terça-feira, 12 de abril de 2016

Peixinho Fantasma

Para Pedro, com carinho.



     Pedro era um menino muito levado. Aprontava com os animais de estimação que seus pais criavam. E a última novidade era um aquário com dois lindos peixinhos, um de cor alaranjada e o outro bem branquinho.  E os nomes? Pedro escolheu: Laranja e Fantasma.
      E era o dia inteiro, o menino vigiando esse aquário para que nenhum outro animal se aproximasse.  E quando a mãe não estava olhando Pedro jogava alguns petiscos para o peixinho, o seu predileto era Fantasma, alvo feito neve.   E isso despertou a fúria dos outros animais que foram deixados de lado pelo garoto.  O gato Mimoso, a tartaruga Tatá e a  coelha Fofinha e a pata Quá Quá  viviam querendo chamar a atenção de Pedro. Todos enciumados.  Dona Ilban, não gostava de vê-lo tão  próximo ao aquário e logo o advertia:
     _Pedrinho, não jogue alimento para os peixes.  A ração tem hora certa e se alimentá-los demais eles morrerão.
     Tarde demais o aviso.  Pedro já havia aprontado. Realmente, Dona Ilban tinha razão. Não demorou o Peixinho Fantasma morreu. Restando apenas Peixinho Laranja.  Pedro ficou triste, pois sentia-se culpado. E quando todos estavam dormindo,  ele desceu as escadas para fazer companhia a  Laranja. E o que ele viu, o deixou muito assustado.
     Peixinho Fantasma havia se transformando em um fantasma de verdade.  E ele estava fazendo companhia a sua parceira Laranja. Fantasma está enorme, com os olhos arregalados acompanhando todos os passos de Laranja.  Pedro voltou correndo para o quarto. Dessa vez ele não quis saber de dormir sozinho, foi parar no quarto da mamãe, que assustou-se  também quando viu Pedro em estado de choque entrando correndo no quarto:
     _O que foi meu filho? Teve um sonho ruim?
     Pergunta Dona Ilban, preocupada com o estado de Pedrinho.  E insiste para que ele fale sobre o que havia sonhado... E Pedro disse tremendo:
     _ Mamãe, Mamãe... Fantasma virou um fantasma de verdade! Fantasma agora virá me assombrar... Estou com medo!
     Dona Ilban sorriu com a confusão que o garoto estava fazendo. E disse, brincando com os cabelos de Pedro:
    _ Pedrinho, o Peixinho Fantasma  era apenas um peixinho branco. Foi você quem colocou esse nome. E Fantasma não está mais aqui, ele morreu, infelizmente... Peixe não vira fantasma, entendeu?      Você deve ter sonhado... Vá dormir!
     _Mamãe! A senhora não entendeu... Peixinho Fantasma voltou... Ele está lá na sala, eu vi! Ele cresceu e está vigiando  Laranja.  Estou com medo, pois sou culpado pela sua morte, eu dei comida diferente... Acho que Fantasma está me procurando...
     Dona Ilban sorriu novamente. Mas dessa vez quis mostrar o  equívoco que Pedro estava cometendo. Ela desconfiava que tinha algo diferente por trás da morte de Fantasma...  pega na mão da criança e descem bem lentamente a escada, a casa no escuro,  o destaque era para o aquário com Fantasma vigiando...  Aquela cena marcou a história da família, pois Dona Ilban recuou assustada, talvez mais assustada que o seu filho, e voltam para o quarto.  Abraçados e temerosos, encontram o pai de Pedro acordado. E contam que Fantasma estava de volta para se vingar a morte prematura...
Senhor Mário, um homem sério e muito corajoso, sorriu com aquela história.  Levanta-se e acompanhado de perto pela sua esposa e seu filho, todos na pontinha dos pés, para flagrar Fantasma.         Chega à escada. Olha para o aquário!  Não acredita naquilo que estava vendo... Dá uma sonora gargalhada e acende a luz.
    Mimoso corre assustado.


                                     Elisabeth Amorim, Peixinho Fantasma, Bahia, BR,2016.

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