sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

2018


De repente percebo que não sirvo para muita coisa, estou no final, estou morrendo, como  tudo que tem vida um dia morre. E pensar que há um ano, apenas um ano se passou e eu era um bebê, vivo, cheio de vida, a representação da esperança. E agora?
Estou sendo deixado de lado como um trapo qualquer. E todas as horarias são para o meu sucessor. Até as roupas novas que compraram para esperar  a minha chegada, hoje não servem mais. Porém, a minha alegria é saber que ele também não irá durar muito, assim como eu, ele terá seu prazo de validade, nem um dia a mais nem a menos. E bate essa inquietação...
Não adianta jogar tudo nas costas do meu sucessor se comigo você não fez a sua parte. Ele não é milagreiro, da mesma forma que eu também não sou.  Mas se quiser  ver a nossa diferença, primeiro terá que começar por você. E isso, meu amigo, não tem nada a ver com religião, mas com ética.  A ética precisa andar lado a lado com a política, religião, economia, sociedade...  contigo, sabia?
Se aderir a lei “ farinha pouca o meu pirão primeiro” ou como costumam falar “ a lei da vantagem” sem medir esforços, 2018, 2019, 2020... serão exatamente como você pintou. Sério. Cada ano é desenhando pela gente, sabia? Claro, às vezes faltam algumas tintas e no improviso a conclusão deixa a desejar, sobram alguns borrões, algumas manchas, mas o retrato que queremos é preciso de um esboço.  O que quero dizer com isso?
Precisamos esboçar, traçar o que queremos para o ano seguinte, muitas vezes os nossos esboços vão para o lixo, mas os passos primeiros precisam ser dados. E isso é feito antecipadamente. Se comprarmos em demasia em dezembro, o ano novo virá com muitas faturas nos cartões de créditos.  Se não votarmos em candidatos éticos  nas eleições, teremos quatro anos  de lamentações e corrupção na política.  Se não aprendermos a perdoar, jogar fora os ressentimentos, o coração estará pesado, espinhento no ano novo. 
Então, dê uma chance ao ano que está chegando. Não jogue nas costas dele os reflexos da sua atitude, dos seus planejamentos ou até a falta deles. 2018 será de paz, se você for o semeador. 2018 será de amor se você amar. 2018 será de comunhão se você  participar. 2018 será de luz se você decidir brilhar.  Tudo de bom acontecerá  porque essa bondade vem de você.
Um abraço,

 Elisabeth Amorim                               


domingo, 10 de dezembro de 2017

O espírito natalino ( crônica)

          
 Observando o luxo da ornamentação natalina de um shopping nos seus 30 anos de existência, a quantidade de ursos de pelúcia de todos os tamanhos, jeitos... mexem com a imaginação dos consumidores mirins que ali aparecem  com seus pais  em busca do presente de Natal.
          Sentei-me discretamente e passo a analisar as pessoas a minha volta. Cada uma com objetivos diferentes, algumas com muitas sacolas, outras a pesquisa de preços, mas de uma forma ou de outra, todas passam pela praça de alimentação,  sentam-se  e saboreiam  o sorvete gigante com as frituras do dia, apesar de se queixarem da dieta não surtir efeito.  Rio sozinha no meio daquela multidão faminta.
            Não demora muito chega quem eu esperava. Estava a procura de alguém diferente, e meu desejo foi realizado. Uma mulher, a primeira vista, totalmente inadequada, ela não tinha mais que 30 anos, roupas surradas, pele escura, acompanhada de duas crianças também desarrumadas, uma com aproximadamente 7 anos e a outra dando os primeiros passos, não tinha mais que um ano e meio.  Acompanho com o olhar cada passo daquela mulher de cabelos crespos despenteados. Percebo que andava lentamente, com uma mão segurando a barriga, como se sentisse alguma dor estomacal,  ou talvez tivesse passado por um processo cirúrgico recente. Circulava entre as mesas na praça da alimentação, como se estivesse também  a procura de alguém, várias vezes nossos olhares se cruzaram e desviamos rapidamente.


