Incrível, como num país como o Brasil, onde se paga tantos
impostos, estamos vivemos uma crise
jamais vista. A velha novidade, velha sim, porque sabemos de que lado a corda
se arrebenta, é que mais uma vez o povo trabalhador, sofrido, terá que arcar com as despesas de um país que faz carnaval de uma semana e desemprega o
ano inteiro.
Fico triste quando passo por alguns comércios locais e vejo as
tabuletas de “Aluga-se” ou “Vende-se!” E isso não está acontecendo apenas no
interior, mas na própria capital baiana.
Há poucos dias, comecei a contar quantas casas comerciais foram
fechadas, apenas na Avenida Bonocô, na grande Salvador. Desisti, porque as lágrimas não deixaram continuar.
É triste, mas é a nossa realidade, um país onde impera o desemprego. Caminhamos em que direção?
Quando falta emprego,
falta dignidade. Como construir um país melhor sem o básico?
Nunca se viu falar tanto em corrupção, propinas, prisões e desvios de
dinheiro público quanto hoje. Por outro lado, a quantidade jovens e adultos desempregados e
sem perspectivas de emprego a curto prazo. Recentemente, encontrei com
dois ex-alunos( já com os estudos secundários concluídos) varrendo rua, nada contra a profissão de gari, mas senti que um
deles se envergonhou e tentou se esconder atrás da vassoura e fugir para o
outro lado da rua. Talvez, preocupado com aparências, ele nem percebeu a crise
que estamos vivendo. Aquela vassoura em suas mãos foi devido a atuação do
administrador municipal que adotou o sistema de rodízio de prestadores de serviços em alguns setores públicos. É uma medida paliativa, mas a procura é imensamente maior que a oferta, com isso, não dá para escolher
a profissão dos sonhos, quando nem os sonhos restaram.
Os nossos representantes agora querem acabar com as
aposentadorias especiais. De quem? Mais
uma vez, nós, pobres trabalhadores, como os professores, por exemplo, pagarão
as contas de um país mergulhado nas falcatruas. Enquanto isso, eles continuam
com os mesmos privilégios de sempre, as reformas não os atingem. E em benefícios próprios as emendas e remendos
são feitos. E mais uma vez o povo trabalhador é violentando, “rebanhado” e
invisível fora das urnas. Após correr atrás
do trio elétrico no ritmo do axé, é aguardar a PEC que entrará na avenida. Frevo?
Axé? Samba? Não sabemos ainda o ritmo, mas até então estamos na esperança de que
não seja “quebradeira”, “metralhadora” e nem “sofrência”,
porque esses ritmos baianos já
conhecemos.
Amorim
* Di Cavalcante, Carnaval.
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