domingo, 15 de janeiro de 2017

Cercas ou pontes? ( mensagem)

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         Se perguntar para qualquer fazendeiro o que é mais importante, a  construção de pontes ou cercas? Provavelmente ele optará pelas cercas.  Mesmo porque ele não gostaria que os seus animais fugissem, as plantações fossem invadidas,  sua fazenda fosse roubada... Pergunte agora para aquele indivíduo que vive ilhado, no seu cantinho e depende de um bote, uma canoa para fazer a travessia.  Aquele que precisa diariamente remar contra as correntezas para conseguir o pão de cada dia, assistência média, educação, acho que para ele a ponte seria mais útil.

           Amigos leitores,  infelizmente estamos vivendo numa sociedade murada, cercada de grades, telas, aparelhos tecnológicos e cada vez mais nos distanciamos uns dos outros.  Pode parecer bobagem, mas o mundo está vivendo sob forte tensão.  A qualquer momento a explosão acontece.  Não! Não sou pessimista, nem estou anunciando o final,  mas torço para o recomeço de uma nova era, onde   as diferentes religiões e as políticas  se respeitem. Brancos, negros e índios possam gozar dos mesmos direitos,  ricos e pobres  concorram  de igual modo em qualquer concurso público. O que temos construído a nossa volta, pontes ou cercas?
          Estamos sim, cada vez mais construindo cercas. Cerca da ignorância quando compactuamos com  a corrupção, ela fica de lá e eu de cá. Contanto que não mexa no meu salário, na minha empresa, na minha aposentadoria, nos meus benefícios, nos meus investimentos, nos meus imóveis...           Não deveria ser assim, problema social  é de todos. Cerca da falsidade, quando  delatamos  o  amigo, porque almejamos o cargo por ele ocupado. Cercas da conveniência , maledicência,  inveja...  quando não arrancamos a erva daninha que brota no nosso  jardim, nosso jardim, amigos, é o nosso coração. E as ervas daninhas são todos os sentimentos negativos que alimentamos.   Cercas que construímos sem atentarmos para elas.   Você já parou para refletir sobre aqueles que estão do outro lado não por opção,  mas pela falta de acesso?


          Realmente, quantas pessoas estão à margem e não podem atravessar? Logo, aparece um para questionar: “Quem mandou não aprender a nadar?” Será que não falta uma ponte para essas pessoas?  Será que para nadar não vai precisar de alguém que o ensine ou no mínimo o retire da água para não afoga-lo?  Muitos de nós, em nosso local de conforto, em nossas casas muradas, não enxergamos  quem passa do outro lado do muro ou quem se afogou de novo numa travessia que não escolheu.
         Que as nossas cercas sejam bênçãos para nós e para outros que estão do lado oposto. Que elas possam nos proteger das fúrias dos inimigos, porém  que das brechas possamos enxergar  os que precisam tão pouco.   Que todos os muros da ignorância sejam derrubados para que as pontes da solidariedade se levantem.  Pois cercas e pontes são fundamentais para os humanos,  o problema  é que cada vez mais acontece a desumanização do homem, e assim o homem-bicho  invade fronteiras,  derruba cercas, pontes, muros e  dissemina  o vírus da ganância.

           Enfim, a  ganância é como um saco sem fundo, quanto mais o ganancioso retira o pão, a saúde, educação dos lares de pequeninos, acha pouco, e passa a retirar os sonhos, a liberdade,  a vida.
                                     
                                                                  Elisabeth Amorim


* imagens da web

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