terça-feira, 26 de julho de 2016

O Perfume da Joaninha (Fábula)


Era uma vez uma Joaninha muito inteligente. Ela teve uma grande ideia:  Queria inventar um perfume para espantar os pássaros que almejavam atacá-la como refeição. Como seu corpo era muito chamativo, vermelho com pintas pretas, onde ela se escondia, facilmente era encontrada.
Joaninha estava cansada de ver a sua família  destruída, já havia ficado viúva três vezes. Esperta,  pressentia o perigo e avisava o companheiro que tinha os reflexos mais lentos. Sempre escapava dos bicos dos pássaros que moravam no alto da árvore e viviam fazendo ronda próximo a sua casa.
Conversando com uma velha raposa, que também teve que mostrar as garras quando um urso  veio em sua direção, recebeu a receita para fazer uma porção com algumas folhas e raízes.  Joaninha ficou com medo de ingerir aquele chá, mas a raposa garantiu que eram ervas medicinais.  E ao tomar o chá nenhum animal se aproximaria mais dela, e brincou que nem os urubus a queriam por perto depois do chá...
Joaninha bebeu o chá, quase morreu em seguida.  Enquanto a raposa velha foi visitá-la sorrindo:
_ Bem feito, Dona Joaninha! Quem mandou acreditar em raposa velha!  Essa foi a lição que deixo, raposa é raposa, nunca acredite no que ela diz. E saiu satisfeita com mais uma maldade aplicada.
Não se sabe exatamente como a Joaninha conseguiu escapar daquela situação. Mas  depois que sarou, passou a exalar  um perfume  horrível para os adversários e maravilhoso para ela.  Era ela encostar  numa árvore o  odor invadia  e afugentava os pássaros. Ninguém queria mais se alimentar daquele inseto.   Quando distraída pousava na roupa de um humano, de imediato, aquela roupa teria que ser lavada. Até a raposa correu de Joaninha, achando que estava diante de uma pequena assombração vingativa e mau-cheirosa. 
Dizem que muitas abelhas rainhas de quatro em quatro anos rondam a casa da Joaninha tentando comprar a fórmula, quem sabe assim o perfume da joaninha  espantaria também algumas visitas de zangões indesejáveis... mas a Joaninha sorri e jamais revela  o segredo do seu perfume, intimamente ela agradece a raposa por ser tão má e ter feito a ela tanto bem.

Moral: Para quem é do bem, até o mal sofrido, transforma-se em bem.

                             Elisabeth Amorim


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