sábado, 11 de abril de 2015

Gosto de lançar flores (crônica)


*

Fico a imaginar como as pessoas são únicas. Cada qual com ações e reações diferentes. Vejo o país passar por algumas crises, provavelmente passageiras. Observar  as pessoas diante de qualquer novidade  é uma experiência fantástica. Não gosto de olhar unilateral, por isso sou a favor das  leituras, mesmo contraditórias,  agradáveis, mas às vezes  encontro no meu caminho as desagradáveis.  Leio sem deleite  e brindo à literatura, pelo menos é essa a intenção.
Impressiono como algumas pessoas reagem diante de uma escrita. Há aproximadamente três anos  me cadastrei num site literário  e convidei  algumas pessoas  para fazerem o mesmo,  pois acredito que há lugar para todos, basta  o ser humano respeitar os espaços uns dos outros. Para ser lida não vou banalizar a escrita, afinal ela faz parte de mim. Está na pele, meus textos trazem a minha marca, acredito que ética, respeito e carinho estão inseridos neles.
Sim, nas minhas primeiras publicações,  um escritor passa a seguir cada texto publicado sempre com palavras agressivas, ridicularizando-os, incentivando-me a desistir, pois minha escrita era estranha… Quanto mais ele atacava, mas me motivava a escrever, pois imaginei:
_ Por que esse senhor perde o tempo dele para ler uma escrita que não gosta?  Alguma coisa estou acrescentando para ele. E ele também  muito acrescentava com as suas críticas.
Por fim, tentou me ridicularizar substituindo o meu  nome pelos meus personagens infantis “Dendê” e “Sardinha” ou culinária baiana, como ”Acarajé” e “Vatapá”.  Aquele escritor não imaginou o quanto aquilo me fez bem, posso não ser nada na Bahia, (como disse o meu ex-aluno da crônica “ O professor e o padeiro”)  mas ela faz parte de mim, onde for a defendo.  Sabem qual foi a minha reação? A mesma que estou fazendo agora. Escrevendo, lendo e escrevendo.  Como não teve o contra- ataque esperado ele deixou de postar, pois  queria o confronto, a discussão, desestabilizar o ambiente para justificar o injustificável.
Há dez dias(vejo o fato se repetir) resolvi participar de uma comunidade literária   e para surpresa    a minha página ganhou o mundo e incomodou  uma pessoa  jovem  que ostensivamente marcou o meu texto com a palavras tipo  “vômitos”.  Eu poderia ter apagado imediatamente, mas cada qual se responsabiliza pelo o que escreve. Deixei lá, diante de uma bela paisagem postada junto a mensagem o “vômito” da leitora.  Pensei naquele senhor que “não suportava” os meus textos,  mas não conseguia parar de lê-los. Acredito que até hoje sorrateiramente continua me acompanhando, agora com uma carente de remédio para enjoo.
Cada um tem um estilo próprio. Conquistar o leitor é uma tarefa árdua. Tenho leitores espalhados pelo mundo, só falta atingir um continente,  também o mais gelado, mas isso é  fruto de um trabalho sério e comprometido com a literatura.  Afirmo, por prazer, se algum dia o aborrecimento for maior que o prazer, escreverei só para mim. Parar de escrever? Jamais.
A escrita marca a personalidade do escritor, às vezes o que escrevemos soa como flores ou flechas no coração do outro. Sinto muito se já lancei algumas flechas em sua direção, não foi essa a intenção, caro leitor, por opção gosto de lançar  flores. Mesmo que tenha que me curvar para não ser atingida pelas flechas. Infelizmente, quando jogam  baixo…sou ferida.

                 Elisabeth Amorim/  abril, 2015


* imagem da web ( Japão)

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