Sem essa de coitadinha, frágil,
delicada... Mulher é sim, uma criatura bem forte. Acredito que a força e a determinação residem
nas mulheres, independente da cor, religião ou condição social. Em todas as épocas as mulheres silenciosamente ou silenciadas brigaram para o não apagamento
da espécie. Uma briga desleal, injusta
onde forças físicas contrárias se enfrentavam. E para serem mulheres notáveis que muitas hoje
são, houve muitos arrombamentos de portas.
E não quero falar das ondas feministas,
perseguições, sufrágio... de uma
época, quando tão atual as violências se repetem de diferentes formas. Mas, direcionar esses rabiscos para as arrombadoras
de portas, como as mulheres que ousaram a
penetrar num território que era tipicamente masculino,
pelo menos assim era visto o mundo literário.
Escrever não era uma tarefa destinada àquelas que tinham que aprender
bordar, cozinhar, tocar piano, cuidar das prendas domésticas e afastadas
do espaço público. Citar nomes, talvez, seria
até uma injustiça porque sabemos daqueles nomes que de alguma forma, as universidades abraçaram as pesquisas. E as outras que não tiveram esse abraço? Continuam seus textos nos velhos baús ou nas
teias das redes sociais.
Que a mulher escreve desde o período em que a escrita era apenas
acessível ao homem livre, clero, isso é
fato. Não foi por acaso que muitas mulheres
por conta dos “rabiscos” , foram
trancafiadas, amordaçadas, como loucas para não subverterem a ordem
social. Mulheres tiveram que aceitar (
provisoriamente) a “Vida Maria” do
sistema, onde leitura não fazia parte
das prendas domésticas.
Imaginem a batalha travada, o percurso percorrido pelas primeiras
mulheres que ousaram publicar seus textos? Elas arrombaram as portas! Até
hoje é muito difícil encontrar a porta aberta para quem inova e subverte a ordem. Por
isso que é bem mais fácil e cômodo viver
na mediocridade, mesmice. Porque viver
acima da mediocridade é preciso se
destacar na multidão, e a mulher que se destaca é cassada...
Resta-nos repetir aquele grito saindo das entranhas de
Simone de Beauvoir “Não se nasce
mulher, torna-se!”
Torna-se mulher para lavar as
louças sujas do almoço, janta e café da manhã ?
Torna-se mulher para cuidar da
casa, esposo, e das crianças, enfrentar as batalhas duplas de trabalho, nos
espaços privado e público?
Torna-se mulher para satisfazer o seu parceiro na
cama, mesmo quando a satisfação pessoal
é para o segundo plano?
Torna-se mulher para arrombar as
portas que estão trancadas para ela?
E se
por ventura o espaço conquistado com muito suor e lágrimas for ameaçado? E se passarem
a rasteira querendo o lugar da mulher?
Torna-se mulher ... sempre.
Levante-se! Às vezes, arrasada pelo tombo levado... mas segue
adiante em busca de outras portas para serem novamente arrombadas, porque a participação da mulher na literatura não tem
corrupção que apague.
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