segunda-feira, 29 de maio de 2017

Basta um! ( mensagem)

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Às vezes achamos que a quantidade é que faz a diferença, seja nas curtidas nas redes sociais, nos comentários, nas relações de amizades,  no final do dia o resultado da somatória para muitos faz a diferença.  Fizemos isso, aquilo, corremos para lá e para cá, lemos, ensinamos, aprendemos como se tivesse uma sequência lógica as ações. De repente, as ordens mudam,  aprendemos sem ler nada escrito, apenas nas entrelinhas, no olhar, no toque, porque para nós o importante não é a soma de um mais um, porém, muitas coisas não se explicam, nem precisa da operação somatória, basta um.
Basta uma pessoa começar a fazer a diferença que todo o seu entorno vai sendo modificado lentamente. Inicialmente, esse um poderá não ser entendido, poderá ser discriminando, mas com o tempo esse um se firma e afirma no seu local de atuação. E muitos outros  também se levantam para o bem comum. 
Não precisamos de vários heróis, basta um. Cristo foi e continua sendo o  grande herói da humanidade pela sua  história de luta e coragem. Defender uma ideia para o  bem da humanidade não é nada fácil, nem todos pensam nos outros e quem pensa, poderá ser punido.  Jesus Cristo não deixou nada escrito, não teve facebook com milhares de curtidas, nem blogs, não precisou somar os amigos, pois para ser amigo de Cristo teria de “negar a si mesmo e segui-lo”. Será que o mundo de hoje pessoas estão dispostas a tal sacrifício? O nome dele é constantemente lembrado em diferentes situações, mas seus atos são copiados? Basta um ato de amor para que a mudança ocorra.
Basta um, sabia? Um político honesto para corrigir esse país. Um país melhor para que possamos viver em paz, sem o bicho do desemprego rondando algumas portas, com uma assistência médica equilibrada. Basta um equilíbrio nessa balança tão injusta com os pesos  desiguais, onde negros, pobres, mulheres, nordestinos, índios, gays são violentados constantemente. “Sou mulher, quero respeito!” isso só não basta, porque querer é diferente de ter. Ter nesse país não é conjugado no presente do indicativo, porque eu e tu nem sempre temos...   Nós nem sempre temos o respeito que queremos.
Basta um se levantar para a fila inteira acompanhá-lo para começar vaiar ou aplaudir. Basta um para abraçar ou repelir. Basta um para fazer a diferença, e a vida segue o seu curso. Não espere que o número um seja seu vizinho, amigo ou seu pai.  Faça você mesmo a sua parte, seja o primeiro a protestar, gritar, criticar, elogiar, vaiar, aplaudir, repudiar, transformar ... a vida é sua, se você não fizer nada para deixá-la mais produtiva as horas passarão do mesmo jeito. Mas quando você faz algo importante, a sua existência é mais significativa para alguém e para si mesmo. Eu? Presente!

                                     
                                         Elisabeth Amorim

*escritora E. Amorim em Brasília, 2017.

sábado, 27 de maio de 2017

Laranja Falante ( conto desmontado)

                             


Naquele pomar público tinha uma laranjeira que chamava atenção.  Diferente das demais árvores frutíferas, a laranjeira era a mais visitada, mesmo carregada de espinhos, os transeuntes não conseguiam ficar longe daqueles saborosos frutos. As pessoas usavam o pomar para as caminhadas diárias, as laranjas gostavam de ser úteis.
  Em período de São João cada morador almejava levar um cesto de laranjas para casa, mas pensando no bem comum, uma lei foi criada para preservação do pomar: poderiam desfrutar de qualquer fruta, mas era proibido levar para casa.  Ninguém sabia que uma laranja daquele pomar nasceu diferente, ela conversava com a sua mãe laranjeira,  mãe e filha dialogavam e se entendiam muito bem a língua das laranjas. E a Laranja falante já ouviu tanta coisa podre...
A Laranja sapeca como sua mãe costumava chamá-la estava inquieta, pois  com a proximidade das festas juninas,  pessoas "fora da lei" apareciam e descumpriam o escrito.   Laranja Falante percebeu a presença de intrusos no pomar, e de imediato ela dá o alerta para sua mãe Laranjeira:
- Mamãe, está percebendo aqueles homens de gravatas andando por aqui?
- Sim, filhinha! O que será que eles querem? Não vieram fazer caminhada, pois olhe para as roupas inadequadas...
- Não sei... Mas vou ficar atenta para saber quem são...
- Fique mesmo.  Não se mostre muito, pois toda vez que vem levar meus filhos eu escondo você entre os espinhos... Se te levarem, com que conversarei?
- Tomarei cuidado,  mamãe.
E os homens se aproximaram da laranjeira, olha aqui e olha acolá. E de repente um fala:
- Dizem que  as laranjas desse pé são as mais saborosas do mundo... O povo  da região faz questão de parar aqui para saboreá-la.
E o outro homem de gravata, responde sorrindo:
- Já pensou essa laranjeira no nosso congresso?  As visitas iriam triplicar... e nós seríamos beneficiados.
- Então vamos arrancá-la daqui.  Agora será nossa a laranjeira mais doce do mundo. Deve ser verdade, mesmo... não fica uma laranja nela, todos querem prová-la.
_Companheiros, essa laranjeira é do povo! Não podemos arrancá-la.
- Bem está vendo que o nosso companheiro calouro não sabe que do povo somos representantes legítimos... se é do povo é nosso!
- Quando esse pomar tiver vazio, iremos mandar arrancar essa laranjeira.  Ela tem que ser nossa... Vamos deixar escurecer... agora vamos saindo para ninguém desconfiar da gente.
Os homens de gravata saíram, Laranjeira e Laranja Falante ficaram preocupadas.  O quê fazer? Não tinha  jeito, esperar anoitecer para ser transportada... Agora os furtos seriam apenas daqueles homens.
 Assim que os homens saíram, com menos de trinta minutos um deles volta sozinho. E aproxima-se de Laranjeira e diz:
-Eles pensam que sou besta? Não vou deixar escurecer. Já dei ordem para fechar o pomar para visitação e agora essa laranjeira será só minha. Vou levar para minha fazenda.
Laranjeira e Laranja Falante ficaram apavoradas. Ir para o congresso era uma coisa, porque  lá era um local público, mas ir para a fazenda de um deles... era demais. Laranjeira disse para sua filha:
-Filha, agora é hora de agir!  Mostre o quanto você é sapeca...
Laranja Falante que estava escondida, começa a se balançar na frente do homem de gravata. Na hora ele agarrou-a e começou a descascá-la, finalmente iria comprovar se a laranja era doce mesmo. Só que Laranja Falante antes dele terminar a sua ação, escapuliu da mão e saiu rolando...  O homem de gravata só de pensar no lucro que teria com aquela laranjeira ficou maluco correndo atrás da laranja ladeira abaixo, que para ele a fruta tinha  pernas, braços, olhos. Quanto mais ele tentava correr, mas Laranja Falante desaparecia dançando no meio do pomar... E nessa corrida o homem de gravata se choca com outro companheiro de gravata que teve a mesma ideia que ele.
Entre Insultos, delações, brigas e murros  nem perceberam que anoiteceu e novos homens de gravatas chegaram. Alguns disfarçados com máscaras, provavelmente com ideias mirabolantes   para se apropriarem indevidamente da laranjeira.  Enquanto o bate-boca e acusações continuam, Laranja Falante dá uma volta no pomar e retorna para perto da sua mãe:
-Mãe, quem são aqueles homens? Por que brigam tanto para ficar conosco?
A mãe sorrindo responde:
-Filha, não é por causa da gente que eles brigam. Mas do lucro que proporcionaremos a eles.
-E agora, o que faremos? Se eles arrancarem a gente daqui...  
-Apodreceremos nas mãos deles, minha filha. Apodreceremos. 
-Mamãe, podres não serviremos para nada...eles vão nos matar?
-Filha, um bem público ao se tornar privado ilegalmente, perde a serventia e já está morto.. 






Aprendendo a voar ( mensagem)


Em tempos difíceis não fique olhando para os problemas como se as horas não passassem e você tivesse que ficar cara a cara com os obstáculos. O que fazer quando as portas estão bem fechadas?   Ganhe as alturas, o céu é todo seu.
Crises todos nós passamos, mergulhar e abraçar os problemas são opções de vida.  Tem momentos que  tudo parece não andar, quando você precisa correr. Mas os pés pesados não saem do lugar, mesmo quando tentam lhe jogar para frente e você cai.  Ficar prostrado se lamentando o empurrão ou levantar-se firmar os pés no chão? Fazemos escolhas  todos os dias desde o amanhecer. Elas nos levarão para caminhos diferentes, largos ou estreitos, agradáveis ou não.
É tão fácil culpar alguém pelos próprios fracassos; um pé que impediu o avanço, uma avaliação equivocada provocou a queda, um discurso qualquer, tudo externo poderá causar a derrubada, menos olhar para si mesmo.
Pode ser duro, mas há  desejos que nunca serão realizados. Há sonhos que jamais passarão disso. E há portas que jamais se abrirão. Insistir em vê-las abertas torna-se a espera mais dolorosa. E são momentos assim que aprendemos a valorizar a vida que temos. Mesmo na dor observamos as nuvens carregadas, mas impotentes, em processo contínuo de renovação. Renove-se a cada manhã.
Se olharmos para o alto o que enxergamos?  Só  nuvens? Discretamente uma lua tenta aparecer, mas o tempo se fecha, impede a sua presença  real.  Não desanime, ela está apenas escondida, talvez igualzinha a você.   É o momento de aprender a voar, sair do meio dos problemas, ultrapassá-los. Quando aprendemos a voar, não agarramos a nenhum obstáculo, você simplesmente vai desfazendo da carga extra, para ficar mais leve e conseguir o equilíbrio necessário, o peso ideal para ganhar o infinito.
Só ganha as alturas quem é corajoso, desapega  e desfaz das pedras lançadas em sua direção,  quando sentir-se vazio, livre de pesos desnecessários, voe!  Muitos tentarão te acertar com  novas  pedras, mas elas  não te alcançarão. O prazer de voar não te fará voltar seus olhos para coisas menores .  Em outra dimensão poderá entender o porquê   de cada coisa, mas guardar  na  memória apenas o que nos alegra. O mundo é seu, dê um giro e seja feliz,

                                            Elisabeth Amorim





quarta-feira, 24 de maio de 2017

Mudança de discurso (crônica)


                                          

Ultimamente o país está mergulhado num mar de  lama e com a  força das ondas a sujeira respinga para todos os lados. E  a sensação é que não sobra ninguém sem se contaminar desse vírus chamado corrupção. No caos instaurado  os amigos tornaram-se inimigos, uns denunciando aos outros, e a vida dos políticos se tornou um verdadeiro "big brother",  até quando? O fala aqui, desmente ali, grava acolá.  Vale a pergunta já musicalizada há muito tempo: "Que país é esse?" 
Não é possível assistir a um jornal por mais de dez minutos sem se irritar com essas cenas deploráveis de delações premiadas, denúncias e mais denúncias contra os políticos e grandes empresas que pagavam propinas para serem beneficiadas. Nada disso me espanta, quando não se leva educação a sério.  Sinto dizer, mas ser corrupto, desonesto é falha grosseira de conduta moral, não há outro discurso,  falha na educação.  Educar para vida é exercitar a ética, o respeito, bom senso e esses primeiros passos vem de casa. O que vejo? O que  construo? Quem é o meu mestre?
Eu sendo mãe, pai, educador ou educadora não posso naturalizar a desonestidade no próprio lar, não posso achar “bonitinho” comprar uma caneta para meu filho e ele voltar da escola com dez canetas diferentes sem justificar a origem. Tenho que estranhar, buscar explicações, investigar, sabe por quê? Hoje é algo pequeno, amanhã ele chegará com uma carga inteira de um caminhão de canetas. E aí, também é normal?  Não posso achar normal passar a perna no  outro para ocupar o lugar, delatar um comparsa para se dar bem,  furar uma fila, fazer algo feio para  se beneficiar. Talvez, por pensar assim, serei vista como careta e morrerei financeiramente pobre.  Que me importa?
Não quero falar de política, porque o assunto é desgastante, mas de ética, a política  já tem um montão de bons cronistas, eu faço apenas alguns rabiscos, não sou boa em nada, nem multiplicar o meu salário eu aprendi... No entanto não tem como ficar estática diante de algumas cenas ridículas. Recentemente, ouvindo alguns discursos sobre delações, prisões, renúncias e cia,  passei a observar como esses discursos são mutáveis. Só que o fanatismo de alguns membros por determinado candidato chega a ser cômico, está o mundo desabando sobre a cabeça do político bilionário,  mas o discurso é o mesmo: mentira da oposição! Para uns o discurso é valido, as denúncias são verdadeiras e para outros o mesmo discurso não serve? A balança não pode pender para um dos lados, ela precisa ser imparcial. Corrupção é premeditada, articulada, fruto de muita ganância e para tal não há "coitadinho".
E quando a oposição torna-se situação, como justificar? O antes de chegar ao poder  já chegou, e agora? Agora as delações continuam e mais graves, tudo registrado, filmado. E as pedras não param. Ser telhado é bem melhor do que ser pedra, sabe por quê? O telhado está no alto, ninguém chuta um telhado, mas pedra não, pedra está sempre no meio do caminho.  E eu não posso mudar o discurso quando já enchi as mãos de pedras para jogar em telhados alheios, ou posso? Sinto como é difícil manter-me no alto e inabalável por muito tempo com tantas pedradas em minha direção. 

