Ir para a capital do Brasil e não visitar o Congresso
Nacional e o Senado Federal parece que falta alguma coisa. Nada mais que justo buscar uma empresa de
turismo para guiar-me, como o transporte
sairia em dez minutos, tive que correr e pagar sem ler o manual de instrução. Após efetuar o pagamento de 50 reais (um preço salgado, não?) pelo veículo condutor , usar um pulseirinha
amarela, descubro que o tour era apenas uma vista panorâmica e a
distância, pois o transporte ficaria apenas 10 minutos na Praça dos Três
Poderes, mais outra paradinha de dez minutos na Catedral e por fim mais nova parada no Palácio da Alvorada. E pelo tempo não poderia entrar em nenhum salão. E agora, gastei meu dinheiro e o que vou postar no meu facebook? Quebrei o cofrinho de moedas para fazer minha viagem e não ter foto para exibir? Isso não vale, passeio de verdade tem que ter muitas fotos nas redes sociais.
Acho que nem a
Mulher Maravilha daria conta de cumprir esse tempo, mas fazer o quê?
Espichar os olhos até as vistas alcançarem e o tempo esgotar, e pensando "Adeus meus cinquenta reais... vou sentir uma falta danada de ti." O jeito
foi depois de duas horas de passeio PANORÂMICO pela linda capital do Brasil, preparar o
bolso, para finalmente conhecer de fato e de direito o Congresso Nacional. E foi uma das experiências mais acertadas, pois dessa vez não quis saber de
buscar nenhuma agência de turismo, para essas visitinhas rápidas.
Veja a dica importante para você que não conhece, aos sábados, domingos e feriados as roupas informais como shorts, bermudas,
minissaias, camisetas são liberadas, já que os nossos representantes não
trabalham nesses dias. Estranho, não?
Seguindo esse raciocínio, deveria ser liberado a informalidade todos os
dias... Deixe para lá, Congresso Nacional lá vou eu!
Na entrada um detector de metais, deixo passar bolsa, relógio, celular, no entanto
o detector não desiste de me acusar, barrando a minha entrada. Restava retirar o cinto, olho
suplicante para o guarda, e ele me entendeu de imediato, e percebe que o “ bip” era para o cinto. Não
poderia deixar minha bermuda cair, já pensando na minha crônica, não fui obrigada a retirar o cinto. Ainda bem, mas que daria uma crônica legal, com certeza daria. No entanto, uma das moças da entrada, olha-me simpática e diz:
- Se for o cinto mesmo, senhora, o guarda irá saber!
Eu estou de férias! Saio do zoológico e rumo para o Congresso, no meu bolso caberia o quê? Vou desarmada para os locais, a única coisa afiada que carrego sempre comigo é a inteligência. Eis a crônica!
Após as boas-vindas, recebemos um cartão postal para homenagear um
ente querido, com um detalhe: “ - Esse cartão basta preenchê-lo com
dados do destinatário que o Congresso
Nacional enviará. E você não terá nenhum custo”. Policiei a minha língua, não a mente: " O Congresso Nacional paga as despesas de quem?" Claro,
o nosso pagamento é outro, mas isso isso não foi falado, nem quero
entrar nessa questão, afinal estou querendo desfrutar minha visita. Mais o tempo inteiro esbarro com as palavras, fazer o quê? Sou a mulher das letras... Aliás, pretendo ser.
(Senado Federal)
Os visitantes formam grupos, e guias os
conduzem para os diferentes locais do
Congresso Nacional, a visitação começa pelo Salão Nobre com um breve filme
sobre o Congresso Nacional e a partir
daí a caminhada nas dependências
que dura aproximadamente uma hora a uma hora e vinte, a depender das inferências
dos visitantes. Percorrendo
aqueles espaços tão nosso e ao
mesmo tempo estupidamente distantes de todos nós, cidadãos e cidadãs
brasileiras comuns que elegemos representantes para desfrutarem daquele espaço tão requintado: Salão Nobre, Salão
Negro, Salão Verde, Praça das Bandeiras. Túnel do Tempo e muitas obras de artes, na sua maioria
presentes dos artistas foram alvos dos nossos olhares atentos.
Tanto luxo, muitas peças raras, mas sempre há aquelas obras que chamam a atenção de olhares como o meu, por terem valor
simbólico maior que o econômico: Um anjo no centro de um daqueles salões, para mim, todos nobres, crucifixo na parede central das bancadas do plenário e uma
Bíblia gigante na mesa do Presidente da Câmara. São três obras que realmente chamaram a minha atenção. E ao ser questionado o porquê das
representações religiosas cristãs naqueles respectivos locais, já que o ecletismo religioso se faz presente
na Câmara dos Deputados e Senado Federal. E a guia explica que por conta da convenção "foram colocados lá, e quem seria o ministro ou senador que pediria para retirá-los?
Naturalmente, ele compraria uma briga ferrenha com os cristãos...” Mais um
detalhe: toda seção se inicia com a
leitura de um versículo da Bíblia ou
menção a Palavra de Deus, por conta também da convenção estabelecida e não pela fé do
presidente da mesa que comanda a sessão. Nunca devemos usar o nome de Deus em vão, mas parece que lá no Congresso não conhecem esse mandamento. Que coisa!
(Praça das Bandeiras
Bancada dos Ministros)
O passeio vale a pena, se você visitar Brasília não deixe de
visitar o Congresso Nacional, além de ser uma visita agradável, dispõe de guias
preparados e o melhor, um dos poucos lugares em Brasília que você não paga para
entrar... porque se você pretende conhecer um pouco da história de JK, o presidente que fundou Brasília, o local
ideal é o memorial, pago, certo? Ah, se
a sua opção é contato direto com a natureza, recomendo o zoológico, mas lá
também o bicho pega!
(Gabinete do Presidente do Senado)
E. Amorim
Ps: fotos: Elisabeth Amorim/ Marcos Amorim