terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A escritora Elisabeth Amorim no Congresso Nacional (crônica)

                                           
                             
         
 Ir para a capital do Brasil e não visitar o Congresso Nacional  e o Senado Federal  parece que falta alguma coisa.  Nada mais que justo buscar uma empresa de turismo  para guiar-me, como o transporte sairia em dez minutos, tive que correr e pagar sem ler o manual de instrução.  Após efetuar o pagamento de 50 reais (um preço salgado, não?) pelo  veículo condutor ,  usar um pulseirinha amarela,  descubro que  o tour era apenas uma vista panorâmica e a distância, pois o transporte ficaria apenas 10 minutos na Praça dos Três Poderes, mais outra paradinha de dez minutos na Catedral e  por fim mais nova parada no Palácio da Alvorada.  E pelo tempo não poderia entrar em nenhum salão. E agora, gastei meu dinheiro e o que vou postar no meu facebook? Quebrei o cofrinho de moedas para fazer minha viagem  e não ter foto para exibir?  Isso não vale, passeio de verdade tem que ter muitas fotos nas redes sociais. 

                                                    
                                                           

           


 Acho que nem a Mulher Maravilha daria conta de cumprir esse tempo, mas fazer o quê?  Espichar os olhos até as vistas alcançarem e o tempo esgotar, e pensando "Adeus meus cinquenta reais... vou sentir uma falta danada de ti." O jeito foi depois de duas horas de passeio PANORÂMICO pela linda capital do Brasil, preparar o bolso, para finalmente conhecer de fato e de direito o Congresso Nacional.  E foi uma das experiências mais  acertadas, pois dessa vez não quis saber de buscar nenhuma agência de turismo, para essas visitinhas rápidas. 
Veja a dica importante para você que não conhece,  aos sábados, domingos e feriados  as roupas informais como shorts, bermudas, minissaias, camisetas são liberadas, já que os nossos representantes não trabalham nesses dias. Estranho, não?  Seguindo esse raciocínio, deveria ser liberado a informalidade todos os dias... Deixe para lá, Congresso Nacional lá vou eu!

                            


          Na entrada um detector de metais,  deixo passar bolsa, relógio, celular, no entanto o detector não desiste de me acusar, barrando a minha entrada. Restava retirar o cinto,  olho suplicante para o guarda, e ele me entendeu de imediato, e  percebe que o “ bip” era para o cinto. Não poderia deixar minha bermuda cair,  já pensando na minha crônica,  não fui obrigada a retirar o cinto. Ainda bem, mas que daria uma crônica legal, com certeza daria. No entanto, uma das moças da entrada, olha-me simpática e diz:
                - Se for o cinto mesmo, senhora,  o guarda irá saber!
Eu estou de férias! Saio do zoológico e rumo para o Congresso, no meu bolso caberia o quê? Vou desarmada para os locais, a única coisa afiada que carrego sempre comigo é a inteligência. Eis a crônica!

          Após as boas-vindas,  recebemos um cartão postal para homenagear um ente querido, com um detalhe: “ - Esse cartão basta preenchê-lo  com  dados do destinatário que o Congresso  Nacional enviará. E você não terá nenhum custo”.  Policiei a minha língua, não a mente: " O Congresso Nacional  paga as despesas de quem?" Claro,  o nosso pagamento é outro, mas isso isso não foi falado, nem quero entrar nessa questão, afinal estou querendo desfrutar minha visita. Mais o tempo inteiro esbarro com as palavras, fazer o quê? Sou a mulher das letras... Aliás, pretendo ser. 

                                                                  
(Senado Federal)

           Os visitantes formam grupos, e  guias  os conduzem  para os diferentes locais do Congresso Nacional, a visitação começa pelo Salão Nobre com um breve filme sobre o Congresso Nacional e  a partir daí   a caminhada nas dependências que dura aproximadamente   uma hora  a uma hora e  vinte, a depender das inferências dos visitantes.   Percorrendo  aqueles espaços tão nosso  e ao mesmo tempo estupidamente distantes de todos nós, cidadãos e cidadãs brasileiras comuns que elegemos  representantes para desfrutarem daquele espaço tão requintado:   Salão Nobre, Salão Negro, Salão Verde, Praça das Bandeiras. Túnel do Tempo e muitas obras de artes, na sua maioria presentes dos artistas foram alvos dos nossos olhares  atentos.  Tanto luxo, muitas peças raras, mas sempre há aquelas obras que chamam a atenção de olhares como o meu, por terem  valor simbólico maior que o econômico:  Um anjo no centro de um daqueles salões, para mim, todos nobres,   crucifixo na parede central das bancadas  do plenário e uma  Bíblia gigante na mesa do Presidente da Câmara. São três obras que realmente chamaram a minha atenção.  E ao ser questionado o porquê das



 representações religiosas cristãs naqueles respectivos locais, já que o ecletismo religioso se faz presente na Câmara dos Deputados e Senado Federal.  E a guia explica que por conta da convenção "foram colocados lá, e quem seria o ministro ou senador que pediria para retirá-los? Naturalmente, ele compraria uma briga ferrenha com os cristãos...” Mais um detalhe: toda seção  se inicia com a leitura de um versículo  da Bíblia ou menção a Palavra de Deus, por conta também da convenção estabelecida e não pela fé do presidente da mesa que comanda a sessão. Nunca devemos usar o nome de Deus em vão, mas parece que lá no Congresso não conhecem esse mandamento. Que coisa!
                                                                                     
                                   
(Praça das Bandeiras
 Bancada dos Ministros)


           O passeio vale a pena, se você visitar Brasília não deixe de visitar o Congresso Nacional, além de ser uma visita agradável, dispõe de guias preparados e o melhor, um dos poucos lugares em Brasília que você não paga para entrar... porque se você pretende conhecer um pouco da história de JK, o presidente que fundou Brasília,  o local ideal é o memorial,  pago, certo? Ah, se a sua opção é contato direto com a natureza, recomendo o zoológico, mas lá também o bicho pega! 

(Gabinete do Presidente do Senado)



                                                                       E.  Amorim

Ps: fotos: Elisabeth Amorim/ Marcos Amorim




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim