E. Amorim
De repente Joana
percebe que o Dia dos Namorados estava chegando. Ela não tinha comprado nada para o seu esposo Mateus. Aliás, fazia
um tempinho que deixou o romantismo de lado.
Ele sempre trazia um mimo para agradá-la, seja um chocolate, uma flor
amarela, uma pulseira ( mesmo de camelô), não passava em branco aquela data. Desistira de comprar
roupa, pois nunca acertava o tamanho. Ela ria do romantismo dele e se
desculpava por ter se esquecido daquele dia...
Mateus
ia percebendo o quanto Joana havia mudado após os 15 anos de casamento,
chegada dos filhos... E ele começa a pensar onde havia falhado. Nunca passara
um Dia dos Namorados sem se lembrar da sua companheira. No entanto, ela cada ano parecia mais
distante. E lembrar que o Dia dos Namorados estava na porta, amanhã! Como ela
poderia se esquecer do dia em que se conheceram? Como se esquecer do dia em que se casaram? A data
para ele era muito mais que Dia dos Namorados... 15 anos!
O dia nasce
brilhante, e Joana ao acordar pensa:
_ Aposto que
não demora Mateus sair e voltar com um chocolate, ele não percebeu que estou
fazendo dieta! Só espero que ele não invente comprar roupas com números maiores
que o meu...
Mateus acorda
tranquilamente, diz algo sobre a aparência de Joana e se levanta sem se
aproximar para fazer nenhum carinho
habitual. E após o café da manhã ele sai.
Só que não voltou na hora do almoço, ligou dando uma desculpa qualquer. Ao
escurecer ele chega, e de mãos
vazias. Sem chocolate, sem flor, sem
nenhum mimo para sua esposa. E mais uma vez, fala algo sobre a aparência da
esposa.
Joana olhou
assustada para o esposo naquela manhã. Agora ela estava totalmente indignada, pensa em perguntar se não havia se esquecido de algo. Mas como
cobrar se ela estava em dívida? De
repente, Joana passou a sentir falta do
chocolate, das blusas folgadas, da flor, das pulseiras, até do sexo desvairado...
E começa a observar todos os passos de Mateus.
E percebeu que ele fez exatamente o que ela vinha fazendo há um
tempinho. Era o fim! Era o fim!
Não! Joana
sabia onde estava o erro. E não pensou duas vezes para corrigi-lo. Não queria
alimentar nenhum orgulho e perder o seu amor.
Percebeu que ele estava com cheiro de flores, não queria pensar onde ele
arranjou aquele perfume para não perder a coragem. Antes que seu esposo fosse para a cama, ela segura
a sua mão, convida-o para acompanhá-la rapidinho, pois tinha algo para ele.
_ Vamos,
levante-se Mateus! Vamos ali...
Ele tentou
resistir com um “estou cansado” tão habitual... Mas, Joana não deu tempo, foi logo arrastando o seu esposo era agora ou nunca... Ele ainda
questionou...
_ Sair agora?
Para onde?
E Joana
sorrindo diz:
_Onde o vento
faz a curva...
Ele gargalhou
feliz. Sabia que “onde o vento faz a
curva” era o local dos apaixonados. E uma noite de amor estava chegando... Lá
na areia da praia havia um colchão de flores amarelas à espera de Joana, mas isso ele não falaria
para não estragar a surpresa.
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