quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Jardim particular ( mensagem)


De repente olho para o jardim  e encontro várias rosas coloridas: azul, vermelha, branca, rosa, preta.  Preta?  Sim, uma rosa  tão linda e tão diferente das que enfeitam o meu jardim.  Observo mais de perto a procura dos espinhos, não, não tem espinhos. A minha rosa negra não tem espinhos.  Por que será que não me preocupei com os espinhos das  outras rosas? O que essa  cor representa para mim? Será que não é o momento de rever vários conceitos e desfazer  os tão camuflados  pré-conceitos?
Infelizmente, a sociedade brasileira convencionou a atribuir ações negativas aos elementos  de cor preta. Se for um gato preto que cruza o caminho, logo há quem propague que atrairá azar para a pessoa ou família, coisa que não acontece com o “gatinho branquinho e fofo” .   Em velórios é muito comum a predominância de roupa preta, assim o ambiente  sombrio, fica  muito escuro. Por convenção, “combinando com o clima de velório”. Ou seja,  mais uma atribuição negativa a cor escura.  Quando a situação foge do controle, ainda há quem insista no discurso “...a  coisa ficou preta”.  Quanta carga negativa traz o nosso discurso! Por que não vigiamos os nossos falares para não agredir  o nosso próximo?
  Convido-te a  visitar  esse jardim particular. No meu jardim  as coisas não ficam pretas, nem lilás, azuis, brancas, verdes... As coisas são como são,  não mudam de cor conforme a vontade alheia.  As rosas brancas mesmo que joguem  água suja de tinta preta sobre elas,  continuam sendo rosas  brancas, pois a brancura está na essência, na raiz, na roseira, e isso não muda. Da mesma forma acontece com as rosas pretas, se jogarem  cal, elas podem mudar de cor temporariamente, mas voltam a sua cor natural...    
 Marcada pelo destino  da cor,  a rosa preta não aceitou essa diferença como carga, fardo.   A rosa não aceitou ser apenas uma flor preta à beira do caminho,   decidiu ser especial, rara.  A rosa negra  vai além das pétalas e  cheiro,  a sua ousadia  de permanecer altiva diante de tantos empurrões por conta da cor... é a sua marca. 
Assim, não espere que os outros reconheçam o seu valor, valorize-os primeiro. Não espere que te abracem, seja você a abrir os braços. Não espere que algum anjo bata à sua porta, seja anjo para alguém. Faça a sua parte, dê a sua colaboração para construirmos um mundo melhor, para alguns colaborar está associado a um valor econômico, penso diferente. Colaborar é antes de tudo abraçar,  e posso garantir, abraço  sincero não tem preço. Você pode sim fazer a diferença, sem gastar nenhum dinheiro, compartilhar um texto é abraçar. E sei que isso você vem fazendo. Porque não é por acaso que venho sendo recebendo tantas visitas  estrangeiras. E isso é atitude! Igual a minha linda rosa negra, uma rosa de atitude.
Esse texto fiz exclusivamente para você, leitor. Você que vem todos os dias me visitar. Talvez, você nunca saberá o benefício do abraço, talvez, escreverei a respeito.  Mas de certa forma, você vem fazendo como essa rosa negra, linda, rara, especial. Quando ninguém valoriza, você faz a diferença. Não aceita ser mais um leitor, mas o leitor que propaga o que escrevo, você que atendeu o chamado e entra no meu jardim particular.  

                                                 Obrigada

                          Elisabeth Amorim



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