sábado, 19 de setembro de 2015

Monólogo de uma flor (poesia)



- Por que me arrancou do jardim?
Estava tão linda
Era vida para seus olhos
E na sua  doce lida
Nem olhou para mim.

- Insisto.  Você não notou a lua
Nem as flores do caminho
Posso ser mais uma
Que trilha sem carinho
Por conta dessa alma nua.

- Jogou fora porque murchei.
Perdi a beleza para você
Deixei de enfeitar a sua sala
A minha formosura se cala
E o meu aroma, onde deixei?

-Era a sua flor predileta
A rosa das paixões
Sustentava  suas fantasias
Enquanto tirava minha vida
Dia e noite, noite e dia
Para agradar outros corações.

- Nem o botão restou.
A rosa foi despetalada
Hoje você perdeu o seu amor.
Vejo-o tão sem vida...
Finalmente fui vingada!

-Eu era tão linda
Enfeitando o seu jardim
Alegrei-me quando notou
E veio correndo para mim.
Mas, arrancou-me com cuidado
Carinhoso, pensou.
Preservaria a minha formosura
E a sua vida daria sabor.

- Que insensível!
Sou apenas uma flor
Só brilho nos campos e jardins
Quando arranca do meu lugar
Comente um crime contra a natureza
Logo vou murchar...
Venha!  Assista a minha morte,
Ela é lenta e visível,
Depois pode comemorar.

                                           Elisabeth Amorim 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim