sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Projeto "A dinamicidade da língua": dez anos depois...


                            
Banca da defesa
Defesa da dissertação/ UNEB/2014

Não somos ilhas para vivermos isoladas,  gente precisa conversar com gente, trocar experiências, ouvir e praticar o exercício da escuta sensível.  O outro tem tanto para ensinar e aprender,  porque aprendizagem é contínua, processual e precisa ser dinâmica.  E o primeiro passo começa com um diálogo,  e foi por esse caminho que o projeto intitulado ” A Dinamicidade da língua” que está completando 10 anos de implementAÇÃO ganhou asas e o  abraço de pessoas que se identificam com a  proposta inovadora no trato com  a literatura.
O ano de 2017 marca uma década de um projeto ativo e criativo  desenvolvido no Colégio Estadual Lauro Farani e  responsável pelo toque poético às aulas de literatura. E não é que “A Dinamicidade da Língua” tornou-se um projeto autossustentável e percorre o mundo inteiro? Um diferencial vem marcando a cara desse projeto, cada vez mais ousamos divulgá-lo através das redes sociais, submetê-lo a concursos, levá-lo para os congressos  nas universidades,  através de oficinas ensinamos sobre o processo de desmontagem literária e assim defendê-lo com unhas e dentes para banca de doutores em literatura e conquistar entre outras coisas, o respeito dos leitores que acompanham e acreditam numa educação transformadora e crítica a partir do investimento na leitura se quisermos de fato estudantes que escrevem. E nós queremos e comemoramos os grandes lucros da educação.

Edições da Perfil: revista literária do Lauro Farani & outros livros surgidos depois do projeto


É isso mesmo! Os nossos estudantes produzem literatura! E o primeiro passo foi dado há quase 20 anos(1999) com o livro “Além da imaginação”, primeiro livro do Colégio Lauro Farani, no qual as lendas da cidade foram resgatadas, fruto de uma pesquisa séria que envolveu os alunos da Formação Geral da época e a professora de literatura brasileira. Quantos outros vieram depois?  No entanto, após estudos e muita determinação foi criado “A Dinamicidade da língua”,  um projeto que resultou numa revista que tem como intuito, talvez pretensão de aproximar a literatura do leitor e unir a  literatura às outras artes. Torná-la tão próxima para que ela pudesse fazer parte da nossa rotina. Hoje, dez anos depois… conseguimos invadir diferentes espaços sociais e virtuais e conquistar público de diferentes idades e espalhar literatura que vive à margem. A minha, a sua, a nossa literatura!

A execução e implementação do projeto  foi uma tarefa árdua e arrojada, porque as leituras precisavam dialogar com nossos estudantes, muitas vezes a distância entre aluno e livro era tamanha, pois havia a barreira do tempo. Aluno  está  presente e o livro  escrito no século XIX, XX, linguagens diferentes, sem diálogo.  Como poderia uma escola pública criar uma revista literária sem nenhuma verba para tal?  Como transformar os textos literários em notícias, reportagens, entrevistas… usando a linguagem contemporânea sem fugir do enredo das narrativas dos séculos anteriores?  Realmente, não é algo fácil, precisa de muita leitura e dedicação, mas quem disse que corremos das dificuldades da vida? Juntos  somos fortes, e o sonho que parecia impossível tornou-se realidade através da desmontagem, apropriação do texto para multiplicá-lo em outros gêneros. Metodologia criada por Elisabeth Amorim que já circula na Europa, através da sua dissertação que transformou-se no livro ” Desmontagem literária em educação básica”. Não disse que o projeto criou asas e voou?
Há dez anos o Colégio Estadual Lauro Farani ganhou a sua primeira revista literária, com 100% de  textos de estudantes: “PERFIL: revista literária do Lauro Farani”, lançamento discreto na sala de vídeo, turno matutino. No ano seguinte, 2008, a revista estourou! O colégio quase todo envolvido e as produções, páginas aumentaram, juntamente com o valor de custo para manutenção do projeto. Foi uma ousadia da nossa parte, mas demos os primeiros passos. E nós, professores de linguagens, conseguimos transformar a literatura lida durante o ano letivo em diferentes gêneros textuais através de oficinas de leituras e produções.  O sucesso do projeto contagiou outras escolas, e podemos dizer que de certa forma, nós do Lauro Farani,  demos a receita para o mundo através da internet.  E ficamos felizes quando percebemos que a nossa  revista PERFIL é mãezona em idade fértil…  E benditos sejam os furtos do vosso ventre!

Oficina de desmontagem literária na Universidade Aberta para Terceira Idade(UATI)
Elisabeth Amorim em oficina na Câmara de Vereadores/ Iaçu
Professores iaçuenses participantes



Dez anos depois… conseguimos conquistar muitos espaços  para apresentá-lo, defendê-lo, mostrar que é possível , viável e lucrativo investir na leitura dos nossos estudantes, os frutos perdem de vista. Alguns caminhos percorridos variam, desde a PIBI ( Primeira Igreja Batista em Iaçu ao IAT( Instituto Anísio Teixeira, em Salvador), mas apresentamos também…  Centro de Convenções(Salvador/ Ilhéus) UNEB(  Alagoinhas/ Salvador/ Barreiras/ Seabra) UESB, UFRB( Cachoeira), UEFS, UESC, UFBA, UFPE, UFS( São Cristóvão/ Aracaju), UPE  até na UATI( Universidade Aberta para Terceira Idade, em Alagoinhas)… o projeto foi  notícia na SEC/Ba, MEC Jornal do Professor e no site Iaçu notícias. Enfim, percorreu muitas cidades baianas e fora da Bahia também.

A Dinamicidade da língua” é um projeto cada vez mais forte, atualmente vem utilizando o espaço virtual para socializar os frutos obtidos.  Se antes, os estudantes liam José de Alencar, Machado de Assis, Drummond, Lima Barreto, Jorge Amado, Clarice Lispector… para praticarem a metodologia da desmontagem e aproximarem  textos de novos leitores através de cartazes gigantes nas paredes da escola,  hoje, além desses escritores, eles leem também os próprios textos e de autores menos famosos( Angelita Aragão, Elisabeth Amorim, Santos Almeida, Vanei Santos, Fidêncio Bogo, Cristiane Sobral…) para fazerem as críticas. Porque é a crítica que impulsiona sairmos do nosso local de conforto para refletirmos sobre  o que estamos lendo/escrevendo/ ensinando/ aprendendo.
                                             

Comunicação sobre a literatura desmontada/ Aracaju-SE
                                 
                                      Caravana da Educação - Palestra sobre desmontagem literária em Ilhéus/BA
 
Palestra: O papel do professor pesquisador / Jornada Pedagógica, Iaçu/BA





Com isso a dinamicidade da língua está além de revistas, coletâneas, vídeos literários, além das paredes e muros de um colégio… os nossos escritos  transbordaram porque  o dinamismo da língua está bem presente  na poesia lida, na novela comentada,  na música cantada ou ouvida em sala de aula,  no conto, filme, romance ou crônica discutidos… a língua é movente e não estática, com isso a literatura está presente em todas as aulas e áreas, isso é fato.  E se no inicio do projeto quando nossos alunos usavam apelidos, prenomes, códigos para não serem identificados,  temendo às críticas dos colegas, nós já sabíamos onde queríamos chegar, imagine hoje, eles/ elas assumindo  autoria e afirmando identidades, produzindo vídeos com textos autorias… é só sucesso! E se tem um nome que precisa ser lembrado em todas as fases e  anos de investimento numa educação de qualidade, esse nome esse nome é DEUS!  Quando colocamos Ele no centro, não  tem chance alguma de falharmos.

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Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

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