Logo cedo Pedrinho acorda, aos 5 anos de idade já
tentava decifrar o vocabulário dos adultos. Mas nem todas as tentativas eram
exitosas. Na idade dele as coisas deveriam ficar bem esclarecidas para evitar
os transtornos compreensíveis daquela fase.
Como já acontecera outras vezes, Dora, a mãe de
Pedrinho vivia policiando as palavras para que elas não saíssem tortas na
frente do menino e com isso evitar certos constrangimentos. Pois fora
surpreendida com a visita do carteiro, após entrega de correspondência, dissera
tranquilamente:
-Desculpe o incômodo, Dona Dora, mas não sou banana.
Seria bom a senhora explicar a diferença entre um homem trabalhador e uma
banana para seu filho...
Vermelha como um pimentão, Dora balbucia uma pedido
de desculpas, e assim que o carteiro desaparece:
_PEDRO! PEDRO, venha aqui! Eu já disse para você
não repetir as coisas...
Isso sem falar quando ela foi ao supermercado... E
lá encontra um colega do seu esposo
acompanhado da família e Dora fica gelada. Pois na noite anterior após a visita
do casal ela deixou escapar um comentário infeliz. Trata de arrastar Pedro para
livrá-lo do embaraço, mesmo assim não escapou:
_ Mamãe, é ele o pateta que a senhora falou? Ei, o
senhor é o pateta João amigo do meu pai?
Assim, Dora passava vergonha por falar da vida
alheia diante de Pedro. O menino era sapeca e a interpretação ficava sempre
enviesada. Com Pedro tudo era ao pé da
letra. A campainha toca e Pedro dispara para observar se quem estava chegando
era o seu pai... Decepcionado vê a vizinha sorridente.
E passa a olhar para a vizinha de maneira
insistente. E diz:
_Posso pegar em seu braço?
_Claro, Pedro!
_ E na sua perna?
Ela
olha-o desconfiada, mas aprova sorrindo. Ele pega, olhava para o corpo da bela
vizinha com a curiosidade peculiar da idade, em seguida solta as mãozinhas
e deixa o seu registro do dia:
_Mamãe, a mulher fogo está aqui. Só que já
apagou... pois ela não está mais quente!
A vizinha e Dora sorriem sem graça, trocam algumas
informações e assim que a vizinha se
despede... Dora corre pega um chocolate que Pedro adora e diz:
_Pedrinho, meu amor, venha cá falar com a mamãe,
venha! Quem foi que disse aquilo dessa vizinha tirada a gostosona? Foi papai,
foi? Ele falou como? “Ela é fogo” ou “ela é quente”? Repita o que papai disse
que te dou esse chocolate! Como é que ele sabe? Ele pegou nos braços ou nas
pernas? Ele te disse? Hein, ele disse?
_Ãh? Ãh? Gostosona?! Vizinha gostosona... Vizinha
gostosona...
_ O quê Pedro?! Seu pai disse isso, foi?!
E.Amorim
* Imagem da WEB
Obrigada pela leitura e continue conosco e se possível, indique um texto daqui a um amigo.
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