Mês de férias na capital baiana, de repente vejo-me
no Salvador Shopping* e fico com olhos
compridos para aquela infinidade de
bolinhas coloridas e as crianças pulando naquela piscina, desapareciam naquele
mundo da fantasia e retornavam sorrindo.
Por que eu não estava lá? Por que tive que crescer tão rápido pulando algumas etapas?
Ficava
olhando e flutuando também, disfarçava a minha ansiedade diante daquelas
bolinhas coloridas. Ninguém iria entender se eu deixasse a minha criança
acordar... Mas olhava as bolinhas vermelhas, amarelas, azuis, verdes, laranjas,
lilás... Quem mandou colocar aquela piscina de bolinhas no meio do meu caminho?
Meu caminho não era comum essa infinidade de cores... Eu pintava a minha tela e
muito cedo aprendi a colorir também a minha vida, apesar da pouca quantidade de
tintas disponíveis.
E um duelo se
criou desleal e desumano. Era apenas
uma pobre mortal e do outro lado um amontoado de bolinhas coloridas.
Bolinhas que brilhavam nos olhos de cada criança adormecida e faziam acordá-la
rapidinho. As bolinhas convidavam-me
para aquele mergulho não dado.
Qual é o
tempo certo para diversão? Em que momento a felicidade bate à porta? Como um
robozinho desço cada degrau, não quis a
moderna escada rolante. A escada era
muito rápida, não daria tempo desfrutar cada passo dado. E aquele momento era
só meu. Parecia que atravessava a passarela, olhares infantis me acompanhavam todos os
passos até a fila que havia formado
para compra de ingresso. Não me incomodei com a quantidade de pessoas prontas para serem atendidas, via apenas eu e meu sonho. O atendente me pergunta espichando o pescoço
tentando descobrir para quem eu estava servindo de acompanhante...
_Qual o nome
e idade da criança?!
_ Criança não
tem idade!
Pago e sigo
intrépida diante de novos olhares assustados.
Jogo-me por inteira naquele mundo colorido e sou tragada por aquelas
bolinhas, enquanto a garotinha que me acompanhava sorria a valer.
Elisabeth Amorim/ 2016
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