De repente percebi que ele não estava mais me
procurando. Uma, duas , três semanas, meses, sem nenhum telefonema, uma mensagem. O que é o
amor sem a troca mútua, uma cumplicidade doída, mas que faz um bem
danado. E aquele silêncio estava me incomodando.
Mas a ausência vai tomando todos os espaços que já havia
tanto tempo sem notícias que nem sei mais onde morava a tal saudade. Mas, onde
será que ele guardara todo o amor que havia me prometido? Onde escondera toda a
paixão que jurava sentir por mim?
Não posso ficar esperando que ele me procure, afinal foi eu
quem pedi um tempo, achei que aquele amor me sufocava, agora percebo que é a falta de amor que sufoca. Vou buscá-lo de volta para os meus braços, não deixarei
mais esquecer nenhuma promessa. Farei a minha presença indispensável que
impossível será partir novamente. Jamais pedirei um tempo novamente. Tempo é
muito cruel, acelerou veloz e eu nem percebi...
Primeiro tentei pelo número do celular, não deu certo, uma
voz feminina e irritada me atendeu, dizer o quê? Desliguei imediatamente. Percebi também que ele não estava mais usando as redes
sociais, telefonema básico para o local de trabalho também não deu certo, um
estagiário novato não conhecia ninguém com aquele nome.
Bem, só me restou uma saída. Não pensei muito para não
perder a coragem. Joguei a bagagem no carro e partir. Cinco horas depois, estou
como uma adolescente, apertando a campainha da casa do meu amor. Mil coisas
passavam pela mente, como seria esse nosso encontro? Quanto tempo? Confesso, estava nervosa. A minha espera não demorou muito, a porta se
abre e dou de cara com a sua ex-mulher. Não poderia recuar, depois daquela viagem iria até o final:
-Boa tarde! Por favor, gostaria de falar com João... somos amigos.
A mulher sorriu sem
graça e respondeu:
-Amigos?! Não, acho que você nunca foi amiga de João... Agora ele não poderá falar contigo.
-Como? Por favor, eu
preciso falar com ele, será uma conversa breve, nem se preocupe.
-Já disse, ele não falará contigo!
-Mas...por favor...pela nossa amizade...
- Se você fosse amiga, saberia que ele morreu há três meses. Amigos não perdem tempo.
Fecha silenciosamente a porta em minha cara.
Elisabeth Amorim
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