quarta-feira, 15 de março de 2017

Reformas, emendas e remendos (crônica)

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          Incrível, como num país como o Brasil, onde se paga tantos impostos, estamos vivemos  uma crise jamais vista. A velha novidade, velha sim, porque sabemos de que lado a corda se arrebenta, é que mais uma vez o povo trabalhador, sofrido,  terá que arcar com as despesas de um país  que faz carnaval de uma semana e desemprega o ano inteiro.
        Fico triste quando passo por alguns comércios locais e vejo as tabuletas de “Aluga-se” ou “Vende-se!” E isso não está acontecendo apenas no interior, mas na própria capital baiana.  Há poucos dias, comecei a contar quantas casas comerciais foram fechadas, apenas na Avenida Bonocô, na grande Salvador.  Desisti, porque as lágrimas não deixaram continuar. É triste, mas é a nossa realidade, um país onde impera o desemprego. Caminhamos em que direção?
            Quando falta emprego, falta dignidade. Como construir um país melhor  sem o básico?  Nunca se viu falar tanto em corrupção, propinas, prisões e desvios de dinheiro público quanto hoje. Por outro lado, a quantidade jovens e adultos desempregados e sem perspectivas de emprego a curto prazo. Recentemente,  encontrei com dois ex-alunos( já com os estudos secundários concluídos) varrendo rua, nada contra a profissão de gari, mas senti que um deles se envergonhou e tentou se esconder atrás da vassoura e fugir para o outro lado da rua. Talvez, preocupado com aparências, ele nem percebeu a crise que estamos vivendo. Aquela vassoura em suas mãos foi devido a atuação do administrador municipal que adotou o sistema de rodízio de prestadores de serviços em alguns setores públicos.  É uma medida paliativa, mas a procura é imensamente maior que a oferta, com isso, não dá para escolher a profissão dos sonhos, quando nem os sonhos restaram.
          Os nossos representantes agora querem acabar com as aposentadorias especiais.  De quem? Mais uma vez, nós, pobres trabalhadores, como os professores, por exemplo, pagarão as contas de um país mergulhado nas falcatruas. Enquanto isso, eles continuam com os mesmos privilégios de sempre, as reformas não os atingem.  E em benefícios próprios as emendas e remendos são feitos. E mais uma vez o povo trabalhador é violentando, “rebanhado” e invisível fora das urnas.  Após correr atrás do trio elétrico no ritmo do axé, é aguardar a PEC que entrará na avenida. Frevo? Axé? Samba? Não sabemos ainda o ritmo, mas até então estamos na esperança de que não seja   “quebradeira”, “metralhadora” e nem “sofrência”,  porque esses ritmos baianos já conhecemos.


                                                           Amorim
* Di Cavalcante, Carnaval.

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