De repente recebo um vídeo num
desses grupos de Whats App e a discussão gira em torno da ética, normas
de conduta, valores que se perdem diante de uma sociedade egocêntrica que busca
a satisfação do “eu”. No entanto, há
sempre pessoas que fazem a diferença. Pessoas que não aceitam viver na
mediocridade e fazem o inesperado surpreendendo a todos. E para discutir tal assunto, o entrevistado
foi Mário Sérgio Cortella. Um show!
Cortella cita como exemplo de ética a atitude
do atleta espanhol maratonista, Ivan Fernandez
Anaya , em 2012, quando percebeu a distração seu adversário queniano Abel Mutai, próximo a linha de chegada, dando condições a ele como segundo colocado, ultrapassá-lo
e garantir o primeiro lugar no pódio, mas Anaya não quis vencer aproveitando-se de uma fraqueza do outro, alertou Mutai e o
incentivou a garantir a vitória. Atitude que chamou a atenção do mundo, sendo
que para Anaya não poderia ser de outra forma conforme os valores defendidos.
É tão incomum encontrar pessoas
que não atropelam para subir ao pódio que muitos jornalistas deram mais destaque ao que Anaya fez do que a
vitória de Mutai, no entanto, ao ser
entrevistado, novas surpresas. Vejamos um fragmento da fala de Anaya que Cortella
discutiu : “ – Se eu ganhasse desse
modo, qual seria o mérito da minha vitória? O que eu ia pensar de mim mesmo?
(...) Se eu fizesse isso , o que eu ia falar com a minha mãe?”
Será que as ações praticadas
causam tristezas para as mães de quem as praticam? Como lidamos com as vitórias
e as derrotas? Vale tudo para subir ao pódio? Toda vitória tem o sabor de
mel? Cortella foi muito preciso ao discutir que a mãe é o ser que teoricamente ninguém quer ferir,
magoar, envergonhar, se a ação praticada naturaliza esse sentimento é por a pessoa que a praticou “não presta mesmo”. Claro, muitos riram quando ele falou dessa
forma, mas acredito que não era para sorrir, mas para refletir sobre como você,
eu, nós conduzimos os nossos passos,
será que estamos sendo
éticos? Para vencer na vida eu preciso me
desumanizar? Qual será o futuro da
humanidade se o “bicho-homem” não parar de atropelar uns aos outros para
permanecer no pódio?
O que entristece a minha mãe...
não me convém fazer. O que me desonra, o que agride meus semelhantes, o que me
coloca numa condição de um inseto qualquer e tira de mim todo e qualquer
sentimento humano, também não me convém praticar. Eu vou além, eu preciso me amar, respeitar-me
profundamente para aprender a respeitar e amar ao próximo. A lição de Anaya rompe com a linha do tempo, religiões, e ao
responder a pergunta de um dos jornalistas com esse questionamento bem
reflexivo ele disse o que precisamos ouvir: “ Se eu ganhasse desse modo, qual
seria o mérito da minha vitória?”.
Irmãos, amigos, leitores em geral,
quais os méritos das suas
vitórias? O que vocês falam com suas
mães? Ou melhor, o que falam para si diante do espelho da vida? Quais lições
deixam para seus filhos? O mundo pode
ser gigante, mas se falta ética, ele se encolhe, fecha, reduz... e você também
diminui. E vejo meus pensamentos sobre
valores e ética parecidos com os de Anaya, se para subir ao pódio eu preciso
atropelar o parceiro da frente, nunca subirei, sabe por quê? Eu também não
quero entristecer a minha mãe, meus filhos, meu esposo, meus amigos... nem o meu espelho.
E. Amorim
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