domingo, 30 de outubro de 2016

A mulher da rede ( conto curto)

                


Todos os dias aquela mulher  após semear  informação para colher aprendizagem, corria para   a sua  rede, balançava suavemente, aos movimentos do balanço ela se entregava deslizando-se, navegando,  sonhando... Sonho sonhado!
Sonho compartilhado!  Notaram a mulher na rede.
_Sonho sonhado, sonho compartilhado!
Sonho realizado.
E não é que um grupo de estrangeiros se levantou para admirar o que a mulher da rede fazia?
E não ficou mais nenhum sonho.., Todos sonhos vendidos e aprovados no sonho da mulher da rede.


                                            
                                           Elisabeth Amorim

domingo, 23 de outubro de 2016

O vento que derruba não consegue fazer o contrário...(crônica)


Definitivamente o vento que derruba uma árvore no caminho, mesmo que ele sopre com mais intensidade jamais conseguirá recolocá-la no mesmo lugar.  Acho que nós, seres humanos, pensantes, deveríamos ter um pouquinho de cuidado em repassar certas mensagens, notícias, imagens, sem a certeza se aquilo procede ou é mais um engodo da internet.
Imagine um pai de família ser exposto ao ridículo perante toda sociedade por conta de imagens mentirosas?  Uma dona de casa morta a pedradas por ser apontada na internet  como autora de um crime que não cometeu?  Hoje é tão fácil espalhar o mal, inventar algo que diminua o outro,  mesmo quando meia dúzia descobre que foi mentira, já a fez  circular de tal forma que é impossível, revertê-la.  O vento já fez todo o estrago na vida do outro. E agora? Será que os novos ventos irão recolher o escárnio público?  Os julgamentos movidos pela emoção? Não! Nada irá apagar a dor da humilhação.
Alguém inventa algo sobre o outro e pluf! A vida da noite para o dia se modifica,  como aconteceu com um senhor humilde que jamais esquecerá o dia de ontem.  Numa feira livre, foi acusado de algo, e de imediato a sua foto  estava  em todos os grupos da cidade onde o fato ocorreu,  com  o “ cuidado, esse homem é maníaco...”  O furação que passou sobre aquele senhor, derrubando-o, será que algum dia será capaz de colocá-lo de pé sem nenhum arranhão?    Será que as pessoas que encaminharam as mensagens para os vários grupos tiveram o mesmo cuidado  de desmenti-la ?  Pois é, o homem após a investigação provou-se inocente.   Das quatro mensagens recebidas,  ninguém  se preocupou em  anular a notícia falsa.
 Ainda tive que resistir  para não participar da conversa  entre dois membros do grupo e dizer: o vento que derruba não é capaz de levantar,  pois nem todas as árvores estão com raízes sólidas. Na queda tem árvores que perdem  flores, frutos, folhas e desejo de voltar a fornecer sombra.  Seja brisa para alguém, espalhe algo que posso honrá-lo,  edificar a  casa, vida, família... na rede não semeie ventos, mas literatura!

E. Amorim


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Ser mão ( mensagem cristã)



Muitos dizem que não gostam de ouvir sermão, ainda há aqueles que brincam “se fosse bom, seria vendido...”  No entanto a mensagem de hoje tem a ver com  a  fala do pastor da Primeira Igreja Batista em Iaçu, Marivaldo da Silva,  no último domingo, (16/10/16) quando trouxe o tema “ Ser mão para alguém”.  Como podemos “ser mão” para o outro numa sociedade tão individualista?
 Ser mão para secar as lágrimas, ser mão para consolar e não provocar lágrimas no outro, ser mão para ajudar a recolher as pedras do caminho, ser mão para amparar a queda ou  ajudar a se levantar, ser mão-guia da mesma forma que Jesus Cristo é mão para aqueles que nele confiam.  Ser mão é  colocar-se de pé,  e em silêncio servir ...
E para “ser mão”, conforme as palavras do pastor, é preciso ter um relacionamento íntimo com Deus,  ou seja ser amigo de Deus.  Ter a sensibilidade de se colocar nas brechas e suprir as necessidades do outro.  E vejo como precisamos “ser mão” para  o nosso próximo.  Não aquela mão que apedreja,  ergue o dedo indicador em direção ao outro, não aquela mão que agride, mas a mão que acalenta, conforta, compartilha, abraça, ser mão quase invisível aos olhos alheios, mas atuante e eficaz nos momentos precisos que não passam despercebidos aos olhos do Pai.
Ser mão para começar a fazer a diferença, não pensando em mudar o mundo, mas nós mesmos com atitudes dignas de respeito.  Ser mão para enxergar  as nossas falhas,  corrigindo-as. Ser mão para aprender a perdoar aos outros, perdoando a si mesmo também,  ser mão para retirar a “trave” dos nossos olhos e esquecer os “ciscos” nos olhos dos outros.  A mudança é pessoal, intransferível, assim como as bênçãos recebidas também.
Através dessa mensagem quero “ser mão” que levará até você algum conforto.  “Ser mão” para te dizer que mesmo nos momentos mais difíceis da nossa vida,  quando parece que o Sol se escondeu, as estrelas se apagaram, o céu se fechou com nuvens carregadas,  procuramos um caminho, e encontramos  quando mantemos acesa a fé em Deus.  Posso não ter muito para dizer, mas o suficiente,  pois essa mensagem não chegou até você por uma acaso, não sei o tamanho do seu problema ou sua dor, não sei  quão pesado é o fardo que tu carregas, mas quero ser mão para  dizer  que o nosso Redentor vive.  Quero ser mão para dizer que Jesus Cristo é maior que tudo que carregas. E  a Ele seja dado toda honra e toda glória.
Enfim, quero ser mão... ser mão para dizer que Deus está conosco.  O nosso bem mais precioso, não é  ouro,  prata,  nem poder terreno,  porque  poderoso  é DEUS.  O sopro da chama da vida está sob o seu controle. E saber que o Filho de Deus é sempre a mão que precisamos nos momentos de riso ou dor é ter a certeza de que o socorro virá do Senhor.

                                   E. Amorim

terça-feira, 18 de outubro de 2016

As trancinhas de prima Vera ( infantil)

Foto: Rosa tinha apenas 6 anos, criança ativa, sorridente, com os seus cabelos louros cacheados era a atração nos locais pelos quais passeava com seus pais. Branca, olhos claros, parecia uma boneca, mas uma boneca bem sapeca, porque a menina era muito esperta e não se conformava com um não sem justificativa.
Chega à escola, não é diferente. E ela vai estudar na mesma turma da sua prima Vera . Vera também tinha 6 anos, morena, cabelos longos geralmente presos a várias tranças. As duas garotinhas eram muito unidas. Prima Rosa queria imitar a sua prima Vera, e pedia a sua mãe para também fazer trancinhas no seu cabelo do mesmo modo que a sua tia fazia nos cabelos de prima Vera.
Mamãe, faça trancinhas de prima Vera em mim!
A sua mãe, Dona Valdete sorria, mas nunca tinha tempo e adiava aquela tarefa com algumas desculpas. E com a vida prática que as pessoas levam, colocava duas presilhas no cabelo de Rosa e nada de tranças. Ainda mais seria um desperdício , pensava ela, fazer tranças num cabelo tão lindo quanto o de Rosa. E quando a menina cobrava as trancinhas, ela dizia:
Amanhã, Rosa! Amanhã farei as suas trancinhas.
Só quero trancinhas de prima Vera!
Só que o amanhã será sempre amanhã. E justamente numa manhã qualquer, Rosa sente-se mal, e a família ao buscar um médico e realizar os exames, descobre-se que a garotinha estava com leucemia. E o tratamento seria imediato. Indiferente a doença, Rosa cobrava:
Mamãe, já chegou amanhã? E as minhas trancinhas de prima Vera?!
Entre uma desculpa e outra, inicia o tratamento de Rosa, que por sua vez perdeu os lindos cachos dourados... Dona Valdete ficou muito triste, assim como toda a família. O tempo inteiro ela não se conformava com aquela doença e a perda dos cabelos de sua filha. Nenhum momento Rosa se sentia feia ou inferior sem os cabelos, pois ela conhecia algumas meninas que também perderam os cabelos e logo nasceram outro. Apesar da pouca idade, a maturidade em relação a beleza era surpreendente. Ela se via linda. Ela era linda. Só que a garota percebeu que a sua mãe estava sempre chorando às escondidas, mesmo disfarçando as lágrimas. E Rosa resolveu fazer uma surpresa para agradá-la, para que a sua mãe notasse o quanto ela era linda com ou sem os cabelos dourados.
Ao ouvir os passos de sua mãe, Rosa correu para frente do espelho com o pincel preto nas mãos disse:
_Veja mamãe, não fique triste porque amanhã está demorando de chegar... Eu mesma fiz minhas trancinhas... Estou igual a prima Vera? Agora estou linda?
A mãe de Rosa abraçou sua filha aos prantos e prometeu jamais adiar seus planos. E pegou o pincel vermelho desenhou um laço nas trancinhas. E resolveu registrar aquela imagem e escrever para que outras mães que adiam abraços, carinhos, tranças... pudessem aprender com “ As trancinhas de prima Vera”.
A partir daquele dia as duas iam para frente do espelho fazer as trancinhas de prima Vera. Era uma festa! Vez ou outra Vera estava presente e servia de modelo. Tinha vez que Dona Valdete enchia de flores o espelho, Rosa era apenas mais uma que sorria para sua imagem. Com o tempo elas perceberam que nem precisavam mais fazer as trancinhas no espelho, pois os cabelos de Rosa estavam de novo florindo... como a primavera.
( Elisabeth Amorim, As trancinhas de prima Vera - conto)

*imagem livre, apenas ilustrativa*
Rosa tinha apenas 6 anos, criança ativa, sorridente, com os seus cabelos louros cacheados era a atração nos locais pelos quais passeava com seus pais. Branca, olhos claros, parecia uma boneca, mas uma boneca bem sapeca, porque a menina era muito esperta e não se conformava com um não sem justificativa.
Chega à escola, não é diferente. E ela vai estudar na mesma turma da sua prima Vera . Vera também tinha 6 anos, morena, cabelos longos geralmente presos a várias tranças. As duas garotinhas eram muito unidas. Prima Rosa queria imitar a sua prima Vera, e pedia a sua mãe para também fazer trancinhas no seu cabelo do mesmo modo que a sua tia fazia nos cabelos de prima Vera.
Mamãe, faça trancinhas de prima Vera em mim!
A sua mãe, Dona Valdete sorria, mas nunca tinha tempo e adiava aquela tarefa com algumas desculpas. E com a vida prática que as pessoas levam, colocava duas presilhas no cabelo de Rosa e nada de tranças. Ainda mais seria um desperdício , pensava ela, fazer tranças num cabelo tão lindo quanto o de Rosa. E quando a menina cobrava as trancinhas, ela dizia:
Amanhã, Rosa! Amanhã farei as suas trancinhas.
Só quero trancinhas de prima Vera!
Só que o amanhã será sempre amanhã. E justamente numa manhã qualquer, Rosa sente-se mal, e a família ao buscar um médico e realizar os exames, descobre-se que a garotinha estava com leucemia. E o tratamento seria imediato. Indiferente a doença, Rosa cobrava:
Mamãe, já chegou amanhã? E as minhas trancinhas de prima Vera?!
Entre uma desculpa e outra, inicia o tratamento de Rosa, que por sua vez perdeu os lindos cachos dourados... Dona Valdete ficou muito triste, assim como toda a família. O tempo inteiro ela não se conformava com aquela doença e a perda dos cabelos de sua filha. Nenhum momento Rosa se sentia feia ou inferior sem os cabelos, pois ela conhecia algumas meninas que também perderam os cabelos e logo nasceram outro. Apesar da pouca idade, a maturidade em relação a beleza era surpreendente. Ela se via linda. Ela era linda. Só que a garota percebeu que a sua mãe estava sempre chorando às escondidas, mesmo disfarçando as lágrimas. E Rosa resolveu fazer uma surpresa para agradá-la, para que a sua mãe notasse o quanto ela era linda com ou sem os cabelos dourados.
Ao ouvir os passos de sua mãe, Rosa correu para frente do espelho com o pincel preto nas mãos disse:
_Veja mamãe, não fique triste porque amanhã está demorando de chegar... Eu mesma fiz minhas trancinhas... Estou igual a prima Vera? Agora estou linda?
A mãe de Rosa abraçou sua filha aos prantos e prometeu jamais adiar seus planos. E pegou o pincel vermelho desenhou um laço nas trancinhas. E resolveu registrar aquela imagem e escrever para que outras mães que adiam abraços, carinhos, tranças... pudessem aprender com “ As trancinhas de prima Vera”.
A partir daquele dia as duas iam para frente do espelho fazer as trancinhas de prima Vera. Era uma festa! Vez ou outra Vera estava presente e servia de modelo. Tinha vez que Dona Valdete enchia de flores o espelho, Rosa era apenas mais uma que sorria para sua imagem. Com o tempo elas perceberam que nem precisavam mais fazer as trancinhas no espelho, pois os cabelos de Rosa estavam de novo florindo... como a primavera.
( Elisabeth Amorim, As trancinhas de prima Vera - conto retirado da página da autora no G+)


*imagem livre, apenas ilustrativa

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A Professora e seu Barquinho (conto)


Ah, que saudade daquela minha professora! Tinha momento que achava que era fada, em outro era a minha bruxinha preferida. Não conseguíamos ficar muito tempo zangados com ela.
Quando a conheci ela não tinha mais que vinte anos e foi amor à primeira vista. Eu detestava leitura, mas com ela não tinha essa de não gostar. Porque para não gostar tinha que conhecer... Não se gosta do desconhecido. Então ela ensinava a gente a mergulhar, penetrar nas leituras, depois que estávamos todos envolvidos, já nem sabíamos de que mesmo não gostávamos.
A minha professora era uma eterna sonhadora. Quando se irritava com as agruras da educação , dizia que jamais desistia de seu barquinho de sonhos. Para ela, todos nós devemos ter um barquinho. E nós como condutores temos a obrigação de remá-lo na direção que conduz a ética, ao respeito, a satisfação pessoal... Mesmo com ventos desfavoráveis.
Às vezes algum colega para aborrecê-la indagava: “ Se o barco afundar?” A professora sorria e dizia que era impossível afundar um barco de sonhos. Porque os sonhos não morrem e devem ser compartilhados. Igual a educação, ninguém se educa sozinho mas na troca mútua. Sonhos são renováveis.
Era uma festa ouvi-la falar dos seus sonhos. Parece que ela vivia para a educação. A cada aula era uma novidade. Não sabíamos como ela conseguia ser tão criativa com tantas adversidades do sistema educacional. E como natural, todos pareciam que se espelhavam naquela figura pequenina. Ao discutirem as profissões que seriam cada qual escolhia a medicina, engenharia, direito, administração... Mas todos almejavam na profissão a competência da minha professorinha... Deixando-lhe toda orgulhosa por servir de espelho para muitos jovens. Enquanto eu já havia definido a minha jornada. Queria ser pedagoga para construir um barquinho de sonhos por uma educação melhor, igualzinho ao da minha professora.
Hoje, dia do professor, tantos anos depois em um cruzamento qualquer, encontro com a minha professorinha. Percebo algumas rugas mas continuava com o sorriso sereno. Abraça-me efusivamente. Tocamos afagos e digo-lhe:
_ Minha professora, consegui construir o meu barquinho...Cada dia ele continua mais pesado, são tantos sonhos... E a senhora, como está o seu barquinho? Agora com o tempo está mais leve, não?
_ Não! Abandonei o meu barquinho e...
_Não pode ser, professora! Seu barquinho dos sonhos não pode ser abandonado! Como fica a educação sem sonhos? A senhora que nos ensinou a sonhar... Não pode! Não pode! Eu posso ajudá-la a recuperar, sonharemos juntas...
_ Minha querida, meu barquinho está à deriva porque...
_ Não é possível! Não pode desistir! Minha professora... Todos podem jogar a toalha mas o professor não pode. Se o professor desistir, qual será o futuro da nação?
E pegando em meus braços com firmeza, minha professorinha, minha mestra, olha-me emocionada, percebi as lágrimas escorrendo e, falou-me quase sussurrando:
_ Obrigada por ter aprendido a lição! Eu também jamais desistirei dos meus sonhos! O barquinho ficou à deriva porque os transportei para um navio...

Abraçamo-nos e choramos pelos nossos sonhos.
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Elisabeth Amorim, Bahia/2012





15 de outubro, DIA do PROFESSOR

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim