Se tem uma coisa que irrita é ser julgado pela aparência. O caráter da pessoa não se mede pela etiqueta
da roupa, nem na quantidade de dinheiro
que traz na carteira. Porque a etiqueta do caráter só é visível através das
ações praticadas no dia-a-dia, no silêncio.
Diferente daquela ação que
precisa de testemunhas e milhares de
curtidas. Essa também é válida, pois atende
outras intenções pretendidas.
Quem foge das ideologias? Cada modo de vida deve ser respeitado.
Errado é querer colocar todos na
própria forma. É achar que todos tem os mesmos propósitos que os
seus, permanecer no erro por
conta da multidão. É jogar pedras nas pessoas que pensam contrário a você. Enfim, mais
errado ainda é querer impor a sua verdade como única, sem abrir portas
para outras verdades permeadas de ideologias.
Por isso, esse texto ficará aberto...
Aberto para você criticar a
minha ou a sua loucura. Talvez, eu seja tão 'a-normal' quanto
você. Quer tentar seguir a linha
de raciocínio? Assistindo a uma reportagem sobre self, uma jovem disse a repórter mais
ou menos assim: “_ Chego a tirar 150 fotos para escolher uma perfeita! Como essa aqui, eu consegui capturar a minha essência, minha
alma...” E de imediato, refleti. Como
seria essa imagem que captura a alma e a essência de alguém? Somos tão inconstantes e mascarados como um dia de verão surpreendido pela chuva repentina. E mais
adiante a repórter questiona:
_ o que acontecerá se você postar uma foto desarrumada?!
E a jovem de olhos arregalados,
disse apressada: “- Deus me livre! Seria
o meu fim! Ninguém curtiria.”
A inconstância determina o estado de humor. Conforme o dia e relação com o outro, uma crítica banal sobre a aparência é motivo de sorrisos e descontração. Em outro dia, o mesmo comentário, vindo de outro, é a
razão para querer decretar a Terceira Guerra Mundial. Isso já vi quando uma colega de classe fez uma crítica a foto da amiga,
aliás, após a discussão a base dos
tapas e empurrões, tornaram-se inimigas. Fui surpreendida com uma série de fotos para
que apontasse a mais feia. Tudo é muito
relativo, justifiquei-me, mas
apontei justamente a que motivou a
confusão de antes.
Leitor, não apanhei, sou de paz. A jovem sorriu e disse que também não havia gostado daquela foto, pois
estava muito artificial. Mas, como uma série de pessoas curtiram... Gente,
ela seguia a multidão, mesmo não gostando da foto, fingia gostar. Não resistir
e questionei o motivo da briga se ambas pensavam do mesmo jeito... Está vendo onde pretendo chegar ao dizer que
podemos ser mais “a/ normal” do que
apresentamos? Talvez, por isso, nunca deixei a minha esquisitice de lado, não
sigo multidão! Não a julgo, pois sei que tudo tem uma razão para acontecer. Recuso-me viver na mediocridade, mas tento
viver acima dela.
Então é melhor não julgar o outro pela aparência arrumadinha ou não. O que somos , foto nenhuma consegue capturar. A imagem é representação séria, descontraída, zangada, feliz,
preocupada, irreverente, calma, nervosa, irritada de alguém... A pessoa representada
continua sendo a mesma.
Lembrei-me da crônica “O
nariz”, de Luis Fernando Veríssimo, quando um
dentista conceituado ao colocar um nariz
postiço de borracha perde todos clientes, a família e amigos. -Louco! Ele está louco! E ele dizia
sou quem sou ou apenas um nariz? Venceu o nariz, porque aquele pedacinho de borracha fez o dentista
perder o que arduamente conquistou: APARÊNCIAS no mundo das ideias... enquanto a sua volta percebia o homem em estado de
‘de-composição’...
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