sábado, 24 de junho de 2017

Felicidade cassada (crônica)

*

     - Olá, você é a FELICIDADE? Estava há dias à sua procura...
     - Sei... Encontrou-me.
     - É sério, fico o dia todo lhe vigiando.  Quero lhe abraçar, aliás quero ser você!  Minto. Na verdade o que você construiu em anos eu quero para mim, agora. (rsrs) Sem nenhum esforço.
      - Ah... Sou abstrata e seletiva. Você quer me abraçar... mas  só abraço quem é de abraço.
     - FELICIDADE,  acho você usa uma máscara enorme, e não vou sossegar enquanto não desmascará-la. Vou lhe perseguir, você vai ver!
     - E quem não usa?!   As máscaras são papeis sociais desempenhados. Todos nós usamos máscaras.  Se comportarmos da mesma forma com todos e todas seremos condenados ao isolamento  porque seríamos insuportáveis.  Cada um precisa atuar  conforme a circunstância que esse palco da vida nos oferece. O problema é saber  o que é máscara e o que não é.  Enquanto a sua perseguição não seria a primeira e acho que  poderá ser  a última, pois esse é o seu único projeto de vida...
     - Eu sabia! Eu sabia! Esse seu ar de satisfação é tudo uma farsa... Você, FELICIDADE  é uma farsa! Você  não existe! Felicidade não existe! Eu sou melhor do que você!  Eu estou sempre viva em  corações  que me dão abrigo, enquanto você só dá uma passadinha...E não tiro minha máscara, por isso que todos me conhecem a distância, basta eu abrir a boca, a  fala me representa.  Enquanto você, nem todos te conhecem...

     -Já disse, sou abstrata! Só existo para quem me  conquista e faz projetos sustentáveis de vida em comunhão comigo para que eu permaneça agindo.  Agora, se você acha que  não existo,  por que vive a me perseguir?   Se não existo por que não me esquece?
     - É impossível esquecê-la. Você vive em meu caminho a  escancarar a nossa diferença.  O que faz para ser tão... tão bonita, tão de bem com a vida?  É o seu amigo  Alegre que lhe dá tanta satisfação?
     -  A minha resposta não mudará em nada o que sente a meu respeito. Desde quando você ouve a coerência?  Mas vou lhe responder assim mesmo... O que eu  faço? Eu tenho um amor gigante dentro de mim. Só quem tem esse amor tem a ALEGRIA de se relacionar  de uma forma íntima com  DEUS e  nossos aliados: Respeito, Alegria, Ética, União, Solidariedade, Companheirismo, Justiça...
     - Xi, todos eles são seus amigos?! Você não tem nenhuma amizade com um dos meus coligados? Você só gosta dessa “tropa de elite” que toda “maldadezinha” condena...
      -Acredito que não... Seus “coligados”  até que tentam se aproximar de mim, mas não quero. Você se relaciona com   Maldade, Falsidade, Ódio, Ingratidão, Desrespeito, Calúnia... Realmente, os seus amigos foram feitos para você, para mim, não... Acho que vocês se merecem.
     -Sempre achei você metida! Você, FELICIDADE  só quer andar com um sorriso nos lábios, com esse ar superior... Eu menti, nunca quis imitá-la. Queria mesmo era derrubá-la para assumir seu lugar... Dona  FELICIDADE  você sabia que Sr. Alegre está lhe traindo? Ei, onde pensa que vai? Ei, Felicidade sua  arrogante, vai me deixar falando sozinha?!  Felicidade, volte aqui!  Maldita felicidade, sumiu de novo!
Enquanto INVEJA  destila seu veneno  e  vai morrendo lentamente, pois vez ou outra morde a própria língua, a sua  felicidade escapa  de fininho...


                               Elisabeth Amorim/ Bahia, 2014

* imagem apenas ilustrativa da web.

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