Ultimamente o país está mergulhado
num mar de lama e com a força das ondas a sujeira respinga
para todos os lados. E a sensação é que não sobra ninguém sem se contaminar desse vírus chamado corrupção. No caos instaurado os amigos tornaram-se inimigos, uns
denunciando aos outros, e a vida dos políticos se tornou um verdadeiro "big brother", até quando? O fala aqui, desmente ali, grava
acolá. Vale a pergunta já musicalizada há muito tempo: "Que país é esse?"
Não é possível assistir a um jornal
por mais de dez minutos sem se irritar com essas cenas deploráveis de delações
premiadas, denúncias e mais denúncias contra os políticos e grandes empresas
que pagavam propinas para serem beneficiadas. Nada disso me espanta, quando não
se leva educação a sério. Sinto dizer, mas ser corrupto, desonesto é falha grosseira de conduta moral, não há outro
discurso, falha na educação. Educar para vida é exercitar a ética, o
respeito, bom senso e esses primeiros passos vem de casa. O que vejo? O
que construo? Quem é o meu mestre?
Eu sendo mãe, pai, educador ou
educadora não posso naturalizar a desonestidade no próprio lar, não posso achar
“bonitinho” comprar uma caneta para meu filho e ele voltar da escola com dez
canetas diferentes sem justificar a origem. Tenho que estranhar, buscar explicações, investigar, sabe por quê?
Hoje é algo pequeno, amanhã ele chegará com uma carga inteira de um caminhão de
canetas. E aí, também é normal? Não
posso achar normal passar a perna no
outro para ocupar o lugar, delatar um comparsa para se dar bem, furar
uma fila, fazer algo feio para se
beneficiar. Talvez, por pensar assim, serei vista como careta e morrerei
financeiramente pobre. Que me importa?
Não quero falar de política, porque o assunto é desgastante, mas de ética, a política já tem um montão de bons cronistas, eu
faço apenas alguns rabiscos, não sou boa em nada, nem multiplicar o meu salário eu aprendi...
No entanto não tem como ficar estática diante de algumas cenas ridículas. Recentemente,
ouvindo alguns discursos sobre delações, prisões, renúncias e cia, passei a observar como esses discursos são
mutáveis. Só que o fanatismo de alguns membros por
determinado candidato chega a ser cômico, está o mundo desabando sobre a
cabeça do político bilionário, mas o discurso é o mesmo:
mentira da oposição! Para uns o discurso é valido, as denúncias são verdadeiras e para outros o mesmo discurso não serve? A balança não pode pender para um dos lados, ela precisa ser imparcial. Corrupção é premeditada, articulada, fruto de muita ganância e para tal não há "coitadinho".
E quando a oposição torna-se
situação, como justificar? O antes de chegar ao poder já chegou, e agora?
Agora as delações continuam e mais graves, tudo registrado, filmado. E as pedras não param. Ser telhado é bem melhor do que ser pedra, sabe por quê? O
telhado está no alto, ninguém chuta um telhado, mas pedra não, pedra está
sempre no meio do caminho. E eu não
posso mudar o discurso quando já enchi as mãos de pedras para jogar em telhados
alheios, ou posso? Sinto como é difícil manter-me
no alto e inabalável por muito tempo com tantas pedradas em minha direção.
Ninguém sustenta uma máscara por
muito tempo. Minto, “O Homem da Máscara de Ferro”, de Alexandre Dumas conseguiu essa proeza, não por opção, claro. Se meu filho que não ganhou nenhum prêmio extra ficar
milionário em poucos meses de trabalho, no mínimo vou querer saber de que forma
ele conseguiu transformar um salário de trabalhador honesto no Brasil em
milhões de dólares. Ele terá que se explicar ou me passar a receita,
porque ganhar propina milionária não é para qualquer um... esse é o meu guri, parabéns, filhão! Que bom que você foi morar em Brasília!
E. Amorim
*Palácio da Alvorada/ Brasília - DF
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