quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Baiana do Acarajé ( Série Mulher Baiana 1.5)*

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Seu nome era Carmen. Poderia ser Rita, Maria, Ana, Quitéria, Patrícia, Elisabete, Joana ou Dulce como tantas outras mulheres que nasceram na Bahia.   Mãe, mulher, tia, irmã, prima, filha, amiga, vizinha, professora,  aluna como outra qualquer, tantos status sociais desempenhados  mas seus fregueses  só enxergavam   como “Baiana do Acarajé”. Por quê? Carmen além dos tantos papéis assumidos para  aumentar a renda familiar tornara vendedora de acarajé lá na Praia do Forte, em Mata do São João, na Bahia.
 No início Carmem estranhava o apelido  pois não ouvia alguém chamar  o turista  de  “ Pernambucano do Chapéu”  nem muito menos “ Carioca do  sapato”  ou   “ Paulista dos bolinhos de chuva”, “Sergipana  da torta de morango”  mas para ela o reforço tinha que acompanhar.  E a cada pedido de um freguês  que ignora as placas porque não gosta de fazer leituras... ela sempre atenta,  ouvia:
 _“Baiana, qual o preço do acarajé?”
 Com um belo sorriso, Carmen respondia apontando a tabela de preços gigante na barraca:
_Bom dia! Eu sou Carmen e  o acarajé  custa sete reais sem camarão e  com camarão você pagará oito reais.
E diante de tantos “Ô Baiana!” Carmen se rendeu.  Não adiantava colocar a placa de “ Carmen do Acarajé” porque os clientes só liam  substituindo o nome próprio, aquele do batismo que provavelmente os pais  dela sentaram para escolher,  pelo  adjetivo pátrio, nesse caso,   renomeado.  Muitos nem imaginavam que Carmen recebera esse nome em homenagem a uma grande mulher que levou o nome da Bahia para o mundo.  Uma mulher portuguesa, isso mesmo,  uma estrangeira que se apaixonou pela cultura baiana.
No dia 8 de Março, marcado pelo Dia  Internacional da Mulher, um grupo de estudantes de Ensino Médio foi entrevista-la.  Afinal a linda vendedora de acarajé  é  uma representação da Bahia.  Ela divulga  a  comida típica, roupa, charme  e a  cultura do lugar.  A entrevista fora marcada  na casa dela e ao encontrá-la  sem o tabuleiro, mas com um lindo turbante azul,  um dos estudantes pergunta:
_Ô Baiana! Ô Baiana com turbante azul,  como é seu nome?
***

E Carmen sorri e responde com muito orgulho:
_ Sou Carmen Miranda.
Um estudante olha para o outro como se nada entendesse. Não queria  dizer que achava que a “Carmen  Miranda da Cunha, nascida em Portugal em 1909   teria falecido no Rio de Janeiro em 1955...” E para não se comprometer com uma pergunta indiscreta diz:
_ Beleza, beleza.  Mas por favor,  Dona Carmen...  Nós sabemos o quanto a sua imagem é  usada no mundo todo. Todos nós, baianos, agradecemos o papel que a senhora faz enaltecendo a cultura do nosso estado. E falar de mulher que  faz a diferença na Bahia , o seu nome é o primeiro... Esse “ Carmen”  é o seu apelido, não é? Agora diga para gente o seu nome verdadeiro:
Com uma gargalhada Carmen responde:
_ Ah, meu nome é Baiana do Acarajé.
E os estudantes falam em coro:
_Na Bahia tem mulher arretada!


                                                           Elisabeth  Amorim

*  Homenagem às mulheres que representam bem a Bahia fora do nosso estado.
                    8 de Março é o Dia Internacional da Mulher...BAIANA

** Miranda, Baiana do acarajé. ( tela em óleo disponível na WEB)
*** Lina Miota, Baiana com turbante azul ( tela em óleo disponível na WEB)

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