sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
E agora, José? ( crônica)
Há muito tempo lá pelas bandas das Minas Gerais, um poeta havia dito: “A festa acabou, o povo sumiu… não veio a utopia”. E o que eu, quem nem mineira sou para ficar comendo pelas beiradas, tenho a ver com isso? Se você caro leitor estiver pensando que irei falar da paixão nacional, sinto desapontá-lo, não bebo nem guaraná!
O meu assunto é bem sóbrio, desculpe-me, é sério. Na verdade é seríssimo. Tenho até vergonha de falar de algo que não entendo, mas vou meter a colher sim, porque entendo de impostos… Qualquer coisa, eu passo a bola! Ops, passo a vez, falar em bola num período de Copa das copas é chamar para a briga. Chega de enrolação e vamos aos fatos.
Desde o início o mineirão avisou: Tem uma pedra no meio do caminho! Quem deu ouvidos a educação? Ninguém. Quem ouviu a saúde? Ninguém. Quem ouviu a segurança pública? Ninguém. Quebraram a cara! Agora, tomo emprestado o “José” do mesmo mineiro das “pedras” preciosas… Quem vai pagar essa conta? E agora, José?
_ Eu? Deixe-me em paz! Não tenho nada a declarar! Minha filha e eu estamos dando um tempo da política. Quero gozar o meu maranhão, só meu… E da minha família, é claro!
Xi, bola fora! Sou persistente… E agora, JOSÉ ?
_ Já estou pagando pelos crimes cometidos e não cometidos do meu partido. Deixe-me em paz! Mensalão, mensalinho… todo pagamento ilegal e mensal foi para minha conta. Então, quero gozar a minha luxúria na prisão.
Ninguém assume a culpa. Ah, falta um. Esse terá que assumir. Quem mandou pintar a Iracema com os lábios de mel? E agora, JOSÉ?!
_Será que estão falando comigo?! Vou fingir de morto. A mulher não quis o poder, agora ela sozinha assuma os fracassos.
De novo bate na trave e volta. Desnorteada grito:
_ E AGORA, JOSÉ?! E AGORA, JOSÉ?!
Silêncio. Vergonha. Silêncio. Vergonha…
Olho para a televisão e digo baixinho: E agora, José?!
_ Não olhe para mim… Falaram que a culpa é minha?!! Vou falar com Ana Maria Braga**.
E sai de cena um louro furioso.
Elisabeth Amorim/2014
* Louro José do Programa "Mais você"/ Rede Globo
**Apresentadora do Programa “Mais você”
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
A troca de cruz ( mensagem)
Quantas vezes achamos que a nossa cruz é mais pesada e injusta? Não queremos refletir os nossos atos, mas passamos boa parte da nossa vida nos
preocupando com as ações alheias. E quase sempre
assumimos o papel de vítima. E mesmo atuando no Big Brother real, cenário no qual estamos
inseridos, tem momentos que esquecemos
as câmeras, e paramos diante do nosso espelho da vida para as perguntas: O que
estou fazendo aqui? Será que meu papel
não foi trocado?
Não! Por mais difícil que seja o caminho, por mais pedras que encontramos,
creio num Deus poderoso e justo . E
recebemos aquilo que merecemos, conforme a vontade Dele. Sei o quanto é difícil aceitar os obstáculos, nem precisamos aceitá-los, basta fazer deles
alvos a serem superados. A minha noite em claro, não foi em vão. Eu
precisava passar essa mensagem para você. Ela é sua! Ela é minha, ela é de quem
acredita que não estamos aqui de passagem.
Viemos para o mundo para deixar
pegadas, não na areia, pois rapidamente as ondas apagam, mas no coração aberto para o bem.
Parece simples, mas às vezes ficamos clamando pela justiça de Deus, como
se tivéssemos o direito de exigir a sua presença, resposta imediata à ação.
Esquecemos que Ele já está agindo. Ele já está no comando e dirigindo toda a
nossa vida. Só a título de ilustração,
socializo um fato que recentemente se sucedeu:
Uma mulher estava acompanhando seu esposo em uma clínica médica, na
qual ele passaria por um procedimento de uma biopsia. E durante o tempo que ele
se manteve internado, a esposa orava e pedia a Deus para intervir dando-lhe a vitória.
No entanto, depois de uma hora e
meia as enfermeiras passaram a chamar a
presença dos acompanhantes dos pacientes internados. Ao perceber que eles voltavam conduzindo os respectivos pacientes liberados,
a mulher se inquietou. E começou a cobrar de Deus uma resposta, pois ela não
fora chamada. E naquele momento ela queria ser a próxima a ser chamada para
sair também amparando o seu esposo ...
Depois de algum tempo, aparece o seu esposo sorrindo. E ela fica assustada, pois imaginou que o
exame teria sido adiado, já que ela não fora chamada para ajuda-lo descer os
degraus de uma escada... E ao questionar:
_Como você está liberado?! Os outros acompanhantes foram chamados... E por que eu não fui?
E ele sorrindo disse:
_Porque quem estava me acompanhando foi Deus. Eles foram chamados porque não conseguiram andar sozinhos... Mas nós que
temos Deus no coração nunca estamos sozinhos.
É isso, caro leitor. Mesmo triste, procure não se lamentar, não
questionar o tamanho da sua cruz e nem queira trocar pela do seu vizinho. Deus
age em silêncio. Ele faz a troca conosco quando percebe a nossa fragilidade e
quão pequena é a nossa fé.
E.Amorim
Brasil/Bahia/2015
sábado, 24 de janeiro de 2015
Fênix (poesia)
Pássaro
ferido, abatido
Asas
quebradas, dominadas
Coração
partido, sofrido.
Capturado,
Domesticado,
Anulado.
Vigilância,
cativeiro fechado.
Canto
negado.
Pequena
abertura na gaiola...
Das cinzas o
pássaro assustado alça voo.
Cambaleante,
Rastejante.
Impressionante.
Deixando
muitas penas no caminho...
Voe Fênix!
Use a sua força de gigante.
E. Amorim\2015
*imagem da web, apenas ilustrativa.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Retirante (poesia)
Sou
retirante,
Não tenho pouso certo
Meu caminho
é incerto
Meus passos
vagam...vagam...vagam...
Sou
retirante
Um eterno
errante
Em busca de
abrigo.
Que vida errante!
Correndo em
busca da chuva.
Levante-se
retirante!
Sonhe
retirante!
Molhado de
suor
E a chuva
lavando o asfalto?
Distante.
Distante. Distante.
Quem abraça
um retirante?
Há os que exploram, zombam.
Do rosto
marcado com as lágrimas sofridas
Ó triste
retirante!
Vive a
enganar a fome,
Engole o
vento
Sua dor é
fruto do tempo
Seus passos
vagam... tombam.
E. Amorim/2015
* Cândido Portinari, Os retirantes, 1944
domingo, 18 de janeiro de 2015
O sapinho diferente ( infantil)
Querido leitor,
Agora você conhecerá a minha história, sou um sapo tal qual milhares de sapos que existem nas lagoas, rios...Pulo, coaxo, nado... Mas as pessoas olham para mim e me veem como um sapo diferente.
De tanto ouvir que sou diferente, contarei a minha história. Talvez ela seja mesmo diferente. Mas isso você, só você que é leitor, poderá decidir.
Meu nome é Zik e a minha parceira é Mola. Que estranho ter uma companheira como esse nome, não? Mas a sua história é tão surpreendente que resolvi chamá-la de Mola pelos altos pulos que ela dá para conseguir capturar o inseto e dividi-lo comigo... Ei, não pense que sou um sapo explorador de sapinhas, não. Só você lendo a minha história do início ao fim para realmente entendê-la e fazer o seu julgamento. Vamos, lá?
Morava debaixo da Ponte Severino Vieira, na cidade de Iaçu. De vez em quando saía do meu local de conforto, margens do Paraguaçu, para dar uma voltinha com a minha amada Moka. Quem conhece o local, sabe que a referida ponte por muitos anos serviu de elo de ligação entre as cidades Iaçu e Itaberaba. Num domingo, estávamos tão felizes comemorando o possível crescimento da família... Ríamos, coaxávamos... E numa brincadeira, Moka desafiava o meu limite no salto - eu nunca fui habilidoso... Mas, minha amada dizia:
_ Zik, você consegue! Salte no asfalto!
_ Moka, eu não sou bom em salto! Que tal voltarmos para o rio?
_ Não, Zik! Quero vê-lo saltando no asfalto, igual a mim.
Sabia o meu limite. Eu não tinha condições de ser igual a Moka, que brincando a chamava de Mola... Mas o desafio foi mais alto que a prudência. Então, não pensei duas vezes. Fiz a coisa errada. Na hora não quis refletir. Usei toda a minha força e...
De tanto ouvir que sou diferente, contarei a minha história. Talvez ela seja mesmo diferente. Mas isso você, só você que é leitor, poderá decidir.
Meu nome é Zik e a minha parceira é Mola. Que estranho ter uma companheira como esse nome, não? Mas a sua história é tão surpreendente que resolvi chamá-la de Mola pelos altos pulos que ela dá para conseguir capturar o inseto e dividi-lo comigo... Ei, não pense que sou um sapo explorador de sapinhas, não. Só você lendo a minha história do início ao fim para realmente entendê-la e fazer o seu julgamento. Vamos, lá?
Morava debaixo da Ponte Severino Vieira, na cidade de Iaçu. De vez em quando saía do meu local de conforto, margens do Paraguaçu, para dar uma voltinha com a minha amada Moka. Quem conhece o local, sabe que a referida ponte por muitos anos serviu de elo de ligação entre as cidades Iaçu e Itaberaba. Num domingo, estávamos tão felizes comemorando o possível crescimento da família... Ríamos, coaxávamos... E numa brincadeira, Moka desafiava o meu limite no salto - eu nunca fui habilidoso... Mas, minha amada dizia:
_ Zik, você consegue! Salte no asfalto!
_ Moka, eu não sou bom em salto! Que tal voltarmos para o rio?
_ Não, Zik! Quero vê-lo saltando no asfalto, igual a mim.
Sabia o meu limite. Eu não tinha condições de ser igual a Moka, que brincando a chamava de Mola... Mas o desafio foi mais alto que a prudência. Então, não pensei duas vezes. Fiz a coisa errada. Na hora não quis refletir. Usei toda a minha força e...
_Ploc!
O salto não foi perfeito. Alguma coisa saiu errado. Não conseguia mexer as minhas perninhas. Comecei a chorar. Tive medo de ser atropelado pelo primeiro carro que surgisse, pois não conseguia me mexer por mais que me esforçasse...
Moka de um salto já estava ao meu lado, toda aflita com o acidente, consolando-me, incentivando-me. Eu sabia que a coisa era grave. E pedi a minha amada para seguir adiante a vida dela, pois eu seria um estorvo dali em diante. Mesmo porque, eu não teria nenhuma condição de me cuidar, que dirá cuidar de uma parceira e os filhos que viriam...
Moka não quis nem saber daquela conversa. Ficou do meu lado. Não sei como aquela criaturinha, que a primeira vista era frágil, conseguiu me conduzir nas costas, tirando-me da pista para não ser esmagado pelos carros que fazem regularmente o trajeto que aproxima os moradores das duas cidades vizinhas...
Levou-me de volta para nossa casa às margens do Paraguaçu. E desde então, Moka tornou-se Mola, minha mola, minha vida, porque salta daqui e de lá, com uma agilidade incrível, nem parece que estou sendo conduzido. Onde vai, carrega-me em suas costas, devido a minha condição. Após o acidente tornei-me portador de necessidade especial. E assim, todos que me veem coladinho nas costas de minha amada, gritam:
_ Olhe o sapinho diferente!
Na verdade eu não sou diferente, sou ZIK, um sapinho deficiente. Mas, diferente mesmo é a minha amada, Mola. .. Em nenhum momento me abandonou. Dei a chance para ela se livrar de uma carga extra em suas costas, mas ela não aceitou. E todos os dias ela faz a diferença, respeitando os meus limites e me amando do jeito que sou! E você? Poderá também fazer a diferença!
Elisabeth Amorim/2013
Fragmento do livro ZIK E MOKA: DOIS SAPINHOS DIFERENTES ( Editora Protexto)
Caso tenha gostado... Compre o livro!
http://www.protexto.com.br/livro.php?cod_livro=614 ( livraria virtual da Editora Protexto)
* Imagem da representação dos sapinhos Zik e Moka ( Escola Rômulo Galvão de Carvalho)
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
... leitura é fundamental! (notícia)*
O resultado do Enem/2014 é
chocante. O Exame Nacional do Ensino
Médio nada mais nada menos que 529 mil
inscritos tiraram zero em Redação. E desse número quase 300 mil não conseguiram
articular um período sobre o tema proposto, entregando a prova em branco. Agora
questiono: isso é ou não uma tragédia anunciada?
Infelizmente, encontrar crianças,
jovens, adultos, idosos lendo um livro impresso, degustando suas páginas, seu
colorido em uma praça pública é quase buscar uma agulha no palheiro. A leitura exige além de investimentos
financeiros para projetos, certos sacrifícios mentais. Argumentação,
compreensão, disciplina, poder de síntese, crítica... O bom leitor precisa ser
crítico, na linguagem popular, “ter noção do lido e do escrito”. E não há
redação boa sem leitura. E as outras disciplinas? Mais de 900 mil inscritos, apenas 10,6%
conseguiram a média. Leitura, cadê você? Será que não está se perdendo na
era da tecnologia digital?
Cada vez mais a geração “smartphonizada”
caminha pelas redes da desinformação. Textos com mais de uma lauda são
rejeitados. E as redes sociais, espaços
propícios para modificar essa cultura, apresentam um quadro desolador. Cada dia
é mais difícil encontrar quem vai além das frases curtas,
imagens ou vídeos bizarros curtidos a valer. Os mesmos estudantes que tem acesso
a toda a informação com apenas um toque( nada poético) são os mesmos que estão
zerando a redação. Estranho?! Não! É cultura. Sem investimento nos projetos de
leituras esse número do Enem tende a subir. Não há mágico que mude o cenário
educacional se não houver o abraço de todos para o incentivo à leitura.
A escritora Elisabeth Amorim teve o prazer imenso ao receber as visitas de duas lindas leitoras mirins, a Gyselle Heleodora Lauton, 13 anos e Júlia Graziele Heleodora
Lauton, 9 anos, da cidade Rio do Antônio, Bahia, no último dia 14, curtindo férias na cidade de Iaçu. E são elas( imagens) que dão esse toque
inspirador a nossa notícia e ao mesmo tempo embelezam a nossa página. Por quê?
Elas encheram o facebook com fotos delas lendo,
apresentando os livros e a autora para seus amiguinhos virtuais. Cena rara que
o blog pega carona, mediante permissão dos responsáveis.
Façam como a Gyselle e Júlia, leiam!
Leitura é fundamental. Postem nas redes
sociais imagens que estimulem a
leitura. Isso vale para as emissoras,
jornais, sites... Precisamos modificar o foco das nossas câmeras, caso
contrário teremos que engolir muito zero “curtindo” a educação brasileira.
Toque Poético
·
Fineza não usar imagens sem os devidos créditos
ao blog. Em tempo agradecemos a Família Heleodora pela disponibilização das
fotos para esse fim.
** Texto do blog TOQUE POÉTICO https://toquepoetico.wordpress.com/2015/01/15/leitura-e-fundamental-noticia/
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