Era uma vez um sapinho muito trabalhador e dedicado. Tudo que ele fazia prosperava. Até o que tentavam fazer contra ele, não se
concretizava. Entre o bem e o mal, o
primeiro leva vantagem. Assim, Tok-Tok passou a ser chamado de Sapinho Sortudo, ele
não gostava daquele apelido, mas não
adiantou reclamar, o apelido ficou.
Tok-Tok dizia que a sua
“sorte” era fruto da perseverança, da semeadura e dedicação. Mas nenhum sapinho acreditava na força do trabalho, apenas deduzia que o colega era sortudo enquanto os demais sapinhos eram azarados.
Um dia todos os sapos da redondeza
resolveram testar as habilidades de
Tok-Tok para capturar mais insetos. Como
houve um incêndio de grande proporção na mata, os insetos desapareceram, e a fome deixou os sapinhos nervosos, já
estavam até confabulando para os sapos mais novos matarem os mais velhos. Para evitar a tragédia, recorreram ao
Sapinho Sortudo.
Tok-Tok não gostou nada daquela
situação, ele seria um dos alvos, já que não era tão
novinho assim. E disse duramente para os
sapos:
_ O que vocês querem que eu
faça? Por que não experimentam trabalhar em vez de se lamentar?
E os sapos disserem em conjunto:
_Queremos um trevo de quatro
folhas! Com o trevo da sorte igual aquele que você sempre traz aqui, nós não precisaremos
trabalhar...
Para Tok-Tok aquilo era o pedido bobo, mas não quis questionar. Cada um colhe
aquilo que planta. Saiu da lagoa aos pulos rápidos, foi
até sua casinha, na horta de trevo de quatro folhas, primeiro
se alimentou de vários insetos, depois arrancou um trevo e levou para os seus
colegas.
Foi uma festa na lagoa... com o trevo de quatro folhas a sorte chegaria. Apenas Tok-Tok ficou de fora daquela animação, ele acreditava em frutos da própria colheita.
Os dias passaram, o trevo de
quatro folhas murchou e os insetos não apareceram. Nova revolta se instalou no grupo de
sapos. E ao procurar um culpado para a sorte não ter aparecido, o único nome da lista foi
o de Tok-Tok. Decidiram expulsar sapinho sortudo para tentar atrair a sorte para os demais.
Tok-Tok sorriu a valer das
deduções de seus colegas. Pediu para acompanhá-lo até a sua casa. E no quintal ele mostrou para os sapos:
_ Vejam para essa minha
horta! É daqui que tiro a minha sorte,
meu alimento... Eu plantei, regei e estou colhendo. Aqui não falta alimento,
porque aprendi a preservar. Quando vocês me viram com um trevo lá na lagoa é
porque a muda que levei para lá os humanos não deixam e arrancam a folha
pensando igualzinho a vocês. Se vocês
quiserem ficar aqui ou lá, terão que
aprender a preservar a natureza, assim não faltará alimento para nenhum de nós.
Nova comemoração, alimentos
para todos. Os sapinhos pegaram mudas do
trevo de quatro folhas plantaram perto da lagoa, em locais mais escondidos para
que os humanos não arrancassem. E todos concordaram quando um sapinho disse animado:
_Tok-Tok , nós achávamos que
você era um sapinho sortudo! Mas a sorte
é nossa por ter te conhecido!
E mais uma vez Tok-Tok deixou outro ensinamento:
- Amizade não é sorte, é conquista pessoal. Somos amigos porque fomos conquistados. Sorte e azar, bem e mal,
céu e inferno, amor e ódio podem existir bem distante ou próximo de vocês...
mas quem não tem competência não se estabelece nem aqui nem acolá! E
a culpa será do azar...mal...inferno...até das estrelas.
Todos sorriram e se abraçaram
com aquela nova lição de vida.
Elisabeth Amorim
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