Se perguntar para qualquer fazendeiro o que é mais
importante, a construção de pontes ou
cercas? Provavelmente ele optará pelas cercas.
Mesmo porque ele não gostaria que os seus animais fugissem, as plantações
fossem invadidas, sua fazenda fosse
roubada... Pergunte agora para aquele indivíduo que vive ilhado, no seu
cantinho e depende de um bote, uma canoa para fazer a travessia. Aquele que precisa diariamente remar contra
as correntezas para conseguir o pão de cada dia, assistência média, educação, acho
que para ele a ponte seria mais útil.
Amigos leitores, infelizmente estamos vivendo numa sociedade
murada, cercada de grades, telas, aparelhos tecnológicos e cada vez mais nos
distanciamos uns dos outros. Pode
parecer bobagem, mas o mundo está vivendo sob forte tensão. A qualquer momento a explosão acontece. Não! Não sou pessimista, nem estou anunciando
o final, mas torço para o recomeço de
uma nova era, onde as diferentes
religiões e as políticas se respeitem. Brancos,
negros e índios possam gozar dos mesmos direitos, ricos e pobres
concorram de igual modo em qualquer
concurso público. O que temos construído a nossa volta, pontes ou cercas?
Estamos sim, cada vez mais construindo cercas. Cerca da
ignorância quando compactuamos com a
corrupção, ela fica de lá e eu de cá. Contanto que não mexa no meu salário, na
minha empresa, na minha aposentadoria, nos meus benefícios, nos meus
investimentos, nos meus imóveis... Não deveria ser assim, problema social é de todos. Cerca da falsidade, quando delatamos o amigo,
porque almejamos o cargo por ele ocupado. Cercas da conveniência ,
maledicência, inveja... quando não arrancamos a erva daninha que
brota no nosso jardim, nosso jardim,
amigos, é o nosso coração. E as ervas daninhas são todos os sentimentos negativos
que alimentamos. Cercas que construímos
sem atentarmos para elas. Você já parou para refletir sobre aqueles que
estão do outro lado não por opção, mas
pela falta de acesso?
Realmente, quantas pessoas estão à margem e não podem
atravessar? Logo, aparece um para questionar: “Quem mandou não aprender a
nadar?” Será que não falta uma ponte para essas pessoas? Será que para nadar não vai precisar de alguém
que o ensine ou no mínimo o retire da água para não afoga-lo? Muitos de nós, em nosso local de conforto, em
nossas casas muradas, não enxergamos quem
passa do outro lado do muro ou quem se afogou de novo numa travessia que não
escolheu.
Que as nossas cercas sejam bênçãos para nós e para outros
que estão do lado oposto. Que elas possam nos proteger das fúrias dos inimigos,
porém que das brechas possamos enxergar os que precisam tão pouco. Que todos os muros da ignorância sejam
derrubados para que as pontes da solidariedade se levantem. Pois cercas e pontes são fundamentais para os
humanos, o problema é que cada vez mais acontece a desumanização
do homem, e assim o homem-bicho invade
fronteiras, derruba cercas, pontes,
muros e dissemina o vírus da ganância.
Enfim, a ganância é como um saco sem fundo, quanto mais
o ganancioso retira o pão, a saúde, educação dos lares de pequeninos, acha
pouco, e passa a retirar os sonhos, a liberdade, a vida.
Elisabeth Amorim
* imagens da web
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