Parece um sonho, mas não é. Finalmente a nossa querida professora e escritora baiana Elisabeth Amorim é reconhecida como ESCRITORA! Sabemos o quanto é difícil ser escritor em nosso país, pois as políticas públicas para o livro passam bem longe, mas a garra e a determinação dessa mulher merecem os nossos aplausos. Veja fragmentos da notícia que traz como título "Professora Iaçuense participa do IX Colóquio Modos de Produção e Circulação Cultural" e encontra-se disponível e bem compartilhada no blog " toque poético: semeando a literatura das margens":
"No último dia 15 aconteceu o IX Colóquio Modos de Produção e Circulação Cultural, grande evento da UNEB, Campus II, Alagoinhas – Bahia, promovido pelo Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural, mais especificamente pela linha 1 : Literatura, produção cultural e modos de vida. Esse Colóquio foi coordenado pela professora Doutora em Literatura, Jailma Pedreira Moreira e organizado por mestrandos do Pós-Crítica, matriculados na disciplina Literatura, cultura e modos de produção, turma 2016.2.
O evento que ocorre regularmente tem como meta prioritária “dar visibilidade a produções culturais minoritárias ou das bordas que compõem a tessitura cultural microrregional.” Da mesma forma também busca “estabelecer uma atividade de mediação, promovendo encontros e debates entre artistas, produtores culturais, comunidade acadêmica e interessados,” conforme aponta o folder do colóquio.
Assim, o Auditório Carolina Maria de Jesus serviu de cenário para troca de experiências enriquecedoras entre professores doutores, mestres e mestrandos . Cada convidado teve a chance de apresentar a sua pesquisa, interagir com o público presente, socializar as estratégias utilizadas para promover a leitura e circulação dos textos\ livros, enfim, os modos de produção adotados, sejam como professor-pesquisador ou professor-autor. E para falar sobre os modos de produção da educação básica, o colóquio contou com a participação da professora e escritora iaçuense Elisabeth Amorim.
(Kelly, Elisabeth e Jailma)
(Kelly, Elisabeth e Jailma)
O evento marca o encerramento da disciplina “Literatura, Cultura e Modos de produção” ministrada pela professora Dra. Jailma Moreira, coordenadora do evento. Além da professora Jailma, a mesa foi composta pelos pesquisadores: Professor Dr. Roberto Seidel e as Mestras Elisabeth Amorim(Crítica Cultural/UNEB), Kelly Cristina Oliveira Silva(Letras/UFS), Vanise Albuquerque(Crítica Cultural/UNEB) e David Soares (Titular da Câmara de Comunicação do Conselho Cultura de Alagoinhas).
O professor Roberto Seidel apresentou o livro de sua autoria, “Econocriativa” que aborda sobre as editoras baianas, no qual são apresentadas as dificuldades de publicação, os entraves para conseguir financiamento da secretaria de cultura entre outros como a difícil circulação do livro, fazendo com que as poucas editoras da Bahia trabalhem sob demanda.
Em seguida a professora e escritora Elisabeth Amorim socializa os modos de produção literária na escola pública na qual atua na cidade de Iaçu, Bahia. Elisabeth iniciou falando sobre “ o professor-artista em rede: modos de fugir do engessamento literário”, evidenciado o poder das tecnologias digitais para o auxílio da formação do professor-artista e estudante autor. Assim, ela apresenta as estratégias de professores baianos que tornaram escritores ou seja, “artistas” da palavra escrita digital e usam os espaços virtuais, como o site Recanto das Letras(www.recantodasletras.com.br) para divulgação/ circulação da literatura autoral e para suprir as necessidades pontuais de leituras, já que há um déficit de produção de autores contemporâneos nas bibliotecas públicas. Vários registros de ações que deram certo na escola pública foram exibidos, desde levar a literatura para os muros, criar periódicos, livros e vídeos literários, enfatizando autores baianos desconhecidos, inclusive as produções dos próprios estudantes e disponibilizá-los nas redes sociais, são estratégias adotadas pela professora para circulação da literatura que vive à margem.
A professora mestra Kelly Cristina apresentou o resultado da sua pesquisa de mestrado defendida pela Universidade Federal de Sergipe(UFS) sobre o “Gênero Poster Científico como Instrumento de Letramento no Ensino Fundamental II”. Vários pôsteres produzidos por estudantes da educação básica mostrando heróis anônimos de uma guerra, muitas vezes já moraram (ou moram) na mesma cidade e não tomamos conhecimento. Como produto final da pesquisa foi apresentado um caderno do aluno criado pela pesquisadora, cujo título “Juventude e Direitos Humanos: escrevendo um mundo melhor” com a compilação das sequências didáticas das pesquisas realizadas sobre os heróis anônimos da II Guerra Mundial, começando pela leitura ” Diário de Anne Frank” e abrindo um leque para discutir os heróis que residem nas pequenas cidades do interior da Bahia.
A mestra Vanise Albuquerque socializou sua pesquisa desenvolvida no mestrado. Trata-se de um estudo de campo sobre os modos de produção das Artistas de Alagoinhas. A pesquisa apresenta um resultado nada animador para as artistas entrevistadas do local, pois os apoios das secretarias são praticamente inexistentes, e as vendas de livros dessas artistas ficam restritas aos amigos, consequentemente, essa produção cultural continua distante das escolas, a não ser por iniciativas pontuais. E para fortalecer a cultura da cidade, as próprias artistas pagam de seus salários( quase todas professoras) a edição de cada livro, e ficam no aguardo de uma secretaria que abrace de fato a cultura literária local.
E finalmente a palavra foi passada para Davi Soares, e como titular da Câmara de Comunicação do Conselho de Cultura da cidade de Alagoinhas, ele esclareceu que a Câmara é formado por conselhos. Os conselheiros são indicados pelo povo, trabalham de forma voluntária para avaliarem os projetos que chegam até câmara, a fim de aprová-los os mais viáveis. No entanto, há alguns critérios para participar da seleção, pois a “distribuição de verbas para a literatura e outras culturas precisa ser revista, pois muitas vezes ocorrem de forma desproporcional. Já que um projeto cultural voltado para as artes cênicas ou musical poderá usar todos os recursos disponíveis do Conselho, enquanto outro projeto de um livro, poderia gastar bem menos, mas não é contemplado, por falta de verba”. A fala do representante da Câmara confirma o que as pesquisas revelam, inclusive o que Vanise e Seidel apontaram em relação ao apoio dado para o livro, pois outras culturas, principalmente musicais, atraem uma quantidade maior de pessoas em seu entorno, com isso são mais valorizadas, consequentemente, beneficiadas na aprovação dos projetos. No entanto, Davi Soares diz que o órgão está em processo de transição, muita coisa poderá vir a acontecer em relação a literatura. Nós ficamos daqui na torcida pela mudança de olhar para a literatura local, quando acontecer os abraços, divulgaremos também.
A professora Jailma agradece aos participantes, pois considera esse encontro muito rico para o fortalecimento da cultura e literatura da nossa região. Em seguida ocorreu o lançamento dos livros “Zik e Moka” e “ “Casaco de lã”, de Elisabeth Amorim, acompanhado de um coffee break promovido pelos mestrandos.
Sinceramente, essa é a notícia que nos agrada divulgar, pois sabemos a dificuldade que muitos autores enfrentam para fazer com que as produções literárias sejam no mínimo notadas por alguém ou alguma escola/ secretaria municipal que o/a reconheça como escritor(a) das bordas. E receber o convite de um programa de pós-graduação valorizando as iniciativas pontuais de escritores/professores que vivem à margem, é motivo de orgulho, por isso nós abraçamos e semeamos o que esses mestrandos, mestres e doutores fazem pela nossa literatura."
Retirado do blog toque poético
www.toquepoetico.wordpress.com
E nós assinamos essa notícia, comemorando juntos!
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