabeth Amorim  socializa os modos de produção literária na escola  pública na qual atua na cidade de Iaçu, Bahia. Elisabeth iniciou falando sobre “ o professor-artista em rede: modos de fugir do engessamento literário”, evidenciado o poder das tecnologias digitais para o auxílio da formação do professor-artista e estudante autor.  Assim, ela apresenta as estratégias de professores baianos que tornaram escritores ou seja, “artistas” da palavra escrita digital e usam os espaços virtuais, como o site Recanto das Letras(www.recantodasletras.com.br)  para divulgação/ circulação da literatura autoral e para suprir as necessidades pontuais de leituras, já que há um déficit de produção de autores contemporâneos nas bibliotecas públicas.  Vários registros de ações que deram certo na  escola pública foram exibidos, desde levar a literatura para os muros, criar periódicos, livros e vídeos literários, enfatizando autores baianos desconhecidos, inclusive as produções dos próprios estudantes e disponibilizá-los nas redes sociais, são estratégias adotadas pela professora para circulação da literatura  que vive à margem.
(Vanise)20161215_155356120161215_1537041(Kelly)

A professora mestra Kelly Cristina apresentou o resultado da sua pesquisa de mestrado defendida pela Universidade Federal de Sergipe(UFS)  sobre o “Gênero Poster Científico como Instrumento de Letramento no Ensino Fundamental II”.  Vários pôsteres produzidos por estudantes da educação básica mostrando heróis anônimos de uma guerra, muitas vezes já moraram (ou moram) na mesma cidade e não tomamos conhecimento.  Como produto final da pesquisa foi apresentado um caderno do aluno criado pela pesquisadora, cujo título “Juventude e Direitos Humanos: escrevendo um mundo melhor” com a compilação das sequências didáticas das pesquisas realizadas sobre os heróis anônimos da II Guerra Mundial, começando pela leitura ” Diário de Anne Frank” e abrindo um leque para discutir os heróis que residem nas pequenas cidades do interior da Bahia.
A mestra Vanise Albuquerque socializou sua  pesquisa desenvolvida no mestrado.  Trata-se de um estudo de campo sobre  os modos de produção das Artistas de Alagoinhas.  A pesquisa apresenta um resultado nada animador para as artistas entrevistadas do local, pois os apoios das secretarias são praticamente inexistentes,  e as vendas de livros dessas artistas ficam restritas aos amigos, consequentemente, essa produção cultural continua  distante das escolas, a não ser por iniciativas pontuais. E para fortalecer a cultura da cidade, as próprias artistas pagam de seus salários( quase todas professoras) a edição de cada livro, e ficam no aguardo de uma secretaria que abrace de fato a cultura literária local.
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E finalmente a palavra foi passada para Davi Soares, e como titular da Câmara de Comunicação  do Conselho de Cultura da cidade de Alagoinhas, ele esclareceu que a Câmara é formado por conselhos. Os conselheiros são indicados pelo povo, trabalham de forma voluntária para avaliarem os projetos que chegam até câmara, a fim de aprová-los os mais viáveis.  No entanto, há alguns critérios para participar da seleção, pois a “distribuição de verbas para a literatura e outras culturas precisa ser revista, pois muitas vezes ocorrem de forma desproporcional. Já que um projeto cultural voltado para as artes cênicas ou musical poderá usar todos os recursos disponíveis do Conselho, enquanto outro projeto de um livro, poderia  gastar bem menos, mas não é contemplado, por falta de verba”.   A fala do representante da Câmara confirma o que as pesquisas revelam, inclusive o que Vanise e Seidel apontaram em relação ao apoio dado  para  o livro, pois outras culturas, principalmente musicais,  atraem uma quantidade maior de pessoas em seu entorno, com isso são mais valorizadas, consequentemente, beneficiadas na aprovação dos projetos. No entanto, Davi Soares diz que o órgão está em processo de transição, muita coisa poderá vir a acontecer em relação a literatura. Nós ficamos  daqui na torcida pela mudança de olhar para a literatura local, quando acontecer os abraços, divulgaremos também.
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A professora Jailma agradece aos participantes, pois considera esse encontro muito  rico para o fortalecimento da cultura e literatura da nossa região.  Em seguida  ocorreu o lançamento dos livros  “Zik e Moka” e “ “Casaco de lã”, de Elisabeth Amorim, acompanhado de um coffee break promovido pelos  mestrandos.
Sinceramente, essa é a notícia que nos agrada divulgar, pois sabemos a dificuldade que muitos autores enfrentam para fazer com que as produções literárias sejam no mínimo notadas por alguém ou alguma escola/ secretaria municipal que o/a reconheça como escritor(a) das bordas.  E receber o convite de um programa de pós-graduação  valorizando as iniciativas pontuais de escritores/professores que vivem à margem, é motivo de orgulho, por isso nós abraçamos e semeamos o que esses mestrandos,  mestres e doutores  fazem  pela nossa literatura."

                                             Retirado do blog toque poético
                           www.toquepoetico.wordpress.com  

                    E nós assinamos essa notícia, comemorando juntos!





terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Ousadia inventiva (crônica)


É com muita satisfação que fecho mais um ano letivo com a sensação de dever cumprido. Pois  todos os projetos idealizados para o ano de 2016 foram realizados com precisão, apesar dos obstáculos no caminho, não foram  grandes  a ponto de modificar  a minha rota.  E isso é bom, chegar ao final de um ano letivo… Ufa! Pode virar essa página sem deixar nenhuma  em branco!
Confesso, é muito gostoso acabar bem, porque começar não é mérito para ninguém, pois nem todos que começam bem conseguem atingir a linha de chegada.  Mas terminar bem  é vantagem, sim. Porque só termina bem que planejou um final feliz e quem planeja, articula, corre atrás. Principalmente na área da educação, quando se aproxima  o final da unidade, começa a corrida para fechar cadernetas, notas, recuperações, e muitas vezes o desejo de encerrar fala tão alto que esquecemos de ouvir a razão, e por emoção, fechamos. Fechamos de qualquer jeito, emendando aqui, rasurando acolá, empurrando… empurrando…  E desse modo de produção, perdemos a chance de desfrutar a tão sonhada sensação de dever cumprido, infelizmente.
Comigo não tem essa de “queria ter ensinado mais…”  sem lamúrias, sou muito bem resolvida em todas as áreas: profissional e pessoal.   Ensinei tudo que tive chance de ensinar . Dentro desse cenário educacional dei o meu melhor,  porém, nem sempre essa doação é notada pelo estudante.   Fazer o quê? Preparar as recuperações… Todas as oficinas planejadas foram realizadas com sucesso.  Os vídeos literários propostos  aos estudantes  já estão em rede em diferentes canais, inclusive no “toque poético”…  vídeos apreciados pelos amantes da  nossa literatura marginal. Tudo fruto da minha ousadia! E, cada vez mais, com prazer já posso afirmar para aqueles  semeadores da literatura que vive à margem, que  compartilham nas redes sociais: NOSSA OUSADIA INVENTIVA! Estamos sim, plantando árvores diariamente. É uma tarefa árdua, mudar cultura não é fácil, mas estamos chegando lá.
Aproxima-se o momento de virar a página, pois um novo ano está pintando.  Para alguns economistas,  será um ano de crise, um ano de arrocho salarial, um ano de perda de benefícios  do trabalhador… só nuvens carregadas que  estão visíveis e divulgadas.   Como aprendi a viver cada momento de forma intensa, fazendo meu amanhã acontecer a partir do hoje bem vivido, próximo ano será  de muita paz.  Muitas sementes  plantadas hoje brotarão  e crescerão como árvores frutíferas, e tenho certeza de que esses frutos ajudarão  muitos necessitados.
Há poucos minutos um estudante me enviou um vídeo da turma comemorando o final do ano letivo. Eis os frutos surgindo! Pense numa  turma  que começou bem e terminou melhor ainda! Pode comemorar bastante, 3BM! Terminar bem é qualidade de poucos. Isso em todos os setores da nossa vida.  De repente na metade do caminho, cansamos e não queremos mais caminhar, às vezes caímos, arranhamos, ferimos  e desejamos ser carregados.  Mas,  seguimos, seguimos…
E nesse caminhar a felicidade se completa diante do convite recebido de um programa de pós-graduação para compor uma mesa de um colóquio, e falar sobre  “O professor -artista em rede: modos de fugir do engessamento literário”.  Que responsabilidade!   “Venha e traga toda  sua ousadia inventiva!”  Será que sou ousada mesmo? Inventiva, sim!  Ousadia inventiva! Gostei.
Acho que tens razão, Dra. Jailma… É  muito ousadia extrair  literatura de estudantes de educação básica! Contrariando todas as estatísticas que os alunos  não escrevem nada…  É muita ousadia fazer com que os estudantes transformem os próprios  textos em vídeos literários! Mais uma vez, jogando por terra que a internet só é usada pelos estudantes para  bate-papo em redes sociais…  É  muito ousadia divulgar a literatura que vive à margem em diferentes  espaços virtuais…  e ganhar leitores do mundo todo.  É muita ousadia inventiva defender uma dissertação baseada numa metodologia que  eu mesma inventei: DESMONTANDO  o texto literário para aproximá- lo  do leitor.  E para fechar , tem que ser muito ousada para atrair a atenção dos donos da bola e ganhar o abraço para  minha pesquisa.  Como  disse, começar muitos começam bem, terminar… é um novo texto.
                             Elisabeth Amorim

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Barbados*


Quero ir para paraíso
Lá esconderam o tesouro
Entre as palmeiras e areias
Algum pirata de perna-de-pau,
Desfruta aquele lugar.


Em Barbados serei feliz
Pois o ambiente é sedutor
Terei praia, sol e  sossego
Deitarei na rede à sombra dos coqueiros
Estarei a te esperar.


Enquanto as ondas do mar
Vem, vai, vem, vai, vem...
Vem, vem, vem, vem...
Vai, vai, vai, vai...
Ó, praias do Caribe!
Vem, vem, vem, vem...
Depressa me abraçar!


Amorim




* para meus novos leitores do paraíso... Viva!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

É melhor nem abrir essa página...


                  PARA NÃO SE APAIXONAR 

                              pela nossa forma de                     

               DESMONTAR A LITERATURA!


A literatura dos grandes poetas brasileiros lado a lado  da nossa produção amadora estudantil,  na brilhante apresentação de Lucas Amorim.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Papai Noel ferido ( conto)

                                           
 Era sexta-feira, final de semana propício para o  bom velhinho sair com a sua galera e passear com os netos e bisnetos. Afinal, aproxima-se o Natal,  o seu colo e a atenção ficam concorridos.  Eram muitas cartinhas que precisavam de respostas, apressa o passo para chegar a uma agência dos correios e despachar algumas... e depois, curtir com a família.
A fila é muito grande na agência escolhida.  Olha para um lado e para outra em busca de tal “prioridade” para os idosos,  não a encontrou, pois todos estavam na mesma situação. Só resolveria com a contratação de novos empregados para a  agência, mas o Brasil em crise, só se fala em desemprego.  Era Noel e mais uma quantidade de velhinhos querendo  a mesma coisa: cumprissem o atendimento prioritário.
E não demora, começam as reclamações, justamente quando chega a vez do bom velhinho ser atendido:
_ Deixe  eu passar em sua frente? É só um cartãozinho que irei postar para minha filha em São Paulo.
_ Ah, não! O meu filho está no Rio de Janeiro... Precisando desse documento original, preciso  enviá-lo urgente.
_ E eu que estou aqui apenas querendo pagar um boleto, porque  o banco em greve...
_ Na minha frente ninguém passa! Estou desde cedo aqui...  Como pode? Ter que pegar uma fila gigantesca para fazer um depósito!
Até que alguém olha para o tamanho do saco de Papai Noel... E com raiva por conta da morosidade, encontra alguém para descarregar a sua frustração, diz:
_ A culpa é dele!  Como é que deixa para atender pedidos das crianças  só na última hora! Tem o ano todo, só agora ele aparece no final de dezembro... Vou passar na sua frente, vovô!
Pronto. Um humano erra, os demais seguem...
_Eu também, com licença!
_Eu também, Papai Noel, vá para lá!
_ Papai Noel, essa não é a fila dos aposentados! Eu ainda vou trabalhar... 
E Papai Noel sem saber o que fazer, apenas repetia:
_ Feliz Natal! Hô, hô, hô...

E  começa um empurra-empurra. E o bom velhinho foi ao chão.  Cartas pisoteadas, rasgadas, amassadas, brinquedos quebrados, sonhos adiados ...  Desesperado, Papai Noel dizia choroso:

_ Por favor, não pisem  nos sonhos das minhas crianças! É Natal!

*

Os adultos e idosos interessados em realizarem os próprios sonhos, não deram ouvidos aos apelos do  bom velhinho... ele, cada ano mais ferido com a insensibilidade humana tenta fazer o possível para alegrar as crianças.
E se por acaso, a sua cartinha não  teve ainda a resposta, não fique triste , porque o bom velhinho todo ano tenta  realizar  sonhos,  mas sozinho não pode fazer muita coisa...  Acho que ele ainda está na fila, mesmo machucado.
Quer ajudá-lo? 

                                    
                                                                     Elisabeth Amorim



* Imagem pessoal, vi num consultório de ortopedia... virou literatura. Tem mais imagens legais.
Caso  alguém  queira divulgar a empresa de forma criativa, indique o meu nome, transformo tudo em literatura! È Natal, preciso comprar o presente. (risos)




terça-feira, 29 de novembro de 2016

O ponto final para Chapecoense (crônica)

                                               
*

          Não sou cronista esportiva, aliás, sou apenas uma simples professora que ousou querer ser escritora, num país que pouco valoriza os meus  escritos.  Mas, peço licença ao leitor que gosta do meu estilo despretensioso e livre,  para escrever um pouco sobre essa onda de desolação que se abateu em nosso país. Acordamos em choque, sentimos a dor do outro. Muitos correm para as lojas comprar a camisa verde da Chapecoense.  Que triste!  Aumentaram o  preço?!
          Todas as emissoras desde o raiar do dia noticiam a mesma coisa: o avião que caiu com toda  a equipe de um time de futebol,  a Chapecoense.  Infelizmente, uma tragédia incalculável que nos atingiu  em cheio.  Parece que as pessoas estão tendo um pesadelo,  onde familiares, amigos, empresários, colegas, jornalistas   querem acordar e não conseguem.  A dor da perda é imensa. Não foi uma, nem  duas pessoas,  toda uma comissão deixa de existir de uma hora para outra.
           Os sonhos,  os sorrisos, as alegrias que ficaram registradas em várias redes sociais quando esses jogadores se despediam de seus familiares ganham todos os jornais.  A alegria é vizinha da tristeza e o sorriso é primo da dor.  No entanto, vindo de viagem, ouço um apelo dramático pelo rádio do carro, de torcedor  denunciando o aumento absurdo na camisa do time... Eis a crônica! Não existe lucro sobre uma tragédia!
          O que é a vida?  Os jogadores nem de longe, acredito eu,  pensaram na morte. Embarcaram rumo a  um título inédito.  Partiram para Colômbia levando em seus corações o desejo da vitória, a alegria de ser finalista e o grito engasgado de “campeão”.
          Em meio a  dor, o título é tão pequeno diante da grandeza e brevidade da vida.  Uma vida que se esvai, com um sopro. Um sorriso que vira lágrima. Uma comemoração  transformada em desolação.  Fim de linha! Para a equipe que chegou a final do campeonato, infelizmente, é o ponto  final  sem reticências.   Onde os familiares dos “escombros” buscam os restos mortais,  e da escuridão procuram a luz, uma, uma explicação para consolar os corações. Força! É o que temos a dizer.
          Adeus, Chapecoense!  Por algum tempo, as emissoras brasileiras esqueceram a corrupção,  lava-jato, as prisões domiciliares, as delações premiadas entre outras  que desolaram o país. Hoje, o país é todo verde!  O que dizer para os familiares dessas vítimas?  O que dizer para o futebol  brasileiro? O que dizer? O silêncio diz muito.

         Queríamos o título, mas queremos a vida!  Quando morremos o que fica?  A história que deixamos para ser apagada ou lembrada pelos nossos. Mas queremos “ guardar na memória  o que nos dá esperança”, e quando sentimos a dor do outro,  mostra que não estamos insensível o sofrimento alheio.  E diante da dor compartilhada,   estamos de luto, sim. Um luto que se espalha pelo nosso corpo de forma incontrolável,  vai tomando todo nosso ser, e se manifesta quando uma lágrima cai...

