domingo, 26 de fevereiro de 2017

O que entristece a minha mãe...( crônica)




          De repente recebo um vídeo num desses grupos de Whats  App  e a discussão gira em torno da ética, normas de conduta, valores que se perdem diante de uma sociedade egocêntrica que busca a satisfação do “eu”.   No entanto, há sempre pessoas que fazem a diferença. Pessoas que não aceitam viver na mediocridade e fazem o inesperado surpreendendo a todos.  E para discutir tal assunto, o entrevistado foi Mário Sérgio Cortella.  Um show!
         Cortella cita como exemplo de ética a atitude do atleta  espanhol maratonista, Ivan Fernandez Anaya , em 2012, quando percebeu a distração seu adversário queniano  Abel Mutai,   próximo a linha de chegada, dando  condições a ele como segundo colocado, ultrapassá-lo e garantir o primeiro lugar no pódio,  mas  Anaya  não quis vencer aproveitando-se de uma fraqueza do outro, alertou  Mutai e o incentivou a garantir a vitória. Atitude que chamou a atenção do mundo, sendo que para Anaya não poderia ser de outra forma conforme os valores defendidos.
          É tão incomum encontrar pessoas que não atropelam para subir ao pódio que muitos jornalistas deram  mais destaque ao que Anaya fez do que a vitória de Mutai,  no entanto, ao ser entrevistado, novas surpresas.  Vejamos  um fragmento da fala de Anaya que Cortella discutiu :  “ – Se eu ganhasse desse modo, qual seria o mérito da minha vitória? O que eu ia pensar de mim mesmo? (...) Se eu fizesse isso , o que eu ia falar com a minha mãe?”   
          Será que as ações praticadas causam tristezas para as mães de quem as praticam? Como lidamos com as vitórias e as derrotas? Vale tudo para subir ao pódio? Toda vitória tem o sabor de mel?  Cortella foi muito preciso ao  discutir que a mãe é  o ser que teoricamente ninguém quer ferir, magoar, envergonhar, se a ação praticada naturaliza esse sentimento  é por a pessoa que a praticou  “não presta mesmo”.  Claro, muitos riram quando ele falou dessa forma, mas acredito que não era para sorrir, mas para refletir sobre como você, eu, nós conduzimos os nossos passos,  será  que estamos sendo éticos?  Para vencer na vida eu preciso me desumanizar?  Qual será o futuro da humanidade se o “bicho-homem” não parar de atropelar uns aos outros para permanecer no pódio?
           O que entristece a minha mãe... não me convém fazer. O que me desonra, o que agride meus semelhantes, o que me coloca numa condição de um inseto qualquer e tira de mim todo e qualquer sentimento humano, também não me convém praticar.  Eu vou além, eu preciso me amar, respeitar-me profundamente para aprender a respeitar e amar ao próximo. A lição de Anaya  rompe com a linha do tempo, religiões, e ao responder a pergunta de um dos jornalistas com esse questionamento bem reflexivo ele disse o que precisamos ouvir: “ Se eu ganhasse desse modo, qual seria o mérito da minha vitória?”.
          Irmãos, amigos, leitores em  geral,  quais  os méritos das suas vitórias?  O que vocês falam com suas mães?  Ou melhor,  o que falam para si  diante do espelho da vida? Quais lições deixam para seus filhos?  O mundo pode ser gigante, mas se falta ética, ele se encolhe, fecha, reduz... e você também diminui.  E vejo meus pensamentos sobre valores e ética parecidos com os de Anaya, se para subir ao pódio eu preciso atropelar o parceiro da frente, nunca subirei, sabe por quê? Eu também não quero entristecer a minha mãe, meus filhos, meu esposo, meus amigos...  nem o meu espelho.
                         E. Amorim


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Haverá um amanhã...( mensagem)


Por mais que pensemos no agora, no hoje por acreditar que o amanhã não teremos o domínio, no fundo sabemos que o amanhã será o resultado das nossas ações de hoje ou as de ontem.  Um dia é muito pouco, precisamos do amanhã...
Se hoje é o sonho,  a semeadura, amanhã será a concretização, a colheita. E o que colheremos amanhã se não sonharmos hoje?  Haverá um amanhã próspero para quem planta árvores frutíferas, um provérbio que ouvia meus pais falarem  era “ quem semeia ventos , colhe tempestades”.  Eu ficava a meditar: como pode semear ventos?
Na sabedoria dos mais velhos o “semear ventos” nada mais era que viver inutilmente, provocando  confusões por bobagens, semeando a discórdia entre as pessoas, poluindo o ambiente com as pinceladas de maldades e assim por diante. Consequentemente,  o resultado dessas ações negativas, gerarão transtornos, “tempestades” para própria existência.
Acredito que haverá um amanhã de muita luz para nós,  semeadores do bem.  Para alguns de nós, esse amanhã  parece chegar mais cedo, para outros o  amanhã demora mais um pouquinho, mas basta acertarmos o nosso relógio cronológico, com o tempo que Deus determina para agir sobre todas as coisas.  Esse tempo é infalível, não adianta e nem atrasa nenhum minuto.
Por isso, não desista de plantar as suas árvores. Terá momento que você se sentira como se tivesse sozinho, como se ninguém fosse capaz de ouvi-lo o seu grito de socorro. Mesmo que você pense que está no fundo do poço, se  parar de sonhar, nunca chegará a  abertura para que possa sair e nem verá o amanhecer tão lindo especialmente para você.  Às vezes, achamos que o outro poderá fazer muito por nós, mas sempre quem mais poderá  nos ajudar somos nós mesmos. Se você desistir de acreditar que há um lugar melhor do que esse que você está, você se acomodará e deixará de plantar.
Porque a colheita não é  fácil, muitos tentarão te paralisar para que não desfrute dos frutos plantados, mas acredite, confie, persista, siga em frente porque haverá um amanhã...


 E. Amorim

Da minha janela (poesia)


Vejo o céu, rios e mares.
Construções minúsculas
Pontes e viadutos se perdem no olhar
Mas a beleza mais rara
Está em ti, Senhor.
Vejo a tua face.
O teu agir em meu coração.
Sinto tocar-me suavemente,
A minha mão.
Guiando-me,
Sondando-me,
Amando-me plenamente,
 Espetáculo de paisagem
Vejo da minha janela.

( Elisabeth Amorim)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Que escola você ajuda construir? (mensagem)


Quantos querem uma escola ideal?
E quantos  se perdem na escola real?
Não adianta projetar no outro o que você gostaria que “ele/ ela” fizesse para melhorar a escola que você ajuda a construir. Você de forma negativa ou positiva ajuda na construção da sua escola.  Então não espere que o outro faça a sua parte, sabe por quê?
Haverá frustrações.  O outro irá falhar, a idealização é sua, não dele(a). Os objetivos são diferentes, assim as estratégias de realizações também.
O sonho é teu, amigo.  Pegue-o com carinho, preserve-o,  mantendo vivo,
E arregace as mangas para torná-lo possível. Saia do mundo da fantasia, o momento é agora! O dia é hoje! A bola é sua!
O primeiro, segundo e terceiro passos deverão  partir de você.
Durante a sua caminhada lenta ou apressada, não se preocupe,
Sempre você encontrará pessoas parceiras, outras vão além...
Oferecem a mão ou o ombro para quando os projetos não saírem exatamente como planejou.  Ainda há os que  ficam  no caminho,  como obstáculos dispostos a te fazer parar.  Dê meia volta, busque novos caminhos ou seja  tão duro quanto eles e siga em frente, mesmo tropeçando adiante.  Educação de qualidade exige de cada um a força e a determinação  necessárias  para prosseguir.
Esses tropeços fazem parte da trajetória educacional.  Caímos, levantamos, corremos e às vezes, apenas sentamos à beira do caminho, descanso é necessário para repor as energias e retornar o trajeto. A caminhada não é fácil, quem disse que ensinar é fácil aprendeu muito pouco sobre  educação.
Não tente passar a bola para outro, você é o dono da bola!
E o campo é justamente a sua sala de aula. Lá você encontrará jogadores prontinhos para participarem  do jogo e outros “pernas-de-pau”...  você olha desconfiado na  primeira partida e diz:
- Quem escalou essa criatura para o meu time?  Não sabe nada... Esse vai perder !
Que sentença!  Esquece que o “perna-de-pau”  perdendo, o time  também perde junto. Jogo tem que haver diálogo, cumplicidade, interação. ..
Ah, lá  no campo,  à medida que você está avaliando seus jogadores  você é também avaliado.
E você já parou para refletir sobre quais os critérios que eles usam para julgar a sua competência? Será que o seu diploma terá um peso maior? Será que não tem um  no banco de reserva mais habilidoso que você  te observando e dizendo intimamente:
- De onde saiu essa peça de museu? Esse técnico é enrolão,  não percebeu que o jogo mudou de regras...
É... a bola pode ser sua, mas ela bate na trave e volta. Geralmente, pegando o técnico, o juiz, o massagista  de surpresa.
Quando começamos de fato a refletir sobre as pedagogias lidas,  percebemos  que sem autonomia não há esperança.  E sem a concretização  libertária ficaremos  presos  nas garras da educação bancária. Copiando e esquecendo,  para mais tarde voltarmos as novas cópias.
A escola que ajudo a construir precisa ter a minha cara. Não a caricatura, com todo respeito aos artistas, a caricatura tem como marca a deformação do outro ou de si mesmo, geralmente para despertar o riso.  A escola poderá ser o local do riso,  jamais o objeto do riso, do escárnio. Quero  a cara da determinação, da ousadia, da inovação, da pesquisa, da transformação, da coerência e da fortaleza.
OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Construção forte
A escola que ajudo a construir  deixo gravado o meu nome nas  ações desenvolvidas para torná-la melhor, sem nenhuma falácia nem demagogia. Como dona da bola,  quando entro em campo não é para ganhar, mas para  ensinar as regras do jogo, antes de cobrá-las. Vitória é consequência.  Passo valores, como respeito  ao adversário, determinação e persistência  para conquista de dias melhores e muita leitura. E permito que cada um descubra ou crie novas regras e  tente doar o seu melhor, porque eu também tento doar o meu melhor.  Às vezes consigo,  outras vezes as tentativas são frustradas,  as dores e as delícias fazem parte da educação, mas não abro mão da solidez e coerência em tudo que faço. Já perdi  o jogo várias vezes, sem jamais perder o respeito dos jogadores do meu time, isso é algo consolidado.
Porque uma construção sem uma  base sólida, todo vento contrário coloca em risco  o que se construiu.  Como aquelas casinhas dos Três porquinhos construídas  às pressas não resistiram um sopro  mais forte e foram ao chão, exceto a que tinha base firme.
É isso, a escola que ajudo construir precisa ter essa base firme. E tenho certeza absoluta de  que a sua ajuda é fundamental  para sustentação de cada pilar. Não adianta reconstruir castelos na areia, a ventania e  a força das ondas não escolhem a quem atingir. Seus castelos devem ser construídos na rocha, com segurança.   Igualzinho  a educação, se você cair, desanimar e  desistir do jogo,  o seu time  lhe acompanhará derrotado, cabisbaixo e ressentido. E  colocar a responsabilidade no outro, é mais fácil, não?  Educação não há espaço para lamentações, todo  murmurador nada constrói. Perdeu? Não passe  a bola adiante,  comece  hoje mesmo um novo jogo, estude as novas regras.  O campo é todo seu, entre para tentar ganhar ou vá para o banco criticar o time vencedor. Para construção de uma educação de qualidade todos ajudam, sabia? A ação de cada um é questão de escolha.

E. Amorim

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Endereço certo (mensagem cristã de confiança)

                                                                   

          Nunca se lamente por algo que supostamente você  tenha perdido.  O que é realmente seu é para ser zelado e nunca se perde no caminho.  Cuide bem das pessoas que gostam de ti, elas não são eternas.  Um dia elas deixarão de existir, mas você terá boas lembranças  e não um mar de lamentações.  O amor, o carinho, o respeito, o espírito solidário  habitam no seu coração ou por acaso houve uma desocupação?
          A vida, meu caro leitor, é breve. Não perca seu tempo  alimentando-se de intrigas, amarguras, elas causam danos irreparáveis no caráter de cada um.  Confie mais no seu potencial.  Valorize-se mesmo que pensem o contrário, você não precisa mostrar o quanto é especial para alguém que jamais notou a sua presença, porque  quem sente a tua falta, sabe o seu valor.  Você  é capaz de superar todos os obstáculos , porque a  força vem de Deus.  E mesmo naqueles momentos que sentirás incapaz, Deus é o grande mestre, Ele te capacitará. E é Ele quem fez com que eu parasse meu afazeres domésticos agora para escrever essa mensagem. Para quem estou escrevendo? Questiono a Deus. E Ele toca o meu coração, e me diz em meu ouvido:  “- Nem se preocupe, minha filha. Essa mensagem chegará no endereço certo. “
          Às vezes queremos as respostas positivas, queremos o troféu,  a faixa de campeão... e sentimo-nos injustiçados quando alguns desses “quereres” não chegam até a nossa tenda.  E nesse conversar com Deus,  sentimos o quanto somos agraciados a cada manhã e muitas vezes nem nos damos conta.  O maior de todos os presentes que alguém possa querer é a paz.  A paz para escolher a religião desejada a seguir, a paz para escrever desejando paz para povos que vivem em guerra, a paz  para notar o quanto a natureza é linda.  Esse Sol baiano aqui, invadindo a minha janela, e em paz posso sair desse local e lá fora abraçar esse dia que me espera.  E isso, tenho certeza, mesmo estando em lados opostos,  se essa mensagem chegou até você, é porque somos vitoriosos, sim.   E não importa a sua religião,  respeito-a e vivo a minha paz.
          Recentemente um escritor do Rio Grande do Sul que se diz ateu, leu uma dessas minhas mensagens cristãs e me mandou um recado mais ou menos assim:  “- Gostei do seu texto, tocou-me apesar de não acreditar nesse deus que te serve... Você se incomoda de ser lida por um ateu?” Fiquei observando aquelas poucas linhas sem saber o que dizer. Mas o Deus que eu sirvo é tão poderoso que não precisa que eu o defenda, proteja... é justamente o contrário.  E mais uma vez  aquela mensagem havia chegado no endereço certo.  Lembro-me que disse mais ou menos  assim: “- Sinto-me horada ao escrever para ateus. São  pessoas que propagam o nome de Deus negando-o, afinal  vivem em busca desse “algo” para provar a inexistência e própria incredulidade.”  
          Não preciso nem dizer, mas fui chamada de “ baiana metida!”  como elogio da parte dele e continua firme, um leitor nota dez,  só que  transportando  o “metida” para a minha querida Bahia, chegou  “esnobe, sabichona, arrogante...”. Não me incomodei, porque sei que cada texto escrito tem uma direção a seguir.  Claro gostaria de poder fazer mais, porém na  vida não tem espaço para lamentações, lamúrias, mas quero dizer que sei que hoje, hoje Deus, o Deus que sirvo preparou esse dia para nós.   Tenho certeza absoluta que antes do anoitecer,  contaremos alguma vitória.  A benção não erra o endereço, ninguém interceptará, a benção é sua, minha, nossa...  E ela chegará aí.    E com certeza, você se lembrará dessa “baiana metida” como elogiou o ateu lá do Sul do Brasil.
E eu confio em Deus!
                                                             E. Amorim



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Projeto "A dinamicidade da língua": dez anos depois...


                            
Banca da defesa
Defesa da dissertação/ UNEB/2014

Não somos ilhas para vivermos isoladas,  gente precisa conversar com gente, trocar experiências, ouvir e praticar o exercício da escuta sensível.  O outro tem tanto para ensinar e aprender,  porque aprendizagem é contínua, processual e precisa ser dinâmica.  E o primeiro passo começa com um diálogo,  e foi por esse caminho que o projeto intitulado ” A Dinamicidade da língua” que está completando 10 anos de implementAÇÃO ganhou asas e o  abraço de pessoas que se identificam com a  proposta inovadora no trato com  a literatura.
O ano de 2017 marca uma década de um projeto ativo e criativo  desenvolvido no Colégio Estadual Lauro Farani e  responsável pelo toque poético às aulas de literatura. E não é que “A Dinamicidade da Língua” tornou-se um projeto autossustentável e percorre o mundo inteiro? Um diferencial vem marcando a cara desse projeto, cada vez mais ousamos divulgá-lo através das redes sociais, submetê-lo a concursos, levá-lo para os congressos  nas universidades,  através de oficinas ensinamos sobre o processo de desmontagem literária e assim defendê-lo com unhas e dentes para banca de doutores em literatura e conquistar entre outras coisas, o respeito dos leitores que acompanham e acreditam numa educação transformadora e crítica a partir do investimento na leitura se quisermos de fato estudantes que escrevem. E nós queremos e comemoramos os grandes lucros da educação.

Edições da Perfil: revista literária do Lauro Farani & outros livros surgidos depois do projeto


É isso mesmo! Os nossos estudantes produzem literatura! E o primeiro passo foi dado há quase 20 anos(1999) com o livro “Além da imaginação”, primeiro livro do Colégio Lauro Farani, no qual as lendas da cidade foram resgatadas, fruto de uma pesquisa séria que envolveu os alunos da Formação Geral da época e a professora de literatura brasileira. Quantos outros vieram depois?  No entanto, após estudos e muita determinação foi criado “A Dinamicidade da língua”,  um projeto que resultou numa revista que tem como intuito, talvez pretensão de aproximar a literatura do leitor e unir a  literatura às outras artes. Torná-la tão próxima para que ela pudesse fazer parte da nossa rotina. Hoje, dez anos depois… conseguimos invadir diferentes espaços sociais e virtuais e conquistar público de diferentes idades e espalhar literatura que vive à margem. A minha, a sua, a nossa literatura!

A execução e implementação do projeto  foi uma tarefa árdua e arrojada, porque as leituras precisavam dialogar com nossos estudantes, muitas vezes a distância entre aluno e livro era tamanha, pois havia a barreira do tempo. Aluno  está  presente e o livro  escrito no século XIX, XX, linguagens diferentes, sem diálogo.  Como poderia uma escola pública criar uma revista literária sem nenhuma verba para tal?  Como transformar os textos literários em notícias, reportagens, entrevistas… usando a linguagem contemporânea sem fugir do enredo das narrativas dos séculos anteriores?  Realmente, não é algo fácil, precisa de muita leitura e dedicação, mas quem disse que corremos das dificuldades da vida? Juntos  somos fortes, e o sonho que parecia impossível tornou-se realidade através da desmontagem, apropriação do texto para multiplicá-lo em outros gêneros. Metodologia criada por Elisabeth Amorim que já circula na Europa, através da sua dissertação que transformou-se no livro ” Desmontagem literária em educação básica”. Não disse que o projeto criou asas e voou?
Há dez anos o Colégio Estadual Lauro Farani ganhou a sua primeira revista literária, com 100% de  textos de estudantes: “PERFIL: revista literária do Lauro Farani”, lançamento discreto na sala de vídeo, turno matutino. No ano seguinte, 2008, a revista estourou! O colégio quase todo envolvido e as produções, páginas aumentaram, juntamente com o valor de custo para manutenção do projeto. Foi uma ousadia da nossa parte, mas demos os primeiros passos. E nós, professores de linguagens, conseguimos transformar a literatura lida durante o ano letivo em diferentes gêneros textuais através de oficinas de leituras e produções.  O sucesso do projeto contagiou outras escolas, e podemos dizer que de certa forma, nós do Lauro Farani,  demos a receita para o mundo através da internet.  E ficamos felizes quando percebemos que a nossa  revista PERFIL é mãezona em idade fértil…  E benditos sejam os furtos do vosso ventre!

Oficina de desmontagem literária na Universidade Aberta para Terceira Idade(UATI)
Elisabeth Amorim em oficina na Câmara de Vereadores/ Iaçu
Professores iaçuenses participantes



Dez anos depois… conseguimos conquistar muitos espaços  para apresentá-lo, defendê-lo, mostrar que é possível , viável e lucrativo investir na leitura dos nossos estudantes, os frutos perdem de vista. Alguns caminhos percorridos variam, desde a PIBI ( Primeira Igreja Batista em Iaçu ao IAT( Instituto Anísio Teixeira, em Salvador), mas apresentamos também…  Centro de Convenções(Salvador/ Ilhéus) UNEB(  Alagoinhas/ Salvador/ Barreiras/ Seabra) UESB, UFRB( Cachoeira), UEFS, UESC, UFBA, UFPE, UFS( São Cristóvão/ Aracaju), UPE  até na UATI( Universidade Aberta para Terceira Idade, em Alagoinhas)… o projeto foi  notícia na SEC/Ba, MEC Jornal do Professor e no site Iaçu notícias. Enfim, percorreu muitas cidades baianas e fora da Bahia também.

A Dinamicidade da língua” é um projeto cada vez mais forte, atualmente vem utilizando o espaço virtual para socializar os frutos obtidos.  Se antes, os estudantes liam José de Alencar, Machado de Assis, Drummond, Lima Barreto, Jorge Amado, Clarice Lispector… para praticarem a metodologia da desmontagem e aproximarem  textos de novos leitores através de cartazes gigantes nas paredes da escola,  hoje, além desses escritores, eles leem também os próprios textos e de autores menos famosos( Angelita Aragão, Elisabeth Amorim, Santos Almeida, Vanei Santos, Fidêncio Bogo, Cristiane Sobral…) para fazerem as críticas. Porque é a crítica que impulsiona sairmos do nosso local de conforto para refletirmos sobre  o que estamos lendo/escrevendo/ ensinando/ aprendendo.
                                             

Comunicação sobre a literatura desmontada/ Aracaju-SE
                                 
                                      Caravana da Educação - Palestra sobre desmontagem literária em Ilhéus/BA
 
Palestra: O papel do professor pesquisador / Jornada Pedagógica, Iaçu/BA





Com isso a dinamicidade da língua está além de revistas, coletâneas, vídeos literários, além das paredes e muros de um colégio… os nossos escritos  transbordaram porque  o dinamismo da língua está bem presente  na poesia lida, na novela comentada,  na música cantada ou ouvida em sala de aula,  no conto, filme, romance ou crônica discutidos… a língua é movente e não estática, com isso a literatura está presente em todas as aulas e áreas, isso é fato.  E se no inicio do projeto quando nossos alunos usavam apelidos, prenomes, códigos para não serem identificados,  temendo às críticas dos colegas, nós já sabíamos onde queríamos chegar, imagine hoje, eles/ elas assumindo  autoria e afirmando identidades, produzindo vídeos com textos autorias… é só sucesso! E se tem um nome que precisa ser lembrado em todas as fases e  anos de investimento numa educação de qualidade, esse nome esse nome é DEUS!  Quando colocamos Ele no centro, não  tem chance alguma de falharmos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Carregadores de bonecos ( crônica)

                                                   
                Carnaval está chegando, ruas da capital baiana já se preparam para a grande festa. Uma festa que une pessoas de todo o mundo e todas as religiões para nas ruas, blocos, camarotes, clubes extravasarem as energias. No entanto, o ponto alto dessa festa, sem dúvida são os trios elétricos. Como a Bahia está  no ritmo alucinado  de “Calcanhar de prego” para conseguir manter o pique durante cinco dias de folia, vamos dar um giro em  Pernambuco?
                Inegavelmente, o carnaval de Olinda(PE)  é no mínimo inusitado e muito criativo. O ritmo que marca é o frevo, mas para quem pensa que o show fica por conta dos bonecos, engana-se. Quem merece todo o nosso respeito e homenagem, geralmente o púbico nem percebe, mas sem eles a festa não teria o brilho que se estende por todos os cantos. Sim, estamos falando dos carregadores de bonecos no carnaval de Olinda.
               Na rua, olhando aquela multidão de bonecos gigantes, 3,40  de altura, com um peso de aproximadamente  15 kg fazendo alguns movimentos, como se tivessem vontades próprias, encantamos.  Bonecos que correm, pulam, dançam, sacodem de um lado para outro às custas de um trabalho sério e apagado dos seus carregadores.  Os carregadores chegam a perder num desfile cerca de 3 kg, devido o peso que carregam nas ladeiras da cidade. E uma outra curiosidade  é que se no início da festa o peso é de 15 kg, durante as subidas e descidas, esse peso chega a dobrar devido o cansaço desses operadores.

*

               Assim, toda festa bonita, encantados com o brilho, muitos de nós não prestamos a atenção em quantas pessoas colaboraram no anonimato para o sucesso daquele evento.  E como o nosso toque é para as margens, os carregadores de bonecos são as grandes estelas desse texto.  Claro que o nosso sangue baiano não deixará de fora os  nossos cordeiros.  Profissionais competentes que trabalham segurando as cordas dos blocos para proteger aos associados e evitar a invasão no bloco pelo grupo da pipoca.
              Tanto os carregadores de bonecos pernambucanos quanto os cordeiros baianos tem todo o nosso respeito.  Vocês  não saem nas fotos das imagens de sucesso do carnaval,  para quê?  Só ouvimos falar dos cordeiros quando eles se recusam a ser explorados e reivindicam algo para os empresários milionários. Não falam que baianos não trabalham?! Com certeza não os conhecem,  e  nesse país do carnaval, a elite cultural nunca deixará  os camarotes  e os seguranças para perceber  que a grande festa mais popular do planeta,  há pessoas que carregam as fantasias nas costas e arrastam multidões, mesmo molhadas de suor e com as mãos calejadas... o show não pode parar.
Ah,  além do “calcanhar de prego” é preciso ter o “ bumbum de martelo...”
             -  Poc, poc, poc, poc...  E viva a nossa cultura carnavalesca!

                                                             Elisabeth Amorim


imagens do site bonecos gigantes oficial.

  

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Não posso dizer...(poesia)



Que foi bom enquanto durou
O meu sonho.
A parceria e  a cumplicidade
Opostas e dispostas
A colocarem  todas as cartas
Sobre a mesa.

Não posso dizer...
Que sentirei falta do seu abraço,
Quando nossos laços
Desatados e mascarados
Desfeitos como um simples puxão
Do fio do casaco de lã.

Não posso dizer...
Que estarei sofrendo com a sua partida
Sem chances para despedida
Amorosa e chorosa
Nem o seu nome eu gravei
Não nasci para sofrer.

Você nunca me abraçou.
Sem compartilhar sonhos e fantasias,
Sente-se  contraditoriamente ofendido.
O tempo passou, o bonde se foi.
Não sinto a sua ausência porque
 Sua presença relâmpago nem  o lençol registrou...

Afinal, sabe o quê o egoísmo nos  acrescenta?
Aquilo? Isto. Nada! Talvez,
algo microscópico que não posso dizer...

                                                            Elisabeth Amorim


TOULOUSE - LAUTREC, En la cama: el beso (1892)

domingo, 5 de fevereiro de 2017

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Não desista de sonhar! ( mensagem de otimismo)

                                                 
*
         
 Durante a sua jornada, seja ela pedagógica, filosófica, religiosa ou apenas ideológica, você sempre  encontrará pessoas dispostas a lhe ajudar a seguir adiante e não paralisar diante dos desafios. E do lado oposto,  outras que agirão de forma contrária, dificultando cada passo enfatizando apenas os seus erros.   Lembre-se de que  as pessoas boas  fazem a diferença tornando a  vida mais bonita.
      Para alguns é difícil abraçar, cativar, porém, é  fácil criticar e apontar  o “cisco” do olho do vizinho sem perceber a “trave” dos próprios olhos. Para esse ano de 2017 proponho  que invista  nos seus  sonhos, doe-se mais no projeto que te faz bem e  ao seu   entorno e seja feliz.   Primeiro passo:  Retire a  trave dos  olhos e não se deixe paralisar pelas críticas alheias.  Segundo passo:  Torne o percurso alheio mais suave com a sua presença,   para tal  descarregue-se diante do espelho! Desarme-se! Esvazie-se das coisas negativas e encha-se de luz, tolerância e amor. Terceiro  e último passo, por sinal o mais importante:  Não desista de acreditar no seu potencial, mas valorize o potencial alheio,  por isso não mude sua rota  para  tentar agradar a quem nunca você conseguiu cativar,  persista e sonhe! Sonhe alto, mas  faça uma aliança com Deus.  Para quem tem uma fé firme,  Deus  guia e sustenta todos os passos daqueles que entregam a vida para que Ele dirija.
        Seja otimista! Esta é a minha mensagem de início de ano. Não alimente mágoas, nem acumule pedras.  Deixe na cruz tudo  que passou, que te feriu ou que você tenha usado para ferir alguém.  Não somos perfeitos, apenas devemos buscar  a excelência a cada dia.  Para tal, precisamos acreditar que é possível fazer a diferença em todos os locais  transitados, principalmente no  lar, com os  filhos, esposo(a), pais, irmãos.  Indo além, no trabalho, na  rua,  cidade, no  estado ou país... em  todos os locais, o tamanho dos seus sonhos  impulsionará  a seguir adiante ou ficar paralisado, esperando acontecer. A sua fé é o diferencial.
      Não é privilégio para  ninguém dizer que “escolheu Deus”, porque alguns marginais mais temíveis  da sociedade,  presos e revoltados,  usam  o nome de Deus em vão.  Privilégio é  de quem é escolhido por  Ele e o tem como guia.  E se você tem sonhos, coloque Deus no centro. Ele dará a direção favorável  ou contrária, sim ou não dEle é para te fazer um vaso de honra.
      Às vezes, queremos ouvir apenas o “sim” de Deus ou dos homens,   mas  é o “não”  que irá nos fortalecer, é o “não” que promoverá o crescimento para uma nova caminhada ,  e através do  “não”  Deus mostrará  que tem sempre algo melhor para aqueles que nEle confiam.  E eu agradeço a Deus por todos  “sim”  e “não”  recebidos  durante a minha jornada. Todos eles serviram para o meu crescimento espiritual e pessoal.
      Hoje posso dizer que  escolho Deus, mas sou muito mais feliz por Ele ter me escolhido também.  E sei que todas as minhas vitórias e derrotas tem mais que um dedinho de Deus, pois cada passo, abraço, avanço ou às vezes, retrocesso, Ele se faz presente.  Tenho orgulho de ser quem sou, uma professora e escritora iaçuense, uma mulher nordestina  que jamais parou de sonhar e investir nos próprios sonhos.  E sempre agradeço a Deus pela presença forte em minha vida e todos que carinhosamente compartilham desses sonhos, cada vez mais nossos...  sonhos  de uma educação de qualidade,  sonhos de uma literatura forte para nossa cidade,  sonhos de elevar a nossa cultura, colocando-a em locais mais alto.  Percebo que as portas se abrem, e o Congresso Nacional e o Senado Federal são os nossos limites?
Pois é, por onde ando, levo o nome de Deus, juntamente com a nossa literatura iaçuense,  enfim,  uma bagagem de  sonhos que vão se realizando  lentamente a cada dia. Por isso, enquanto respiramos, não podemos desistir de sonhar, acreditar, investir e confiar.


                                Elisabeth Amorim

* pegando carona com o presidente JK e a sua esposa Sara.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O peso do diploma (crônica)


                                                             

          Não acho  graça das piadas que estão fazendo acerca do mega  empresário brasileiro envolvido em  negócios ilícitos e preso numa cela comum por não ter um diploma de nível superior.  Até quando a educação  será  vista como objeto de barganha  ou  desdém  para quem teve que batalhar para ser diplomado? Quanto vale um diploma?
         Entre as inúmeras piadas circuladas na internet, uma me chamou a atenção:  “ Com tanto dinheiro, por que Eike  não comprou um diploma?”  Seria tão fácil comprar um diploma para gozar o privilégio de uma cela individual, especial... uma cela de uma pessoa que estudou, perceba como é  interessante  e ao mesmo tempo assustador esse pensamento, não?
         Assustador porque mais uma vez a educação, os estudos, as pesquisas são reduzidas a quê?  A uma cela diferenciada?! Em nenhum momento que passei( e ainda passo) da minha vida debruçada sobre os livros, alimentei um pensamento tão pequeno quanto esse.  Ainda bem,  o quê seria de mim sem os meus títulos adquiridos arduamente?  Diploma significa fruto de muito suor e sacrifício.  Reconheço que a corrupção no nosso país lapidou toda a nossa riqueza, mas associá-la a um diploma  para receber o benefício prisional é algo perverso.
           Há milhões de brasileiros que se dedicam estudando e investindo num país melhor através da educação,  sem pensar em roubar para ter direito a uma cela especial. Estudam  por desejarem  uma vida mais digna. Meus diplomas valem mais que ouro! São os meus troféus, sabia?  Porque  cada vez que olho para cada um título alcançado, percebo que valeu a pena as lágrimas derramadas, as noites perdidas, o corre-corre para conciliar trabalho, família, estudos, doença... Valeu a pena manter a minha dignidade e percorrer legalmente  cada trilha escolhida. Se  faltou o diploma de doutora, não foi por falta de esforço e estudo, dei o meu melhor e fico feliz por não ter buscado atalhos, como as mensagens  nas redes sociais sugeriam.
          De tudo que li sobre a falta da compra de um diploma, uma coisa ficou marcado... o nosso país tem chance, não chegamos ainda ao fundo do poço. Estudiosos de plantão, não desanimem! Porque por mais que roubem  os cofres públicos, ainda estão poupando os nossos sonhos,  é através da educação que sonhamos com um mundo melhor, se roubam isso de nós... apodreceremos numa cela pior a que a dos empresários envolvidos na corrupção,  mas a cela da ignorância.
          Então, estudem meus queridos! Estudem para que vocês possam deixar algum legado para seus filhos, netos, amigos, irmãos... maior que uma pequenina cela.  Lembro-me de uma  certa matéria  sobre um desses empresários presos  quando presenteou a amada com uma coleira de brilhantes ou foi diamantes. Na época eu ainda bem nova, mas madura o suficiente para entender a ostentação e ao mesmo tempo atitude de controle sobre o corpo da mulher, mantida sob uma coleira.  E uma das perguntas da matéria foi:  “Qual a mulher que não gostaria de ganhar uma coleira desse tipo?”   E eu respondia,  sorrindo para o aparelho de televisão: - “Coleira?! Eu não gostaria! Eu não quero nada que me aprisione, mas que me liberte... Quero o meu diploma!”
         Ainda hoje, tantos anos depois,  mesmo sabendo que a coleira era valiosíssima, minha visão não mudou muito.  A todos e todas que acreditam que darão a volta por cima através educação, persistam. Um dia todas as coleiras que colocaram em nossos pescoços serão quebradas. Porque acreditamos que os méritos alcançados através dos nossos  diplomas terão um peso bem maior e um valor duradouro.
                                E. Amorim









Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim