Eu dou o primeiro passo. Segundo,
terceiro... Talvez, uma atitude totalmente contrária a esperada, mas não gosto
de ensinar como me ensinaram, nem
consigo repetir os exemplos dados para a classe vizinha. Sempre gostei de inovar, usar a criatividade
e aventurar-me nas malhas da educação. Não acredito na educação sem transformação pessoal
e alheia. Educação sem refletir a prática docente,
não é educação.
E nessa minha aventura arrojada
já me rendeu alguns aborrecimentos e muitos gastos, pois é difícil mudar
estruturas, investir em projetos sem apoio financeiro, querer a diferença! Hoje, lembrei-me da galinha que encontrou um
milho e chamou outros animais para ajudá-la plantar, regar, colher e nenhum aceitou. E no momento que ela estava
saboreando a canjica... muitos apareceram. Fazendo analogia com a educação, quantos alunos
são convidados para o plantio? E quantos participam da colheita?
Semeamos, mas muitas sementes não ficam no solo por muito tempo. Vento,
chuva, pés e aves ajudam na dispersão.
Desvios. Rotas contrárias. No
entanto, não desistimos. Eu não desisto de acreditar no potencial do estudante,
da mesma forma que não desisto de
acreditar no meu potencial. Tudo é questão de abraços e olhar. Quem abraça quem? Continuo jogando as sementes, quem dá o primeiro passo?
Vejo o quanto é difícil ser
(a)normal nessa sociedade com tantas normas politicamente corretas. Nunca
atropelei ninguém e tenho certeza de que
aquele discurso “Dê poder ao homem para ver o que acontece com ele”, comigo não
funciona. Porque princípios, caráter
e ética não são discursos modificáveis, porém, estão
incorporados nas práticas diárias das pessoas.
É constante o número de e-mails recebidos com anúncios de supostas
doações, ajuda financeira daqui e
dali. Se essas mensagens fossem
verdadeiras eu estaria rica economicamente, no entanto, a minha
riqueza é espiritual, e confesso, sou feliz.
Quer ajudar a educação? Divulgue literatura. Quer ajudar a mim?!!! Divulgue a minha pesquisa que transformou
em livro na Alemanha... Isso é dá o primeiro passo.
No ano passado uma estudante de
graduação que não havia feito estágio, me procurou para que eu atribuísse uma
nota ao seu “relatório de estágio”. Fiquei
chocada, pois não esperava uma proposta tão indecente. E a minha resposta foi: “_ Você procurou a pessoa errada, como
posso avaliar algo que você não fez?” Ela pediu desculpas e saiu envergonhada. Lá
adiante, ela encontrou quem fizesse o que eu não fiz. Provavelmente, está com o
seu diploma, mas a minha consciência está tranquila.
Não poderia ser diferente, porque
não seria eu se fizesse algo contrário aquilo que defendo e escrevo. Não
seria eu cortando uma fila, com uma desculpa qualquer, enquanto outras pessoas
precisam esperar o tempo delas na fila.
Não seria eu forjando algo para beneficiar uma pessoa, enquanto outras são
prejudicadas. E isso não tem nada a ver
com religião, mas com ética, valores cultivados.
Dou o primeiro passo para ajudar,
transformar, inovar a educação. Estamos com letras, palavras por todos
os lados, mas faço malabarismos para que
as leituras aconteçam. Porque não
adianta estarmos ilhados, se não decodificamos o que está a nossa volta.
Quando vejo a quantidade de
leitores norte-americanos e europeus que diariamente buscam este blog, fico feliz por fazer
algo que agrada pessoas que estão do outro lado. Não pensei ir tão longe, queria ajudar a educação do meu estado, país onde pouco investe na literatura que vive à margem. Os passos continuam sendo dados e as sementes que não ficaram
no solo brasileiro, dei sorte, porque os ventos sopraram para bem longe...não foram destruídas pelas aves nem pés humanos. Alemanha,
um livro, Estados Unidos e França uma legião de leitores virtuais. Cada vez mais percebo que tem um anjinho lá no ceú que gosta do que escrevo e aprova os meus
passos...
Elisabeth Amorim
autora do livro " Desmontagem da literatura em educação básica" disponível no morebooks, amazon...
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