           No entanto, ergueu o queixo e andou firme até uma mesa vizinha. Fala algo tão baixo que tentei ouvi-la, sem sucesso. Os senhores ouvem atentamente, pegam um guardanapo e dividem a pizza com ela, agradecida passa para o outro lado da praça de alimentação.
          A  mulher solta a mão da criança menor, e em companhia da outra mais velha, senta-se tranquilamente, reparte a pizza doada e comem. Enquanto elas comiam, eu ficava a questionar: Por que ela deixou a menina pequenina solta no shopping?  A refeição termina, a mulher se levanta, espicha o pescoço para um lado e para o outro a procura da sua filha perdida, por alguns minutos ela desaparece, ao reaparecer no campo da minha visão já com a criança no  colo,  andando lentamente com suas duas crianças em direção a outra mesa, antes, porém, para diante de mim, olha-me profundamente por alguns segundos  e segue sem pronunciar uma palavra, mas o olhar ficou gravado. 
            E na festa dos 30 anos do shopping, ela estava lá, acorrentada à sua pobreza, porém comendo, bebendo das sobras adquiridas.  Meu Deus!  Nem todos que estão num shopping sentem a mesma fome. De repente, as luzes do lugar perderam o brilho diante daquele olhar, como se ela tivesse o dom de acordar o espírito natalino que habita em mim.


                                E. Amorim

sábado, 9 de dezembro de 2017

Pedalando para uma vida feliz (mensagem)




Senhor,
Muito temos a te agradecer e pouco a te pedir. Mas, no nosso egoísmo, pedimos sempre mais de que merecemos e agradecemos menos ainda. Oh, como somos eternos pidões, quando deveríamos ser gratos pela tua grandeza, bondade e misericórdia. Gratos pelo sol, estrelas, água, fogo, vento, terra, vida, natureza… Enxergamos nossos benefícios tão pouco, não?  Enquanto os problemas, temos a capacidade de aumentá-los…
Que quero ganhar no Natal? O que quero  no Ano Novo? Poucos  se questionam sobre o que irão oferecer para o outro no natal ou no ano novo, mas sempre é o querer, o desejar algo de alguém. E aqui estamos nós, o que queremos e o que merecemos ganhar no natal? E o que temos a oferecer aos nossos leitores?
Assistindo a um canal qualquer de TV, eis o apelo natalino: “Mande o seu e-mail e faça o seu pedido, nós realizamos os  seus sonhos”.  A primeira reação é pegar um bloco e começar a rabiscar: eu quero… eu quero… eu quero… Stop! Querer não é poder!  Eu posso ser feliz sem precisar encher uma página de pedidos para que outros realizem por mim.  Porque a maior riqueza é a paz, uma pessoa em paz é feliz, e o mundo precisa apenas de PAZ para ser feliz.  Quero  semear a paz por onde passar! Quero e posso desejar a paz do Oriente Médio, mesmo sabendo que essa paz precisa ser buscada dentro de cada um. As atitudes, opções, os valores, as culturas… são caminhos de conquistas. Vá em busca da sua paz, pedale se preciso for, mas não a deixe escapar.
Nem se preocupe se acham que a sua bicicleta velha não a levará a caminho algum. Persista, a felicidade está a sua frente, siga adiante e faça você a sua parte. Dezembro chegou!  Você está vencendo mais um ano. Dia 25 é a grande festa cristã, mas  o aniversariante não é você! Percebe como o consumismo mudou toda uma tradição religiosa? Jesus Cristo é o dono da festa,  e Ele não quer o seu presente, mas um coração grato, bondoso, solidário… Podemos abrir a janela  e enxergar  e alimentar o que nos dá esperança  para  2018 ou simplesmente fechar as cortinas por conta da poluição… Percebe? São opções notar o belo ou o feio que não está do outro lado da vidraça, mas dentro de cada um.
Mas o nosso Toque Poético respeita todas as opções de vida e deseja aos nossos leitores do mundo inteiro (este ano invadimos todos os continentes), muito mais que um Natal feliz, mas uma VIDA FELIZ ou seja,  uma  VIDA DE PAZ.
        

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Natal das renas douradas (conto)


Naquele natal tudo parecia sob controle, apesar da grande crise econômica que alastrou no país, nada que uma Black Friday não resolva. Até o bom velhinho já cansado de  percorrer o mundo no seu trenó puxada pelas famosas renas recebeu um convite especial:  Vir à Bahia  passar o natal.
- Como viajar para tão longe?  -  Era o questionamento do velhinho barbudo. A Bahia é  quente, será que poderia ir com uma sunga  para aproveitar as praias...
-Nem pensar! Papai Noel que se preze tem que usar roupas vermelhas, botas pretas, gorro e usar como transporte um trenó... Até aí tudo bem, mas como levar as renas para um local tão quente? Elas não iriam resistir...
Pensa  daqui e pensa de lá, sem se chegar a nenhuma alternativa, a não ser a certeza de que as renas não aguentariam o calor baiano. Até uma ideia surgiu:
 - Que tal pintarmos as renas de dourado? Assim, elas não sentiriam tanto calor...
_ Perfeito! Vamos pintá-las.

E derramaram vários potes de tinta dourada sobre as renas e elas ficaram diferentes, pareciam feitas de ouro. Surgiu um medo inicial, se pensasse que suas  renas fossem  de ouro e carregassem para bem longe... No início o cheiro da tinta incomodava, mas elas logo se acostumaram...
Só quem não gostou muito foi o bom velhinho, pois as renas douradas eram muito procuradas para as fotos, enquanto o Papai Noel quase não foi lembrado pelas crianças e adultos.  E aquele natal ficou muito conhecido como “Natal das Renas Douradas”.
                                                                       Elisabeth Amorim



domingo, 3 de dezembro de 2017

Que o seu Natal... ( mensagem)


Escritora Elisabeth Amorim


Seja mais que um momento de reflexão…
Sobre as coisas realizadas e adiadas para dia, mês ou ano seguinte.
Seja realmente, um natal de transformação.
O que mudou em você  ou o que  você conseguiu mudar com suas atitudes?
Desejar a transformação  do outro não basta.  Dê o primeiro passo.
Se houve mágoa, lembre-se de que o perdão existe.
Se houve choro um dia, a alegria poderá ser mais duradoura.
Se houve cansaço, o descanso é necessário.
Se houve angústia,  aquiete-se o coração,  porque a esperança não morre.
E Natal é mais que uma data.  É a esperança de uma festa da união, solidariedade.
Onde ricos, pobres, brancos, negros, índios possam viver em paz.
Independentes das religiões,  partidos políticos e cores assumidas.
Para que a Paz invada o planeta e cesse todas guerras.
Internas e externas.
Um homem em paz transforma um lar.
Um lar em paz produz filhos saudáveis que modificam um bairro.
Um bairro em paz chama a atenção da cidade.
Uma cidade em paz é cartão postal do estado.
Um estado de paz  é BÊNÇÃO.
Bênção é individual,
Intransferível.
Que o seu Natal seja de bênção.
Paz!

 E. Amorim

domingo, 26 de novembro de 2017

Natal, Natal...( poesia)

Salvador Shopping - Salvador -BA

Sonhar?  Faz mal não...
É Natal! É Natal!
Cheio de luzes e cores
Mexendo com a imaginação.
Asas gigantes se abrem a mil
De repente... ficamos sem chão
No Carrossel do Natal
Como num passe de mágica
Pluf! Você deixa o Brasil.


Não precisa de avião,
Nem bagagem alguma carregar.
A Torre Eiffel
Está a um palmo da  mão.
Feche os olhos lentamente,
Entre no mundo da fantasia
E deixe a imaginação voar.
O Espírito Natalino sumiu
Deixou o Espírito Consumista no lugar
O sagrado se profanou
Que nem para o dono da festa
Um convite sobrou.


Natal, Natal...
Que linda é tua festa
A comunhão entre os povos
Família em união
Entre as trocas de presentes
Ceias para confraternização
Mas antes de apagar as velinhas
E cantar  “Parabéns a você”
É preciso fazer uma oração.
Pelas crianças carentes
De carinho e pão.
Um abraço e ação solidária
Mudam  uma nação.
Natal, Natal...
Que a Estrela Maior brilhe sempre

Em nosso coração.


                         


Elisabeth Amorim/2017

sábado, 25 de novembro de 2017

A Floresta Encantada ( conto de natal)

Entrada do Shopping Bela Vista/ Salvador - BA

          De repente acordo do meu sono de Bela Adormecida, não havia príncipe algum ao meu lado. Apenas um papelão que servia de cama debaixo do meu castelo, não sei porque as pessoas insistem em chamá-lo de viaduto. A voz do povo nem sempre é voz de Deus, era o que pensava Malina.
Sim, escureceu rápido na grande Salvador.  Muitas nuvens carregadas sobre as nossas cabeças, olhando bem... vejo também muitas luzes piscando...   Vou segui-las. Não que eu acredite que lá encontrarei Papai Noel, isso é coisa de criança criada em shopping, menino de rua não tem nada disso na cabeça. Mas o sonho uma vez no ano faz tão bem... Os adultos não acreditam na Black Friday e correm alucinados para comprar um produto sem olhar o preço?
          Sinto-me perdida nessa Floresta de Luzes, parece encantada. Eu gosto de quebrar os encantos, desencantar-me.  Sigo em direção as luzes que brilham. De repente, percebo que estava completamente enfeitiçada.  Não tinha jeito, comecei a gostar do sonho, era algo tão raro em minha vida,  talvez sem me dar conta já estava na porta de um shopping.
          Realmente, a Floresta Encantada exibe uma bela vista. Toda floresta tem lobo mau? E se um lobo me atacasse naquele momento?  Nas mãos apenas um pequeno spray de pimenta, não iria intimidá-lo por muito tempo. Eu, magrinha, facilmente, o frasco iria para o lixo.  Ouço as vozes vinda lá de dentro do shopping, vez ou outra escapa algum cheirinho da comida, talvez, para me lembrar que não fiz nenhuma refeição naquele dia.  Mas, começo a fazer jus ao meu nome, vou malinar à vontade... Entro saltitante naquele castelo de sonhos infantis: árvore de natal, bolinhas coloridas, muitas luzes, trenós e animais exóticos... Papai Noel!?  Ele existe de verdade!


          Não precisei andar muito. Logo a frente um coral com Papai Noel, muita gente  a filmar aquelas crianças a sua volta. Tentava me aproximar, mas era invisível e impossível. Ninguém me filmava, nem notaram a minha presença.  Era tanto brilho, tantas cores, que  a minha cor fosca não serviu para nada.  Ofuscaram-me, com certeza.
          No entanto, algo me chamou a atenção... Estavam cantando “ Noite Feliz”, finalmente eu iria entender o sentido do Natal.  Claro, não iria dizer aos meus colegas de infortúnio  a minha aventura. Mesmo porque eles não  acreditariam.  Muitos afirmam que Papai Noel não existe.
          Mas eu juro. Eu vi Papai Noel. Ele passou pertinho de mim... Ele também não me viu. Não adiantava eu me sentar ao lado dele se eu não tinha um celular para registar o momento. E se eu tivesse um celular teria que criar uma conta no facebook para mostrar aos meus amigos virtuais e cobrá-los as curtidas e comentários nas minhas postagens.  E se comentassem sobre as minhas roupas velhas? E se falassem do meu cabelo sujo?  E se me criticassem... E se me ignorassem... E se me perguntassem...


        
  - Malina, o que fazes no shopping?
          Gente, as relações pessoais são complicadas!  Eu teria que dar satisfação da minha vida para o mundo só por causa de um abraço de Papai Noel... Acho melhor  voltar para  o meu castelo, lá tudo é real.
                            
                                   Elisabeth Amorim/ Salvador, Ba, nov. 2017

                   




segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ah, se o mundo tivesse a consciência(negra) de Zumbi...

          

         
         Quando falamos sobre Consciência Negra o primeiro nome que vem à memória é o de Zumbi dos Palmares, o grande líder do Quilombo dos Palmares,  herói negro que lutou pela liberdade de seu povo até a morte em 20/11/1695. A  história do Brasil permeada de heróis brancos, resistiu, resistiu, resistiu... somente em 09 de janeiro de 2003, através de Projeto Lei 10.639  foi criado o DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA, e a data não poderia ser outra: 20 de novembro em homenagem a Zumbi.
          Sabe aquela pessoa que tinha tudo para ser esquecida? Pois é... Não foi. A história de Zumbi é muito interessante, ele foi retirado à força do seio familiar ainda criança, mesmo sendo livre, ele foi criado por um padre. Estudou  idiomas, aprendeu a religião, mas não deixou ser catequizado. Alimentou e fortaleceu o desejo de liberdade não apenas para si, mas para todo o seu povo. E na primeira oportunidade o adolescente Francisco  fugiu e retornou para seu povo, eis o Zumbi! Guerreiro ou mito?
          O Quilombo dos Palmares era governado por Ganga Zumba, tio de Zumbi. Na época,  século XVII, o quilombo pertencia a Capitania de Pernambuco, por sinal, uma capitania muito próspera. Quilombo era local de resistência e abrigo de escravos foragidos, com leis próprias, fato que contrariou a Coroa Portuguesa, já que o país estava sob o domínio de Portugal. E justamente por discordar de acordos de paz entre o líder e o governador, privilegiando alguns negros, Zumbi rompe com o líder Ganga Zumba. As lutas internas provocaram  a morte do tio, e a ascensão do sobrinho.            No entanto, há quem defenda que o problema que agravou a discórdia entre  tio e sobrinho, foi a paixão avassaladora de Zumbi por Dandara, uma das protegidas do tio... Será? Só lendo “ Consciência Negra, um toque de amor”...
           Ah, se o mundo tivesse a consciência de Zumbi... a liberdade e igualdade seriam para todos, não para alguns.  Zumbi começou a lutar pelo fim da escravidão no Brasil, ele queria ver o seu povo livre das correntes. Livre do tronco, do preconceito racial e das chibatadas.  E por não aceitar uma liberdade pela metade, lutou até a morte. 
          Na linguagem dos nossos jovens, “Zumbi estava de boa” quando estava morando com o padre. Mas qual a consciência de Zumbi? Ele não queria essa vida só para ele. Zumbi nasceu livre! E assim também morreu lutando pelo sonho de liberdade. E o sonho  foi interrompido  por alguém que não apendera a sonhar... Zumbi foi traído por  quilombolas, que é isso, companheiros?
          O mundo precisa de muitos  guerreiros como Zumbi, guerreiros de consciências, sejam brancas, negras, amarelas, mestiças, mas de consciências. A Consciência (Negra) de Zumbi deu o pontapé para abolição da escravatura, que veio ocorrer em 13 de maio de 1888 com méritos  para a princesa Isabel, isso quando a mão-de-obra escrava estava sendo um transtorno para os donos dos escravos.  A Consciência (Negra) de Zumbi pensou no bem da coletividade num país da “farinha pouca meu pirão primeiro”. Enfim,  a  Consciência (Negra) de Zumbi deu um novo rumo a história do Brasil, mesmo permeada de mitos e zumbis, mas uma história que, talvez,  resgate o  direito de sonhar por um país cheio de CONSCIÊNCIA,  NEGRA?  Por que não?

                                                       E.Amorim



 Algumas leituras







sábado, 11 de novembro de 2017

Ser amigo ou ter amigo? ( mensagem)


Vivemos em uma sociedade em rede, constantemente usamos as tecnologias digitais  e com auxílio da internet conversamos com o mundo, mas ignoramos quem está bem próximo de nós.  Isso é um perigo! Amizade precisa ser avivada, aquecida, quando as relações esfriam... o amigo está mais longe do que se imagina.
Numa desses espaços virtuais tive a oportunidade de ler e intervir numa discussão sobre a quantidade de leituras recebidas, e o meu questionamento gerou certa insatisfação ao destinatário a ponto de me bloquear, mas não fiz nenhuma retratação por expressar algo que está consolidado em minha memória.  Amizade não precisa ser imposta, leitura precisa ser prazerosa e espontânea. A pessoa precisa merecer ser lida, se valer a pena, o leitor voltará, caso contrário, o texto e autor cairão no esquecimento.
E a vida é assim, há pessoas de guerra e de paz.  Há pessoas brisas, outras  terremotos. E mesmo diante de um cenário no qual ninguém enxerga além de uma tela, encontramos amigos. E quando encontramos amigos, que os inimigos que nos perdoem ou morram de inveja, mas amigos são amigos, merecem o tratamento vip.
 Quando sorrimos, amigos estão gargalhando ao nosso lado. São os primeiros da fila para o abraço. Nas fotos de recordações, os amigos estão lá, um a um. E por acaso quando falta um, lembre-se que alguém precisa segurar a câmara.
Quando choramos, amigos  estão tão próximos que não sabemos quem enxugou as lágrimas... A dor diminui diante do carinho dos amigos.
E pelo tempo que me resta neste mundo, quero simplesmente ser amiga. Ser amiga na alegria ou na tristeza do outro. Ser amiga a ponto de ser útil,  não invisível. Por que ser amiga?  Porque ter é muito relativo, há quem tem milhares de amigos, mas não consegue ser amigo de nenhum, preserva um coração prisioneiro. Mas quando conseguimos ser amigo de alguém, cativamos, e nunca mais  seremos esquecidos.
                                                       Amorim






sábado, 4 de novembro de 2017

A Festa dos Ursos no Shopping Barra (conto)


Ornamentação Natalina- Shopping Barra/ 2017

Certo dia a Família Urso resolveu fazer uma grande festa. Com a proximidade do Natal, toda a família queria comemorar o aniversário do Urso Médio. O problema era que Urso Médio tinha muitos amigos e a casa não caberia. Onde receber tantos convidados?
Primeiro Urso Médio pensou em levar para o Campo Grande, mas logo uns primos que não gostavam de badalações dos trios elétricos ficaram contra.  Urso Menor deu a sugestão de levá-los para a Fonte Nova, mas Mamãe Ursa não gostou da sugestão, pois o barulho dos torcedores iria atrapalhar a festa. No Dique do Tororó  também não daria certo, pois  uns primos não aceitaram... E Urso Médio já estava ficando irritado, até que deu a palavra final:
- Minha festa será no Shopping Barra! E que não gostou não vá!
Ursa Maior queria discordar, mas diante da fala do aniversariante... só disse:
- Excelente! Estarei lá...

No entanto, Urso Médio nem deixou Ursa Maior terminar  a frase e  esclareceu como seria a festa. Ele disse que cada um teria que ir para doar o seu melhor. E não queria ninguém parado, tudo para animar as pessoas que estivessem  no Shopping no dia da festa.  Quem soubesse tocar, tocaria, quem soubesse dançar, dançaria, quem soubesse cozinhar, também cozinharia... E quem soubesse escrever... E agora? Qual era o urso que escreveria?  E mais uma confusão começou se formar...  Mamãe ursa interrompeu:
_ Meu filho, nenhum dos seus primos sabe escrever! Festa não precisa de escritor!
- Mamãe, o Shopping Barra precisa, sim! Lá farei a minha festa e quero tudo registrado...
- Então deixe o seu irmão escrever...
_ Não! Urso Menor escreve “casa” com “Z”,   “amor” com “Ô”...
- Você não entendeu? O importante é a comunicação ser passada...
- Ah... Fale isso para a banca de examinadores, mamãe! Escreva dessa forma no ENEM... Quem irá escrever sobre a minha festa?

Era chegado o momento da festa, alguns ursos se lambuzando no mel, outros dançando, cozinhando, outros cantando, nenhum urso ficava parado, trabalhavam e se divertiam com a animação das crianças e adultos. Urso Médio estava super feliz.  Todos fizerem questão de abraçá-lo e dizer palavras carinhosas.  A festa foi um sucesso!
No final da festa, Urso Médio estava com um presente bem grande no colo. Os outros ursos a sua volta queriam saber o conteúdo, e quem levou aquele presente... Todos curiosos. E Urso Médio disse algo que marcou a vida de todos os presentes:
- Vocês querem saber o que tem aqui dentro?  Vocês querem saber quem me enviou isso?  Meus amigos,  essa curiosidade eu não tenho, porque aqui dentro não tem o que eu queria e que todos precisam. Vocês  me derem os melhores presentes: o abraço, o carinho, o respeito e a presença de vocês. Como seria uma festa de aniversário se todos enviassem o presente? A minha festa foi um sucesso por que vocês estão aqui, eu ganhei de vocês a melhor parte.  Natal está chegando, deem  aos seus amigos o melhor de si. Presente? Se o presente é o melhor que tens a oferecer...

E os amigos ursos se abraçaram felizes e cantaram para alegria das crianças.  Urso Médio não sabia  que à distância estava sendo observado por uma abelhinha escritora em visita ao Shopping Barra.



                                      Elisabeth Amorim

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A vida explode em mim. (poesia)


Qual é a melhor idade?
Quando criança  brincava
Com brinquedos que nunca tive
Entre bonecas e panelinhas
Que nas vitrines ficavam.
 Desfrutava dos palitos e pedrinhas
Conversava com formiguinhas...
Do pega-pega não privava
Pular corda não era coisa de academia
Fazia parte da fantasia
Anelzinho, dado e amarelinha
E nas catingas de rodas
“Eu sou pobre, pobre, pobre...”
“O cravo brigou com a rosa...”
“Atirei o pau no gato”
Ó infância!  Por foste embora assim?
Não percebeste que em todos os momentos.
A vida explodia em mim.



A adolescência chegou...
Quantas transformações!
No corpo e na alma.
Agora entre os livros e paqueras
A brincadeira mudou.
Não tinha mais cantigas de rodas
Não inventava mais brinquedos.
E numa folha em branco me acalmava.
Os medos, as sombras, a dor
Eram aos poucos sendo transformados
Vida, literatura, amor.
E quando achava que chegara o fim...
Que loucura!
A vida explodia em mim.



Cresço.
Amadureço
Luto
Venço.
Se apanhei?
Se chorei?
Se cair?
Levantei.
Segui viçosa 
como flor de jardim.
Doidinha, eu?
Sim, pela vida
que explode em mim.
                              
               Elisabeth Amorim






quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Por que matou Zik? (crônica)


Qual é mesmo a diferença entre autor e personagem criada por ele?  É muito comum o leitor, telespectador incorporar  a vida de uma personagem de tal maneira a ponto de  sentir a dor e até reagir contra o autor ou ator causador daquele sentimento.  E a ficção  torna-se realidade inventada, porém, questionada.
Numa dessas conversas informais entre o meu lado escritora e leitores mirins, geralmente a pergunta que não se cala na boca dos pequeninos: “ – Tia Beth,  por que a senhora matou Zik?” Caro leitor, vale lembrar que o “Zik” é  um dos protagonistas do infantil “Zik e Moka: dois sapinhos diferentes”. um sapinho inofensivo, cadeirante, e muito legal que passa por algumas exclusões antes de ser atropelado por um pavão numa faixa de pedestre. Lembrando também, que o infantil é de autoria de Elisabeth Amorim, não da “tia Beth”.
Resolvi entrar no clima da criançada, fui preparada para responder. Dessa vez as crianças não vão me encostar contra a parede. Não vou assumir uma culpa que não é minha. Por acaso eu tenho cara de pavão? Vocês filmaram eu matando Zik?  Alguém anotou a placa do meu carro na hora do acidente?
Chega o momento crucial. Crianças à bordo, perguntas sorteadas, mais uma vez rio antecipando o prazer da minha resposta... Com certeza seria a pergunta que todas as crianças leitoras do infantil fazem. Eis a bomba:
- Escritora, nós sabemos que não foi a senhora que matou Zik, mas quem matou foi um pavão, personagem criado pela senhora. A  minha pergunta é ...  Quem é o pavão na nossa sociedade?
 Tia Beth engasgou... Mas, a escritora que habita nela, por alguns segundos se vê naquela criança, sorrindo, responde  com uma outra pergunta, dessa vez provocando riso geral:
“_ Por que  não corri atrás do pavão para pedir a identidade?”
 Brincadeira à parte, claro que a pergunta foi respondida com precisão e descontração para atender o público ouvinte.  A criança estava certíssima e ela fez exatamente o que eu fazia quando tinha a mesma idade, e que todos leitores deveriam fazer.    
E para você, quem a Cinderela na sociedade atual? Gata Borralheira? Branca de Neve?  Quem é o Pinóquio? Quem é o Ali Babá e os quarenta... terminou o intervalo, fim de papo infantil.
Estudantes do Centro Educacional A Dinâmica


                                    Elisabeth Amorim




sábado, 21 de outubro de 2017

sábado, 14 de outubro de 2017

Simplesmente, professora...


*

Sou muito feliz, não porque esperei a felicidade bater à minha porta, mas porque nunca aceitei alimentar tristeza, decepção e desesperança.    E  se algo me desagrada, aborrece, vou eliminando-o  da listra de prioridades,  tenho que pensar naquilo que  gera esperança,  o ser humano nasceu para ser feliz. E acredito  e invisto nesta teoria.
 Não vou dizer que sou feliz porque sou professora,  professor é profissão como outra qualquer.  Tem seus encantos e desencantos, mas se eu fosse médica, gari,  advogada, zeladora ou desempenhasse  outra profissão, acredito que ainda assim, escolheria a felicidade,  Sou feliz porque não aceito da vida menos que a felicidade. Sou feliz porque não deixo o mal invadir meu ser, Deus é minha fonte inesgotável de prazer , alegria, satisfação, bebo dessa  fonte todos os dias;
Sou feliz porque Deus me ama de forma incondicional. No meio de uma multidão   Ele me notou com meus defeitos e qualidades. Tocou-me de forma especial.  E onde estiver, elevo meus olhos para o alto e agradeço a Deus pelo abraço.  Enquanto estiver no exercício da função darei o meu melhor, por isso, sou  abençoada por Ele todos os dias. . Porque sem Ele nada sou, com Ele simplesmente, professora, escritora, pesquisadora,  crítica cultural, contista, cronista,  poetisa ... mulher plena!
                             E. Amorim

 * foto do arquivo pessoal do blog toque poético.









sábado, 7 de outubro de 2017

Um par de botas (crônica)

Vicent Van Gogh, Um par de botas, 1885
Não sei, talvez, era um sonho bobo. Mas alimentava-o diariamente.  Influência da televisão nova que chegara em sua casa. Ela ocupara a sala principal, enquanto todos  paravam para admirá-la, Simba nem era notada como gente.  A TV era pequena, mas mandona, dela que vinha a ordem diariamente: – Consumir! Imitar! Adorar!
Hipnotizados obedecíamos e continuamos fiéis a ela. E no calor da juventude, a mocinha negra e pobre ficava a invejar as artistas  maquiadas, unhas grandes e bem pintadas,  roupas extravagantes, com certeza, um luxo bem distante do orçamento das  admiradoras.  Simba era o seu nome, se tinha outro, ela não revelava. Apenas os colegas de escola sabiam que Simboline era nome de gente. Gente? Será?
Desde o dia que Simba viu sua atriz predileta usando botas, ficou a imaginar um par de botas nas suas longas e finas pernas.  Simba não acreditava em Papai Noel nem   coelhinho de páscoa. Seu pai era um ajudante de pedreiro,  o único saco que carregava nas costas era de cimento, e não era vermelho… Não! Nem adiantava pensar em quebrar o cofrinho, as poucas moedas não cobririam o valor das botas desejadas.
Num dia como outro qualquer, a sua mãe, catadora de papelão, chega da rua com várias sacolas de roupas usadas e numa delas, encontrava-se um par de botas. Não era exatamente como Simba sonhava, mas botas eram botas!  Com um pouquinho de graxa, limpeza, aquelas botas velhas poderiam durar mais um pouco. Simba comemorou. Sabia que aquelas botas eram a realização do sonho. E ficou ansiosa, circulando a mãe:
_ Mãe, a senhora trouxe essas botas para mim?
A mãe de Simba parecia refletir sobre o que fazer com aquele material, olha para os pés da jovem, em seguida olha os próprios pés, confere o tamanho… Não! As botas dançavam nos pés.  Dona Chica estica os braços, meio contrariada,  passa as botas para Simba.  No mesmo instante o sorriso iluminou o rosto lindo de Simba. Os dentes pareciam mais alvos de felicidade. Foi correndo para o seu quartinho, onde dividia com sua irmã Marta. De forma frenética, limpa-as removendo toda a sujeira de algum porão… Calça as botas reluzentes e pela primeira vez sentiu que era uma artista. As botas de salto alto, cor preta, cano longo deram um destaque as pernas finas de Simba.
Enquanto Simba andava de lá para cá, no seu “toc, toc, toc…” Marta chega da rua,  olha invejosamente para Simba. E pergunta irritada:
_ Por que você está  usando  essas botas? Quem te emprestou?
Simba não conteve a felicidade  e responde com os olhos brilhantes:
– A bota é minha! Nossa mãe ganhou na rua e como não serviu para ela…  me deu. Não é linda? Agora estou parecendo uma artista da televisão…
Marta nada responde e vai ao encontro da mãe. E sem aviso prévio diz irritada:
_ Mãe, cadê a bota que a senhora trouxe para mim?
A mãe em silêncio olha à sua filha predileta. Marta insiste:
-Mãe, eu quero aquelas botas que Simba está usando! Aquelas botas são para mim!
Simba acompanhou tudo de perto, volta correndo para o seu quarto. A mãe sem dizer uma palavra, vai atrás de Simba. Encontra-a sentada na cama, chorando convulsivamente, ao mesmo tempo em que se desfazia do seu sonho. A mãe ajuda-a com um puxão mais firme e sai do quarto com um par de botas nas mãos.
Elisabeth Amorim*

* Leitor, estou em busca de parcerias para publicação, caso você conheça alguém que se interesse, por gentileza, indique meus textos para análise.  Agradeço. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Lançamento do livro "Olhos no retrovisor"



 
Último dia 24  às 9h,  numa das salas do anexo da Primeira Igreja Batista em Iaçu, ocorreu o lançamento do  livro “Olhos no retrovisor” de autoria de Elisabeth Amorim.  
O lançamento foi organizado pela M.C.A. (Mulher  Cristã em Ação) com um delicioso café da manhã sob a liderança de Cássia e Nildeci e um momento literário com a participação  especial de Lucas Amorim. O evento fez  parte de uma das  ações desenvolvidas pelas mulheres cristãs para  o mês de setembro, referente ao mês da Mulher Cristã Batista.
“Olhos no retrovisor” é mais uma contribuição da autora que transformou em contos alguns fatos educacionais ocorridos durante a sua infância e adolescência. Claro, criativa como ela,  acontecimentos banais ganharam um toque poético e pitadinhas de humor, consequentemente,  marcaram um período da história da educação. O que é a educação sem o toque poético de cada um?
Educação tradicional, histórias de si, fantasias, aventuras de adolescente e muita criatividade aparecem nas narrativas dessa professora que simplesmente manteve os “olhos no retrovisor” para falar de uma representação si enquanto estudante da educação básica.
O livro é uma contribuição  para a  literatura/ educação, afinal  os contos ficcionais mostram  fatos de uma época, consequentemente revelam a cultura de um lugar com os avanços ocorridos na educação. Lembrando que a autora baiana é contista e defende uma literatura livre e  criativa.  Há quem  abrace “Olhos no retrovisor” como   sociologia educacional. Fazer o quê? Faz parte da grande e arrojada da proposta da autora, disseminar a literatura de tal forma a ponto de confundir o leitor. E quem sabe assim, levantar mais e mais leitores e divulgadores do seu trabalho.
Como disse a autora, “quem conta um conto… é CONTISTA!”
LEIA! CRITIQUE! Dê o seu TOQUE POÉTICO!
É literatura nossa!     É literatura, nossa?!
É literatura! Nossa!!!          É literatura? Nossa!
É…literatura nossa.
Não importa  o ponto, mas a  nossa literatura.  Saia do ponto e venha abraçar o que é nosso.
                                                         

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim