Carnaval está chegando, ruas da capital baiana já se preparam para a grande festa. Uma festa que une pessoas de todo o mundo e todas as
religiões para nas ruas, blocos, camarotes, clubes extravasarem as energias. No
entanto, o ponto alto dessa festa, sem dúvida são os trios elétricos. Como a
Bahia está no ritmo alucinado de “Calcanhar de prego” para conseguir manter
o pique durante cinco dias de folia, vamos dar um giro em Pernambuco?
Inegavelmente, o carnaval de Olinda(PE) é no mínimo inusitado e muito criativo. O
ritmo que marca é o frevo, mas para quem pensa que o show fica por conta dos
bonecos, engana-se. Quem merece todo o nosso respeito e homenagem, geralmente o
púbico nem percebe, mas sem eles a festa não teria o brilho que se estende por
todos os cantos. Sim, estamos falando dos carregadores de bonecos no carnaval
de Olinda.
Na rua, olhando aquela multidão de bonecos gigantes, 3,40 de altura, com um peso de aproximadamente 15 kg fazendo alguns movimentos, como se
tivessem vontades próprias, encantamos.
Bonecos que correm, pulam, dançam, sacodem de um lado para outro às
custas de um trabalho sério e apagado dos seus carregadores. Os carregadores chegam a perder num desfile
cerca de 3 kg, devido o peso que carregam nas ladeiras da cidade. E uma
outra curiosidade é que se no início da
festa o peso é de 15 kg, durante as subidas e descidas, esse peso chega a
dobrar devido o cansaço desses operadores.
Assim, toda festa bonita, encantados com o brilho, muitos de
nós não prestamos a atenção em quantas pessoas colaboraram no anonimato para o
sucesso daquele evento. E como o nosso
toque é para as margens, os carregadores de bonecos são as grandes estelas
desse texto. Claro que o nosso sangue
baiano não deixará de fora os nossos cordeiros. Profissionais competentes que trabalham
segurando as cordas dos blocos para proteger aos associados e evitar a invasão
no bloco pelo grupo da pipoca.
Tanto os carregadores de bonecos pernambucanos quanto os
cordeiros baianos tem todo o nosso respeito. Vocês não
saem nas fotos das imagens de sucesso do carnaval, para quê? Só ouvimos falar dos cordeiros quando eles se
recusam a ser explorados e reivindicam algo para os empresários milionários. Não
falam que baianos não trabalham?! Com certeza não os conhecem, e nesse
país do carnaval, a elite cultural nunca deixará os camarotes e os seguranças para perceber que a grande festa mais popular do planeta, há pessoas que carregam as fantasias nas
costas e arrastam multidões, mesmo molhadas de suor e com as mãos calejadas...
o show não pode parar.
Ah, além do “calcanhar
de prego” é preciso ter o “ bumbum de martelo...”
- Poc, poc, poc, poc... E viva a nossa cultura carnavalesca!
Elisabeth Amorim
* imagens do site bonecos gigantes oficial.
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