segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Carregadores de bonecos ( crônica)

                                                   
                Carnaval está chegando, ruas da capital baiana já se preparam para a grande festa. Uma festa que une pessoas de todo o mundo e todas as religiões para nas ruas, blocos, camarotes, clubes extravasarem as energias. No entanto, o ponto alto dessa festa, sem dúvida são os trios elétricos. Como a Bahia está  no ritmo alucinado  de “Calcanhar de prego” para conseguir manter o pique durante cinco dias de folia, vamos dar um giro em  Pernambuco?
                Inegavelmente, o carnaval de Olinda(PE)  é no mínimo inusitado e muito criativo. O ritmo que marca é o frevo, mas para quem pensa que o show fica por conta dos bonecos, engana-se. Quem merece todo o nosso respeito e homenagem, geralmente o púbico nem percebe, mas sem eles a festa não teria o brilho que se estende por todos os cantos. Sim, estamos falando dos carregadores de bonecos no carnaval de Olinda.
               Na rua, olhando aquela multidão de bonecos gigantes, 3,40  de altura, com um peso de aproximadamente  15 kg fazendo alguns movimentos, como se tivessem vontades próprias, encantamos.  Bonecos que correm, pulam, dançam, sacodem de um lado para outro às custas de um trabalho sério e apagado dos seus carregadores.  Os carregadores chegam a perder num desfile cerca de 3 kg, devido o peso que carregam nas ladeiras da cidade. E uma outra curiosidade  é que se no início da festa o peso é de 15 kg, durante as subidas e descidas, esse peso chega a dobrar devido o cansaço desses operadores.

*

               Assim, toda festa bonita, encantados com o brilho, muitos de nós não prestamos a atenção em quantas pessoas colaboraram no anonimato para o sucesso daquele evento.  E como o nosso toque é para as margens, os carregadores de bonecos são as grandes estelas desse texto.  Claro que o nosso sangue baiano não deixará de fora os  nossos cordeiros.  Profissionais competentes que trabalham segurando as cordas dos blocos para proteger aos associados e evitar a invasão no bloco pelo grupo da pipoca.
              Tanto os carregadores de bonecos pernambucanos quanto os cordeiros baianos tem todo o nosso respeito.  Vocês  não saem nas fotos das imagens de sucesso do carnaval,  para quê?  Só ouvimos falar dos cordeiros quando eles se recusam a ser explorados e reivindicam algo para os empresários milionários. Não falam que baianos não trabalham?! Com certeza não os conhecem,  e  nesse país do carnaval, a elite cultural nunca deixará  os camarotes  e os seguranças para perceber  que a grande festa mais popular do planeta,  há pessoas que carregam as fantasias nas costas e arrastam multidões, mesmo molhadas de suor e com as mãos calejadas... o show não pode parar.
Ah,  além do “calcanhar de prego” é preciso ter o “ bumbum de martelo...”
             -  Poc, poc, poc, poc...  E viva a nossa cultura carnavalesca!

                                                             Elisabeth Amorim


imagens do site bonecos gigantes oficial.

  

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