domingo, 15 de maio de 2016

Palavras ao vento...

               

         Era uma vez  uma menina simples, morava numa casa simples, pertencia uma família simples, mas chocou seus pais quando  decidiu  conversar com as palavras.  Todo tempo livre daquela garota,  ela se dedicava a dar um novo sentido aquela vida simples através das palavras.
E não é que essa atitude da menina incomodou o seu irmão? De repente ele enviou um monte de palavras feias para sua caixa de mensagens.  A menina não fazia mal a ninguém, como podia ser agredida por gostar de conversar com as palavras?  As pessoas não a entendiam, mas as palavras, sim.
        Então a menina tomou uma decisão.  Cada palavra feia que recebia,  dava um banho, para em seguida  colocá-la no varal para secá-la.  Para essa atividade, ela  pediu ao seu irmão para segurar a vasilha  cheia de palavras feias... 
O irmão da menina ficou muito constrangido ao segurar tantas palavras feias, sendo que a primeira foi ele quem a colocou ali.  Inabalável, a menina continuava a lavar  palavras, sempre conversando com elas  e pendurá-las  no varal.  
O inesperável aconteceu! Veio um vento forte e palavras feias  iam se transformando em palavras bonitas e espalhadas ao vento.
     E não é que algumas palavras da menina simples voaram, voaram e voaram? Algumas palavras bonitas caíram  em locais montanhosos, como não havia ninguém para recolhê-las elas se perderam entre as  pedras. Outras palavras bonitas caíram no mar... molhadas foram carregadas pelas ondas e se desmancharam devido a fragilidade do papel.  Mas outras palavras bonitas foram além das montanhas e mares e caíram  em Moscou.
      As palavras bonitas que escaparam do varal da menina simples dançaram e cantaram em Moscou.  Rodopiavam toda a Rússia de um canto a outro. Palavras  bonitas são mágicas, iam contagiando moradores onde elas caíam. Tanto os mais ricos aos mais pobres abraçavam  as palavras bonitas e vida ficava mais feliz.
E a menininha?  Ela ficou no Brasil a espera de novos ventos fortes...  e continuou os banhos nas palavras feias...  Agora com um incentivo a mais, pois em conversa particular com as palavras  INVEJA  e  ÓDIO  que  seriam transformadas em DETERMINAÇÃO e  LUZ , ela sabia que  as duas iam muito além.  E   do jeito  que determinação age de braços dados com a luz, não seria surpresa se ela pousasse no meio do Teatro Bolshoi  iluminando a todos, só para matar de vez a inveja  de ódio ou vice-versa.
                                                  Elisabeth Amorim.

                                      

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