De repente percebo o quanto
Pierre estava estranho. Casmurro,
evitava-me olhar nos meus olhos, não sabia exatamente o que estava acontecendo,
mas algo muito grave. Meu namorado, com certeza eu conhecia. Pierre não era
assim. Sempre tão atencioso e agora com essa novidade:
_ Tenho algo muito desagradável
para te falar, Marianne Francisca.
Sabia que era sério, Pierre me chamar assim. Não que eu tivesse algo contra o meu nome, amava-o. Mas a nossa relação não era para essas formalidades...
Sei que nos conhecemos pouco mais de
seis meses, mesmo com a diferença cultural, entendíamos muito bem, ele falava a
minha língua com fluência, mas a língua dele continuava uma incógnita para mim.
Quando Pierre sussurrava “ Mary” ou “Fran” o mundo era só nosso. Mas não iria me
descontrolar. Fingir inocência e respondo:
_ Fale, meu
amor! Espero que não seja o que estou
pensando... Você tem andado meio estranho. Você me conhece há pouco tempo, mas
parece que sempre estivemos juntinhos, então a nossa relação é a base do
diálogo. Você sabe que me apaixonei...
Ele sorriu
amarelo. Suava frio. Mas não dava mais para adiar aquela conversa, iria ser
duro, mas a vida era assim.
_Marianne, voltarei para França! Surgiu um imprevisto... antecipei a pesquisa. Foi muito bom o nosso
caso, mas minha vida é lá. Minha família também está lá. Você é uma moça linda, com
certeza irá encontrar um moço que a ame como merece ser amada. Em pouco tempo você irá me esquecer, poderá
se casar, ter filhos... Você é linda, você é linda... Diga algo! Grite! Mas não fique me olhando assim...
Marianne
continuava muda, olhos fixos em cada gesto de Pierre, cada vez mais nervoso,
não parava de falar:
_ Não fique
com raiva de mim. Nunca escondi que só ficaria aqui por um tempo. Nem me peça
para ir comigo, ainda estou me estruturando financeiramente, não teria
condições de me casar. Sou bolsista, partiria após os estudos... Vamos, Francisca, diga algo!
_ Como vou viver? Como vou viver? Deixe um frasco do seu perfume para mim...Não ficarei sem o perfume francês!
Fiz a coisa certa. Hoje ele está lá, eu cá, sozinha, mas perfumada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário