terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O silêncio quebrado ( conto)

                   
                  De repente  percebi que ele não estava mais me procurando. Uma, duas , três semanas, meses,  sem nenhum telefonema, uma mensagem. O que é o amor sem a troca mútua, uma cumplicidade doída, mas que faz um bem danado. E aquele silêncio estava me incomodando.
                  Mas a ausência vai tomando todos os espaços que já havia tanto tempo sem notícias que nem sei mais onde morava a tal saudade. Mas, onde será que ele guardara todo o amor que havia me prometido? Onde escondera toda a paixão que jurava sentir por mim?
                Não posso ficar esperando que ele me procure, afinal foi eu quem pedi um tempo, achei que aquele amor me sufocava, agora percebo  que é a falta de amor que  sufoca.  Vou buscá-lo de volta para os meus braços, não deixarei mais esquecer nenhuma promessa. Farei a minha presença indispensável que impossível será  partir novamente.  Jamais pedirei um tempo novamente. Tempo é muito cruel, acelerou veloz  e eu  nem percebi...
                Primeiro tentei pelo número do celular, não deu certo, uma voz feminina e irritada me atendeu, dizer o quê? Desliguei imediatamente.   Percebi  também que ele não estava mais usando as redes sociais, telefonema básico para o local de trabalho também não deu certo, um estagiário novato não conhecia ninguém com aquele nome.
               Bem, só me restou uma saída. Não pensei muito para não perder a coragem. Joguei  a bagagem  no carro e partir. Cinco horas depois, estou como uma adolescente, apertando a campainha da casa do meu amor. Mil coisas passavam pela mente, como seria esse nosso encontro? Quanto tempo?  Confesso, estava nervosa.  A minha espera não demorou muito, a porta se abre e dou de cara com a sua ex-mulher. Não poderia recuar,  depois daquela  viagem iria até o final:
               -Boa tarde! Por favor, gostaria de  falar com João... somos amigos.
              A mulher sorriu  sem graça e respondeu:
             -Amigos?!  Não, acho que você nunca foi amiga de João...  Agora ele não poderá falar contigo.
              -Como? Por favor,  eu preciso falar com ele, será uma conversa breve, nem se preocupe.
            -Já disse, ele não falará contigo!
             -Mas...por favor...pela nossa amizade...
              - Se você fosse amiga, saberia que ele morreu há três meses. Amigos não perdem tempo.
              Fecha silenciosamente a porta em minha cara.

                                                               Elisabeth Amorim


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