quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Do outro lado do mundo (prosa poética)

*

De repente estava lá, do outro lado do mundo. Aliás, poderia ser do mesmo lado, por que do outro? Conectados, estamos sim, do mesmo lado.  Mas o mapa insiste em colocar-me em sentido oposto,  numa das américas, enquanto vocês...Onde é mesmo que fica Moscou?
Longe, não? Rússia. Continente asiático ou europeu? Ah, para não ter briga, Eurásia! Não é tão longe assim, convivo aqui diariamente com Mikhail Bakhtin numa boa. Ele daí e eu de cá.  O homem das linguagens! Aliás, o intelectual dos gêneros dos discursos. O homem é um ser de linguagens, já dizia o cara! Um fenômeno russo! Aqui fenômeno mesmo, é no futebol, mas não nasci para jogar bola! Só jogo com as palavras.
Está vendo?  A Rússia fica aqui,  cada vez mais bem pertinho de mim. Mesmo porque depois das Confissões de Rousseau os nossos pactos foram firmados. Isso porque me recuso a falar de Leon Tolstoi com a sua “Guerra e Paz”. Estou numa boa, não quero nem ouvir falar de guerra.  A única guerra comentada é essa bacana, que nos faz bem, chamada  “guerra dentro da gente”. É bom colocar as nossas armas para fora, desnudar e ir de encontro as coisas novas. E sinceramente, quando abrir esse blog e vi acessos de leitores russos, tomei as minhas providências. E fico a imaginar... Como essa escrita libertária chega até vocês?  Não precisam responder, não quero ser humilhada!  A não ser que venha em inglês, espanhol ou português, claro! O intelectual aqui não sou eu! É daí a intelectualidade.
Esse texto é apenas para agradecer a participação de leitores russos que estão nos acompanhando do outro lado do mundo. Vou contar um segredinho: Vocês( neste blog) estão “batendo” os Estados Unidos! Que bom que há em um cantinho bem distante do Brasil "alguém e cia"  se divertindo com os meus textos literários. Pena que com Bakhtin não tinha nenhuma diversão.  É teoria linguística e filosofia de primeira qualidade. Ou aprende ou leva bomba na universidade! Ei, não precisam correr! “Bomba” aqui não tem nada a ver com o ataque terrorismo, é apenas força de expressão... digamos uma “reprovação”. Ficou mais claro? Ah, e “bater” não é porrada, mas atingir alto índice de acessos em relação ao outro.
Agora estou eu preocupada com o meu discurso para  russo nenhum botar defeito... Ah, sabe o que acontece? Na dúvida, pergunte a Bakhtin, ele é o intelectual, eu sou apenas uma... uma... sobrevivente desse sistema arbitrário editorial que quer ser respeitada pela literatura descomprometida, livre e leve sem precisar  pagar  para ser lida. Já me notaram em Moscou? Ótimo. Então já fui... Ah, agradeçam a Fiódor  Dostoiévski, afinal ele tinha razão:  " A vida é um paraíso, mas os homens não sabem e não se preocupam em sabê-lo"


Elisabeth Amorim


* imagem da web( Relógio Karanty, Moscou/Rússia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim