Às vezes lutamos para sermos compreendidos. Queremos do outro os aplausos, o reconhecimento, a gratidão... Será que nessa busca desenfreada pelo olhar do outro sobre nós nos lembramos de que precisamos também compreender? Será que a vida que construímos merece algum aplauso? E ainda mais uma questão crucial, somos gratos pelas vitórias conquistadas?
Já ouvi algumas pessoas falarem que a única coisa boa que tem no livro de Antoine de Saint – Exupéry, lançado desde 1943 e ainda hoje continua inspirando-nos e promovendo mais uma reflexão se resume nesta frase: “ tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” De imediato, paro e penso, acho que não lemos o mesmo livro.
Pois pela minha lógica, talvez, desmontada, pois sou fã da literatura, não importa se é marginal ou clássica, leio não apenas com os olhos, mas com o coração também. E todas as literaturas lidas aprendo várias lições. E nessa “única coisa boa” apontada, eu vejo bem além. Cativar é um dos verbos de ação mais difícil. Cativar é não é apenas olhar, mas enxergar o não visível. Tocar-se com a alegria ou a dor do outro. Cativar é amar. É ser solidário com o outro. Compartilhar. Ser cúmplice numa boa ação. Nós só nos responsabilizamos pelas pessoas que nós amamos. Apesar de Cristo ensinar a amar os inimigos, acredito que não chegamos nesse estágio ainda. Quem sabe um dia?
Quando o pequenino fez o seu desenho e ninguém entendia, não abraçava nem acertava a direção que ele queria chegar... é mais uma lição de vida. Quantos rabiscos são incompreendidos aos olhos alheios, mas cativados pelos nossos amigos? Quantas ações que tomamos e quebramos a cara? E quantas vezes o abraço surge de onde se menos espera? De uma raposa qualquer tão carente de abraço quanto nós, humanos, racionais, inteligentes...
Talvez a minha defesa esteja equivocada pela minha relação com as letras, porém não consigo ficar indiferente diante do diálogo entre a flor e o pequeno príncipe. Um diálogo, talvez imperceptível para alguns leitores, mas para mim, poético e animador. Por quê?
Porque na vida muitos buscam o reconhecimento, ser cativado, todavia se esquecem de cativar. Muitos querem a vitória sem no entanto passar pelas lutas, pela trajetória percorrida pelo vencedor. E que tal começar o dia, mês, ano pensando e agindo diferente? Ah, sabe o que disse a pequena flor?
“ É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Lindo, não? Olhamos apenas para as borboletas, a suavidade do voo e não refletimos o quanto foi difícil lançar-se no espaço. E quantos foram cativados ao longo do caminho, afinal, fica mais essa lição: “ amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção”.
Essa é a minha forma de agradecer a parceria em 2015, por seguir-me sem às vezes saber a direção tomada, porém juntinhos estamos divulgando a literatura. Paz e um beijo em seu coração.
Elisabeth Amorim
Para todos os leitores que gentilmente acompanham as minhas publicações nos diferentes espaços virtuais, obrigada.
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