Ninguém sustenta uma máscara por muito tempo. Minto, “O Homem da Máscara de Ferro”, de Alexandre Dumas conseguiu essa proeza, não por opção, claro. Se meu filho que não ganhou nenhum prêmio extra ficar milionário em poucos meses de trabalho, no mínimo vou querer saber de que forma ele conseguiu transformar um salário de trabalhador honesto no Brasil em milhões de dólares. Ele terá que se explicar ou me passar a receita,  porque ganhar propina milionária não é para qualquer um... esse é o meu guri, parabéns, filhão! Que bom que você foi morar em Brasília!


                                                       E. Amorim

*Palácio da Alvorada/ Brasília - DF

domingo, 14 de maio de 2017

Desmontagem do conto "Pixaim" de Cristiane Sobral

                               
Desmontar um texto é multiplicá-lo, fazer com que ele passe por diferentes mutações, passando de uma série para outra sem perder o vínculo com o texto de origem nem com a literatura.  Apropriando da força de poder da literatura a semiosis defendida por Roland Barthes, a professora de literatura Elisabeth Amorim se apropria da teoria e a pratica em sala de aula na disciplina linguagens, códigos e suas tecnologias e o resultado é sempre surpreendente.
Dessa vez foi utilizado o conto “Pixaim” de Cristiane Sobral com os estudantes de 3ª. série do Ensino Médio ( AM e BM) e o primeiro passo foi a leitura e discussão, após essa etapa as desmontagens aconteceram. Em equipe os estudantes receberam as propostas para que escolhessem recontar o texto através de carta, bilhete, cartaz, cartum, música, poesia, encenação, resumo crítico ...  E os resultados estão aqui, exclusividade do nosso Toque Poético :
 

Produção 1:  “Arrependimento de mãe ( Soneto)

Filha,  hoje me arrependo
Por todo mal que te fiz
Só agora entendo
Que os alisantes não te faziam feliz.

Hoje vivo chorando
Pois percebo a sua dor,
Como te deixei infeliz!
Negando a sua cor.

Não era para ser assim
Desculpe-me pelo que fiz
Com o precioso pixaim.

Te  amo  do jeito que és
Com o pixaim ou não
Você mora no meu coração.
Equipe mãe”
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Produção 2: Charge
    

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Produção 3: Bilhete
“Pixaim,
Me desculpe, fui muito injusta em dizer que você tinha alisar o seu cabelo. Pois você  tem todo o direito de fazer o que quiser com ele. Porque o seu cabelo não define o que você é.
Um abraço
Vizinha.”
(Equipe Vizinha)      ________________________________________
Produção 4:  Carta
Colégio Estadual Lauro Farani, maio, 2017
“Olá mamãe,
Estou escrevendo esta carta para lhe contar como realmente foi minha infância. Não ser aceita por conta das minhas diferenças e não estar dentro do padrão que a  sociedade exigia e achava correta fez-me sofrer calada todos os dias, durante um longo período. Me fantasiar de branca e caprichar nos enfeites que não combinavam com a minha aparência, negava as minhas origens, e despertava dúvidas sobre mim.
Mas com o decorrer do tempo, eu pude adquirir uma visão totalmente diferente e acabei percebendo que aquilo não era realidade, na verdade não era minha realidade.
Muito tempo se passou e hoje me tornei uma mulher madura, com outra concepção e personalidade própria.  Mesmo com tanto transtorno, eu não te culpo de absolutamente nada, apenas te agradeço por me tornar tudo o que sou e por me fazer redescobrir a grande pessoa que sempre existiu aqui dentro.
Beijos da sua Pixaim”
(Equipe Pixaim)

Produção 5:  Pixaim  (música)

Quando na minha infância
Eu sofria demais
Buscava por mudanças
Pra poder viver em paz.

Eu era a “Pixaim”
Cabelo duro demais
Uma menina excluída
Pelos padrões sociais.

O tempo foi passando
Mamãe tentou me mudar
Pegou o meu cabelo
E começou alisar.

Refrão ( 2X)
Mas hoje estou aqui
Pra te provar
Que eu não preciso alisar
Nem preciso mudar
Pra você me aceitar

Eu aceito quem sou, ninguém me mudou
Por minhas raízes eu vou lutar
A minha identidade é a minha cor
A luta seguirá.

Refrão 2X
            Mas hoje estou aqui...
                                                   Toque Poético

                    Pagina disponível no www.toquepoetico.wordpress.com 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

A força do amor (mensagem)

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Só o amor é capaz de transformar a guerra em paz, a injustiça social em justiça plena.
Só o amor vence  as batalhas  mais difíceis, porque penetra no local de acesso restrito: coração humano. Há tantos corações bondosos, muitos  fazem a diferença a partir das pequeninas coisas, seja num cumprimento ao porteiro, zelador, um sorriso, pedido de desculpas. Pequenos gestos fazem uma revolução dentro da gente. E pessoas boas onde passam ficam as marcas, como aconteceu com Jean Valjean protagonista de “Os miseráveis”,  livro de Victor Hugo. Ele passou uma vida sofrendo injustiça social e ao mesmo tempo provando para si mesmo que tinha um coração amoroso.
A força do amor! O amor precisa realmente ser retroalimentado para ganhar força, fazer contínuo de ações do/ para o bem comum. E um primeiro exercício é aproveitar o hoje, o presente, as coisas presentes. Sabe por que muitas crianças lamentam a perda do cabelo de uma boneca? Porque  não foram ensinadas a valorizar o inteiro, os pés, mãos, olhos, braços, corpo, mente... Precisamos parar de olhar detalhes, admirar as partes, mas o conjunto por inteiro. Nossos valores são repassados.
Há poucos dias deparei-me com uma questão tipo: “ você gostaria de ser amada pelos outros com a mesma intensidade que você os ama?” Será que precisamos de um tempo para pensar se sou capaz de desejar ao próximo o que também poderia vir para mim? Como está a minha balança quando o objeto de medida é o amor?  Às vezes queremos um mundo para nós e as sobras para os outros.   Amor não é egoísta, é paciente, tudo acontece no momento certo.  Quantas vezes pensamos que não vale a pena esperar por uma mudança e seria bem mais fácil desistir?
Isso ocorre quando enxergamos a mudança apenas no outro, na vida, no trabalho, na ação do outro. Pense na mudança pessoal, não tente corrigir o mundo, sabe por quê?  Se sorriem dos seus sonhos, ótimo. Nossos sonhos precisam provocar riso, alegria, incredulidade e não choro. Os sonhos são maiores, sabia?   Mantenha os braços abertos para aqueles que valorizam o seu abraço e continue lutando pelos seus ideais, nunca pare de sonhar... Mesmo que há um peso enorme sobre suas costas, faz parte da caminhada.  Ame-se e voe! Da sua aldeia olhe o quanto aqueles obstáculos gigantes diminuíram, bastou manter uma distância deles que perderam de vista, e a vida segue o seu curso.
Precisamos de muito amor para dar continuidade aos sonhos. E o que vemos com frequência é uma geração que desistiu de sonhar, jogou a toalha muito cedo e por muito pouco. Dentro de nós poderá o amor ocupar tanto espaço para não sobrar nenhum cantinho para as mágoas, tristezas e decepções. Se o fardo você achar pesado, olhe para os lados, não tente trocar a sua cruz com a do vizinho, poderá  ter uma surpresa.  O amor vence todas as batalhas, pois a força do amor é capaz de quebrar até a balança da injustiça social.


                       
                                        Elisabeth Amorim

* não sei onde fica esta estátua, mas a recebi via whats app


sábado, 6 de maio de 2017

Eu te escolho, mãe!


Você teve a opção
Para seguir  ou interromper a gestação
Estou aqui, não estou?
Parceira da árdua jornada
Você me abraçou
Seu pequenino tesouro.
Com um carinho sem igual,
Dedicou-me a sua atenção.

                      Hoje eu te dou meu coração,
                      Com todo o meu ser
                       Meu prêmio é você;
                      Não  serei o filho pródigo
                      Que pede para seguir o próprio destino,
                       Mesmo consciente das quedas do caminho
                       Quando  sem saída, como um menino.
                       Retorna em busca de proteção.

Escolhas de um  seletivo processo,
Tu passaste no teste
Enxugaste as minhas lágrimas
         Crianças, adultas, salgadas como sal
          Fizeste comigo uma aliança
         Desde a tenra idade
          Abraçaste-me de verdade
         Tornando-me um réu confesso.                                                                                                                                      
                                  
                                    Eu te escolho, mãe!
                                    Quantas lutas vivenciamos!
                                    Em teu colo encontrei abrigo
                                   Acredite, sou teu amigo.
                                  Se chorei contigo,
                                  O meu melhor sorriso  foi para ti.
                                  Minha joia rara, minha vida.
                                  A mulher que escolhi.

                                                                          Elisabeth Amorim




       



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Bullying, quebrando o silêncio!

                                     
Não podemos nos calar quando a nossa volta as violências acontecem. Naturalizar a violência passa ser algo tão terrível quanto a prática do bullying, porque geralmente quem sofre, fica à espera do socorro, nem sempre essa ajuda chega, porque é mais fácil fingir que a violência é algo ficcional. Bullying, até quando?
Após três meses de estudos, pesquisas, discussões, realização de oficinas,  análise de filmes, resolvemos  quebrar o silêncio, e fazer circular as nossas produções finais sobre o tema bullying. Sem nenhuma intenção de transformar o mundo, mas a nós mesmos, pois o nosso olhar se modifica quando refletimos sobre as próprias ações. Com certeza, fechamos essa página com mais maturidade e com um olhar mais humano.   Várias perguntas fomos obrigadas a responder ao nosso espelho: Será que pratico bullying? E quando eu me silencio diante da violência que vejo acontecer com outros também não estou concordando com a discriminação?
De uma forma bem lúdica os estudantes do Ensino Médio de uma escola pública no interior da Bahia, encenaram algumas situações “comuns” da prática do bullying.  Na escola, na rua, no trabalho, em casa, no laboratório, numa clínica entre outros locais, serviram de cenário para que eles mostrassem através de vídeos como o bullying nunca foi brincadeira e poderá trazer consequências drásticas.  Em qualquer lugar poderá ter alguém que se ache mais forte, competente ou mais capacitado e sinta-se tentado a intimidar o outro, considerado por ele(a) inferior, seja pela cor da pele, tipo de cabelo, roupa, situação econômica, comportamento, altura, peso...
E o que fazer quando descobrimos que o bullying faz parte da nossa rotina? Sabia que as gozações repetidas, as ofensas subliminares, os apelidos ofensivos, os tapas diários nas costas, a destruição do material do colega e mais uma série de ações intimidadoras evidenciando a  valentia é algo sério?  Porque inicialmente poderá ser agressões leves, mas com o tempo o grau vai se elevando e as  “brincadeiras” tornam-se mais violentas. O bullying é  um ato de violência contínua, onde alguém se intitule “valentão” e faz questão de mostrar a sua superioridade diante do outro.
Fazer circular os vídeos curtos e mostrar para outras pessoas que é possível sim, fazer a nossa parte, é uma contribuição para combater o bullying. É pouco, reconhecemos que sim, mas temos como aliados os estudantes, criadores de uma série de cartazes, textos literários e informativos e agora autores de  vídeos literários e informativos que abordam o tema.  E daí? Estamos preocupados com a quantidade de jovens que estão se violentando, mutilando e o alto número de suicídios, isso é  grave.
Se você sentir tentando a ajudar uma geração de jovens que agridem uns aos outros gratuitamente, para que através de vídeos sobre o bullying esses jovens possam  enxergar a si mesmos e  reflitam as próprias ações, basta compartilhar essa página, porque com a nossa experiência podemos ensinar algo a alguém enquanto há tempo.

Alguns títulos sobre bullying no canal toque poético:

1-      Quero a minha mãe!
2-      Bullyying, não!
3-      Oficina de charges – tema: bullying, até quando?
4-      Hora marcada
5-      O destino final
6-      Chega de bullying!
7-      Você sabe o que é bullying?
8-      Amigos ou inimigos?
9-      O aluno estranho ou escola cega?
10-   Todos contra o bullying!



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Flores para mim(crônica)

*


          Constantemente sou questionada sobre o que eu ganho divulgando textos nos espaços virtuais sem nenhum patrocínio.  Como é difícil viver sem se preocupar com o capital numa sociedade capitalista. Tudo ou quase tudo precisa ter um valor monetário para circular. Eu ganho flores num país que vive em guerra contra o tráfico. Eu ganho flores num país que impera a corrupção. Eu ganho flores quando procuramos nossos jardins e não mais os encontramos...
       Mesmo num país capitalista, não vejo o dinheiro como fonte absoluta da felicidade.  É um bem necessário, sim, mas não determinante para se conquistar o prazer. O prazer é conquistado dia-a-dia, nas pequeninas coisas, num almoço em família, na companhia de amigos,  no cumprimento de etapas fácies ou difíceis...  Seria hipocrisia dizer que não gostaria de ser remunerada nessa ação prazerosa que faço, mas tudo na vida tem uma razão de ser, não sou. E daí? Isso não me diminui nem aumenta a minha vontade de escrever, escrevo porque vivo, está no meu pulsar, o leitor é como uma flor especial,  almejada, preciosa e indispensável.
Tinha um amigo que passou boa parte da vida acumulando dinheiro, aos 64 anos por questões financeiras havia separado da família, apesar de ter uma boa quantidade de dinheiro, vivia solitário e contando os cartões de crédito,  pois não passava pela cabeça a mais remota hipótese em dividir algo com ninguém.  Esse amigo buscava nos mercados os produtos já vencendo o prazo de validade, alguns deteriorando,  para ganhar desconto. Fato que despertou a minha atenção e não me calei, ao vê-lo com uma pizza na mão.
            E na época  disse algo que ele não gostou,  mas falei que jamais queria ter dinheiro a ponto de tornar-me miserável, insensível ou avarenta.  Pois via um produto com aparência ruim que seria consumido por conta de algumas moedas a menos. No ano passado soube que ele havia morrido, fiquei a imaginar o desespero dele  ter que desapegar aos bens materiais ou até mesmo ao saber o preço pago pelo caixão, sem poder se levantar para comprar um de madeira inferior ou na promoção... Valeu a pena ser avarento?
            Não seja extravagante, não desperdice alimento, mesmo porque há tantas pessoas que precisam de tão pouco para serem felizes. As suas sobras poderão saciar a fome de alguém. Por outro lado, se tiver vontade de comer algo,  coma. Se desejar levar a família a um restaurante, lanchonete, parque, leve-a.  De vez em quando, permita-se viver fora da rotina, doe um tempo a você mesmo. Invista em você, porque  são momentos de risos que são lembrados com carinho pelas pessoas que realmente gostam de você.  
                Eu escrevo e sinto um prazer enorme quando termino um livro. Olho-o como se fosse um bebê, lindo e dependente de mim, e não hesito em tornar possível viver e durar mais um pouco. Há quem diga que sou louca por pagar caro pela edição num país que não há incentivo para o pequeno escritor. Talvez, eles tenham razão, mas nessa loucura fico satisfeita quando olho para o meu lindo jardim sendo apreciado por outros, isso não há preço, porque leitores são flores para mim.
                                 
 Elisabeth Amorim


*Vladimir Valegov, Mulher com flores  









Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim