Lá da minha janela via a garotada brincando na pracinha. Corre-corre, amarelinha, ciranda cirandinha. .. E as bolas se misturavam com as bonecas, piões, gudes, cavalinho de pau. Todos irmanados numa mesma proposta: ser criança.
De repente, uma bolha de sabão se aproxima da minha janela… Percebo aquela garotinha sentada num banco a observar. De vez em quando, ensaiava um sorriso com os tombos que alguns levavam dos patins e patinetes. Por que ela não participava? Desse meu local de conforto nada faço, apenas olho. Não! Tenho que mudar de posição.
Desço correndo as escadas, sinto ainda o nariz molhado. Chego a pracinha quase sem fôlego. Procuro a minha criança. Onde está? Em que local ela se escondeu? Não posso deixá-la de lado.
Com um sorriso sapeca, passo a mão no bolso encontro o frasquinho que produzia as mais belas bolinhas de sabão. E sem pensar muito, passo a soprá-lo, soprá-lo.
E o céu fica mais lindo! Colorido!
Alguns adultos me olhavam de forma esquisita. Não me incomodei. A infância está dentro de cada um, às vezes dormindo… Encontrei a minha criança que estava perdida, justamente quando uma bolha de sabão pousou no meu nariz…
Sorrisos a minha volta. Dessa vez, com um sopro bem mais forte joguei para o céu as mais lindas bolinhas de sabão…
_Quem consegue capturar pelo nariz essas bolinhas de sabão?
E a gritaria recomeçou e a correria também…
Não pedi silêncio. E não me incomodaria se todas as crianças do mundo acordassem naquele momento e participassem daquele desafio.
Elisabeth Amorim/ 2014
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