quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Escrita baiana nas alturas ( crônica)


 O  ano se finda  e com ele sonhos realizados ou frustrados...   Desejos secretos ou escancarados pelos desmontes literários? E é mais um momento para refletirmos  sobre as nossas ações e dizer ( ou não) Senhor, valeu a pena!
E este blog como espaço de encontro virtual com a literatura, tem muito a agradecer todos os leitores que lentamente foram  aqui se aconchegando, identificando-se com  a nossa escrita meio louca, meio séria, meio literária e outra metade também literária.
Dos 120 textos  literários, você deve ter se identificado com algum. Um deve ter lhe tocado. Por que não o divulga nas redes sociais de uso? Faça essa doação para o nosso blog! Pois graças o “compartilhar”, “curtir”  que a nossa literatura vem ganhando leitores como você.  Leitores que nos acompanham e valorizam os nossos escritos.
                       Durante o ano de 2015 fomos acompanhados de perto por alguns países, em destaque os cinco que mais nos acessaram: Brasil, Estados Unidos,  Alemanha,  Rússia e Portugal. Sendo  que as três postagens mais lidas foram: “Literatura desmontada & Cia”, “Elisabeth Amorim: um toque poético do sertão” e “Um 2015 de Paz!”. E para nós que pretendemos apenas divulgar a produção marginal  (sem abraços de editoras, mídias, empresários) mas abraçadas por aquele(a) que se identifica com os nossos textos, podemos dizer que 2015 foi um ano muito produtivo.  E agradecemos a você que está  do nosso lado, mesmo do outro lado. E que nos abraça com apenas um toque.


                       Como sabemos o quanto as redes sociais ajudam na divulgação do nosso produto literário, levamos também para  a comunidade virtual do Google + (https://plus.google.com/u/0/110004387298732382952/posts) e aos poucos o  desmonte literário vai sendo divulgado.  E a nossa escrita ganha as alturas.  Enquanto o reconhecimento não chega, que tal um pouco de lazer com  uma pessoa linda  numa roda-gigante?
       Lá do alto, a Bahia é muito linda!
                                              
                                       Senhor, valeu a pena!


                         


           Até breve pessoal, e um 2016 de paz!

                               E. Amorim



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

100%


Nem meio, nem quarto,
É 100%  do nordeste
Cabra da peste, sim senhô!
Do torresmo e do jabá
 Forró e  axé
 Caruru e vatapá
 Trio Elétrico no meio da praça
Do Dodô & Osmar.


É só festa na Bahia?
Que olhar preconceituoso!
Aqui reina a magia
Na voz de  Gal, Sangalo, Gil
 Mecury,  Betânea e Caetano Veloso.



E a  literatura? 
Antonio Torres, Adonias Filho , Jorge Amado
Herberto Sales, Dias Gomes,  Helena Parente Cunha
Xavier Marques, Aleilton Fonseca e Amélia Rodrigues
São tantas pérolas nesse jardim.
Frutos da nossa cultura.

                                             Elisabeth Amorim

domingo, 13 de dezembro de 2015

Abraço natalino ( conto)

*
           
De repente me via empurrada pela multidão ensandecida. Querendo o melhor preço  daquela suposta promoção “compre um e leve dois”.  Coração palpitava mais alto que o barulho das lojas. Estava na expectativa, de uma hora para outra você surgiria em minha frente, fazendo-se carne. Arrepiei-me.
          Sabia que o sonho seria até durar o estoque. Natal?! Passaria tão rapidinho que não daria tempo... Não daria tempo concretizá-lo.  Ainda mais quando se depende de outro que talvez também dependa de mais e  mais outros.  São muitos outros no caminho de um sonho tão pequenino...
           Finjo olhar as vitrines, assim o brilho ostensivo das luzes natalinas serviria de um bom disfarce. Essas lâmpadas pequeninas tem o dom de camuflar as nossas dores. Por quê?  Porque as pessoas deixam tudo para o Natal.  E o resultado é esse, lojas lotadas, pessoas apressadas,  e incrivelmente invisíveis.  Esbarram umas nas outras e seguem adiante. Comigo não foi diferente, pisaram em meu pé. Para que se desculpar, se é apenas mais um pé que  estava no caminho de alguém?
        Canso de andar de lá para cá, de cá para lá. Sou notada no meio da multidão sem rosto, sem nome, só com os  desejos natalinos aflorados.  Já havia perdido as esperanças, mas naturalmente a marca que tinha comigo ficou visível aos seus olhos.
         Não foi preciso dizer nada.  Os olhos diziam tudo. Sabíamos que um dia seria assim, num local qualquer, a minha estrela brilharia em cheio em seus olhos, e atraído como um imã você chegaria até mim. Coincidência ou não, aconteceu na véspera de natal. 
          O tempo parou, não tinha mais nenhuma multidão, apenas alguns empurrões por estarmos obstruindo a passagem... Eu, você e os nossos sonhos de dias melhores, sonho de um abraço... E um sonho compartilhado é bem melhor! Para que adiar? Daqui a pouco o Natal passaria e perderíamos a única, a nossa única chance... E não resistimos por mais tempo, nos abraçamos...
           _ Feliz Natal!
           Após aquele caloroso abraço seguimos  apressados e invisíveis  em direção oposta.

                                              Elisabeth Amorim

* imagem da web (apenas ilustrativa)


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Do outro lado do mundo (prosa poética)

*

De repente estava lá, do outro lado do mundo. Aliás, poderia ser do mesmo lado, por que do outro? Conectados, estamos sim, do mesmo lado.  Mas o mapa insiste em colocar-me em sentido oposto,  numa das américas, enquanto vocês...Onde é mesmo que fica Moscou?
Longe, não? Rússia. Continente asiático ou europeu? Ah, para não ter briga, Eurásia! Não é tão longe assim, convivo aqui diariamente com Mikhail Bakhtin numa boa. Ele daí e eu de cá.  O homem das linguagens! Aliás, o intelectual dos gêneros dos discursos. O homem é um ser de linguagens, já dizia o cara! Um fenômeno russo! Aqui fenômeno mesmo, é no futebol, mas não nasci para jogar bola! Só jogo com as palavras.
Está vendo?  A Rússia fica aqui,  cada vez mais bem pertinho de mim. Mesmo porque depois das Confissões de Rousseau os nossos pactos foram firmados. Isso porque me recuso a falar de Leon Tolstoi com a sua “Guerra e Paz”. Estou numa boa, não quero nem ouvir falar de guerra.  A única guerra comentada é essa bacana, que nos faz bem, chamada  “guerra dentro da gente”. É bom colocar as nossas armas para fora, desnudar e ir de encontro as coisas novas. E sinceramente, quando abrir esse blog e vi acessos de leitores russos, tomei as minhas providências. E fico a imaginar... Como essa escrita libertária chega até vocês?  Não precisam responder, não quero ser humilhada!  A não ser que venha em inglês, espanhol ou português, claro! O intelectual aqui não sou eu! É daí a intelectualidade.
Esse texto é apenas para agradecer a participação de leitores russos que estão nos acompanhando do outro lado do mundo. Vou contar um segredinho: Vocês( neste blog) estão “batendo” os Estados Unidos! Que bom que há em um cantinho bem distante do Brasil "alguém e cia"  se divertindo com os meus textos literários. Pena que com Bakhtin não tinha nenhuma diversão.  É teoria linguística e filosofia de primeira qualidade. Ou aprende ou leva bomba na universidade! Ei, não precisam correr! “Bomba” aqui não tem nada a ver com o ataque terrorismo, é apenas força de expressão... digamos uma “reprovação”. Ficou mais claro? Ah, e “bater” não é porrada, mas atingir alto índice de acessos em relação ao outro.
Agora estou eu preocupada com o meu discurso para  russo nenhum botar defeito... Ah, sabe o que acontece? Na dúvida, pergunte a Bakhtin, ele é o intelectual, eu sou apenas uma... uma... sobrevivente desse sistema arbitrário editorial que quer ser respeitada pela literatura descomprometida, livre e leve sem precisar  pagar  para ser lida. Já me notaram em Moscou? Ótimo. Então já fui... Ah, agradeçam a Fiódor  Dostoiévski, afinal ele tinha razão:  " A vida é um paraíso, mas os homens não sabem e não se preocupam em sabê-lo"


Elisabeth Amorim


* imagem da web( Relógio Karanty, Moscou/Rússia)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O Sonho do Papai Noel (conto)


     Finalmente chegou o Natal!  E Papai Noel estava  muito cansado. Corria de um lado para outro durante o dia todo.  Entrega presente aqui e acolá. Não via a hora de esvaziar de vez aquele trenó . Era tanto pedido, era tanta promessa feita às pressas só para ganhar o presente... Mas Papai Noel já conhecia as letras e as promessas  de cada um.  E fazia o possível para atender em tempo. Ufa, só faltava um saco!
     Bem,  esse poderia ficar para depois do cochilo, ninguém é de ferro! E o bom velhinho foi dormir, deixando o último saco com presente ao seu lado.  Com o sono eis o sonho  do bom velhinho...
     _Papai Noel, onde está o meu presente?
Pergunta uma criança que estava debaixo de um viaduto. Pés descalços, roupas velhas e sujas. Olhos grandes e esfomeados. Próximo dela, tinha mais duas outras conservando o mesmo aspecto deplorável. Papai Noel que apenas  tinha parado ali para descansar, não se lembrava de ter recebido nenhuma cartinha com aquele endereço. E para ganhar tempo,  finge uma tranquilidade longe de senti-la, responde com outra pergunta:
     _Seu presente? Você quer  o seu presente?
     De imediato as três crianças se aproximam mais ainda do velhinho, e começam a tagarelar:
     _ Sim,  cadê a minha bola? O senhor trouxe a minha bola?
     _Eu também quero,  Papai Noel! Eu quero uma bola também? E para ela? O senhor trouxe a boneca? Ela quer um bebê bem grande!
     Papai Noel coça a cabeça preocupado: Como não tinha pensando nessas crianças?! E agora?! Mais uma vez tenta escapar com uma saída estratégica:
     _ Crianças! Eu só dou presentes  para quem escreve cartinhas para mim. Vocês escreveram?!!
     As crianças ficam em silêncio e trocam olhares.  Abaixam a cabeça e vão se afastando lentamente, Papai Noel sentia que elas estavam tristes com algumas lágrimas molhando a face.  Fica mal com aquela cena e grita:
     _ Crianças! Crianças! Vocês não me responderam! Era só uma cartinha, vocês escreveram?!
     A mais velha se volta com os olhos desafiadores e diz:
      _ O senhor também não respondeu quando pedimos  uma escola... O senhor respondeu? O senhor respondeu? (...) Era só uma escolinha que precisávamos!
     Papai Noel de um pulo acorda com aquela voz de cobrança aos seus ouvidos. Em cima da sua barriga havia um lindo bebê que precisava ser entregue...   Dessa vez, era ele quem derramava uma lágrima por aquelas crianças que foram negadas o direito à educação.  Olha e vê o único saco cheio de presentes. 
     Saiu correndo para alcançar as crianças acordadas. Desce do seu velho Gol , toca suavemente o rosto de uma criança que estava dormindo debaixo do viaduto e aponta o saco de presentes...   Noite Feliz!


                                                        ELISABETH AMORIM


* imagem apenas ilustrativa  (retirada do G1..globo.com.br, AP foto)

Ps: Por gentileza, se gostou compartilhe! 

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Chegou Dezembro...( mensagem)


Dezembro chegou!
Com  promoções e preocupações
E patinamos nas promessas...
O que comprar? O que desfazer?
A quem pedir perdão?
A quem devo agradecer?
A quem vou presentear? 
Que presente quero receber?
O ano passou tão rapidinho
Que as minhas promessas de mudança
Continuaram à beira do caminho.
Empedraram mais uma vez...
Disse que queria fazer mais amigos
Mas o meu narcisismo afastou  você de mim
Pessoas que não pensam como eu
Logo rotulei de algo ruim.
Disse que queria ser uma pessoa melhor,
Mas alimentei  o meu ego,  dei ouvidos a fofocas.
Julguei e condenei
Com a desculpa que prefiro ficar só...
Oculto  meu coração samaritano
Perdi  a promessa  para o gelo mais uma vez.
Na verdade já virei freguês
Prometer e não cumprir
Dezembro chegou, e daí?
Dessa vez não enganarei meu coração
A você que magoei  ou  ofendi
Mesmo sem nenhuma intenção
Antes que o ano acabe novamente,
Por favor, aceite  com carinho,
Perdão!


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Abraços, 
                          Beth Amorim

foto: Valter Pontes, Shopping Paralela. ( disponível na web)

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim