Aquela menina sabia que dentro de poucos minutos a
luz se apagava. E sob a iluminação fraca
de um candeeiro ela se debruçava sobre os livros. Na penumbra do quarto viajava nos textos lidos. O seu predileto era
de uma porquinha que se chamava Pirula.
Como ela conseguia ler no escuro? Mesmo na escuridão ela encontrava a
luz.
Ninguém sabia da luzinha na ponta do nariz que
aquela criança carregava. Não conseguia ficar com a cabeça baixa por muito
tempo. A luz pedia para erguê-la o mais alto possível, para iluminar pessoas ao
entorno. Ela tentava falar daquela luz
invisível aos olhos humanos, mas ao perceber que não seria entendida, guardou
segredo.
Um dia magoaram a menina e ela chorou. A sua luz ficou fraquinha e puft! Apagou! No
quarto escuro ela ficou tentando fazê-la voltar. Nada. Olhava no espelho e seu
nariz não tinha nenhum sinal de luz. Ela ficou mais triste. Começou e refletir sobre o que ela havia feito
de bom ou ruim para tê-la perdida...
_Como poderei ler no escuro? Como andar de nariz para cima? Como ser feliz
se o meu brilho se apagou? Pensava a triste menina. De repente uma luz gigante
acendeu em sua mente e disse:
_ É Natal, faça o seu pedido! Peça luz para todas
as pessoas! Deseje luz que você também será iluminada!
E a menina sorriu. Correu até a meia onde havia
deixado o pedido de uma boneca, retirando-o escreveu:
_Papai Noel, por favor, quero luz para todos nós!
Ela estava crescendo e a pontinha do nariz ficara
pequena para carregar a sua luz, por isso o brilho foi para a mente. Com a
mente iluminada aquela menina iria ajudar outras pessoas descobrirem a própria
luz. Com um bloquinho nas mãos ela passou a escrever cada passo para ser feliz.
E o primeiro era nunca desejar mal ao próximo, pois o seu desejo profundo,
realiza-se em você.
Ficava
triste porque muitos ainda não conseguiram fugir do quarto escuro... talvez tentando
encontrar a luz perdida... Ela escrevia que a luz de cada um não se perde, muda
de lugar justamente para acordar um talento adormecido... mas poucas
pessoas liam o que ela escrevia. Nem na
escola onde ela estudava seus textos tinham valor.
Quando chegava o Natal seu sonho se renovava. E era época de novos pedidos:
_ Papai do Céu, precisamos de luz! Queremos mais
luz em nosso caminho!
Papai do Céu se comoveu com aquele pedido tão profundo
daquela criança e convocou o Papai Noel para mais aquela missão...
E Papai Noel
veio do mundo dos sonhos, cheio de brilhos e cores para nos lembrar que a a luz externa natalina não passa de
pisca-pisca. Já a duradoura está dentro de cada um, no coração de quem pratica
o bem. Às vezes ela corre para mente, mãos, olhos... Xi, quando andamos de
cabeça baixa por conta dos obstáculos, a luz escorrega e vai parar na pontinha do
nariz. E se chorar... ela vira uma estrelinha cadente.
Elisabeth
Amorim*
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