segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Quem disse que a mão que empurra é preta?!! ( reflexão)


Inegavelmente, com todo o tipo de informação sobre os estereótipos,  preconceito, arquétipos  parece ser pouco, pois ainda há uma ideologia bem forte que coloca o negro numa posição desfavorável.     Além de combater os ataques reais contra os negros, ainda temos que aguentar os ataques virtuais através  das mensagens  subliminares que circulam entre os grupos de whats app.
Ao receber a  imagem em destaque,   confesso,  fiquei inquieta. Essa mania de ler as entrelinhas ...  Nela fica implícita a mensagem que o mal, representado pela figura do Diabo, Lúcifer, Capeta, Tinhoso ou seja lá o nome dado para a criatura,  tem a cor preta.  Isso não é mais um reforço de que o  preto é a representação do mal?
Sou filha de negros,  apesar do registro marcar parda, sou negra. E nunca empurrei ninguém.  E não me lembro de ter servido de obstáculo para outra pessoa.  Já fui empurrada? Diversas vezes, por mãos multicoloridas,  mas levantar é mais importante que permanecer no chão.  E assim, prossigo.
 Em nenhum momento,  pretende -se  sugerir  que ocorre o inverso, não é essa  a intenção, pois  estaria reforçando o preconceito contra o outro.  Mas,  apenas chamar a atenção para a imagem  e o não dito, escancarado.

Não vejo muito sentido comemorar  o “Dia da Consciência Negra” com os olhos vedados  para as violências contra o humano( independente da cor) que compartilhamos em diferentes situações.  Por muitos anos a mão escrava era negra.  Mãos negras nas lavouras, mãos negras nos engenhos,  mãos negras nas senzalas,  mãos negras nos troncos.  Consciência Negra precisa ir além do 20 de novembro,  ir além da história de Zumbi dos Palmares e Dandara.  Posicionar-se  contra a discriminação, preconceito racial, faz-se necessário também,   atentar-se para as lutas  de  outros povos com culturas, religiões e etnias negadas, bem como evitar a  circulação de imagens  que reforce o racismo.
                            Se a imagem chegar até aqui, desmontamos sim. E fazemos literatura!

                                                                A negra  que a Bahia não conhece,

                                                                                 Elisabeth Amorim.

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