domingo, 8 de março de 2015

Lucilene, a mulher (quase) invisível ( homenagem)

 
Era uma vez uma mulher  (quase) invisível, mas tinha um  sorriso tão lindo que a denunciou.  Ela nasceu em Iaçu,  interior da Bahia,   tem 28 anos.  Aos  6 anos de idade foi morar em São Paulo, lá  educada e pensava em construir uma vida melhor, só retornando para sua cidade natal  aos 24 anos em busca de emprego, pois na cidade grande as coisas não são tão fáceis quanto imaginam.
Lucilene Silva de Almeida fez o curso completo de informática, concluiu o  Ensino Médio,  é casada e  tem uma filha  de 6 anos de idade.  Ela trabalha de domingo  a domingo,  varrendo aqui e acolá.  Mãos calejadas de  empurrar  um carrinho de mão,  Lucilene segue a sua árdua jornada  com um sorriso nos lábios.
Lucilene é  uma mulher que pode ser a representação de muitas de nós … Donas de casa,  estudantes,  esposas, mães,  trabalhadoras,  filhas… no entanto  ela passa despercebida  nos lugares percorridos por conta da profissão que ela desenvolve.  Envergonhados,  constrangidos,  incomodados muitos não enxergam a pessoa mas a profissão. Esquecem que atrás daquele uniforme há uma mulher que sente, chora, ama e sonha.
Aquela   jovem senhora  com o seu macacão verde, sobe e desce  toda a área do jardim,  colhe folhas secas do chão,   colocando-as  num enorme saco preto.  Até que um dia  a rotina de Lucilene é quebrada.  Durante a minha caminhada aproximei  da jovem e  falei do  desejo de  entrevistá-la e  se autorizasse  poderia ser fotografada  (de costas se preferisse) porque tinha intenção de divulgar  o fruto da entrevista…  E para  o Dia Internacional da Mulher  ela fora a escolhida…
Com um sorriso  Lucilene conta a sua história.  O  sonho de crescer,  ter uma vida melhor e proporcionar um conforto para  família.    Por que uma jovem com  o 2º. Grau completo  estaria naquela profissão?   A jovem sem titubear  responde lindamente:
“_  Sinto orgulho da minha profissão pois é um trabalho honesto. Estou aqui por falta de oportunidade, mas pretendo fazer faculdade.   Vergonha  eu sentiria se  estivesse numa esquina vendendo drogas e ainda envergonhando os pais.”
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Acertei na minha escolha, não sei como,  mas sabia que receberia aquela resposta. Só quem trabalha em paz  a tem.   Não poderia encontrar alguém melhor que Lucilene para representar as mulheres  da minha cidade no dia 08 de Março.  Uma mulher honesta, trabalhadora, humilde, simpática,  sonhadora, educada … Uma mulher mãe, uma mulher esposa, uma mulher que sorri apesar das dificuldades enfrentadas.
Uma  mulher   que  você  geralmente não  a  percebe no seu caminho, mas ela se faz presente em sua vida, pois todas as  sujeiras que indevidamente jogam fora da lixeira, Lucilene  é uma  das  garis que trabalha diariamente para limpar as ruas que  sujamos.E que Deus abençoe a todas as mulheres que conservam  os sonhos e o sorriso.

                                      Elisabeth Amorim 
 
 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
 
 
Imagens (autorizadas) da  homenageada.

Ps: Quer saber a opinião de leitores/ escritores do Recanto das Letras sobre esse texto?  Acesse:
 
http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/5159735 
 
 


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