                                                                    E. Amorim

*imagem da web

domingo, 27 de novembro de 2016

Não acredito em Papai Noel, mas em Papai do Céu...



          Queria acreditar  que o Papai Noel  trará realmente  presentes para todos os necessitados. Que não exista mais criancinha feito ursinho abandonado e olhar tristonho.  Mesmo porque não quero ficar vendo nenhum programa de televisão a violência que, nós brasileiros, estamos sofrendo.  É muita corrupção! É muita sujeira  que não há lava-jato que limpe essa lama que escorre pelas beiradas do nosso país.
           Enquanto ficamos à  espera da presença do bom velhinho...  Como não entrar nesse clima e correr atrás das promoções americanizadas como a tal da “Black Friday”. Queria realmente ganhar  uma editora disposta a driblar a crise,  onde lá tivesse um bom velhinho, aliás, nem precisaria ser tão  bom, bastarei ser  leitor, um admirador de literatura.  Mas não adianta correr  balcões quando o país está mergulhado  nas propinas. E mais um ano novo se aproxima...  o que nos reserva se o Papai Noel encontra-se desaparecido?
          Expectativas. Sonhos. Desilusão. Sim, porque  o velhinho estará bem distante nos primeiros dias do ano e aparecerá apenas no natal seguinte,  sobrariam  os impostos a vencer.  Não! Natal é diferente! Realmente, é diferente? Para quem?!!!  Mesmo sem vontade, vejo um programa jornalístico onde é apresentando uma fortuna em jóias  da esposa de um desses poderosos que estão presos, aliás, desfrutando uma mordomia domiciliar, desculpe-me,  prisão domiciliar.  E ao ser interrogado sobre o porquê pagar tantas joias em dinheiro, ele diz não se lembrar.  Brasil, quem paga essa conta?
          Se  o "Senhor  dos aneis" investisse mais em educação, cultura, saúde,  literatura... se lembraria do valor gasto,  mesmo se esquecesse os beneficiados lembrariam.   E a minha indignação aumentou quando fui atrás da única editora que  aceitava publicar sob demanda,  e encontrei  a “porta  fechada” por conta da crise do país,  a editora só aceita o pedido mínimo de 50 livros.
          Volto a olhar a quantidade de jóias sendo exibidas em diversos canais televisivos e penso no valor que teria que pagar por cinquenta exemplares, acrescidos das despesas de impressão, diagramação, correios... Sei o quanto me custaria cada uma das cinquenta joias... E acabo, deixando para o natal seguinte, quem sabe daqui até lá o Papai Noel resolva sair do seu trenó?


            Papai que nunca perdeu uma batalha para ninguém, é o Papai do Céu.   Quando pensamos que estamos só, inesperadamente, a porta é aberta! Pessoas nos acolhem.  Papai do Céu é tão grandioso que preenche-nos  de tal modo, ocultando as nossas necessidades.  E Ele não precisa se levantar de nenhum trenó, mas levanta pessoas. Abençoa pessoas. Ama pessoas.  E essas pessoas abençoadas fazem a diferença abençoando outras...
       
                                                          Elisabeth Amorim

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Ilhas, desertos e sonhos ( reflexão)


Há muito tempo que venho insistindo para que as pessoas percebam que é bem mais saudável compartilhar textos literários pela internet do que montagens ridículas que ganham milhares de acessos.  As montagens agridem o alvo, enquanto a literatura fortalece cultura e intelectualmente o leitor e promove o escritor.   Como é bom promover o outro.
Uso o blog  www.toquepoetico.wordpress.com  para tal propósito.  Lá  no  “toque poético”   faço circular  textos de autores anônimos baianos, como os estudantes da educação básica, por exemplo.  Não só eles, mas de famosos no mundo, porém, por  questões ideológicas, filosóficas, políticas não circulam nas bibliotecas escolares. E eu sou a fada para alguns, e para outros a bruxa que tira dos baús a literatura baiana marginal,colocando-a em rede.  É um trabalho fácil? Não! Mas faço o que gosto. Decidi  mostrar o que a Bahia é capaz de produzir  de literário  e com uso das tecnologias nossa literatura percorre o mundo.
Na minha trajetória com a literatura, compartilho sonhos apenas com pessoas que aprenderam a sonhar, por sinal já fiz um texto sobre isso.  Porque não adianta buscar parcerias no deserto. Há pessoas ilhas e pessoas  desertos. As ilhas vivem cercadas  de outras parecidas ou com objetivos afins, essas ilhas só abraçam as suas próprias águas...Por isso não saem do lugar,vivem os mesmos sonhos sem inovação.  Enquanto as pessoas  desertos  se distanciam  de tudo e de todos.  Para tocá-las é preciso ser tão áridas quanto elas.  Não  abraçam ninguém, guardam na memória apenas poeira. Marcas dos próprios passos  andando em círculos.
Em contrapartida, temos pessoas  sonhos, essas pessoas são poéticas, românticas e  de bem com a vida. Elas transformam derrotas em histórias de superação, olham para  ilhas, desertos e veem  poesias, romances, contos, mensagens,  enfim, em  motivações para seguirem  fora dos círculos.  Pessoas sonhos vivem em paz e para a paz. Eu tento ser uma pessoa sonho cada vez mais.  Sonho em ver esse mundo melhor a partir das minhas práticas e compromisso com ele, sonho em conhecer pessoas melhores, sonho em proporcionar através dos meus escritos um dia melhor  para os leitores.  E ao investir na literatura virtual, sabia que a luta seria árdua, porque a  boa parte da sociedade brasileira não cultiva hábitos de leitura digital. Apenas textos curtos (facebook) ou sobre algo de interesse comum, como vida de famosos ou  acidentes de grandes proporções... Parar alguns minutos para ler  um texto literário no smartphone, não fazia parte da nossa agenda.  E não é que isso sutilmente está mudando?  Em pequenas pinceladas, estamos mostrando que nosso projeto tem surtido efeito e tem valor.   Estamos ajudando na formação de leitores da literatura baiana, sim. Era o sonho: conquistar leitores virtuais.


Sonhos são alimentados e renovados a cada manhã. E com os abraços  recebidos diariamente, resta-me apenas agradecer e agradecer.  


E.Amorim 





segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Quem disse que a mão que empurra é preta?!! ( reflexão)


Inegavelmente, com todo o tipo de informação sobre os estereótipos,  preconceito, arquétipos  parece ser pouco, pois ainda há uma ideologia bem forte que coloca o negro numa posição desfavorável.     Além de combater os ataques reais contra os negros, ainda temos que aguentar os ataques virtuais através  das mensagens  subliminares que circulam entre os grupos de whats app.
Ao receber a  imagem em destaque,   confesso,  fiquei inquieta. Essa mania de ler as entrelinhas ...  Nela fica implícita a mensagem que o mal, representado pela figura do Diabo, Lúcifer, Capeta, Tinhoso ou seja lá o nome dado para a criatura,  tem a cor preta.  Isso não é mais um reforço de que o  preto é a representação do mal?
Sou filha de negros,  apesar do registro marcar parda, sou negra. E nunca empurrei ninguém.  E não me lembro de ter servido de obstáculo para outra pessoa.  Já fui empurrada? Diversas vezes, por mãos multicoloridas,  mas levantar é mais importante que permanecer no chão.  E assim, prossigo.
 Em nenhum momento,  pretende -se  sugerir  que ocorre o inverso, não é essa  a intenção, pois  estaria reforçando o preconceito contra o outro.  Mas,  apenas chamar a atenção para a imagem  e o não dito, escancarado.

Não vejo muito sentido comemorar  o “Dia da Consciência Negra” com os olhos vedados  para as violências contra o humano( independente da cor) que compartilhamos em diferentes situações.  Por muitos anos a mão escrava era negra.  Mãos negras nas lavouras, mãos negras nos engenhos,  mãos negras nas senzalas,  mãos negras nos troncos.  Consciência Negra precisa ir além do 20 de novembro,  ir além da história de Zumbi dos Palmares e Dandara.  Posicionar-se  contra a discriminação, preconceito racial, faz-se necessário também,   atentar-se para as lutas  de  outros povos com culturas, religiões e etnias negadas, bem como evitar a  circulação de imagens  que reforce o racismo.
                            Se a imagem chegar até aqui, desmontamos sim. E fazemos literatura!

                                                                A negra  que a Bahia não conhece,

                                                                                 Elisabeth Amorim.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Dona Consciência (conto)

*



       Certo dia Dona Consciência, uma mulher negra que  vivia no seu cantinho e quase ninguém a via,   resolveu sair de casa.  Bem, não precisava mais ficar se escondendo com medo de ser atacada por algum capitão-do-mato mal informado,  ela era livre, iria gozar a sua liberdade, com a vasta cabeleira, exibe como um troféu e sai.
Passeando no parque,  fica a admirar duas crianças brincando.  De repente uma bola cai aos seus pés, ao se agachar para pegá-la foi abordada  pelos pais das crianças:
       _ Ei, deixe essa bola aí! Essa bola é do meu filho... Você está querendo roubar a bola dos meus filhos?!
        Dona Consciência  abaixa a cabeça, e diz tristemente:
       _ Não, senhor! Apenas  estava admirando-a antes de  devolvê-la.
       No entanto, os pais das crianças não quiseram ouvi-la. Quem ouve a consciência? Chamaram os filhos e carrega-os rapidamente daquele parque, pois para eles o local estava ficando perigoso  e muito mal frequentado.
        Dona Consciência busca na memória o que ela havia feito de errado.  Ela só queria ajudar as crianças e foi  julgada.  Enquanto refletia, ouviu um grito de “ pega ladrão!”... Não pensa duas vezes,  apressa o passo para tentar ajudar alguém, provavelmente, em perigo,  dessa vez seria útil.
         Vê uma jovem,  num banco do parque aos prantos. E logo ela se senta ao lado da jovem para tentar consolar. E  percebe que ao colocar a mão no ombro, a jovem fica mais assustada ainda e começa a gritar mais alto. Até que surge várias pessoas.  E nesse momento, Dona Consciência não entende porque ela foi imobilizada, apalpada, rapidamente vasculharam a sua bolsa, nada encontrou.  Tantas pessoas naquela  área,  fazendo a mesma coisa que ela, querendo ajudar, mas apenas ela fora humilhada.
       Depois que  a revistaram de forma humilhante e pública,  já mais calma, a jovem encontra o objeto supostamente roubado na própria bolsa. E assim, não havia necessidade de mantê-la imobilizada.  Soltaram    Dona Consciência, com os olhos arregalados não conseguia pronunciar nenhuma palavra, ela sabia que poderia ainda ser pior.  Sabia que havia assinado a sua liberdade, mas esqueceram de dizer isso para as outras pessoas.
       Resolveu voltar correndo para casa,  para o seu quartinho. Nem bem começa a correr ouviu ainda alguns gritos familiares:
       _ Pega  ladrão!
       _ Que negona boa!
        _Venha me fazer cafuné!
         _Cabelo de pixaim!
         Não parou, continuou a correr.  Lágrimas lavando a face e uma dor imensa no coração. No seu cantinho, olha para o espelho só consegue enxergar a sombra de uma consciência negra, mesmo assim não se intimida e questiona:
       _ Que Consciência sou?  Todos me discriminam pela minha cor, pelo meu cabelo crespo...  Sou julgada e condenada  por algo que não fiz. Quantos rótulos recebo diariamente?  Diga-me, por  favor, espelho! Que Consciência sou?
        E o espelho já cansado de ouvir aquele lamento, resolve responder:
       _ Limpe seu rosto! Ande de cabeça erguida, você é livre! Essa liberdade está no seu sangue,  pela  sua luta, reaja. Não aceite a discriminação! Não ouça  vozes que te diminua, mas grite mais alto e mostre a sua força.
         Dona Consciência tomou um susto, porque há tempos que ela fica diante do espelho e nunca  havia tido uma resposta.  E mais uma vez, Dona Consciência tentou argumentar...
        _ Como lutar contra a discriminação? Quem sou eu?
E o espelho admirando tamanha beleza, diz:
       _Você é Consciência. Negra, linda, livre como o vento...

E Dona Consciência reagiu, combate de frente com sabedoria e inteligência todos os preconceitos e estereótipos atribuídos as pessoas da sua cor. Trabalha muito pois sabe  que a tarefa é árdua.  Se  os negros ganham menos... será lapso da consciência?

                                 E. Amorim

 cartaz dos estudantes da Educação Básica. 

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim