Banca da defesa |
Defesa da dissertação/ UNEB/2014 |
Não somos ilhas para vivermos isoladas, gente precisa
conversar com gente, trocar experiências, ouvir e praticar o exercício da
escuta sensível. O outro tem tanto para ensinar e aprender, porque
aprendizagem é contínua, processual e precisa ser dinâmica. E o primeiro
passo começa com um diálogo, e foi por esse caminho que o projeto
intitulado ” A Dinamicidade da língua” que está completando 10 anos de
implementAÇÃO ganhou asas e o abraço de pessoas que se identificam com a
proposta inovadora no trato com a literatura.
O ano de 2017 marca uma
década de um projeto ativo e criativo desenvolvido no Colégio
Estadual Lauro Farani e
responsável pelo toque poético às aulas de literatura. E não é que “A
Dinamicidade da Língua” tornou-se um projeto autossustentável e percorre o
mundo inteiro? Um diferencial vem marcando a cara desse projeto, cada vez mais
ousamos divulgá-lo através das redes sociais, submetê-lo a concursos, levá-lo
para os congressos nas universidades, através de oficinas ensinamos
sobre o processo de desmontagem literária e assim defendê-lo com unhas e dentes
para banca de doutores em literatura e conquistar entre outras coisas, o respeito
dos leitores que acompanham e acreditam numa educação transformadora e crítica
a partir do investimento na leitura se quisermos de fato estudantes que
escrevem. E nós queremos e comemoramos os grandes lucros da educação.
Edições da Perfil: revista literária do Lauro Farani & outros livros surgidos depois do projeto |
É isso mesmo! Os nossos
estudantes produzem literatura! E o primeiro passo foi dado há quase 20
anos(1999) com o livro “Além da imaginação”, primeiro livro do Colégio
Lauro Farani, no
qual as lendas da cidade foram resgatadas, fruto de uma pesquisa séria que
envolveu os alunos da Formação Geral da época e a professora de literatura
brasileira. Quantos outros vieram depois? No entanto, após estudos e
muita determinação foi criado “A Dinamicidade da língua”, um projeto que
resultou numa revista que tem como intuito, talvez pretensão de aproximar a literatura
do leitor e unir a literatura às outras artes. Torná-la tão próxima para
que ela pudesse fazer parte da nossa rotina. Hoje, dez anos depois… conseguimos
invadir diferentes espaços sociais e virtuais e conquistar público de
diferentes idades e espalhar literatura que vive à margem. A minha, a sua, a
nossa literatura!
A
execução e implementação do projeto foi uma tarefa árdua e arrojada,
porque as leituras precisavam dialogar com nossos estudantes, muitas vezes a
distância entre aluno e livro era tamanha, pois havia a barreira do tempo.
Aluno está presente e o livro escrito no século XIX, XX,
linguagens diferentes, sem diálogo. Como poderia uma escola pública criar
uma revista literária sem nenhuma verba para tal? Como transformar os
textos literários em notícias, reportagens, entrevistas… usando a linguagem
contemporânea sem fugir do enredo das narrativas dos séculos anteriores?
Realmente, não é algo fácil, precisa de muita leitura e dedicação, mas
quem disse que corremos das dificuldades da vida? Juntos somos fortes, e o sonho que parecia impossível
tornou-se realidade através da desmontagem, apropriação do texto para
multiplicá-lo em outros gêneros. Metodologia criada por Elisabeth Amorim que já
circula na Europa, através da sua dissertação que transformou-se no livro ”
Desmontagem literária em educação básica”. Não disse que o projeto criou asas e
voou?
Há dez anos o Colégio
Estadual Lauro Farani ganhou a sua primeira revista literária, com 100% de
textos de estudantes: “PERFIL: revista literária do Lauro Farani”, lançamento
discreto na sala de vídeo, turno matutino. No ano seguinte, 2008, a revista
estourou! O colégio quase todo envolvido e as produções, páginas aumentaram,
juntamente com o valor de custo para manutenção do projeto. Foi uma ousadia da
nossa parte, mas demos os primeiros passos. E nós, professores de linguagens,
conseguimos transformar a literatura lida durante o ano letivo em diferentes
gêneros textuais através de oficinas de leituras e produções. O sucesso
do projeto contagiou outras escolas, e podemos dizer que de certa forma, nós do
Lauro Farani, demos a receita para o mundo através da internet. E
ficamos felizes quando percebemos que a nossa revista PERFIL é mãezona em
idade fértil… E benditos sejam os furtos do vosso ventre!
Oficina de desmontagem literária na Universidade Aberta para Terceira Idade(UATI) |
Elisabeth Amorim em oficina na Câmara de Vereadores/ Iaçu |
Professores iaçuenses participantes |
Dez anos depois… conseguimos conquistar muitos espaços
para apresentá-lo, defendê-lo, mostrar que é possível , viável e lucrativo
investir na leitura dos nossos estudantes, os frutos perdem de vista. Alguns
caminhos percorridos variam, desde a PIBI ( Primeira Igreja Batista em Iaçu ao
IAT( Instituto Anísio Teixeira, em Salvador), mas apresentamos também…
Centro de Convenções(Salvador/ Ilhéus) UNEB( Alagoinhas/ Salvador/
Barreiras/ Seabra) UESB, UFRB( Cachoeira), UEFS, UESC, UFBA, UFPE, UFS( São
Cristóvão/ Aracaju), UPE até na UATI( Universidade Aberta para Terceira
Idade, em Alagoinhas)… o projeto foi notícia na SEC/Ba, MEC Jornal do
Professor e no site Iaçu notícias. Enfim, percorreu muitas cidades baianas e
fora da Bahia também.
“A Dinamicidade da língua” é um projeto cada vez mais forte,
atualmente vem utilizando o espaço virtual para socializar os frutos
obtidos. Se antes, os estudantes liam José de Alencar, Machado de Assis,
Drummond, Lima Barreto, Jorge Amado, Clarice Lispector… para praticarem a
metodologia da desmontagem e aproximarem textos de novos leitores através
de cartazes gigantes nas paredes da escola, hoje, além desses escritores,
eles leem também os próprios textos e de autores menos famosos( Angelita
Aragão, Elisabeth Amorim, Santos Almeida, Vanei Santos, Fidêncio Bogo,
Cristiane Sobral…) para fazerem as críticas. Porque é a crítica que impulsiona
sairmos do nosso local de conforto para refletirmos sobre o que estamos
lendo/escrevendo/ ensinando/ aprendendo.
Comunicação sobre a literatura desmontada/ Aracaju-SE |
Caravana da Educação - Palestra sobre desmontagem literária em Ilhéus/BA |
Com isso a dinamicidade da
língua está além de revistas, coletâneas, vídeos literários, além das paredes e
muros de um colégio… os nossos escritos transbordaram porque o
dinamismo da língua está bem presente na poesia lida, na novela
comentada, na música cantada ou ouvida em sala de aula, no conto,
filme, romance ou crônica discutidos… a língua é movente e não estática, com
isso a literatura está presente em todas as aulas e áreas, isso é fato. E
se no inicio do projeto quando nossos alunos usavam apelidos, prenomes, códigos
para não serem identificados, temendo às críticas dos colegas, nós já
sabíamos onde queríamos chegar, imagine hoje, eles/ elas assumindo
autoria e afirmando identidades, produzindo vídeos com textos autorias… é
só sucesso! E se tem um nome que precisa ser lembrado em todas as fases e
anos de investimento numa educação de qualidade, esse nome esse nome é DEUS!
Quando colocamos Ele no
centro, não tem chance alguma de falharmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário