quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Escrita baiana nas alturas ( crônica)


 O  ano se finda  e com ele sonhos realizados ou frustrados...   Desejos secretos ou escancarados pelos desmontes literários? E é mais um momento para refletirmos  sobre as nossas ações e dizer ( ou não) Senhor, valeu a pena!
E este blog como espaço de encontro virtual com a literatura, tem muito a agradecer todos os leitores que lentamente foram  aqui se aconchegando, identificando-se com  a nossa escrita meio louca, meio séria, meio literária e outra metade também literária.
Dos 120 textos  literários, você deve ter se identificado com algum. Um deve ter lhe tocado. Por que não o divulga nas redes sociais de uso? Faça essa doação para o nosso blog! Pois graças o “compartilhar”, “curtir”  que a nossa literatura vem ganhando leitores como você.  Leitores que nos acompanham e valorizam os nossos escritos.
                       Durante o ano de 2015 fomos acompanhados de perto por alguns países, em destaque os cinco que mais nos acessaram: Brasil, Estados Unidos,  Alemanha,  Rússia e Portugal. Sendo  que as três postagens mais lidas foram: “Literatura desmontada & Cia”, “Elisabeth Amorim: um toque poético do sertão” e “Um 2015 de Paz!”. E para nós que pretendemos apenas divulgar a produção marginal  (sem abraços de editoras, mídias, empresários) mas abraçadas por aquele(a) que se identifica com os nossos textos, podemos dizer que 2015 foi um ano muito produtivo.  E agradecemos a você que está  do nosso lado, mesmo do outro lado. E que nos abraça com apenas um toque.


                       Como sabemos o quanto as redes sociais ajudam na divulgação do nosso produto literário, levamos também para  a comunidade virtual do Google + (https://plus.google.com/u/0/110004387298732382952/posts) e aos poucos o  desmonte literário vai sendo divulgado.  E a nossa escrita ganha as alturas.  Enquanto o reconhecimento não chega, que tal um pouco de lazer com  uma pessoa linda  numa roda-gigante?
       Lá do alto, a Bahia é muito linda!
                                              
                                       Senhor, valeu a pena!


                         


           Até breve pessoal, e um 2016 de paz!

                               E. Amorim



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

100%


Nem meio, nem quarto,
É 100%  do nordeste
Cabra da peste, sim senhô!
Do torresmo e do jabá
 Forró e  axé
 Caruru e vatapá
 Trio Elétrico no meio da praça
Do Dodô & Osmar.


É só festa na Bahia?
Que olhar preconceituoso!
Aqui reina a magia
Na voz de  Gal, Sangalo, Gil
 Mecury,  Betânea e Caetano Veloso.



E a  literatura? 
Antonio Torres, Adonias Filho , Jorge Amado
Herberto Sales, Dias Gomes,  Helena Parente Cunha
Xavier Marques, Aleilton Fonseca e Amélia Rodrigues
São tantas pérolas nesse jardim.
Frutos da nossa cultura.

                                             Elisabeth Amorim

domingo, 13 de dezembro de 2015

Abraço natalino ( conto)

*
           
De repente me via empurrada pela multidão ensandecida. Querendo o melhor preço  daquela suposta promoção “compre um e leve dois”.  Coração palpitava mais alto que o barulho das lojas. Estava na expectativa, de uma hora para outra você surgiria em minha frente, fazendo-se carne. Arrepiei-me.
          Sabia que o sonho seria até durar o estoque. Natal?! Passaria tão rapidinho que não daria tempo... Não daria tempo concretizá-lo.  Ainda mais quando se depende de outro que talvez também dependa de mais e  mais outros.  São muitos outros no caminho de um sonho tão pequenino...
           Finjo olhar as vitrines, assim o brilho ostensivo das luzes natalinas serviria de um bom disfarce. Essas lâmpadas pequeninas tem o dom de camuflar as nossas dores. Por quê?  Porque as pessoas deixam tudo para o Natal.  E o resultado é esse, lojas lotadas, pessoas apressadas,  e incrivelmente invisíveis.  Esbarram umas nas outras e seguem adiante. Comigo não foi diferente, pisaram em meu pé. Para que se desculpar, se é apenas mais um pé que  estava no caminho de alguém?
        Canso de andar de lá para cá, de cá para lá. Sou notada no meio da multidão sem rosto, sem nome, só com os  desejos natalinos aflorados.  Já havia perdido as esperanças, mas naturalmente a marca que tinha comigo ficou visível aos seus olhos.
         Não foi preciso dizer nada.  Os olhos diziam tudo. Sabíamos que um dia seria assim, num local qualquer, a minha estrela brilharia em cheio em seus olhos, e atraído como um imã você chegaria até mim. Coincidência ou não, aconteceu na véspera de natal. 
          O tempo parou, não tinha mais nenhuma multidão, apenas alguns empurrões por estarmos obstruindo a passagem... Eu, você e os nossos sonhos de dias melhores, sonho de um abraço... E um sonho compartilhado é bem melhor! Para que adiar? Daqui a pouco o Natal passaria e perderíamos a única, a nossa única chance... E não resistimos por mais tempo, nos abraçamos...
           _ Feliz Natal!
           Após aquele caloroso abraço seguimos  apressados e invisíveis  em direção oposta.

                                              Elisabeth Amorim

* imagem da web (apenas ilustrativa)


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Do outro lado do mundo (prosa poética)

*

De repente estava lá, do outro lado do mundo. Aliás, poderia ser do mesmo lado, por que do outro? Conectados, estamos sim, do mesmo lado.  Mas o mapa insiste em colocar-me em sentido oposto,  numa das américas, enquanto vocês...Onde é mesmo que fica Moscou?
Longe, não? Rússia. Continente asiático ou europeu? Ah, para não ter briga, Eurásia! Não é tão longe assim, convivo aqui diariamente com Mikhail Bakhtin numa boa. Ele daí e eu de cá.  O homem das linguagens! Aliás, o intelectual dos gêneros dos discursos. O homem é um ser de linguagens, já dizia o cara! Um fenômeno russo! Aqui fenômeno mesmo, é no futebol, mas não nasci para jogar bola! Só jogo com as palavras.
Está vendo?  A Rússia fica aqui,  cada vez mais bem pertinho de mim. Mesmo porque depois das Confissões de Rousseau os nossos pactos foram firmados. Isso porque me recuso a falar de Leon Tolstoi com a sua “Guerra e Paz”. Estou numa boa, não quero nem ouvir falar de guerra.  A única guerra comentada é essa bacana, que nos faz bem, chamada  “guerra dentro da gente”. É bom colocar as nossas armas para fora, desnudar e ir de encontro as coisas novas. E sinceramente, quando abrir esse blog e vi acessos de leitores russos, tomei as minhas providências. E fico a imaginar... Como essa escrita libertária chega até vocês?  Não precisam responder, não quero ser humilhada!  A não ser que venha em inglês, espanhol ou português, claro! O intelectual aqui não sou eu! É daí a intelectualidade.
Esse texto é apenas para agradecer a participação de leitores russos que estão nos acompanhando do outro lado do mundo. Vou contar um segredinho: Vocês( neste blog) estão “batendo” os Estados Unidos! Que bom que há em um cantinho bem distante do Brasil "alguém e cia"  se divertindo com os meus textos literários. Pena que com Bakhtin não tinha nenhuma diversão.  É teoria linguística e filosofia de primeira qualidade. Ou aprende ou leva bomba na universidade! Ei, não precisam correr! “Bomba” aqui não tem nada a ver com o ataque terrorismo, é apenas força de expressão... digamos uma “reprovação”. Ficou mais claro? Ah, e “bater” não é porrada, mas atingir alto índice de acessos em relação ao outro.
Agora estou eu preocupada com o meu discurso para  russo nenhum botar defeito... Ah, sabe o que acontece? Na dúvida, pergunte a Bakhtin, ele é o intelectual, eu sou apenas uma... uma... sobrevivente desse sistema arbitrário editorial que quer ser respeitada pela literatura descomprometida, livre e leve sem precisar  pagar  para ser lida. Já me notaram em Moscou? Ótimo. Então já fui... Ah, agradeçam a Fiódor  Dostoiévski, afinal ele tinha razão:  " A vida é um paraíso, mas os homens não sabem e não se preocupam em sabê-lo"


Elisabeth Amorim


* imagem da web( Relógio Karanty, Moscou/Rússia)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O Sonho do Papai Noel (conto)


     Finalmente chegou o Natal!  E Papai Noel estava  muito cansado. Corria de um lado para outro durante o dia todo.  Entrega presente aqui e acolá. Não via a hora de esvaziar de vez aquele trenó . Era tanto pedido, era tanta promessa feita às pressas só para ganhar o presente... Mas Papai Noel já conhecia as letras e as promessas  de cada um.  E fazia o possível para atender em tempo. Ufa, só faltava um saco!
     Bem,  esse poderia ficar para depois do cochilo, ninguém é de ferro! E o bom velhinho foi dormir, deixando o último saco com presente ao seu lado.  Com o sono eis o sonho  do bom velhinho...
     _Papai Noel, onde está o meu presente?
Pergunta uma criança que estava debaixo de um viaduto. Pés descalços, roupas velhas e sujas. Olhos grandes e esfomeados. Próximo dela, tinha mais duas outras conservando o mesmo aspecto deplorável. Papai Noel que apenas  tinha parado ali para descansar, não se lembrava de ter recebido nenhuma cartinha com aquele endereço. E para ganhar tempo,  finge uma tranquilidade longe de senti-la, responde com outra pergunta:
     _Seu presente? Você quer  o seu presente?
     De imediato as três crianças se aproximam mais ainda do velhinho, e começam a tagarelar:
     _ Sim,  cadê a minha bola? O senhor trouxe a minha bola?
     _Eu também quero,  Papai Noel! Eu quero uma bola também? E para ela? O senhor trouxe a boneca? Ela quer um bebê bem grande!
     Papai Noel coça a cabeça preocupado: Como não tinha pensando nessas crianças?! E agora?! Mais uma vez tenta escapar com uma saída estratégica:
     _ Crianças! Eu só dou presentes  para quem escreve cartinhas para mim. Vocês escreveram?!!
     As crianças ficam em silêncio e trocam olhares.  Abaixam a cabeça e vão se afastando lentamente, Papai Noel sentia que elas estavam tristes com algumas lágrimas molhando a face.  Fica mal com aquela cena e grita:
     _ Crianças! Crianças! Vocês não me responderam! Era só uma cartinha, vocês escreveram?!
     A mais velha se volta com os olhos desafiadores e diz:
      _ O senhor também não respondeu quando pedimos  uma escola... O senhor respondeu? O senhor respondeu? (...) Era só uma escolinha que precisávamos!
     Papai Noel de um pulo acorda com aquela voz de cobrança aos seus ouvidos. Em cima da sua barriga havia um lindo bebê que precisava ser entregue...   Dessa vez, era ele quem derramava uma lágrima por aquelas crianças que foram negadas o direito à educação.  Olha e vê o único saco cheio de presentes. 
     Saiu correndo para alcançar as crianças acordadas. Desce do seu velho Gol , toca suavemente o rosto de uma criança que estava dormindo debaixo do viaduto e aponta o saco de presentes...   Noite Feliz!


                                                        ELISABETH AMORIM


* imagem apenas ilustrativa  (retirada do G1..globo.com.br, AP foto)

Ps: Por gentileza, se gostou compartilhe! 

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Chegou Dezembro...( mensagem)


Dezembro chegou!
Com  promoções e preocupações
E patinamos nas promessas...
O que comprar? O que desfazer?
A quem pedir perdão?
A quem devo agradecer?
A quem vou presentear? 
Que presente quero receber?
O ano passou tão rapidinho
Que as minhas promessas de mudança
Continuaram à beira do caminho.
Empedraram mais uma vez...
Disse que queria fazer mais amigos
Mas o meu narcisismo afastou  você de mim
Pessoas que não pensam como eu
Logo rotulei de algo ruim.
Disse que queria ser uma pessoa melhor,
Mas alimentei  o meu ego,  dei ouvidos a fofocas.
Julguei e condenei
Com a desculpa que prefiro ficar só...
Oculto  meu coração samaritano
Perdi  a promessa  para o gelo mais uma vez.
Na verdade já virei freguês
Prometer e não cumprir
Dezembro chegou, e daí?
Dessa vez não enganarei meu coração
A você que magoei  ou  ofendi
Mesmo sem nenhuma intenção
Antes que o ano acabe novamente,
Por favor, aceite  com carinho,
Perdão!


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Abraços, 
                          Beth Amorim

foto: Valter Pontes, Shopping Paralela. ( disponível na web)

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Sonhos regados ( mensagem)


Amigos leitores,

Cada um de vocês alimentam sonhos, não é verdade?  O alimento do sonho precisa ser saudável porque os sonhos são como o nosso corpo, não é qualquer coisa que satisfaz, não é qualquer alimento que deve ser ingerido, nem  qualquer roupa que fica bem. É necessário fazer a seleção e priorizar alimentos saudáveis, roupas adequadas conforme a temperatura. Sem essa adequação corremos o risco de irmos à praia com blazer austero e para um velório usando roupa de praia. Temos algumas convenções sociais.
São convenções? Sim.  Os sonhos que alimentamos também passam pelas nossas conveniências. Ou não? Será que sonhamos ganhar na mega sena da virada sem jogar? Será que sonhamos que o “Papai Noel” nos descubra em nossos esconderijos? Será que esperamos vencer obstáculos sem tentar ultrapassá-los, desistindo no meio do caminho?  Os nossos sonhos precisam ser regados. E somos nós os jardineiros dos sonhos, quer vencer na vida? Não espere que a vitória chegue até você batendo à sua porta...Levante-se para recebê-la! Lute para conquistá-la! Estude! Persista! Virão quedas, ficar ou não no caminho dependerá exclusivamente de você. 
O seu sonho deverá ser regado por você. O seu sonho é seu! Você deve alimentá-lo adequadamente todos os dias.  Alimentar  o sonho é fazer com que ele não se perca no caminho. É criar metas, estratégias, e não esquecer de cercá-lo para que ele não seja invadido, roubado e esquartejado. Há ladrões de sonhos da mesma forma que há multiplicadores.  Os ladrões ficam à espreita, na primeira oportunidade eles invadem o seu espaço e roubam os seus sonhos, diminuindo-os, ridicularizando-os. Fazendo com que você se sinta tão pequena quanto a atitude desses ladrões.
Por outro lado, há pessoas que abraçam os sonhos alheios.  Pessoas que se comportam como anjos, estendem a mão, e fazem  daquele “sonhozito” um   sonho gigante.  E o seu sonho ganha outras mentes, outros braços para em conjunto ser realizado.
Deixem pensar que tu és louco(a), deixem pensar que o teu sonho é sem futuro, deixem pensar que tu não irás conseguir vencer. É bom, sabia? Pois quem pensa assim em relação ao seu sonho nada fará para te ajudar e ainda poderá colocar mais obstáculos em teu caminho.  Em silêncio alimente os seus sonhos.  Não precisa gritar para o mundo os teus desejos profundos, fale com Ele. Ele é quem te guardará a tua entrada e a tua saída. Ele velará contigo  os teus sonhos e Ele é capaz de realizá-los.   Esse  “Ele” é DEUS!  Divida-os com Ele e conforme a vontade dEle as sementes plantadas ontem, amanhã lindas flores nascerão.


                                                                                     E. Amorim

sábado, 28 de novembro de 2015

Pássaros Magoados ( poesia)


Somos pássaros feridos,
Magoados,
Órfãos de pai e mãe
De uma  floresta sem árvores,
De jardim sem flores,
De um mundo cão.
Onde quem mais tem
Não paga conta
Quem mais tem
Sonega impostos
Quem mais tem
Não divide o lucro com ninguém.


Somos pássaros magoados
Feridos pela flecha da corrupção.
Nesta mata das queimadas
Falta solidariedade,
Amor  e união
Onde  quem mais tem
Não ajuda os pequeninos pássaros
Quem mais tem...
Quem mais tem...
Quem mais tem...
Sem nenhum pudor
Retira da boca o nosso pão.


                                                                       E. Amorim

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Onde está Papai Noel? ( conto)

Elisabeth Amorim

            Estava chegando o  Natal, eu estava tão feliz com a possibilidade de ganhar a minha boneca que não conseguia nem dormir. Ainda mais que na escola fiz a cartinha para o Papai Noel, não foi a primeira, mas como foi com a ajuda da professora, com certeza ele atenderia, pois minhas cartinhas nunca tiveram respostas.  Dessa vez, comecei a perguntar  onde morava esse tal de Papai Noel que eu não consegui localizá-lo. E não era por falta de tentativas.
          Eu não entendia muito bem  porque quando eu pedi para que a minha professora lesse a minha cartinha ela chorou.  Claro que ela disse que foi um cisco que havia entrado no olho, mas se não havia nenhum vento... Por  que será? Eu disse para ela que não queria aborrecê-la, apenas fiz o meu pedido. Ela não solicitou  que colocássemos no papel os nossos sonhos mais profundos ?
          “ Onde está  você,  Papai Noel? Espero que dessa vez a minha boneca venha mais limpinha e que tenha os dois braços... Eu não tenho nada contra   a minha bonequinha sem braços que ganhei no ano passado. Às vezes duvido da sua existência...Por que só aparecem em minha meia brinquedos quebrados?   Acho que  foi aquela boneca da filha da minha vizinha tinha jogado fora... Eu gostei, juro!  Mas  eu queria uma boneca com os dois braços, porque a outra que ganhei não sei quando , estava  doente também, estava faltando uma perna e tinha apenas um olho. E quem vai cuidar das minhas bonecas doentes? “
          Eu sei que minha mãe  lavadeira, lavou bastante as coitadinhas. Mas elas estavam encardidas e muito arranhadas.  As marcas das minhas bonecas não saiam mais. Acho que  elas se parecem um pouquinho comigo. Também carrego as minhas marcas. Só que estava contando as horas no dedo para chegar à noite. Pois natal era no outro dia!
           Chegou o Natal! Corri para olhar a meia que deixei atrás da porta e continuava vazia.  Acho que não fui uma boa menina, pois nem as bonequinhas aleijadas me restaram esse ano.  Dessa vez o cisco caiu no meu olho...
           Até que ouço alguém falando meu nome. Era uma voz conhecida. Corri e sorri timidamente para a minha professora. Também sorrindo  ainda com aquele maldito cisco no olho!
          _ Não sei o porquê...  acho que o Papai Noel errou o endereço e deixou isso lá em casa... mas tem aqui o seu nome.
          Arregalei os olhos, agarrei o presente. Pela primeira vez tive o prazer de abrir um presente com aquele papel colorido e bonito.  E daquele pacote gigante, tinha uma linda boneca.  Chorei abraçada com a minha boneca, minha linda boneca chegou no Natal. Fiquei tão feliz que abracei a minha professora e nem nos preocupamos em limpar os ciscos que entraram em nossos olhos. Só consegui balbuciar:
          _ Obrigada, eu não disse que esse ano eu teria um feliz natal? Eu disse... Eu não disse, professora? Eu disse. Eu disse. E o seu presente, professora, Papai Noel deixou o seu?

         Dessa vez a minha professora nem  enxugou as lágrimas, disse que já havia ganhando o mais lindo presente do mundo. Não entendi, mas se ela disse, deve ser verdade. Será  que o presente da professora foi melhor que a minha boneca?

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Jesus Cristo ( acróstico)


J ESUS  é o Grande Mestre
E nsina-nos todos os dias
S ua  lição encontramos:
U nião
S olidariedade



C  omunhão
R espeito
I rmandade
S abedoria...
T eu nome reflete
O  AMOR  de DEUS por nós.


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Consciência branca em conflito ( crônica)

                                                                                                       


Recentemente uma jovem negra monologava em voz alta sobre o “Dia da Consciência Negra” e numa das falas ela reclamava de como “os negros querem se aparecer por conta dessa data”, geralmente, segundo ela, “fazendo-se de vítima”.  Em síntese, ela mostrava o absurdo das escolas discutirem “o dia do negro” sendo que assuntos mais importantes ficam sem discussão.
Há uma coisa que a minha práxis pedagógica me ensinou é que num momento de tensão, revolta, nervosismo o melhor caminho é ouvir, deixar que a pessoa fale, desabafe, jogue seu fardo no chão. Porque qualquer opinião contrária, a revolta aumenta e o descontrole é maior. E foi o que fiz, até o momento que a jovem cobra-me uma posição favorável ou contrária a sua defesa. Fiz apenas essa pergunta para reflexão:
_Como você analisa a liberdade dada aos escravos e seus descendentes sob a perspectiva da Lei Áurea, assinada pela Princesa Izabel e como essa liberdade ganha outra conotação sob a ação de Zumbi dos Palmares?
A jovem me olha assombrada, digerindo cada palavra, mas disse que não havia entendido  e pede para repetir a pergunta.  Achei que não adiantava repetir, quando se fecha os olhos diante de tantas informações, não seria dois, três minutos que a convenceria a tirar a venda dos olhos.  Disse simplesmente, que não havia  “dia do negro”, mas o dia para refletir a história de uma pessoa negra que lutou pela liberdade de outros negros e por conta da sua luta pagou com a própria vida.  E nesse dia, pensa-se no cumprimento  dos  direitos humanos, respeito às diferenças, combate ao racismo... Pois, ainda hoje muitos negros  estão morrendo por conta da cor pele, muitos são presos e discriminados também,  por conta da cor da pele. E esse tema( referindo-me aos direitos humanos universais) deve ser uma constante em todas as escolas,  ou não? Indo além, provoco: Veja como nós negros somos maioria...
E a jovem sentindo “quase branca”,  olha-me revoltada e dispara: “_ Sou contra! Sou contra as cotas, sou contra esse carnaval que se faz em torno do negro... Há índios, há brancos! Por que não a Consciência Branca?!  Por que não Consciência Índia? Muitos negros querem fama às nossas custas! Fazem sucesso porque são negros"
Não disse? Quando se tem uma opinião formada não adianta mexer... Vira-se contra  qualquer interventor.  Dessa vez, não quebraria o meu silêncio, não iria rebater aquela provocação. Ela não entendeu  a diferença entre fama e sucesso. A fama todos os dias os big brotheres da vida lançam “famosos”.  Os presídios estão cheios de presos famosos devido o currículo no mundo dos crimes. Na política há famosos pelas falcatruas praticadas. Já sucesso é conquista pessoal. É investimento, por isso duradouro.  Percebi que a jovem não estava falando dos negros em geral, ela estava o tempo inteiro falando de si mesma. Na verdade ela queria quebrar o espelho,  de repente não gostou da boneca quase branca refletida.  O espelho  tira-lhe a máscara, ela  surta e não sabe mais o que fazer com a sua consciência branca em conflito...
         
                                                                                                          E. Amorim









terça-feira, 10 de novembro de 2015

Beleza interior ( mensagem)

                                                                                                                Elisabeth Amorim



             O grande Vinícius de Moraes em sua “Receita de Mulher” inicia “As feias que me perdoem/ Mas beleza é fundamental. É preciso”.  Quero acreditar que ele se referiu a beleza da alma, uma beleza interior, apesar desses versos  e nos demais apontarem o ideal de mulher de forma descritiva nem muito gorda nem muito magra, que tenha nádegas  e que seja perfumada e que as axilas sejam ...  por aí vai nessa viagem poética  pelo corpo feminino.
          Parabenizo o estilo poético de Vinícius, mas quero falar do outro lado da mulher, talvez o não visto pelo poeta, mas, às vezes, percebido pelas  ações, reações, conjunto de valores agregados ao longo da história de cada uma.  Ao analisarmos as conquistas das mulheres diante de tantos  olhares depreciativos, apenas para o corpo, iremos  questionar: Como as mulheres conseguiram chegar tão longe?
          A beleza interior muitas vezes  é refletida apenas  em nossos espelhos.  Diante deles desnudamos a nossa alma. O cansaço, os aborrecimentos, as exclusões, reprovações, as lutas, não diminuem as nossas forças. E isso incluo também a de muitos homens, gays, lésbicas que lutam para conquistar espaços reservados para outros.  Todos e todas  são dotados de beleza interior e de feiura interior. Infelizmente a feiura se faz mais presente, é mais notada em detrimento da beleza.
          É a feiura que nos faz achar que somos superiores  ao nosso irmão, isso por causa de um corpo malhado, uma religião, um cargo político, condição econômica-social... É a feiura que faz com que não dividimos o pão, acumulamos quatro empregos  enquanto o índice de desemprego é assustador no país, para nós, indiferente.   É  com  feiura que aprendemos desde cedo “ primeiro eu, segundo e terceiro,  eu também”. É a nossa feiura que alimenta o nosso egoísmo.  É a feiura que nos faz andarmos pela contramão atropelando quem ousar a seguir o caminho certo.  E com muita feiura  agarramos  crenças, valores,  medos, superstições, seitas e criticamos e atacamos  todas as pessoas que pensam contrário a nós, seja na religião, política ou na filosofia de vida.  Como se quiséssemos um mundo de pessoas feias como nós. Sem um minuto para a reflexão: Se todos fossem como eu como seria o mundo?
               Por outro lado,  velhos(as) com as rugas fazendo pregas no rosto, com os olhos cansados, sem a vitalidade propagada e almejada pelos poetas, não entramos  mais na estatística da “receita de mulher/homem”. Notamos que a  sabedoria é intocável.  A beleza física é passageira.   Às vezes na própria juventude ela se esvai, basta uma doença como um câncer de pele, um maltrato, uma violência, um acidente grave...  O que fica? Beleza  sim, é fundamental. Mas a beleza interior,  essa é para sábios.
            A beleza interior nos faz diferentes diante dos nossos espelhos.  Guardamos em nós a sensação de dever cumprido devido  a prática de uma boa ação.  Aquele sintoma de bem estar, feliz com a vida, sem propagação no facebook,  porque é no silêncio que mostramos o quanto somos humanos e solidários. Mesmo com as tribulações  não há murmuração, pois a vitória chegará, é essa certeza de recompensa alimentam-nos.   Façamos a nossa  receita de vida saudável. Uma receita de como viver com dignidade ou melhor, como viver em paz conosco e com o nosso entorno.
           Quando aprendermos e praticarmos  essa receita, construiremos um  mundo melhor.  E com certeza,  mesmo quando estivermos com 200 kg e pele toda enrugada pela ação do tempo  ao olharmos no espelho,  enxergaremos em nós  o grande Hércules  ou uma linda sereia. Porque uma vida digna nos deixa mais leve e a nossa beleza interior exterioriza-se.
          Ah, se  todos  fossem como eu como seria o mundo? Essa pergunta eu passo para você diante do  espelho... Espero que possa se orgulhar da sua resposta.



sábado, 7 de novembro de 2015

Chuva de estrelas cadentes ( conto)

        Elisabeth Amorim
*
   

      
           Eu era tão pequenina , mas  ouvindo as histórias de gente grande passei a acreditar em Papai Noel, fadas, Gatas Borralheiras...Não entendia porque em minha chaminé nenhum Papai Noel tinha ficado entalado e  a minha abóbora  à meia-noite, continuava do mesmo  jeito. O máximo que conseguia transformá-la era numa massa pastosa e mal cheirosa.
                No entanto os sonhos não morrem jamais. E naquela noite eu sentia que algo mágico iria acontecer comigo. Eu notaria a estrela cadente. Assim, ao vê-la poderia pedir a realização  daquele sonho escondido lá no fundo da memória, mesmo assim, o brilho da estrela iria ser tão intenso que chegaria até ele... Acreditei. E passo a olhar para o céu, da minha janela nada de novo acontecia.  Olhava, era madrugada, a casa em silêncio dormia. Enquanto do meu local observava cada estrela piscando para mim, só piscava, mas todas preguiçosas não queriam sair do lugar para que meu sonho se realizasse.
              Pensava.  Nem no Natal?  Natal os sonhos se realizam, ou não?  Mas as estrelas não sabiam que era  noite de Natal. Limpo uma lágrima teimosa, desistindo de ficar naquele posto de observação. E resolvo fechar a janela. Fazer o quê?  A fantasia infantil estava chegando ao fim.
              E como se as estrelas  tivessem combinado, uma constelação passa a dançar  em minha frente.  As estrelas em festa mudam  de um local para outro,  como se o céu resolvesse me presentear com uma chuva de estrelas cadentes. Não sabia se ria ou se chorava.  Fiquei extasiada com aquele espetáculo mágico apresentado especialmente para mim.  As estrelas fizeram uma festa para mim.
             Meu sonho?! Diante da grandeza daquele espetáculo ele se agigantou, as estrelas me iluminaram.  É bom ser  amada pelas estrelas do céu.  E se você não conseguiu ainda notar a estrela cadente, nem se preocupe,  o natal está chegando... a sua estrela virá em festa te encontrar.  Ela brilhará em você. E os seus sonhos serão do tamanho da sua vontade de potência e do seu querer... 

                          * imagem da web, apenas ilustrativa. 


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Filha da noite (poesia)

Elisabeth Amorim

*

Gritos e soluços cortam o silêncio,
Rasgam a noite ao meio
Opressores e oprimidas.
Arranhões, mordidas  e açoites.
Resistência e dor
A voz protesta,
Um apelo mudo,
Surdo.
Murmuro,  sussurro,  em silêncio...
Grito.


Grito.
Ecoa entre as paredes nuas
Do quartinho da senzala.
Posse.
Gestação.
Violência.
Discriminação.
Sou filha da noite!
Dos desejos dos coronéis.
 Carne.


Carne.
Ó canibais! Saciaram a fome
Naquelas mulheres  sem nome
De uma servil escravidão.
Um passado que ficou lá trás.
Sou filha da noite!
Do capricho e vergonha
Do grito que cortou muitas madrugadas.
De coito e açoite.
Açoite.

Conquistei o meu lugar
Tenho grande valor
Quem rosa me traz
É o meu amor.
Com ele vou me deitar.
Se isso lhe apraz,
Dele sou.


Sou,
(Psiu! Não confunda!)
Muito mais que peito e...
Bunda.



                                          (20 de novembro, Consciência Negra) 

*Quadro de mulher africana, disponível na web. Texto originado da imagem, é o que chamamos de Literatura desmontada, pois a literatura se multiplica a partir de um texto( verbal ou não-verbal), outros  surgem.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Pretinha como Carvão (cordel)

*

Seu nome era Aninha
Nascida na linda Bahia
Uma bela garotinha
Sentia uma  imensa alegria
Mas em seu nome, que situação!
Arranjaram um “Pretinha como carvão”.


Ela se sentia contemplada
Tinha beleza e simpatia
Ser preta e abençoada
Naquela terra da magia
 Mostrava-se uma indignação
  Sorria  triste do  “Pretinha como carvão”.


Muito ouviu  aquele mote
Mas a  garotinha  nunca o abraçou
Sempre havia um rapazote
Que  ria do apelido  que pegou.
Daquela  disfarçada discriminação
_Sou eu?!  A  Pretinha como carvão.


_Pretinha como carvão!
Venha cá, por favor!
Você sabe, não é preconceito, não
Eu nem tão branquinho sou...
Você se incomoda com essa situação?
Ser uma negra pretinha como carvão?


_ Seu moço, por favor,
Agrida-me se assim o desejar
Você carregue o seu andor
Porém, por que não aprende a respeitar?
E na sua consciência ao por a mão...
Olhe  a  sutil discriminação.


Ana Bahia da Consolação
Ensina para todos nós
Que muita discriminação
Aparece sutilmente nos anzóis
Não seja isca, não!
Aprenda mais essa lição.

                                     
                                                            Elisabeth Amorim


* DINA GOMES, Menina negra (imagem apenas ilustrativa, disponível na web, caso o autor não aprove, retiramos imediatamente)


20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Narrador* ( poesia)

Elisabeth Amorim






Benjamin veio me avisar
O narrador está morrendo
Igual a Nikolai Leskov não há
O que estão escrevendo?
Narrativa clássica, onde você está?!
A narração está se perdendo.

Leskov  sim, é um grande narrador
Seus textos não precisam de explicação
Ele é sábio, mestre, magistral, conhecedor
Sinto a  sabedoria  em extinção
Se quiser presenciar um momento constrangedor
Mande um grupo relatar uma narração.

Narrador tem origem popular
Seja  o marinheiro comerciante ou o camponês sedentário
Tinha sempre algo bonito para contar
E cumpria com maestria o itinerário
E na roda de amigos  as aventuras narrar
As histórias com toque poético do imaginário...

A grande "arte de narrar"
Definhando, definhando, morrendo...
Leskov, Nodier, Hebel... venham nos salvar
Vejam como estamos vivendo,
Precisamos da narrativa preservar
Para termos histórias para contar.


 “Tudo está a serviço da informação”
O romance também é culpado
Pela morte da narração
O fato vivido não é mais comunicado
Que triste situação!
 Walter Benjamin deixou esse recado.




                        * Texto desmontado do ensaio “O Narrador”,  de Walter Benjamin. 
      DESMONTAR para divulgar, aproximar, informar, promover a leitura em outro gênero, e claro, preservar a autoria do texto original.





sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Único amor (conto)

Elisabeth Amorim

*

Talvez você nem se lembre mais de mim... pensava  Índia, olhando tristemente um pequeno broche que trazia muito bem guardado  na sua caixinha de jóias preciosas.  E volta às lembranças daquele passado tão distante, porém  presente na sua vida...
Estava chovendo forte, não tinha nenhuma vontade de sair daquela cama, ainda mais que estava vivendo aquela doce aventura de inverno. Encontrou  João Lucas, e foi amor à primeira vista. Tinha tudo para dar certo, mas o medo de sofrer foi maior do que o de ser feliz...  Olha para João e sorri satisfeita. Ele retribui, mas  os olhos tristes, Índia logo interroga:
_O que foi, meu amor? Por que essa carinha triste?
João Lucas para  por alguns segundos antes de respondê-la:
_ Você está se esquecendo que hoje é a nossa última noite?
Índia sorri. Como poderia se esquecer olhando constantemente para o relógio? Ela sabia que as férias tinham prazo de validade,  e do outro lado do mundo outra vida a esperava. Não queria pensar naquilo, pois a  deixava triste. Disfarçava as lágrimas e disse:
_ Não me esqueci.  Mas já conversamos sobre isso. Foi bom, mas temos a nossa vida que não é exatamente aqui...Você também está tão envolvido quanto eu  com o seu mundo fora daqui. ( sorri nervosa, passando a mão pelos  longos cabelos)
_Sei.  Mas será que você não poderia remarcar a sua passagem para mais um dia? E se eu for depois atrás de você? Posso jogar tudo para o alto e tentar viver lá, quem sabe...
_Não! Não vamos precipitar as coisas.  E a sua vida? E os seus negócios?  Seus filhos?  E a sua ex- mulher é muito atuante em sua vida... Você sabe do que estou falando, sua vida está confusa...
João Lucas coça a cabeça, visivelmente nervoso. Ele sabia que Índia tinha razão.  A sua vida estava atada a muitos nós, porém e etc.  Não seria tão fácil assim resolvê-la  fugindo das responsabilidades . Mesmo assim, insiste:
_ Eu estou disposto a correr todos os riscos por você!  Não vá! Fique comigo, esqueça o que deixou do outro lado dessa porta! Fique comigo e a farei feliz...
 Lágrimas traiçoeiras ameaçavam, Índia sabia que ele faria mesmo. Sabia que aquele homem era uma espécie rara. Capaz de acordá-la com um beijo pelo simples prazer de vê-la sorri.  Aquele momento era mágico, ele queria uma decisão e ela não sabia o que fazer, simplesmente disse:
_ Desculpe-me, mas não posso, você sabe que eu não posso!
João Lucas soca a própria mão.  Sabia o quanto Índia estava sendo sincera.  Com certeza o filho dela não iria aceitar aquela relação. Da mesma forma que seus filhos também não aceitaram. Ele tentou falar com ela  que filhos são como flechas lançadas para o mundo, e nada que ela fizesse poderia modificar a trajetória deles após  o lançamento,  adultos, cada qual seguirá a própria vida. E a  chantagem emocional do passado  cairá por terra, restará apenas a solidão.
Índia volta ao presente, seca as lágrimas, guarda carinhosamente aquele presente comprado num camelô qualquer.  E diz para si mesma.
_ Meu amor, meu único amor. Você tinha razão...
Apaga a luz e volta sozinha para cama.



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* imagem da internet, apenas ilustrativa, caso você saiba autoria, avise-nos que daremos os créditos. 

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim