Não há
dúvidas que cada vez mais aumenta a distância entre a idealização de profissão e a realidade brasileira. Se em outras
profissões há os entraves para encurtar essa distância, o que falar da
educação? Como o profissional da educação
se encontra ou desencontra nesse cenário político quando exige-se dele uma
capacitação adequada para exercer essa prática docente contextualizada,
atentando-se para as especificidades momentâneas e a cultura local? Quais
recursos disponíveis para essa
exploração contextual?
Talvez, se tivéssemos todas as respostas, com certeza
venderíamos como receitas e ganharíamos dinheiro. No entanto, entendemos
enquanto professor, estudante, observador, pesquisador e crítico cultural que o
espaço escolar cada vez mais vem se mostrando mais complexo, heterogêneo e na maioria dos casos observados, nem sempre
alunos, professores, gestores falam a mesma língua. Para lidar com as
complexidades locais/estruturais o profissional
da educação precisa ter uma
postura aberta e criar mecanismos para
enfrentar os desafios. Você sabe qual é o grande desafio da educação?
O grande
desafio da educação continua sendo a LEITURA. Ter um público leitor ativo e
criativo. Como os meus/ nossos alunos lidam com os textos? O que leem? Como?
Para quê? E uma provocação poética: Se
eu não sou leitor como incentivo a leitura do texto que desconheço? Não é por
acaso que a maioria das escolas não largam o cânone... porque nem o professor precisa ler, pois a todo canto
encontra alguém já leu o livro escrito há 200, 300 anos, e
espalhou as primeiras, segundas, terceiras, quartas ... últimas impressões da
leitura. Leitura é antes de tudo,
sedução. Se não pintar esse sentimento,
ela será mecânica, tediosa, cansativa ou mero instrumento de cópia comumente vem
sendo feito.
Tedesco(2005) diz que a política do trabalho docente tem
dois pilares que sustentam: o primeiro é acreditar no projeto da educação, e o segundo é investir no potencial do aluno. Por acreditarmos na
educação é que mantemos esse contato direto com o leitor, passamos dicas,
metodologias, projetos, socializamos oficinas, sem cobrarmos nada. Não somos ingênuos a ponto de pensar que a mudança
virá de cima para baixo, por isso demos a nossa contribuição para que a mudança
ocorra em cada leitor. Pinceladas que são respingadas aqui e acolá. É
frequente transformar a sala de aula num grande laboratório para que de lá os
experimentos literários saiam e possam
contagiar outros estudantes para esse mundo mágico das letras. Onde o conto, a
crônica, a poesia, o cordel entre outros pedem passagem. Enquanto o segundo
pilar, a nossa prática responde se investimos ou não no potencial do nosso
aluno. E mais uma que socializamos...
Dessa vez,
não penduramos os cordéis num cordão,
devido o tempo chuvoso poderia ter uma durabilidade pequena, mas
utilizamos caixas forradas... nelas os nossos poemas, cordéis, sonetos são
colocados. Não importa o lado que o aluno olhe, vire, analise, critique... lá está a produção
estudantil. Ah, mesmo que o estudante
resolva chutar as caixas para bem longe,
com certeza elas pararão num ponto
específico, e ali, também ficará visível a produção estudantil do Colégio
Estadual Lauro Farani.
Por que a
LITERATURA nas caixas? Porque além de colorir o ambiente, ela repassa cultura
local. Aquela cultura que está lá no cantinho escondida, anulada, invisibilizada por todo o sistema
sócio-educacional, mas ao sair da caixa
ela ganha novos olhares e sentidos. E as nossas poesias das caixas já
ornamentaram stand da “Literatura de Iaçu” , na Feira de Educação do Município,
o Col. Est. Lauro Farani e agora estão
dando um colorido especial ao blog,
isso porque acreditamos que o único capaz de mudar a educação é o profissional docente. É o professor que faz a diferença numa escola!
É o professor que arregaça as mangas e entra em campo para jogar juntamente com
seus alunos quando sente que eles estão perdendo para o time adversário, que atende pelo nome "Drogas", " Alienação", "Ignorância"... É o professor que equilibra e desequilibra
essa balança educacional! Porque a mudança mais significativa que há no
cenário educacional é na política do
trabalho docente.
E. Amorim
* leitura complementar do livro Políticas Docentes no Brasil - um estado da arte ( Gatti, Bernadeti; Barreto, Elba Sá; André, Marli. Brasília: Unesco, 2011.)
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