domingo, 31 de janeiro de 2016

O Gato e a Perereca ( infantil)



Era um Gato como outro qualquer.
 Com medo de água fria,
Perseguir  rato  era sua mania
Até que algo chamou a sua atenção
Surge uma Perereca sem igual
Roubando a sua concentração.


Gato é animal  vaidoso
Bem que gostaria de paquerar
Mas não combinava com aquela Perereca
Que ali veio morar
Se a Perereca quisesse algo  sério?
Como sua reputação iria ficar?


A Perereca era  inteligente e arteira
Subiu no telhado devagarinho
Enquanto  o Gato de bobeira
Não recebia nenhum  carinho
A Perereca pula aqui e acolá
E o Gato    vivia a sonhar...


Foi também para o telhado
Assim teria uma chance
Olha a Perereca de relance
E diz de supetão:
-Sei que queres me namorar,
Eu só  aceito na escuridão!


A Perereca de um pulo
Foi ao chão como uma luva
O Gato fez o mesmo,
Mas errou o pulo e se deu mal
Escorregadio  estava o piso
Por conta do temporal.

_Eu não quero namorar você!
Disse a Perereca determinada
Só dei uma passadinha aqui
Por conta da trovoada.
Gosto de água fria!
Mas não queria ficar desabrigada.

O Gato muito vaidoso
Ficou também decepcionado
Olha feio para a Perereca
Que o rejeitou como namorado
Pensou: _ Gato é melhor ficar só
Do que mal acompanhado!

                                                              E. Amorim

sábado, 30 de janeiro de 2016

O Lamento de um Pássaro (infantil)


Tranquilamente,  eu e minha companheira  sobrevoávamos a  mata.  Eu estava triste e preocupado,  pois as árvores que fazíamos o nosso ninho não estavam mais lá. Minha companheira não tinha o mesmo olhar, aliás todos olham para o mesmo objeto de forma diferente: bichos e  homens não são iguais.  E ela tinha uma vontade de ser  gente,  via o desmatamento como  algo necessário para o crescimento das cidades e aumento de condomínios luxuosos. Eu,  um pássaro  sem ninho, era só preocupação.
Meu nome é Tico e o dela, Doca. Formávamos uma família feliz. Até o dia que Doca me pediu para tirarmos umas férias.  Eu não sabia muito bem o que era isso,   pois desde o amanhecer   até o anoitecer recolhia palhas e alimentos  para melhorar o nosso ninho e a nossa vidinha de pássaro. Mas Doca é uma ave bem moderna, vez ou outra ela me aparecia com um laço vermelho na cabeça.  - Ave linda com ou sem laço! Dizia isso para ela, que  respondia  fazendo um biquinho delicado, jogando um beijinho para mim.
Em comum acordo decidimos não aumentar a família, pelo menos não queríamos filhotes ainda.  Precisávamos de mais segurança, um ninho mais alto e mais bonito. Se viessem filhotes os nossos  planos seriam adiados.   Continuamos voando baixinho em busca de abrigo... Eis que surge uma criança com algo na mão. Pressenti o perigo, dei o sinal para fugirmos de imediato.  Doca não obedeceu, ela queria cada vez mais se aproximar das pessoas e viu naquela criança a sua chance. O meu desespero aumentou  com a ingenuidade de Doca,  gritei:
_ NÃO, DOCA! NÃO POUSE  NO CHÃO!  ELE TEM UMA ARMA, DOCA! NÃO!
Doca não me ouviu... além de pousar tentou se aproximar do menino. Porém,  recebe uma pedrada certeira no peito, saída  daquele  estilingue que ele carregava na mão. Fiquei em desespero, vendo minha companheira no chão, agonizando e eu sem condições de fazer nada.  Vi tudo, a destruição da minha família.  O menino se aproximou de Doca, vira de um lado  para outro e diz:
_ Oh, esse  passarinho ninguém come... bala perdida!
Quando o menino desaparece, volto para  junto da minha Doca. Tantos sonhos que adiamos e não tivemos tempo de realizá-los.  Sonhei com a nossa mata verdinha  e os nossos filhotes comemorando a vida. Queria que ela abrisse os olhos, logo percebi que o seu pequenino coração não batia mais.   A bala perdida  arrancou  não apenas  as asas de Doca, impedindo-a de voar comigo, mas o meu dolorido lamento.
                                              Elisabeth Amorim/ 2016



sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Sem resposta

 


Por mais que sabemos que Deus é o Senhor de todas as respostas, insistimos em  buscar nos homens algumas, como não chega  a resposta ou surge de forma violenta, enviesada, nos frustramos.  Quando mudamos o alvo,  esquecemos de analisar  o que Deus  preparou para aqueles  que acreditam que o Seu Poder e misericórdia é infinitamente maior que o esperado. 
Às vezes a situação é tão adversa, contrária da desejada, mas Deus é a calmaria. Ele consegue acalentar o coração agitado, inquieto.  Em meio a turbulência,  pensamos que surgirá uma luz, uma mão estendida.  Irmãos, Deus é a Luz, o  Guia dos passos e ilumina a escuridão.  E é dessa mão que precisamos todos os dias ao levantar...  
E recentemente ouvi “ descanse no Senhor, pois Ele tem todas as respostas”. Verdade.  Lembro-me de quantas vezes fazia planos e não  colocava Deus no centro.  Achava que o planejamento por si mesmo, bastava,  e meus sonhos se frustraram misteriosamente, em momentos que tinham tudo para prosperar.  Situações pelas quais estava em  comemoração de  vitórias que nunca chegaram.  
Hoje estou tranquila, pois sei que Deus tem todas as respostas. E não fica uma situação sem que Ele deixe sem resposta. De uma forma ou de outra ela chega até nós.  E como sabemos que o agir de Deus é tão intenso e favorável para aqueles que acreditam,  o “não” dEle é para o nosso bem, o “não” é para nos dizer que o “sim” no futuro será infinitamente melhor.  O  homem pode falhar nas avaliações, julgamentos, decisões,  mas a avaliação de Deus para conosco não falha.  Deus nos liberta ou condena pelos nossos atos.  Somos responsáveis pelo que fazemos. 
Foram tantos momentos difíceis passados,  recordo-me de que passei anos estudando para seleção de emprego público,  preparadíssima, no dia e local da prova, meu nome não constava na lista de inscritos... Entreguei ao Senhor, não fiquei sem resposta.  Mestrado? Não conto às vezes que submeti a seleção,  chegando a estudar  6 horas diárias, mas  no dia da prova, o inusitado acontecia: doença, perda de transporte,  confusão na análise, atritos entre prováveis orientadores... Descansei  no Senhor, não fiquei sem resposta. 
Muitos nem imaginam que muitos dos meus textos, principalmente as mensagens escritas em  2015 saíram de dentro de um hospital, incrível, não? Na dor, no desespero, na luta pela vida de um ente querido, vinha a necessidade de  escrever, descansar após horas em claro, buscar uma resposta para  entender o porquê alguns passam por tantas provações...   E todas as vezes que busquei em Deus a força que precisava, Ele não me deixou sem resposta. 
                                         ( Elisabeth Amorim, Sem resposta, mensagem/ 2016)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A Bahia nossa de todas as artes*

           Elisabeth Amorim                        



É muito estranho você ouvir, ler ou até mesmo repetir uma ofensa a alguém atribuindo a essa pessoa características da cultura, culinária de determinada região. E soa mais estranho quando você substitui o alvo da ofensa  por um ou vários personagens criados pelo mesmo. Fico a matutar com esse meu jeito baiano de ser, e resolvo entrar no clima para vê como ficaria brigar com o meu amado Jorge. Acredito que faltaria criatividade para conseguir atingi-lo de fato e de direito, mas mesmo assim  tão baiana quanto ele, vou fazer essa experiência...
De cara, chamaria de “Pedro Bala”. Por quê?  O homem conseguiu furar o bloqueio, fronteira e ninguém mais o segurou.  Ele foi bem mais que o líder dos capitães da areia, capitaneou a literatura baiana com a maestria sem igual. Só sendo o “Pedro Bala” para mostrar para o mundo o submundo das crianças de rua, menores abandonados descritos como poetas da cidade de Salvador, Bahia. Bem, acredito que Jorge não ficaria nem um pouco chateado com esse apelido... Então como não consegui irritá-lo, tenho que buscar outro. Qual?
Acredito para ofendê-lo de verdade,  é só chama-lo de “Quincas Berro D’água”. É isso, Quincas! Porque trocar o nome de Jorge pelo de “Quincas”  de certa forma estava chamando de  “cachaceiro”, “ boêmio”, “ irresponsável” ... Qual o homem que almeja esse rótulo?  Com certeza esse é o olhar ingênuo para o “Quincas”.  Um olhar mais maduro poderia vê-lo um homem determinado que não aceitou a hipocrisia da sociedade representada pela própria família com ar burguês e joga para o alto, vivendo a própria vida. Quincas  é  um ex-Joaquim que tem a “morte” anunciada quando rompe com os laços familiares. Essa morte sentimental faz renascer  um novo homem. É... Chamá-lo  de “Quincas” o máximo que conseguiria dele era uma bela gargalhada, e perguntaria com um berro:  _ É água!
Bem, se dois nomes de personagens masculinos não adiantaram, o jeito apelar para a sua personagem mais famosa: É isso,  já vem a “Gabriela”! Qual o homem que gostaria de ter seu nome  trocado por um nome de mulher? Acho que nenhum que eu conheça... Aliás, “Gabriela” depois de Jorge Amado, passou a ser símbolo de mulher forte, determinada,  e consequentemente marca de vários produtos na região Sul da Bahia. Estranho, não? Tem algo nessa história que não bate. Como pode uma mulher “vadia” como a “Gabriela” receber tantas homenagens?  Vivemos em uma sociedade patriarcal, as mulheres ainda  hoje, são vistas de esguelha quando desempenham uma função diferente da convencional.  Mas, voltemos a “Gabriela”. Que raio de mulher foi essa que depois da publicação  do livro de Jorge Amado aumentaram a quantidade de nomes em sua homenagem?
Novamente entra em cena o olhar ingênuo para a literatura e um olhar mais crítico. No segundo olhar, nota-se na personagem uma raça, determinação que ia de encontro a todos os costumes da época. Em nenhum momento está aqui defendendo a traição, adultério. Não é esse o ponto em questão, mesmo porque se a “Gabriela” fosse a prostituta que muitos olhares ingênuos apontaram inicialmente, será que a sociedade iria homenageá-la com nomes de produtos, empresas de turismo, filmes, seriados e ser traduzida para mais de quarenta países? Com certeza, não! “Grabriela” passou por um casamento forjado por Nacib e cia  na vã tentativa de domesticá-la para uma sociedade impregnada de preconceitos e podridão, como exemplo,  o que a Sra. Sinhazinha (alta sociedade) fazia às escondidas com o dentista não diferenciava do que Gabriela fazia com mais liberdade...
Então, trocar o nome de Jorge Amado e chamá-lo de “Gabriela” acredito que seria mais uma homenagem a esse escritor. Afinal, é o romance mais lido, discutido, polêmico que a Bahia presenteou  para o mundo literário. E nem vou dá o trabalho de tentar agredi-lo chamando de “Dona Flor” ou até “ Tieta” porque  conheço as histórias dessas mulheres de Jorge... O mínimo que conseguiria é fazer com que a “Rosa Palmeirão” mostrasse a faca que guarda sob a saia por estar tentando diminuir um trabalho de alguém.
Como já percebi que não abalaria o meu querido Jorge Amado em nada trocando o  seu nome por uma das suas personagens,  recorro-me a falta de criatividade e vou atacá-lo usando uma comida típica da região, mesmo porque ele gostava de evidenciar a culinária baiana em seus livros...  E quando percebo a sua presença, grito:
_ Acarajé! Acarajé!
Jorge Amado, grande escritor baiano da cidade de Ilhéus, fã de carteirinha da grande Salvador, para alguns minutos para melhor ouvir os meus berros:
_Acarajé! Acarajé!
E com sorriso nos lábios, com uma inteligência peculiar da região, responde:
_ É da Bahia?! Com camarão e pimenta, por favor!



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*Produção de 2013, resposta a um escritor/leitor que só referia a mim, usando  nome de meus personagens, como " Dendê", por exemplo, ou comida típica da Bahia. Não sabendo ele que tenho orgulho das minhas origens. Sou um pedacinho da arte baiana. Não me conhece? Prazer, leia meus textos, passará a me conhecer.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Reaprendendo a sonhar


Quando  pequenos aprendemos tantas coisas boas e ruins.  Aprendemos a acreditar que numa data do ano, alguém   viria  para  nos fazer o bem,  presentear,  ou simplesmente notar que aquelas crianças sonhadoras existem e acreditam que algo maravilhoso irá acontecer com elas.  Anos passam...   Como são lindos os sonhos infantis:  bola ,  jogo de botão, boneca,  bicicleta, patins, vídeo game... jogos, brincadeiras!
Parece que ao crescermos perdemos parte da capacidade de sonhar, sorrir  e até de brincar fora de um computador.   Por quê?  A cada violência sofrida, assistida, os sonhos vão ficando a beira do caminho e se misturam com as pedras, chutadas, empurradas de lá para cá, sem atrair ninguém para recolhê-las.
“Nem que eu falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria...” Falta amor para que os sonhos sejam transformados em realidade.  Falta amor, infelizmente.  E de repente vejo-me como aquela garotinha do passado, dedos cruzados, torcendo que aquele desejo mais oculto se realize.   Não quero acreditar que os sonhos são  apenas sonhos! Eu sinto amor, eu amo a vida, meus sonhos podem tornar-se reais.  Eu creio que poderei vencer todas as batalhas!
É preciso acreditar, ter fé, confiança, perseverança, determinação, ânimo, força de vontade, criatividade e muita persistência. Pois os sonhos voam, criam asas e migram para outro lado oposto.  E você fica de um lado e os sonhos do outro, tremulando como uma bandeira,  para não deixa-lo  esquecer que eles existem, só não estão contigo.  E de certa forma para fazer com que você se movimente para tentar prendê-los ao seu lado mais uma vez. Tente! Não desista de sonhar! Esqueceu, aprenda novamente...
As quedas diminuem os ânimos, mas não podemos deixar alguns tombos nos paralisar. Se você parou de sonhar, desanimou, caiu e ficou à beira do caminho, lembre-se  de que os seus sonhos estão do outro lado lhe esperando para capturá-los. Como fazer? Lute  para que eles não apaguem dentro de você! Levante- se!  Alimente-os para que eles não desapareçam por não falta de incentivo.  E seja surdo diante das críticas. Com certeza  você  encontrará alguns que  não irão te abraçar, pelo contrário,  deitarão no caminho para atrapalhar a sua travessia,  invejosos?!  Acomodados?! Maliciosos?! Respeite-os, jamais ignore-os, mas não divida seus sonhos com eles. Eles tem sempre um balde de água fria para jogar em sua cabeça, para mostrar o quanto o mundo tem pessoas feias.    Mas no planeta  há muitas pessoas bonitas como você. E você com os seus  iguais desequilibram qualquer balança de forma positiva.

Mesmo com a situação  tão adversa,  contrária  da   planejada, tudo poderá mudar, pois Deus permanece no controle sempre. Eu creio em Deus! E é  Ele que faz  caminhar em frente, desligando-se das falhas do passado. Quando suas pernas fraquejam, seu corpo pede colo, seus olhos clamam por uma luz...   você pensa que perdeu a capacidade de sonhar,  mas descobre que está reaprendendo. Porque cada dia bem vivido deve ser comemorado como um dia de bênção!

                              Elisabeth Amorim

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Erótico (conto)

Image*
Ele não passava de dezessete anos, seu nome se não me falha a memória era Sebastião.  Tião  como era chamado pelos colegas, estava em pleno vigor físico, adorava conversar sobre as garotas  bonitas que havia paquerado naquele último ano do Ensino Médio. Chega como office boy da empresa e como iniciante tinha uma preocupação em querer agradar o chefe, mesmo sendo alertado que o Sr. Victorino Medeiros não era de muita conversa.
_ Senhor Medeiros, bom dia! O seu palitó é lindo! O senhor mandou me chamar?
_ Sebastião, por favor, leve isso para o almoxarifado do térreo!
_Sim, senhor! Se o doutor quiser, poderá  me chamar de Tião…
-Sebastião, você não percebeu que está em uma empresa séria? Nada de apelidos aqui dentro!
 Tião sai cabisbaixo.  Já trabalhava ali há  oito meses e não conseguia aproximar nem um metro do  seu chefe. Era sempre a mesma coisa, nunca sorria e nem admitia aproximação dos funcionários.
Assim que Tião saiu, Sr. Medeiros se lembra de algo que estava no almoxarifado… E sai desesperado para tentar alcançar Sebastião. Nem esperou o elevador, desceu as escadas como um maratonista. Tarde demais! A porta do almoxarifado estava entreaberta e Sebastião apalermado diante do seu segredo, tanto tempo guardado… Em êxtase, Tião nem percebeu a entrada de Sr. Medeiros. Os olhos dele se perdiam nas curvas, pareciam hipnotizados… E lentamente a mão estica para tocá-la…
_TIÃO!!!  O que é isso?!
_Erótico, chefinho! Muuuuito erótico! Sussurra Sebastião.
 Sr. Medeiros não conseguiu resistir, caiu na gargalhada e pediu que não a tocasse jamais.  E desde aquele dia Sebastião mudou de apelido na empresa e ninguém entendeu o porquê.  O relacionamento com o chefe mudou também, ele nunca revelou aquele segredo. E a cada tela nova do nu artístico, Sebastião era convidado para apreciar… E dispara:
-Chefinho, eu gostei, mas acho que ficaria melhor se ela olhasse para mim…
 _Eu também, Erótico. Eu também! Responde Medeiros sorrindo.
                                                                     Elisabeth Amorim/2014

domingo, 17 de janeiro de 2016

Quando te conheci (poema)

Elisabeth Amorim/2016


Quando te conheci
Algo mudou em mim
Não posso dizer que foi amor,
Loucura... Paixão?
Foi mais que tudo isso
É encontrar o que se procura
E sentir-se livre mesmo  numa prisão.
É correr na chuva e não se molhar
Por ter certeza da sua proteção.

Quando te conheci
Percebi  temeroso que seria assim
Quem escapa  das garras do destino?
És a flor que faltava em meu jardim.
Numa das curvas da estrada
Esbarramos outra vez
E a vontade de fugir
Ficou à beira do caminho.

Quando te conheci
O tempo parou para mim
Vivemos o nosso instante
Cada tropeço do caminho
Percebia que não estava sozinho
Para sempre serás lembrada
És a minha doce amada
Desde o dia que te conheci.


                                              (Copiada do G+)


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Mundo Colorido ( crônica)


Mês de férias na capital baiana, de repente vejo-me no  Salvador Shopping* e fico com olhos compridos  para aquela infinidade de bolinhas coloridas e as crianças pulando naquela piscina, desapareciam naquele mundo da fantasia e retornavam sorrindo.  Por que eu não estava lá? Por que tive que crescer tão rápido pulando algumas etapas?
Ficava olhando e flutuando também, disfarçava a minha ansiedade diante daquelas bolinhas coloridas. Ninguém iria entender se eu deixasse a minha criança acordar... Mas olhava as bolinhas vermelhas, amarelas, azuis, verdes, laranjas, lilás... Quem mandou colocar aquela piscina de bolinhas no meio do meu caminho? Meu caminho não era comum essa infinidade de cores... Eu pintava a minha tela e muito cedo aprendi a colorir também a minha vida, apesar da pouca quantidade de tintas disponíveis.
E um duelo se criou desleal e desumano. Era apenas  uma pobre mortal e do outro lado um amontoado de bolinhas coloridas. Bolinhas que brilhavam nos olhos de cada criança adormecida e faziam acordá-la rapidinho.  As bolinhas convidavam-me para aquele mergulho não dado.
Qual é o tempo certo para diversão? Em que momento a felicidade bate à porta? Como um robozinho  desço cada degrau, não quis a moderna escada rolante.  A escada era muito rápida, não daria tempo desfrutar cada passo dado. E aquele momento era só meu. Parecia que atravessava a passarela, olhares infantis  me acompanhavam todos os passos até a fila que havia formado para compra de ingresso. Não me incomodei com a quantidade de pessoas prontas para serem atendidas,  via apenas eu e meu sonho.   O atendente me pergunta espichando o pescoço tentando descobrir para quem eu estava servindo de acompanhante...
_Qual o nome e idade da criança?!
_ Criança não tem idade!
Pago e sigo intrépida diante de novos olhares assustados.  Jogo-me por inteira naquele mundo colorido e sou tragada por aquelas bolinhas, enquanto a garotinha que me acompanhava sorria a valer. 

                                       Elisabeth Amorim/ 2016

 *grande shopping center da cidade de Salvador - Bahia


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A Borboleta Com Uma Asa Só ( infantil)

borboleta de uma asa só
Era primavera, as flores e os pássaros faziam a festa nos verdes campos. Numa folhinha caída, está Siriana, uma borboleta que nasceu com apenas uma asa. Uma linda asa transparente, mas a falta da outra asa, deixava a Borboleta Com Uma Asa Só  bem triste.  Ela vivia os poucos dias de vida em busca de uma explicação para o seu  problema físico.
O Grilo, médico das borboletas, ao examiná-la não encontrou a solução para o problema, porém  sugeriu que ela começasse a pular de um lado para o outro, pois o exercício físico poderia ajudar no nascimento da asa.  Siriana atendeu a recomendação médica, porém  o máximo que conseguiu foi se cansar, porque a asa não nasceu.
E cada bichinho que conhecia Siriana  deixava uma sugestão. A Mosca sugeriu um passeio nos locais sujos, contato com bactérias,  pois a  falta de higiene poderia nascer a asa que estava faltando.
Siriana mergulhou numa lama, foi para o lixão, mas não nasceu asa nenhuma, pegou foi uma infecção e  um odor horrível. Precisou se cuidar e tomar um banho. De imediato o Louva-deus que estava passando no local, também interferiu.  Sabe o que ele sugeriu?
Para o Louva-deus o problema de Siriana não era físico mas psicológico.  Resolveria com muita meditação. E indicou-lhe um galho seco de árvore  e pediu para ela ficar lá o dia todo meditando que a asa nasceria.
Mais uma vez Siriana obedeceu, contemplou  a natureza  o dia todo. Depois de horas  de exposição ao sol, ganhou uma insolação e quase morre desidratada, precisou beber muito líquido para se recuperar.
A Lesma que estava na folha ao lado,  percebeu que Siriana não tinha vontade própria, resolveu também palpitar para tirar vantagem, já pensando  pedi-la para carregar a sua casa um pouquinho nas costas, pois o esforço físico nasceria a outra asa, nem que para isso ela teria que cortar um pouco a asa…  Só que nesse momento a Esperança interfere:
_Siriana, você já percebeu que  quase perde a sua linda asa?
Siriana responde, assustada com a interrupção da Esperança:
_É verdade. Mas você acha  linda a minha única asa ? E você Esperança que sugestão tem para mim?
Esperança sorriu e respondeu:
_ Ora, por que eu teria alguma?  Você tem uma asa linda, transparente no escuro. Você é a borboleta mais linda que já conheci. Em vez de você buscar o impossível por que não cuide de preservar o que já tem?
A Borboleta Com Uma Asa Só sorriu pela primeira vez, nunca havia pensando assim. Entusiasmada com o elogio da Esperança, disse:
_Verdade, nunca havia pensado nisso. Mas e o meu voo?
Dessa vez quem sorrir é Esperança e responde:
– Você poderá atravessar mares através da sua imaginação. A vida é tão curtinha para ficar presa a problemas menores que se agigantam quando os agarramos. Borboleta, viva o seu momento. Feche os olhos e voe! Deixe o colorido entrar na sua vida!
Siriana fechou os olhos e sentiu pela primeira vez a primavera dentro do seu coração. Mesmo que alguém apontasse  seu defeito, sentia-se linda e capaz de voar cada vez mais alto.
E voou.
                                        Elisabeth Amorim/2015

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A lição do pequeno príncipe ( mensagem)



Às vezes lutamos para sermos compreendidos.  Queremos do outro os aplausos, o reconhecimento, a gratidão... Será que nessa busca desenfreada pelo olhar do outro sobre nós nos lembramos de  que precisamos também compreender? Será que a vida que construímos merece algum aplauso? E ainda mais uma questão crucial, somos gratos pelas vitórias conquistadas?
Já ouvi algumas pessoas falarem que a única coisa boa que tem no livro de  Antoine  de Saint – Exupéry, lançado desde 1943 e ainda hoje continua inspirando-nos e promovendo mais uma reflexão se resume nesta frase: “ tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” De imediato, paro e penso, acho que não lemos o mesmo livro.
Pois pela minha lógica, talvez, desmontada, pois sou fã da literatura, não importa se é marginal ou clássica, leio não apenas com os olhos,  mas com o coração também. E todas as literaturas  lidas aprendo várias lições.  E nessa “única coisa boa” apontada,  eu vejo  bem além. Cativar é um dos verbos de ação mais difícil. Cativar é não é apenas olhar, mas enxergar o não visível. Tocar-se com a alegria ou a dor do outro.  Cativar é amar. É ser solidário com o outro. Compartilhar. Ser cúmplice numa boa ação.  Nós só nos responsabilizamos pelas pessoas que nós amamos. Apesar de Cristo ensinar a amar os inimigos,  acredito que não chegamos nesse estágio ainda. Quem sabe um dia?
Quando o pequenino fez o seu desenho e ninguém entendia,  não abraçava nem acertava a direção que ele queria chegar... é mais uma lição de vida. Quantos  rabiscos são incompreendidos aos olhos alheios, mas cativados pelos nossos amigos? Quantas ações que tomamos e quebramos a cara?  E quantas vezes  o abraço surge de onde se menos espera? De uma raposa qualquer tão carente de abraço quanto nós, humanos, racionais, inteligentes...
Talvez a minha defesa esteja equivocada pela minha relação com as letras, porém não consigo ficar indiferente diante do diálogo entre a flor e o pequeno príncipe. Um diálogo, talvez imperceptível para alguns leitores, mas para mim, poético e animador.  Por quê?
Porque na  vida  muitos buscam o reconhecimento, ser cativado,  todavia   se esquecem de cativar. Muitos querem a vitória sem no entanto passar pelas lutas, pela trajetória percorrida pelo vencedor. E que tal começar o dia, mês, ano pensando e agindo diferente?   Ah, sabe o que disse a pequena flor?
“ É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Lindo, não? Olhamos apenas para as borboletas, a suavidade do voo e não  refletimos o quanto foi difícil lançar-se no espaço. E quantos foram cativados ao longo do caminho, afinal, fica mais essa lição: “ amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos  na mesma direção”.
Essa é a minha forma de agradecer a parceria em 2015, por seguir-me sem às vezes saber a direção tomada, porém juntinhos estamos divulgando a literatura. Paz e um beijo em seu coração.

                                          Elisabeth Amorim

domingo, 10 de janeiro de 2016

e o tempo levou... (poema)


O tempo ou o vento levou?
Quem  apagou a paixão?
O tempo camufla  por trás das horas.
Os ponteiros  param  com o vento.
E voltam lentamente à memória
As batidas de um coração.
Descompassadas com o tempo.


Cada abraço apertado,
Corpos entrelaçados no chão
 numa aliança muda
Cega,
Inválida.
Tudo posto de lado
Por conta da  ambição.


Queria o céu com as estrelas
O mar com os peixinhos
Toda a riqueza da terra
Acumulada aos seus pés
Era tudo ou nada?
Viveu o céu e inferno,
Optou ficar sozinho.


O tempo levou...
 Seu cheiro de jasmim,
 Saudade passou.
Até o vento varreu o  amor
Esquecido naquele banco de jardim.


Agora o vento voltou,
Que fazes em minha porta?
 Insistes em trazer  de volta
A alegria das horas
O sorriso de outrora
A esperança  de um novo dia
Com toda a fantasia
Que o tempo  levou...


E  se o tempo aparecer?
Mando o vento soprá-lo para longe de mim
Hoje é meu presente.
 E  o verbo é viver!
Viver, viver, viver sem fim.

                                                            Amorim


sábado, 9 de janeiro de 2016

Amor poético




Vejo-me  pensando em ti
Um amor bandido
Traído,
Perdido.
Que grita em silêncio
Marcando cada tempo
Em que estamos separados.
Um amor
Que deixou a seu sinal
Irracional,
Final.
Amor que o tempo não desfaz
Sempre me apraz
Este amor poético.


E.Amorim

Família (poesia)



A família unida
É uma bênção de Deus
Pode o mundo dizer não
A família em comunhão
Ri, chora, luta ao seu lado bravamente
E como uma  corrente
Prende a sua mão.

Você tropeça mas não cai,
Porque  não está sozinho
A sua família abençoada
Abraçou a causa com carinho...

Quando a dúvida surgir
Que direção tomar?
Lembre-se da família
Bendito seja o seu lar.

E. Amorim

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Sonho de Criança ( poesia)



Vem aí, a nossa inovação para 2016!  Aguarde!
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Mas não deixe de desmontar conosco a literatura marginal.

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim