De repente olho para o jardim e encontro várias rosas coloridas: azul,
vermelha, branca, rosa, preta.
Preta? Sim, uma rosa tão linda e tão diferente das que enfeitam o
meu jardim. Observo mais de perto a procura
dos espinhos, não, não tem espinhos. A minha rosa negra não tem espinhos. Por que será que não me preocupei com os
espinhos das outras rosas? O que essa cor representa para mim? Será que não é o
momento de rever vários conceitos e desfazer os tão camuflados pré-conceitos?
Infelizmente, a sociedade brasileira convencionou a atribuir
ações negativas aos elementos de cor
preta. Se for um gato preto que cruza o caminho, logo há quem propague que atrairá
azar para a pessoa ou família, coisa que não acontece com o “gatinho branquinho
e fofo” . Em velórios é muito comum a
predominância de roupa preta, assim o ambiente sombrio, fica
muito escuro. Por convenção, “combinando com o clima de velório”. Ou
seja, mais uma atribuição negativa a cor
escura. Quando a situação foge do
controle, ainda há quem insista no discurso “...a coisa ficou preta”. Quanta carga negativa traz o nosso discurso!
Por que não vigiamos os nossos falares para não agredir o nosso próximo?
Convido-te a visitar esse jardim particular. No meu jardim as coisas não ficam pretas, nem lilás, azuis,
brancas, verdes... As coisas são como são, não mudam de cor conforme a vontade alheia. As rosas brancas mesmo que joguem água suja de tinta preta sobre elas, continuam sendo rosas brancas, pois a brancura está na essência, na
raiz, na roseira, e isso não muda. Da mesma forma acontece com as rosas pretas,
se jogarem cal, elas podem mudar de cor
temporariamente, mas voltam a sua cor natural...
Marcada pelo destino da cor,
a rosa preta não aceitou essa diferença como carga, fardo. A rosa não aceitou ser apenas uma flor preta
à beira do caminho, decidiu ser
especial, rara. A rosa negra vai além das pétalas e cheiro, a sua ousadia
de permanecer altiva diante de tantos empurrões por conta da cor... é a sua marca.
Assim, não espere que os outros reconheçam o seu valor, valorize-os primeiro. Não espere que te abracem, seja você a abrir os braços. Não espere que algum anjo bata à sua porta, seja anjo para alguém. Faça a sua parte, dê a sua colaboração para construirmos um mundo melhor, para alguns colaborar está associado a um valor econômico, penso diferente. Colaborar é antes de tudo abraçar, e posso garantir, abraço sincero não tem preço. Você pode sim fazer a diferença, sem gastar nenhum dinheiro, compartilhar um texto é abraçar. E sei que isso você vem fazendo. Porque não é por acaso que venho sendo recebendo tantas visitas estrangeiras. E isso é atitude! Igual a minha linda rosa negra, uma rosa de atitude.
Esse texto fiz exclusivamente para você, leitor. Você que vem todos os dias me visitar. Talvez, você nunca saberá o benefício do abraço, talvez, escreverei a respeito. Mas de certa forma, você vem fazendo como essa rosa negra, linda, rara, especial. Quando ninguém valoriza, você faz a diferença. Não aceita ser mais um leitor, mas o leitor que propaga o que escrevo, você que atendeu o chamado e entra no meu jardim particular.
Obrigada
Elisabeth Amorim
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