Não sou cronista esportiva, aliás, sou apenas uma simples
professora que ousou querer ser escritora, num país que pouco valoriza os meus escritos. Mas, peço licença ao leitor que gosta do meu
estilo despretensioso e livre, para
escrever um pouco sobre essa onda de desolação que se abateu em nosso país.
Acordamos em choque, sentimos a dor do outro. Muitos correm para as lojas comprar
a camisa verde da Chapecoense. Que
triste! Aumentaram o preço?!
Todas as emissoras desde o raiar do dia noticiam a mesma coisa:
o avião que caiu com toda a equipe de um
time de futebol, a Chapecoense. Infelizmente, uma tragédia incalculável que
nos atingiu em cheio. Parece que as pessoas estão tendo um
pesadelo, onde familiares, amigos,
empresários, colegas, jornalistas
querem acordar e não conseguem. A
dor da perda é imensa. Não foi uma, nem
duas pessoas, toda uma comissão
deixa de existir de uma hora para outra.
Os sonhos, os sorrisos, as alegrias que ficaram
registradas em várias redes sociais quando esses jogadores se despediam de seus
familiares ganham todos os jornais. A
alegria é vizinha da tristeza e o sorriso é primo da dor. No entanto, vindo de viagem, ouço um apelo
dramático pelo rádio do carro, de torcedor denunciando o
aumento absurdo na camisa do time... Eis a crônica! Não existe lucro sobre uma tragédia!
O que é a vida? Os
jogadores nem de longe, acredito eu, pensaram na morte. Embarcaram rumo a um título inédito. Partiram para Colômbia levando em seus
corações o desejo da vitória, a alegria de ser finalista e o grito engasgado de
“campeão”.
Em meio a dor, o
título é tão pequeno diante da grandeza e brevidade da vida. Uma vida que se esvai, com um sopro. Um sorriso
que vira lágrima. Uma comemoração
transformada em desolação. Fim de
linha! Para a equipe que chegou a final do campeonato, infelizmente, é o
ponto final sem reticências. Onde os familiares dos “escombros” buscam os
restos mortais, e da escuridão procuram
a luz, uma, uma explicação para consolar os corações. Força! É o que temos a
dizer.
Adeus, Chapecoense! Por
algum tempo, as emissoras brasileiras esqueceram a corrupção, lava-jato, as prisões domiciliares, as
delações premiadas entre outras que
desolaram o país. Hoje, o país é todo verde!
O que dizer para os familiares dessas vítimas? O que dizer para o futebol brasileiro? O que dizer? O silêncio diz muito.
Queríamos o título, mas queremos a vida! Quando morremos o que fica? A história que deixamos para ser apagada ou
lembrada pelos nossos. Mas queremos “ guardar na memória o que nos dá esperança”, e quando sentimos a
dor do outro, mostra que não estamos
insensível o sofrimento alheio. E diante
da dor compartilhada, estamos de luto,
sim. Um luto que se espalha pelo nosso corpo de forma incontrolável, vai tomando todo nosso ser, e se manifesta
quando uma lágrima cai...
E. Amorim
*imagem da web
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