domingo, 9 de julho de 2017

Carta ao Pai

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Oi, Pai!

Desculpe-me a intimidade, mas a situação exige que eu escreva, pensei em Ti. Aliás, tu fazes parte da minha história, não tem como não pensar... Escrever não é uma tarefa difícil para mim, eu e as letras somos íntimas, gostaria que essa intimidade fosse transmitida também para os meus leitores,  mas tudo bem.  Vamos ao que interessa? Interrompo o teu silêncio para orar, agradecer o quanto tu és fiel... ensina-me também essa fidelidade, meu Pai.
Primeiro eu quero te agradecer, agradecer muito pela segunda chance que Tu me deste. Estava na beira de um poço, sentindo algumas mãos (in)visíveis que me empurravam para a abertura, sabia meu Pai  que se eu caísse, não conseguiria me levantar, sem a tua ajuda.  Queria e precisava ser forte, na verdade toda a força não estava em mim, mas em Ti. Tu me ouviste e me deste em dobro o que queria. Como tu és fiel!
Hoje, sei exatamente como conseguir passar pelo fogo, como enfrentei leões famintos sem ser devorada viva.  Os mistérios da vida, os propósitos que tu planejaste não há explicação. O teu poder nenhuma ciência foi capaz de explicar, nenhum homem é inteligente o bastante para justificar o injustificável pelas leis criadas por ele. Quantas vezes te pedir forças para vencer as batalhas terrenas? E como resposta vi o teu agir, a tua a ação de desfazer  cada nó,  desatando os laços dos passarinheiros, jogando por terra todas as ciladas dos inimigos.  Cuidando-me com o carinho de Pai.
Segundo, meu Pai  venho te pedir perdão. Perdão pelas falhas, inseguranças, pelos medos que tive antes de te conhecer. Quando o Senhor não passava de um ser distante, sabia da sua existência, mas não tinha coragem o bastante para te entregar a direção do meu barquinho. Talvez, achava-me tão pequena, insignificante que Tu não perderias teu precioso tempo comigo.  Coração enganador, sabias? Teu olhar se estende para todos e todas que te procuram.
E eu te procurei, Pai! Como tu mesmo disseste “Bata e a porta se abrirá, procura e achará”, na minha busca eu Te encontrei. Encontrar-se com o Pai é como encerrar a caminhada no deserto e passar a trilhar pelos “campos de águas cristalinas”.  Sentar-se ao lado dos adversários e não ser atingido por nenhuma flecha.  É saber que mil poderão cair ao meu lado, mas não serei atingida, porque o meu Pai cuida de mim.
Autorizado por Tu, meu Pai, uma nova história começou quando fui adotada. Vitórias e bênçãos chegam até a minha tenda, porque Tu não deixas desviar o que tens reservados para cada um de nós. Às vezes cobramos a demora do teu agir, mas teu relógio não atrasa nem adiante nenhum segundo, mas cada coisa acontece no tempo que Tu, Pai, determinaste para cada um. Ensina-me confiar no teu tempo. Ensina-me descansar em Ti. Ensina-me ter um coração grato todos os dias.
                 Até qualquer dia, Pai.
Beijos,
                         Sua filha adotiva


                   Elisabeth Amorim


*imagem da web

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