segunda-feira, 25 de julho de 2016

Política do Trabalho Docente



Não há dúvidas que cada vez mais aumenta a distância entre a  idealização de profissão  e a realidade brasileira. Se em outras profissões há os entraves para encurtar essa distância, o que falar da educação?  Como o profissional da educação se encontra ou desencontra nesse cenário político quando exige-se dele uma capacitação adequada  para exercer  essa prática docente contextualizada, atentando-se para as especificidades momentâneas e a cultura local? Quais recursos disponíveis  para essa exploração contextual?
Talvez,  se tivéssemos todas as respostas, com certeza venderíamos  como receitas  e ganharíamos dinheiro. No entanto, entendemos enquanto professor, estudante, observador, pesquisador e crítico cultural que o espaço escolar cada vez mais vem se mostrando mais complexo, heterogêneo e  na maioria dos casos observados, nem sempre alunos, professores, gestores falam a mesma língua. Para lidar com as complexidades locais/estruturais o profissional  da educação precisa  ter uma postura aberta e criar mecanismos para  enfrentar os desafios. Você sabe qual é o grande desafio da educação?

  O grande desafio da educação continua sendo a LEITURA. Ter um público leitor ativo e criativo. Como os meus/ nossos alunos lidam com os textos? O que leem? Como? Para quê?  E uma provocação poética: Se eu não sou leitor como incentivo a leitura do texto que desconheço? Não é por acaso que a maioria das escolas não largam o cânone... porque  nem o professor precisa ler, pois a todo canto encontra alguém já leu o livro escrito há 200, 300 anos,   e espalhou as primeiras, segundas, terceiras, quartas ... últimas impressões da leitura.  Leitura é antes de tudo, sedução.  Se não pintar esse sentimento, ela será mecânica, tediosa, cansativa ou mero instrumento de cópia comumente vem sendo feito.
 Tedesco(2005)  diz que a política do trabalho docente tem dois pilares que sustentam: o primeiro é acreditar  no projeto da educação,  e o segundo é investir no  potencial do aluno. Por acreditarmos na educação é que mantemos esse contato direto com o leitor, passamos dicas, metodologias, projetos, socializamos oficinas, sem cobrarmos nada.  Não somos ingênuos a ponto de pensar que a mudança virá de cima para baixo, por isso demos a nossa contribuição para que a mudança ocorra em cada leitor. Pinceladas que são respingadas aqui e acolá.   É frequente transformar a sala de aula num grande laboratório para que de lá os experimentos  literários saiam e possam contagiar outros estudantes para esse mundo mágico das letras. Onde o conto, a crônica, a poesia, o cordel entre outros pedem passagem. Enquanto o segundo pilar, a nossa prática responde se investimos ou não no potencial do nosso aluno. E mais uma que socializamos...


                         
Dessa vez, não penduramos os cordéis num cordão,  devido o tempo chuvoso poderia ter uma durabilidade pequena, mas utilizamos caixas forradas... nelas os nossos poemas, cordéis, sonetos são colocados. Não importa o lado que o aluno olhe,  vire, analise, critique... lá está a produção estudantil.  Ah, mesmo que o estudante resolva chutar as caixas  para bem longe, com certeza elas pararão  num ponto específico, e ali, também ficará visível a produção estudantil do Colégio Estadual Lauro Farani.
Por que a LITERATURA nas caixas? Porque além de colorir o ambiente, ela repassa cultura local. Aquela cultura que está lá no cantinho escondida,  anulada, invisibilizada por todo o sistema sócio-educacional, mas ao sair  da caixa ela ganha novos olhares e sentidos. E as nossas poesias das caixas já ornamentaram stand da “Literatura de Iaçu” , na Feira de Educação do Município,   o Col. Est. Lauro Farani e agora estão dando um colorido especial  ao blog, isso porque acreditamos que o único capaz de mudar a educação é o profissional docente.  É o professor que faz a diferença numa escola! É o professor que arregaça as mangas e entra em campo para jogar juntamente com seus alunos quando sente que eles estão perdendo para o time adversário, que atende pelo nome  "Drogas", " Alienação", "Ignorância"...  É o professor que equilibra e desequilibra essa balança educacional! Porque a mudança mais significativa que há no cenário educacional  é na política do trabalho docente.


                                                       E. Amorim

* leitura complementar do livro Políticas Docentes no Brasil - um estado da arte ( Gatti, Bernadeti; Barreto, Elba Sá; André, Marli.  Brasília: Unesco, 2011.)

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