domingo, 26 de novembro de 2017

Natal, Natal...( poesia)

Salvador Shopping - Salvador -BA

Sonhar?  Faz mal não...
É Natal! É Natal!
Cheio de luzes e cores
Mexendo com a imaginação.
Asas gigantes se abrem a mil
De repente... ficamos sem chão
No Carrossel do Natal
Como num passe de mágica
Pluf! Você deixa o Brasil.


Não precisa de avião,
Nem bagagem alguma carregar.
A Torre Eiffel
Está a um palmo da  mão.
Feche os olhos lentamente,
Entre no mundo da fantasia
E deixe a imaginação voar.
O Espírito Natalino sumiu
Deixou o Espírito Consumista no lugar
O sagrado se profanou
Que nem para o dono da festa
Um convite sobrou.


Natal, Natal...
Que linda é tua festa
A comunhão entre os povos
Família em união
Entre as trocas de presentes
Ceias para confraternização
Mas antes de apagar as velinhas
E cantar  “Parabéns a você”
É preciso fazer uma oração.
Pelas crianças carentes
De carinho e pão.
Um abraço e ação solidária
Mudam  uma nação.
Natal, Natal...
Que a Estrela Maior brilhe sempre

Em nosso coração.


                         


Elisabeth Amorim/2017

sábado, 25 de novembro de 2017

A Floresta Encantada ( conto de natal)

Entrada do Shopping Bela Vista/ Salvador - BA

          De repente acordo do meu sono de Bela Adormecida, não havia príncipe algum ao meu lado. Apenas um papelão que servia de cama debaixo do meu castelo, não sei porque as pessoas insistem em chamá-lo de viaduto. A voz do povo nem sempre é voz de Deus, era o que pensava Malina.
Sim, escureceu rápido na grande Salvador.  Muitas nuvens carregadas sobre as nossas cabeças, olhando bem... vejo também muitas luzes piscando...   Vou segui-las. Não que eu acredite que lá encontrarei Papai Noel, isso é coisa de criança criada em shopping, menino de rua não tem nada disso na cabeça. Mas o sonho uma vez no ano faz tão bem... Os adultos não acreditam na Black Friday e correm alucinados para comprar um produto sem olhar o preço?
          Sinto-me perdida nessa Floresta de Luzes, parece encantada. Eu gosto de quebrar os encantos, desencantar-me.  Sigo em direção as luzes que brilham. De repente, percebo que estava completamente enfeitiçada.  Não tinha jeito, comecei a gostar do sonho, era algo tão raro em minha vida,  talvez sem me dar conta já estava na porta de um shopping.
          Realmente, a Floresta Encantada exibe uma bela vista. Toda floresta tem lobo mau? E se um lobo me atacasse naquele momento?  Nas mãos apenas um pequeno spray de pimenta, não iria intimidá-lo por muito tempo. Eu, magrinha, facilmente, o frasco iria para o lixo.  Ouço as vozes vinda lá de dentro do shopping, vez ou outra escapa algum cheirinho da comida, talvez, para me lembrar que não fiz nenhuma refeição naquele dia.  Mas, começo a fazer jus ao meu nome, vou malinar à vontade... Entro saltitante naquele castelo de sonhos infantis: árvore de natal, bolinhas coloridas, muitas luzes, trenós e animais exóticos... Papai Noel!?  Ele existe de verdade!


          Não precisei andar muito. Logo a frente um coral com Papai Noel, muita gente  a filmar aquelas crianças a sua volta. Tentava me aproximar, mas era invisível e impossível. Ninguém me filmava, nem notaram a minha presença.  Era tanto brilho, tantas cores, que  a minha cor fosca não serviu para nada.  Ofuscaram-me, com certeza.
          No entanto, algo me chamou a atenção... Estavam cantando “ Noite Feliz”, finalmente eu iria entender o sentido do Natal.  Claro, não iria dizer aos meus colegas de infortúnio  a minha aventura. Mesmo porque eles não  acreditariam.  Muitos afirmam que Papai Noel não existe.
          Mas eu juro. Eu vi Papai Noel. Ele passou pertinho de mim... Ele também não me viu. Não adiantava eu me sentar ao lado dele se eu não tinha um celular para registar o momento. E se eu tivesse um celular teria que criar uma conta no facebook para mostrar aos meus amigos virtuais e cobrá-los as curtidas e comentários nas minhas postagens.  E se comentassem sobre as minhas roupas velhas? E se falassem do meu cabelo sujo?  E se me criticassem... E se me ignorassem... E se me perguntassem...


        
  - Malina, o que fazes no shopping?
          Gente, as relações pessoais são complicadas!  Eu teria que dar satisfação da minha vida para o mundo só por causa de um abraço de Papai Noel... Acho melhor  voltar para  o meu castelo, lá tudo é real.
                            
                                   Elisabeth Amorim/ Salvador, Ba, nov. 2017

                   




segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ah, se o mundo tivesse a consciência(negra) de Zumbi...

          

         
         Quando falamos sobre Consciência Negra o primeiro nome que vem à memória é o de Zumbi dos Palmares, o grande líder do Quilombo dos Palmares,  herói negro que lutou pela liberdade de seu povo até a morte em 20/11/1695. A  história do Brasil permeada de heróis brancos, resistiu, resistiu, resistiu... somente em 09 de janeiro de 2003, através de Projeto Lei 10.639  foi criado o DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA, e a data não poderia ser outra: 20 de novembro em homenagem a Zumbi.
          Sabe aquela pessoa que tinha tudo para ser esquecida? Pois é... Não foi. A história de Zumbi é muito interessante, ele foi retirado à força do seio familiar ainda criança, mesmo sendo livre, ele foi criado por um padre. Estudou  idiomas, aprendeu a religião, mas não deixou ser catequizado. Alimentou e fortaleceu o desejo de liberdade não apenas para si, mas para todo o seu povo. E na primeira oportunidade o adolescente Francisco  fugiu e retornou para seu povo, eis o Zumbi! Guerreiro ou mito?
          O Quilombo dos Palmares era governado por Ganga Zumba, tio de Zumbi. Na época,  século XVII, o quilombo pertencia a Capitania de Pernambuco, por sinal, uma capitania muito próspera. Quilombo era local de resistência e abrigo de escravos foragidos, com leis próprias, fato que contrariou a Coroa Portuguesa, já que o país estava sob o domínio de Portugal. E justamente por discordar de acordos de paz entre o líder e o governador, privilegiando alguns negros, Zumbi rompe com o líder Ganga Zumba. As lutas internas provocaram  a morte do tio, e a ascensão do sobrinho.            No entanto, há quem defenda que o problema que agravou a discórdia entre  tio e sobrinho, foi a paixão avassaladora de Zumbi por Dandara, uma das protegidas do tio... Será? Só lendo “ Consciência Negra, um toque de amor”...
           Ah, se o mundo tivesse a consciência de Zumbi... a liberdade e igualdade seriam para todos, não para alguns.  Zumbi começou a lutar pelo fim da escravidão no Brasil, ele queria ver o seu povo livre das correntes. Livre do tronco, do preconceito racial e das chibatadas.  E por não aceitar uma liberdade pela metade, lutou até a morte. 
          Na linguagem dos nossos jovens, “Zumbi estava de boa” quando estava morando com o padre. Mas qual a consciência de Zumbi? Ele não queria essa vida só para ele. Zumbi nasceu livre! E assim também morreu lutando pelo sonho de liberdade. E o sonho  foi interrompido  por alguém que não apendera a sonhar... Zumbi foi traído por  quilombolas, que é isso, companheiros?
          O mundo precisa de muitos  guerreiros como Zumbi, guerreiros de consciências, sejam brancas, negras, amarelas, mestiças, mas de consciências. A Consciência (Negra) de Zumbi deu o pontapé para abolição da escravatura, que veio ocorrer em 13 de maio de 1888 com méritos  para a princesa Isabel, isso quando a mão-de-obra escrava estava sendo um transtorno para os donos dos escravos.  A Consciência (Negra) de Zumbi pensou no bem da coletividade num país da “farinha pouca meu pirão primeiro”. Enfim,  a  Consciência (Negra) de Zumbi deu um novo rumo a história do Brasil, mesmo permeada de mitos e zumbis, mas uma história que, talvez,  resgate o  direito de sonhar por um país cheio de CONSCIÊNCIA,  NEGRA?  Por que não?

                                                       E.Amorim



 Algumas leituras







sábado, 11 de novembro de 2017

Ser amigo ou ter amigo? ( mensagem)


Vivemos em uma sociedade em rede, constantemente usamos as tecnologias digitais  e com auxílio da internet conversamos com o mundo, mas ignoramos quem está bem próximo de nós.  Isso é um perigo! Amizade precisa ser avivada, aquecida, quando as relações esfriam... o amigo está mais longe do que se imagina.
Numa desses espaços virtuais tive a oportunidade de ler e intervir numa discussão sobre a quantidade de leituras recebidas, e o meu questionamento gerou certa insatisfação ao destinatário a ponto de me bloquear, mas não fiz nenhuma retratação por expressar algo que está consolidado em minha memória.  Amizade não precisa ser imposta, leitura precisa ser prazerosa e espontânea. A pessoa precisa merecer ser lida, se valer a pena, o leitor voltará, caso contrário, o texto e autor cairão no esquecimento.
E a vida é assim, há pessoas de guerra e de paz.  Há pessoas brisas, outras  terremotos. E mesmo diante de um cenário no qual ninguém enxerga além de uma tela, encontramos amigos. E quando encontramos amigos, que os inimigos que nos perdoem ou morram de inveja, mas amigos são amigos, merecem o tratamento vip.
 Quando sorrimos, amigos estão gargalhando ao nosso lado. São os primeiros da fila para o abraço. Nas fotos de recordações, os amigos estão lá, um a um. E por acaso quando falta um, lembre-se que alguém precisa segurar a câmara.
Quando choramos, amigos  estão tão próximos que não sabemos quem enxugou as lágrimas... A dor diminui diante do carinho dos amigos.
E pelo tempo que me resta neste mundo, quero simplesmente ser amiga. Ser amiga na alegria ou na tristeza do outro. Ser amiga a ponto de ser útil,  não invisível. Por que ser amiga?  Porque ter é muito relativo, há quem tem milhares de amigos, mas não consegue ser amigo de nenhum, preserva um coração prisioneiro. Mas quando conseguimos ser amigo de alguém, cativamos, e nunca mais  seremos esquecidos.
                                                       Amorim






sábado, 4 de novembro de 2017

A Festa dos Ursos no Shopping Barra (conto)


Ornamentação Natalina- Shopping Barra/ 2017

Certo dia a Família Urso resolveu fazer uma grande festa. Com a proximidade do Natal, toda a família queria comemorar o aniversário do Urso Médio. O problema era que Urso Médio tinha muitos amigos e a casa não caberia. Onde receber tantos convidados?
Primeiro Urso Médio pensou em levar para o Campo Grande, mas logo uns primos que não gostavam de badalações dos trios elétricos ficaram contra.  Urso Menor deu a sugestão de levá-los para a Fonte Nova, mas Mamãe Ursa não gostou da sugestão, pois o barulho dos torcedores iria atrapalhar a festa. No Dique do Tororó  também não daria certo, pois  uns primos não aceitaram... E Urso Médio já estava ficando irritado, até que deu a palavra final:
- Minha festa será no Shopping Barra! E que não gostou não vá!
Ursa Maior queria discordar, mas diante da fala do aniversariante... só disse:
- Excelente! Estarei lá...

No entanto, Urso Médio nem deixou Ursa Maior terminar  a frase e  esclareceu como seria a festa. Ele disse que cada um teria que ir para doar o seu melhor. E não queria ninguém parado, tudo para animar as pessoas que estivessem  no Shopping no dia da festa.  Quem soubesse tocar, tocaria, quem soubesse dançar, dançaria, quem soubesse cozinhar, também cozinharia... E quem soubesse escrever... E agora? Qual era o urso que escreveria?  E mais uma confusão começou se formar...  Mamãe ursa interrompeu:
_ Meu filho, nenhum dos seus primos sabe escrever! Festa não precisa de escritor!
- Mamãe, o Shopping Barra precisa, sim! Lá farei a minha festa e quero tudo registrado...
- Então deixe o seu irmão escrever...
_ Não! Urso Menor escreve “casa” com “Z”,   “amor” com “Ô”...
- Você não entendeu? O importante é a comunicação ser passada...
- Ah... Fale isso para a banca de examinadores, mamãe! Escreva dessa forma no ENEM... Quem irá escrever sobre a minha festa?

Era chegado o momento da festa, alguns ursos se lambuzando no mel, outros dançando, cozinhando, outros cantando, nenhum urso ficava parado, trabalhavam e se divertiam com a animação das crianças e adultos. Urso Médio estava super feliz.  Todos fizerem questão de abraçá-lo e dizer palavras carinhosas.  A festa foi um sucesso!
No final da festa, Urso Médio estava com um presente bem grande no colo. Os outros ursos a sua volta queriam saber o conteúdo, e quem levou aquele presente... Todos curiosos. E Urso Médio disse algo que marcou a vida de todos os presentes:
- Vocês querem saber o que tem aqui dentro?  Vocês querem saber quem me enviou isso?  Meus amigos,  essa curiosidade eu não tenho, porque aqui dentro não tem o que eu queria e que todos precisam. Vocês  me derem os melhores presentes: o abraço, o carinho, o respeito e a presença de vocês. Como seria uma festa de aniversário se todos enviassem o presente? A minha festa foi um sucesso por que vocês estão aqui, eu ganhei de vocês a melhor parte.  Natal está chegando, deem  aos seus amigos o melhor de si. Presente? Se o presente é o melhor que tens a oferecer...

E os amigos ursos se abraçaram felizes e cantaram para alegria das crianças.  Urso Médio não sabia  que à distância estava sendo observado por uma abelhinha escritora em visita ao Shopping Barra.



                                      Elisabeth Amorim

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A vida explode em mim. (poesia)


Qual é a melhor idade?
Quando criança  brincava
Com brinquedos que nunca tive
Entre bonecas e panelinhas
Que nas vitrines ficavam.
 Desfrutava dos palitos e pedrinhas
Conversava com formiguinhas...
Do pega-pega não privava
Pular corda não era coisa de academia
Fazia parte da fantasia
Anelzinho, dado e amarelinha
E nas catingas de rodas
“Eu sou pobre, pobre, pobre...”
“O cravo brigou com a rosa...”
“Atirei o pau no gato”
Ó infância!  Por foste embora assim?
Não percebeste que em todos os momentos.
A vida explodia em mim.



A adolescência chegou...
Quantas transformações!
No corpo e na alma.
Agora entre os livros e paqueras
A brincadeira mudou.
Não tinha mais cantigas de rodas
Não inventava mais brinquedos.
E numa folha em branco me acalmava.
Os medos, as sombras, a dor
Eram aos poucos sendo transformados
Vida, literatura, amor.
E quando achava que chegara o fim...
Que loucura!
A vida explodia em mim.



Cresço.
Amadureço
Luto
Venço.
Se apanhei?
Se chorei?
Se cair?
Levantei.
Segui viçosa 
como flor de jardim.
Doidinha, eu?
Sim, pela vida
que explode em mim.
                              
               Elisabeth Amorim






quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Por que matou Zik? (crônica)


Qual é mesmo a diferença entre autor e personagem criada por ele?  É muito comum o leitor, telespectador incorporar  a vida de uma personagem de tal maneira a ponto de  sentir a dor e até reagir contra o autor ou ator causador daquele sentimento.  E a ficção  torna-se realidade inventada, porém, questionada.
Numa dessas conversas informais entre o meu lado escritora e leitores mirins, geralmente a pergunta que não se cala na boca dos pequeninos: “ – Tia Beth,  por que a senhora matou Zik?” Caro leitor, vale lembrar que o “Zik” é  um dos protagonistas do infantil “Zik e Moka: dois sapinhos diferentes”. um sapinho inofensivo, cadeirante, e muito legal que passa por algumas exclusões antes de ser atropelado por um pavão numa faixa de pedestre. Lembrando também, que o infantil é de autoria de Elisabeth Amorim, não da “tia Beth”.
Resolvi entrar no clima da criançada, fui preparada para responder. Dessa vez as crianças não vão me encostar contra a parede. Não vou assumir uma culpa que não é minha. Por acaso eu tenho cara de pavão? Vocês filmaram eu matando Zik?  Alguém anotou a placa do meu carro na hora do acidente?
Chega o momento crucial. Crianças à bordo, perguntas sorteadas, mais uma vez rio antecipando o prazer da minha resposta... Com certeza seria a pergunta que todas as crianças leitoras do infantil fazem. Eis a bomba:
- Escritora, nós sabemos que não foi a senhora que matou Zik, mas quem matou foi um pavão, personagem criado pela senhora. A  minha pergunta é ...  Quem é o pavão na nossa sociedade?
 Tia Beth engasgou... Mas, a escritora que habita nela, por alguns segundos se vê naquela criança, sorrindo, responde  com uma outra pergunta, dessa vez provocando riso geral:
“_ Por que  não corri atrás do pavão para pedir a identidade?”
 Brincadeira à parte, claro que a pergunta foi respondida com precisão e descontração para atender o público ouvinte.  A criança estava certíssima e ela fez exatamente o que eu fazia quando tinha a mesma idade, e que todos leitores deveriam fazer.    
E para você, quem a Cinderela na sociedade atual? Gata Borralheira? Branca de Neve?  Quem é o Pinóquio? Quem é o Ali Babá e os quarenta... terminou o intervalo, fim de papo infantil.
Estudantes do Centro Educacional A Dinâmica


                                    Elisabeth Amorim




Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim