sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Anjo da Manhã ( conto)




Hortelã era o seu nome e o seu sabor também. Uma linda jovem que vivia a encantar seus amigos. Risonha e extrovertida onde chegava tornava-se o alvo das atenções. A sua beleza e simpatia agradavam.  Por ter sempre uma palavra de incentivo no início do dia, logo recebeu o apelido de Anjo da Manhã.


O que os amigos não sabiam que a vida de Hortelã nunca fora fácil. Já começou pela infância com o bullying por conta do nome. Ao aceitá-lo, as violências mudam de lado.  Era a beleza, a inteligência, o bom humor, situação financeira... enfim, era o simples fato de existir. Atualmente as agressões vinham das duas colegas, companheiras do apartamento em que moravam.  Como nada tirava o bom humor de Hortelã, as amigas passaram a agredi-la verbalmente. Mil defeitos eram atribuídos a Hortelã.  E a convivência cada vez mais difícil. As colegas sujavam, faziam barulho... e todas as pendências eram resolvidas por Hortelã. Cansada, em silêncio resolve procurar outro apartamento, dessa vez disposta a assumir as despesas. Para isso, cada centavo era economizado. 


Mais um motivo para as piadas acontecerem. Pois como as colegas não guardavam dinheiro, era sempre Hortelã arcando com as despesas extras.  Roupas da jovem eram usadas sem permissão. Ela só percebia a  falta no momento em que precisava e não encontrava ... Nem isso tirava o seu bom humor.


No entanto,  o intuito das colegas era irritá-la, para que ela perdesse o apelido. Mariana resolve se insinuar para o namorado de Hortelã. E enquanto Matias Fabrine a esperava, a colega tentava de tudo para roubar a atenção. Até que um dia, Hortelã encontra os dois trocando beijos... Fim do romance e início de outro.


Ficara triste, mas segue adiante. Decide apressar a saída do apartamento, pois não dava mais. Encontrara outro apartamento menor, mas aconchegante. Na hora da mudança encontra com Matias Fabrine  no elevador. E sobem juntos.  Ele totalmente sem jeito e ela tranquila. Não consegue sentir raiva nem amor por Matias, apenas indiferença.


O apartamento estava aberto, enquanto as duas jovens gargalhavam e comemoravam a saída de Hortelã.   Revelam o que fizeram:  


_ Fiquei com o babaca do Matias... Ufa, até que enfim, ela vai embora. Já achava que aquela criatura era anjo mesmo... Agora que ela vai embora, tenho que arranjar um jeito de dispensar o Matias Fabrine...


_Sabe que eu já estava também pensando que Hortelã era anjo? Nós aprontamos tanto e ela nunca revidou... 


Matias e Hortelã se olham indignados. Matias sai às pressas. E Hortelã vai atrás. Encontra-o no jardim. E passa a dizer  palavras de incentivo. Pois ele descobrira  quem era a Mariana antes de se casarem... E Hortelã passa a mostrar todo o lado positivo da  situação.

Eles se abraçam no jardim. E por um instante, Matias Fabrine sente-se  confortado por  um anjo. E renovado, levanta-se. 


_Meu Deus! Você é um anjo de verdade... E volta a abraçá-la.


Hortelã nada diz, apenas sorrir. Levanta-se, joga um beijo e some na noite escura.


 Enquanto no jardim uma linda pena com cheiro de hortelã pousou na mão de Matias Fabrine.  Extasiado, ele olha para o céu e  vê  a mais linda estrela cadente.  


            Elisabeth Amorim


Ps: imagens da WEB 

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