Inegavelmente, com todo o tipo de informação sobre os
estereótipos, preconceito,
arquétipos parece ser pouco, pois ainda
há uma ideologia bem forte que coloca o negro numa posição desfavorável. Além de combater os ataques reais contra
os negros, ainda temos que aguentar os ataques virtuais através das mensagens subliminares que circulam entre os grupos de whats
app.
Ao receber a imagem
em destaque, confesso, fiquei inquieta. Essa mania de ler as
entrelinhas ... Nela fica implícita a
mensagem que o mal, representado pela figura do Diabo, Lúcifer, Capeta, Tinhoso
ou seja lá o nome dado para a criatura,
tem a cor preta. Isso não é mais
um reforço de que o preto é a
representação do mal?
Sou filha de negros,
apesar do registro marcar parda, sou negra. E nunca empurrei
ninguém. E não me lembro de ter servido
de obstáculo para outra pessoa. Já fui
empurrada? Diversas vezes, por mãos multicoloridas, mas levantar
é mais importante que permanecer no chão.
E assim, prossigo.
Em nenhum momento, pretende -se
sugerir que ocorre o inverso, não
é essa a intenção, pois estaria reforçando o preconceito contra o
outro. Mas, apenas chamar a atenção para a imagem e o não dito, escancarado.
Não vejo muito sentido comemorar o
“Dia da Consciência Negra” com os olhos vedados
para as violências contra o humano( independente da cor) que
compartilhamos em diferentes situações. Por muitos anos a mão
escrava era negra. Mãos negras nas
lavouras, mãos negras nos engenhos, mãos
negras nas senzalas, mãos negras nos
troncos. Consciência Negra precisa ir
além do 20 de novembro, ir além da história de Zumbi dos Palmares e Dandara. Posicionar-se contra a discriminação, preconceito racial,
faz-se necessário também, atentar-se para as lutas de outros povos com culturas, religiões e etnias negadas, bem como evitar a circulação de imagens que reforce o racismo.
Se a imagem chegar até aqui, desmontamos sim. E fazemos literatura!
A negra que a Bahia não conhece,
Elisabeth Amorim.
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