Era uma vez uma
menina simples, morava numa casa simples, pertencia uma família simples, mas
chocou seus pais quando decidiu conversar com as palavras. Todo tempo livre daquela garota, ela se dedicava a dar um novo sentido aquela
vida simples através das palavras.
E não é que essa atitude da menina incomodou o seu irmão? De
repente ele enviou um monte de palavras feias para sua caixa de mensagens. A menina não fazia mal a ninguém, como podia
ser agredida por gostar de conversar com as palavras? As pessoas não a entendiam, mas as palavras, sim.
Então a menina tomou
uma decisão. Cada palavra feia que
recebia, dava um banho, para em seguida colocá-la no varal para secá-la. Para essa atividade, ela pediu ao seu irmão para segurar a vasilha cheia de palavras feias...
O irmão da menina ficou muito constrangido ao segurar tantas
palavras feias, sendo que a primeira foi ele quem a colocou ali. Inabalável, a menina continuava a lavar palavras, sempre conversando com elas
e pendurá-las no varal.
O inesperável aconteceu! Veio um vento forte e palavras feias iam se transformando em palavras bonitas e
espalhadas ao vento.
E não é que algumas palavras da
menina simples voaram, voaram e voaram? Algumas palavras bonitas caíram em locais montanhosos, como não havia ninguém
para recolhê-las elas se perderam entre as
pedras. Outras palavras bonitas caíram no mar... molhadas foram
carregadas pelas ondas e se desmancharam devido a fragilidade do papel. Mas outras palavras bonitas foram além das
montanhas e mares e caíram em Moscou.
As palavras bonitas que escaparam do varal da menina simples
dançaram e cantaram em Moscou. Rodopiavam
toda a Rússia de um canto a outro. Palavras bonitas são mágicas, iam contagiando moradores onde elas caíam. Tanto os mais ricos aos mais pobres abraçavam as palavras bonitas e vida ficava mais feliz.
E a menininha? Ela ficou
no Brasil a espera de novos ventos fortes... e continuou os banhos nas palavras feias... Agora com um incentivo a mais, pois em
conversa particular com as palavras
INVEJA e ÓDIO que seriam transformadas em DETERMINAÇÃO e LUZ , ela
sabia que as duas iam muito além. E do
jeito que determinação age de braços
dados com a luz, não seria surpresa se ela pousasse no meio do Teatro Bolshoi iluminando a todos, só para matar de vez a
inveja de ódio ou vice-versa.
Elisabeth Amorim.
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